Após acusação de rachadinha, Janones se defende

por Guilherme Gusmão seg, 27/11/2023 - 17:28
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados O deputado federal André Janones Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Após a repercussão do vazamento de um áudio, nesta segunda-feira (27), em que Janones (Avante-MG) cobra de assessores a devolução de parte dos salários para ajudá-lo a cobrir gastos de campanha eleitoral, o deputado federal foi às redes sociais para se defender das acusações de rachadinhas.

O parlamentar chamou as acusações de “fake news” e culpou a extrema-direita pela disseminação da reportagem do portal Metrópoles que revelou o áudio gravado em 2019, pelo seu ex-assessor, Cefas Luiz. 

“Hoje saiu uma matéria, que está sendo espalhada pela extrema-direita, que me acusa de rachadinha, coisa que eu nunca fiz. Pra isso eles usaram uma gravação clandestina e criminosa, um áudio retirado de contexto e para tentar me imputar um crime que eu jamais cometi. Aproveito para solicitar que o conteúdo criminosamente gravado seja disponibilizado na íntegra e não edições manipuladas, postada quase simultaneamente por todas as lideranças de extrema-direita”, escreveu Janones.

Ele ainda afirmou que é a “segunda vez que trazem esse assunto” para tentar incriminá-lo. Segundo ele, em 2022 usaram “áudios fora de contexto” durante a sua campanha eleitoral.  “Essas denuncias vazias nunca se tornaram uma ação penal ou qualquer processo, por não haver materialidade. Não são verdade, e sim escândalos fabricados. No mais, repito eu NUNCA recebi um único real de assessor, não comprei mansões, nem enriqueci e isso por uma simples razão, eu nunca fiz rachadinha. Eu toparia abrir mão do meu sigilo bancário e peticionaria em um processo para que isso fosse feito espontaneamente, caso houvesse um processo, mas não há. Eu não tenho o que esconder”, completou. 

O episódio do ano passado, citado hoje pelo parlamentar, é referente ao vazamento feito pelo portal Metrópoles no qual Janones dispara uma série de xingamentos a integrantes de sua equipe, a quem chamou de “vermes”, “burros” e “incompetentes”. Ele ainda acusa o primo, Mac Janones, de querer vencer eleição para prefeito de Ituiutaba "para roubar milhões em propina”. A gravação teria sido feita na cidade do Triângulo de Minas. 

Repercussão   

Na gravação, vazada nesta segunda-feira (27), Janones teria revelado que pretendia usar o dinheiro transferido por seus assessores em “casa, carro, poupança e previdência”. Ele supostamente reclamou que perdeu patrimônio na eleição de 2016, quando saiu derrotado à prefeitura mineira de Ituiutaba, e que seria “injusto” arcar com o prejuízo sozinho. 

“Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. ‘Ah isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser”, disse.  O deputado federal teria, então, detalhado o prejuízo: “O meu patrimônio foi todo dilapidado. Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 (mil). Eu acho justo que essas pessoas também participem comigo da reconstrução disso. Então, não considero isso uma corrupção”. 

Em seguida, o mineiro teria detalhado como funcionaria o esquema com seus assessores: “Por exemplo, o Mário vai ganhar R$ 10 mil [por mês]. Eu vou ganhar R$ 25 mil líquido. Só que o Mário, os R$ 10 mil é dele líquido. E eu, dos R$ 25 mil, R$ 15 mil eu vou usar para as dívidas que ficou [sic] de 2016. Não é justo, entendeu?”. 

Além disso, Janones teria revelado que não teria problema nenhum em ser denunciado pelo esquema, considerado, criminoso: “E se eu tiver que ser colocado contra a parede, eu não tô fazendo nenhuma questão desse mandato. Para mim, renunciar hoje seria uma coisa tão natural. Se amanhã vier uma decisão da Justiça: ‘o André perdeu o mandato’, você sabe o que é eu não me entristecer um milímetro?”. 

Rachadinha é um nome popular dado para a prática de desviar o salário de assessores. Na prática, se trata de uma transferência de parte, ou de todo o salário, do servidor para o político ou secretários a partir de um acordo anteriormente estabelecido.

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