No RS, vereadores usavam verbas públicas para 'turistar'
Sete vereadores e ainda três outros servidores da Câmara Municipal da cidade estão sendo investigados
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou a Operação Calvário, em investigação do suposto uso indiscriminado e desvirtuado de diárias de viagem por vereadores do município de Bom Jesus. Legisladores da cidade - que tem pouco mais de 11 mil habitantes - gastaram mais do que o dobro do que os vereadores de Porto Alegre, capital do Estado.
Sete vereadores e ainda três outros servidores da Câmara Municipal da cidade estão sendo investigados pelos crimes contra a administração pública, como peculato e associação criminosa.
Segundo a polícia, o presidente da Câmara, em 2018, foi o principal operador do esquema, tendo se utilizado de diárias de viagem de maneira desvirtuada, à margem da legalidade, para lugares turísticos desnecessariamente e como complementação de renda, obtendo o valor de R$ 97.600,00 em diárias, sem contar oito de seus assessores que, no mesmo exercício financeiro, realizaram mais de 180 cursos pagos pela Câmara.
Durante aquele exercício financeiro, o município de Bom Jesus alcançou um gasto de diárias de R$ 382.000,00, comparando a cidade de Porto Alegre, que obteve R$ 181.000,00 e a cidade vizinha de Cambará do sul com R$16.800.00.
Os vereadores faziam viagens para Florianópolis/SC, São Paulo/SP, Brasília/DF e Foz do Iguaçu/PR, destinos na maioria das vezes distantes e turísticos, a pretexto de fazerem cursos, pois, para fora do Estado do Rio Grande do Sul a diária é paga em dobro.
“O que ocorreu foi verdadeiro desvio de recursos públicos em proveito próprio por agentes políticos e servidores públicos. O Ministério Público de Contas apontou o mau uso de verbas públicas como característica de enriquecimento salarial ilícito e falta de racionalidade e ao desvio de finalidade na concessão de diárias”, salientou o delegado Max Otto Ritter.