Políticos reagem à retirada da pré-candidatura de Ciro

Matéria desencontra os interesses da centro-esquerda e gerou críticas à agenda do PDT, que prestou voto majoritário favorável à aprovação

por Vitória Silva qui, 04/11/2021 - 11:59
José Cruz/Agência Brasil Ciro Gomes, pedetista e possível candidato à presidência em 2022 José Cruz/Agência Brasil

Na manhã desta quinta-feira (4), o pedetista Ciro Gomes retirou a sua pré-candidatura à presidência da República pelo Partido Democrático Brasileiro (PDT), após a legenda se mostrar favorável à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, cujo texto passou com folga pela Câmara dos Deputados nesta madrugada, por 312 votos contra 144. A matéria desencontra os interesses da centro-esquerda e gerou críticas à agenda do partido.

Alguns políticos, além de se oporem ao voto favorável coletivo, elogiaram a postura de Gomes de se retirar como presidenciável - a possível candidatura mais expressiva no PDT - enquanto não houver um esclarecimento sobre o voto, como foi o caso de Flávio Dino (PSB-MA), governador do Maranhão. "Importante posição de Ciro Gomes para reverter um enorme erro político e jurídico", escreveu o socialista.

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O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-BA) chamou de “firme e corajosa” a oposição de Ciro Gomes ao próprio partido, que decidiu pelos bastidores apoiar o projeto que beneficia o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), da oposição. 

 

E continuou: “Importante posição de Ciro Gomes contra a PEC do Calote, artifício rasteiro e chantagista de Bolsonaro para abocanhar no 90 bilhões do povo para fazer campanha eleitoral. O nefasto projeto, que passou por estreitíssima margem, ainda pode ser derrotado. Reforçamos a luta!”. 

Kim Kataguri (DEM-SP), do Movimento Brasil Livre (MBL), sinalizou um possível fracasso da chamada terceira via. “Desistiu! Ciro Gomes anunciou que suspendeu a pré-candidatura porque a PEC dos Precatórios foi aprovada em 1⁰turno e deputados do PDT votaram a favor. Já caiu o primeiro da terceira via?”, escreveu. 

O vocalista Tico Santa Cruz, firme apoiador de Gomes, cobrou posicionamento do ex-governador após ter conhecimento do voto. Sobre a retirada da candidatura, disse que segue apoiando o presidenciável, ainda que “apanhando de petista”, se referindo às críticas dos apoiadores da agenda do PT às pautas de Ciro e do artista. 

“Sigo apanhando de Petista, e apoiando o Ciro Gomes, que já se pronunciou! O PND é o caminho para o Brasil pós-Pandemia! Se o PDT não mudar o voto, Ciro deve imediatamente se retirar do Partido e terá apoio integral de todos que apoiam seu projeto!”, continuou. 

Eram necessários apenas 308 votos para aprovação da PEC. A proposta abre espaço fiscal de R$ 91,6 bilhões para o governo em 2022, o que viabiliza o lançamento do Auxílio Brasil de R$ 400. A PEC precisa passar ainda por um segundo turno de votação na Câmara antes de ir para o Senado.

O também pedetista Tulio Gadelha (PDT-PE) compartilhou em suas redes os nomes de outros cinco parlamentares da sigla que se opõem à aprovação da PEC dos Precatórios. Gadelha chama o posicionamento de “erro crasso” e diz que a Proposta não condiz com a história do PDT. Os deputados citados foram Paulo Ramos (PDT-RJ), Idilvan Alencar (PDT-CE), Pompeo de Mattos (PDT-RS), Gustavo Fruet (PDT-PR) e Chico D'Ângelo (PDT-RJ). 

“A PEC dos Precatórios é um calote no povo. É deixar de pagar uma dívida judicial com o trabalhador para abrir espaço no orçamento. E todos sabemos que parte dos R$ 90 bi servirá para Bolsonaro comprar deputados na Câmara. Parabéns aos deputados do PDT que foram coerentes com sua história”, complementou. 

 

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