Durante desmonte, bolsonaristas agridem imprensa com socos

Jornalistas faziam cobertura de desarticulação de acampamentos em Belo Horizonte

por Vitória Silva sex, 06/01/2023 - 14:42
Reprodução/Redes Sociais Início de discussão que terminou em agressão física durante ação policial em acampamento bolsonaristas Reprodução/Redes Sociais

Bolsonaristas que estavam acampados em uma avenida de Belo Horizonte, capital mineira, agrediram uma equipe de jornalistas do jornal O Tempo, durante a cobertura de uma ação da Guarda Municipal, que desarticulava o acampamento por ordem da Prefeitura. O caso aconteceu nesta sexta-feira (6) e foi registrado por pedestres e outros veículos de imprensa em trabalho, à ocasião.

Nas imagens, uma mulher é flagrada derrubando o equipamento de um repórter. Ela se afasta, mas o profissional a acompanha e antes mesmo que ele pudesse se manifestar, foi agredido por um outro bolsonarista. A situação escala para uma confusão generalizada e, além do jornalista, o cinegrafista também é agredido com socos, tapas e chutes. A agressão só é interrompida após intervenção da Guarda Municipal. 

Embed:

A retirada do acampamento, instaurando desde o segundo turno das eleições em frente da 4ª Região Militar do Exército, na avenida Raja Gabáglia, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, foi autorizada pela prefeitura da cidade após a escalada da violência e a obstrução das vias pelos manifestantes.  

Nessa quinta-feira (5), um outro jornalista, do Hoje em Dia, foi agredido pelos manifestantes. Essa agressão motivou a desmobilização do acampamento. De acordo com o veículo que representa os profissionais agredidos, o prefeito Fuad Noman (PSD) marcou um pronunciamento na prefeitura para falar sobre as agressões e a desmobilização. 

Além do episódio de agressão, há registros de outros bolsonaristas dificultando a ação da Guarda. Uma dupla chegou a abraçar a estrutura de uma tenda, se negando a sair do local, enquanto as equipes aguardavam a retirada voluntária, mas sem tratamento ostensivo. Um outro homem foi visto pedindo "socorro" a Deus, gritando, de joelhos no chão. Os vídeos circulam nas redes sociais (confira ao fim da matéria).

Através do site oficial, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) se posicionou sobre o caso e afirmou que "enviou ofícios solicitando providências ao Ministério da Justiça e dando ciência dos casos à Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal (Secom)." 

Veja a nota na íntegra 

“O ano de 2023 já começou com uma onda de violência contra os profissionais da mídia, com o registro de agressões a equipes de reportagem em pelo menos seis estados: Ceará, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e, agora, o segundo caso em Minas Gerais. A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) acompanha com preocupação os recentes ataques a jornalistas por parte dos grupos bolsonaristas que, mesmo depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda não se desmobilizaram totalmente no entorno de quartéis do Exército. 

Os acampamentos bolsonaristas viraram zona de risco para profissionais da imprensa desde o resultado do segundo turno das eleições, quando levantamento conjunto da FENAJ e da Abraji apontaram 70 episódios de agressão contra a categoria no país. Diante do nível de hostilidade dos manifestantes, solicitamos às empresas jornalísticas que pautem a cobertura desses acampamentos somente com a garantia de segurança para seus profissionais. Também orientamos os profissionais agredidos a registrarem boletim de ocorrência. Pedimos, ainda, que as autoridades de segurança pública estaduais reforcem a vigilância em atos antidemocráticos. 

A FENAJ já enviou ofícios solicitando providências ao Ministério da Justiça e dando ciência dos casos à Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal (Secom). Solicitaremos providências aos governos estaduais e ao Ministério Público Federal.” 

Mais vídeos 

 

LeiaJá também 

- - ‘Bêbado, homem escala torre de iluminação do Arruda

 

 

COMENTÁRIOS dos leitores