Lideranças internacionais alertam para risco de golpe
Políticos e intelectuais de 26 países dizem que eventual insurreição de Bolsonaro e seus apoiadores colocam em risco a democracia nacional
“Nós, representantes eleitos e líderes de todo o mundo, estamos soando o alarme: em 7 de setembro de 2021, uma insurreição colocará em risco a democracia no Brasil”, diz trecho de uma carta, divulgada nesta segunda-feira (6), e assinada por políticos e intelectuais de 26 países. O manifesto foi emitido por uma organização intitulada Internacional Progressista e conta com assinaturas de peso diplomático, como as dos ex-presidentes da Colômbia, Ernesto Samper; da Espanha, José Luis Zapatero; do Paraguai, Fernando Lugo; e do Equador, Rafael Correa.
Segundo os que subscreveram, as manifestações em 7 de setembro convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) devem ser vistas como uma tentativa de intimidação às instituições democráticas do Brasil, a terceira maior democracia do mundo. Também assinam a carta nomes com o Nobel da Paz argentino de 1980 Adolfo Esquivel; o ex-ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis; e o filósofo e linguista estadunidense Noam Chomsky.
Além disso, destacam que, entre os apoiadores de Bolsonaro estão “grupos de supremacia branca, polícia militar e funcionários públicos” que preparam marcha nacional “contra a Suprema Corte e o Congresso” na próxima terça-feira (7).
A entidade já havia enviado no mês passado uma delegação ao Brasil integrada por 12 emissários de diferentes países, incluindo congressistas da Espanha, Grécia e Estados Unidos. O grupo veio com intenção de se reunir com lideranças indígenas e movimentos sociais, além de partidos e parlamentares de esquerda, para expor preocupações em relação ao país.
“Bolsonaro tem intensificado seus ataques às instituições democráticas do Brasil nas últimas semanas. Em 10 de agosto, ele organizou um desfile militar sem precedentes pela capital, Brasília, e seus aliados no Congresso impulsionaram reformas radicais no sistema eleitoral do país, amplamente considerado um dos mais confiáveis do mundo. Bolsonaro e seu governo têm — repetidamente — ameaçado cancelar as eleições presidenciais de 2022 se o Congresso não aprovar essas reformas”, afirma o manifesto.