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Quando assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 29 de setembro, o ministro Luís Roberto Barroso reservou um capítulo de seu discurso para o que chamou de "uma agenda para o Brasil".

A plataforma - mais política do que jurídica - prega a união de esforços em torno de oito eixos: erradicar a pobreza, promover o crescimento econômico e social, valorizar a livre iniciativa, investir em tecnologia, saneamento básico, moradia popular e na educação básica e, por fim, alçar o Brasil à liderança global em matéria ambiental.

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Para os olhos e ouvidos mais atentos, o discurso pareceu familiar. E era mesmo. Há anos, Barroso vem defendendo essas bandeiras e consolidando as ideias em uma espécie de roteiro programático para o País.

O ministro tem um perfil propositivo e uma crença íntima de que o Judiciário, embora não tenha a caneta na mão, é capaz de promover avanços sociais com seu martelo. Como acadêmico, chegou a defender que um dos papéis dos tribunais constitucionais é o "iluminista" ou, ainda em suas palavras, o de "empurrar a história na direção do progresso".

O momento, no entanto, pede contenção e Barroso tem agido cuidadosamente para evitar atritos com o Congresso. Desde que assumiu a presidência do STF, o ministro vem buscando desarmar ânimos e pacificar a relação institucional. Em paralelo, deputados e senadores debatem propostas para alterar o regime de indicação dos ministros da Corte e regras internas de funcionamento do tribunal.

A crise entre os Poderes escalou no final da gestão da ministra Rosa Weber, que antecedeu Barroso na direção do Supremo, após julgamentos em série que desagradaram os parlamentares. Ela pautou temas como a descriminalização do aborto e do porte de drogas para consumo próprio e o marco temporal para a demarcação de terras indígenas. O Congresso entendeu que o STF estava metendo a colher em seu prato e começou a articular propostas para reformar e reduzir poderes do tribunal.

Entre a coordenação do STF e os acenos aos vizinhos na Praça dos Três Poderes, o primeiro mês de Barroso na presidência da Corte e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também foi marcado por mudanças nas regras de julgamento e na comunicação institucional.

Uma das principais alterações regimentais foi inaugurar um novo formato de julgamento, em que a fase das sustentações orais e a votação foram divididas. Os ministros ouvem os argumentos das partes e, ao invés de apresentarem os votos imediatamente após as argumentações, têm um tempo para reflexão. O caso só volta para conclusão em outra sessão.

O novo presidente do STF também avalia alterar novamente o regimento interno para devolver às turmas a atribuição de julgar ações criminais. A alternativa ganhou força como estratégia para desafogar o plenário em meio aos julgamentos das ações penais do 8 de janeiro. Os processos relacionados aos atos golpistas foram transferidos para o plenário virtual, mas o debate entre os ministros permanece.

Barroso ainda estuda levar aos colegas uma proposta para fixar prazo para julgamento dos embargos de declaração - tipo de recurso que não tem o poder de alterar a essência de uma decisão já tomada. Ele defende um parâmetro objetivo para agilizar o desfecho e a baixa dos processos.

A busca por celeridade também passa pelo incentivo a votos mais enxutos. As leituras ficaram mais longas desde que a TV Justiça foi criada e passou a transmitir os julgamentos em tempo real. Barroso tem conduzido as sessões com fluidez na tentativa de promover consensos e de engatar um ritmo mais rápido de votação.

O resgate da imagem do Supremo Tribunal Federal, desgastada ao longo do governo Jair Bolsonaro, é outra missão pessoal. Ao contrário de Rosa Weber, que mantinha um perfil discreto, o ministro tem organizado coletivas de imprensa e pronunciamentos a jornalistas com certa frequência. Barroso tem dito que falará sempre que precisar desfazer "incompreensões e mal-entendidos".

"Precisamos conquistar corações e mentes e mostrar que o Supremo não é o problema", resumiu em uma palestra em São Paulo nesta semana.

Há um mês, Brasília era palco de um cenário de terror e de violência. Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro depredaram os prédios públicos do Congresso Nacional, do Superior Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto. Os vândalos marcharam do Quartel-General do Exército até a Esplanada e furaram, sem resistência da Polícia Militar, um bloqueio e invadiram os edifícios dos Três Poderes.

Os episódios implicaram em uma crise de desconfiança entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os militares, houve milhares de prisões e a abertura de uma operação pela Polícia Federal para localizar responsáveis e financiadores dos atos golpistas.

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A invasão

Relatórios de inteligência em poder do governo indicaram que 100 ônibus com 3.900 pessoas chegaram em Brasília com disposição de retomar protestos de rua contra a eleição do presidente Lula no dia 8 de janeiro, um domingo. Como mostrou o Estadão, a invasão vinha sendo preparada por extremistas leais ao ex-presidente Bolsonaro desde o dia 3 de janeiro, quando radicais começaram a divulgar com grande intensidade mensagens em aplicativos como o Telegram e o WhatsApp para trazer manifestantes de todo o País para a capital federal, com todas as despesas pagas.

A segurança em Brasília foi reforçada e o governo passou a falar em endurecer o tratamento contra quem adotasse discurso golpista, mas o cenário visto no dia dos ataques foi diferente. Vídeos captados pelas câmeras externas do STF flagraram o momento em que a Tropa de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) desmontou um bloqueio tático posicionado próximo ao Congresso Nacional que impedia a invasão dos golpistas aos demais prédios públicos localizados na praça dos Três Poderes.

Mesmo com a crise instalada, a Política Militar do Distrito Federal continuou permitindo que manifestantes transitassem livremente pela área, sem nenhum tipo de restrição. Após extremistas furarem o bloqueio, parte dos policiais abandonaram as barreiras e foram comprar água de coco em frente à Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida.

A reação

Poucos dias após os ataques, os primeiros vândalos envolvidos no episódio começaram a ser presos. A Política Militar do Distrito Federal prendeu tanto aqueles que estavam presentes quanto aqueles que estavam acampados em frente ao Quartel-General do Exército. Ao todo, mais de 1,3 mil golpistas foram levados pela polícia.

O Estadão teve acesso aos detalhes da situação diária que os presos que teceram diversas reclamações às condições de vida no cárcere. Algumas críticas foram referente aos banhos frios, grande quantidade de pessoas em uma mesma cela, noites sobre um colchão fino lançado no chão e o mau cheiro que escapava do banheiro. Nos grupos e canais de aplicativos de mensagem, o clima de euforia passou a ser de desolação.

Início das investigações

Fotografias, vídeos e trocas de mensagens em grupos restritos comprovam que a invasão foi um ato premeditado e organizado em seus detalhes, e não uma ação espontânea. O Estadão analisou cerca de 26 horas de transmissões ao vivo, listas de passageiros de ônibus, postagens em redes sociais e centenas de imagens. O material explicita que os manifestantes foram para Brasília dispostos, efetivamente, a invadir as sedes dos três Poderes.

Outra informação foi descoberta: cerca de 20 horas antes da invasão, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) teria dispensado por escrito o pelotão de 36 homens do Batalhão da Guarda Presidencial.

Por ordem do Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal abriu no dia 20 de janeiro a Operação Lesa Pátria para prender preventivamente investigados sob suspeita de participarem, financiarem ou fomentarem os atos golpistas do dia 8. Até o momento, 16 pessoas foram presas preventivamente em fases da operação. A PF também cumpriu 31 mandados de busca e apreensão nas etapas anteriores da investigação.

Prevenção de novos ataques

O governo Lula quer obrigar plataformas digitais a retirarem do ar conteúdo enquadrado em crime contra da democracia e terrorismo. O prazo é de duas horas, o mesmo usado na campanha de 2022 pelo TSE para derrubada de desinformação e de notícias falsas.

Desde a derrota para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial, o presidente Jair Bolsonaro (PL) concentrou seus compromissos no Palácio do Alvorada, sua residência oficial, e deixou de aparecer no Palácio do Planalto. Ao longo do último mês, desde 30 de outubro, Bolsonaro despachou na sede do Executivo federal apenas cinco vezes, preferindo permanecer recluso na maior parte do tempo.

A ausência do presidente no Planalto e o início da transição entre governos deu ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição, status de centro de poder em Brasília. A reclusão de Bolsonaro ocorre em meio a atos promovidos na porta de diversos quartéis em que seus apoiadores questionam o resultado das eleições.

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Além de evitar visitar a sede de governo, o presidente também não comentou a decisão do PL de pedir anulação do resultado de uma série de urnas no segundo turno.

Em declaração feita no dia 17 deste mês, o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) disse que Bolsonaro se ausentou de compromissos públicos em decorrência de uma ferida na perna agravada por erisipela, que o impede de se vestir formalmente para o trabalho. Como mostrou o Estadão, ele também foi diagnosticado com uma nova hérnia, mais um efeito da facada que sofreu em 2018.

A primeira agenda oficial do presidente no Planalto após a eleição foi em 31 de outubro, quando se reuniu com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele também encontrou outros ministros. A reunião ocorreu um dia após o segundo turno da eleição em que foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Neste domingo (5), completa um mês desde a morte de Marilia Mendonça, após um trágico acidente aéreo. Desde o ocorrido, a cantora vêm recebendo diversas homenagens de amigos, parentes e fãs, que lembram dela com muito amor e carinho.

E neste domingo não foi diferente. Maraisa, dupla com Maiara, usou suas redes sociais para compartilhar um print de uma conversa entre ela, Maiara e Marilia. Nas mensagens, escritas por Marilia, ela começa falando sobre um algo que aconteceu entre elas que não fica tão claro sobre o que se trata.

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"Vocês perceberam que nada foi em vão e que ficou tudo como a gente imaginava? Sobre a coletiva? Que doideira né? Fiquei pensando o quanto a gente se desgastou sobre esse assunto. As inúmeras ligações, reuniões, o stress", diz.

Depois, Marilia destaca a força que as três têm juntas: "Vale a pena ter firmeza nos nossos sonhos. Meninas, o mundo é pequeno demais para nós três".

Veja:

No dia em que completa um mês do massacre na Escola Estadual Raul Brasil, a Prefeitura de Suzano vai realizar neste sábado, 13, um evento com apresentações ao vivo de artistas para "promover a cultura de paz". Apesar da proposta de homenagem às vítimas, os pais dos alunos consideraram a escolha desrespeitosa.

A celebração, chamada de "Suzano pela Paz", acontecerá no parque Max Feffer, local onde foi realizado o velório coletivo das vítimas. "É um absurdo. Até acredito que no coração do prefeito há uma boa intenção, mas acho que foi mal assessorado. Se fosse uma missa ecumênica, com todo mundo de branco para falar de paz eu concordaria. Mas é um show. É para comemorar o quê?", questionou Fabio Vilela, de 40 anos, pai de um aluno de seis anos.

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O evento terá shows da Família Lima, Ana Vilela e Paulo César Baruk, entre outros.

Um vídeo publicado na página da prefeitura diz que a celebração será um "grande encontro de amor com grandes artistas e personalidades" e pede aos que comparecerem para que "demonstrem que o bem é sempre maior que o mal".

No vídeo, a prefeitura ainda convida a todos para que se vistam de branco. "Nós, os pais, estamos pensando em todo mundo ir de preto para essa festa. Para deixar bem claro que ninguém está feliz", disse Vilela.

O vídeo de um minuto e toda a publicidade da prefeitura sobre o evento não fazem menção ao massacre e às vítimas. No entanto, vídeos publicados no perfil da administração municipal trazem artistas chamando o público para o evento e se solidarizando com as vítimas.

"É uma falta de respeito com os pais e com familiares de vítimas que foram mortas. É uma falta de respeito comigo. Ninguém quer lembrar da tragédia. Poderia ser uma manifestação de outra forma, não com showzinho. Fica parecendo que é uma festa", disse Lilian Lima, 39, mãe de um aluno de 13 anos.

Apesar de a administração municipal informar que não teve gastos com o evento, as famílias consideram que houve um equívoco nas prioridades da prefeitura. Enquanto os pais buscam soluções para mais segurança na porta das escolas, cogitando até mesmo pagar por vigilância particular, a decisão de buscar patrocinadores para um evento artístico não agradou.

"Por que não pegam esses patrocinadores para investir em segurança, para contratar mais gente para a Santa Casa. Muitos alunos foram atendidos em Mogi, outros no Hospital das Clínicas ou em particulares. Na Santa Casa não tem médico, a gente é atendido muito mal. Podiam usar o dinheiro para isso, não para essa palhaçada", disse Lilian.

Procurada, a Prefeitura de Suzano não se posicionou sobre o evento.

A reconstrução do Museu Nacional do Rio deverá custar de R$ 50 milhões a R$ 100 milhões, segundo o diretor da instituição, o paleontólogo Alexander Kellner. Nesta terça-feira (2), um mês depois do incêndio que destruiu boa parte do Palácio São Cristóvão e praticamente todo o acervo do museu, Kellner contou que já conseguiu entrar nos escombros e tem esperanças de conseguir recuperar intactas algumas peças preciosas que foram "protegidas" pelo colapso de partes do prédio.

"Estou muito esperançoso", afirmou Kellner. "Não sou particularmente otimista, mas acho que vai dar para recuperar muita coisa." Segundo o diretor, algumas áreas do museu foram parcialmente poupadas do fogo por conta de desabamentos. Com isso, acredita, materiais não inflamáveis, como ossos, por exemplo, podem ter resistido. O fóssil de Luzia, de 11 mil anos, o mais antigo das Américas, estava numa dessas áreas colapsadas. A chance de ossos maiores - como os da preguiça gigante - terem resistido é ainda maior.

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O trabalho de escoramento do palácio começou no último dia 21 de setembro e tem por objetivo dar segurança para que agentes da Polícia Federal possam trabalhar na investigação das causas do incêndio e as equipes técnicas comecem a revirar os escombros em busca do que restou do acervo. Técnicas de arqueologia e paleontologia serão empregadas para recuperar os fragmentos.

"Conforme as áreas forem sendo isoladas, vamos entrando para fazer esse trabalho de recuperação do acervo", afirmou o diretor. "No momento, o mais importante é garantir a segurança."

O contrato assinado entre a UFRJ (responsável pela administração do museu) e a Concrejato no dia 21 de setembro para obras emergenciais tem prazo de 180 dias e inclui, além do escoramento do imóvel, a instalação de um teto provisório para proteger os escombros.

"Vamos escorar as paredes, colocar um teto provisório e retirar o entulho", explicou Kellner. "Mas para a recuperação do prédio, precisamos de uma dotação orçamentária, algo de pelo menos R$ 50 milhões." Para ele, em cerca de três anos, já será possível reabrir uma pequena parte do museu. "Talvez uma salinha", disse.

Para o novo acervo, Kellner quer receber doações internacionais. "Nos últimos trinta dias criamos uma comissão internacional para interagir com museus do mundo e buscar novos acervos e doações", contou o reitor da UFRJ Roberto Leher.

Na quinta-feira (31) foi dia de limpar fuligem do chão, colocar cobertores para lavar, abrir janelas e tirar o pó dos apartamentos para que pudessem entrar os moradores do Edifício Caracu, prédio vizinho do Edifício Wilton Paes de Almeida, que estava interditado desde o desabamento no Largo do Paiçandu, há um mês. O prédio estava interditado por razões de segurança, e foi liberado na quarta-feira (30) para os moradores voltarem.

Quem vive ali - em quitinetes cujo aluguel superava R$ 1 mil - passou uma temporada na casa de parentes. "Foi um sufoco. Eu fui dormir na casa da minha tia, onde vive também a minha avó. Passei um mês dormindo em um sofá", conta o operador de crédito Maurício Pinheiro Pinto Júnior, de 26 anos, que alugava um apartamento no Caracu havia dois anos.

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No dia do acidente, ele estava na casa da namorada, a auxiliar de vendas Graziela Silva Gomes, de 26 anos. "O pior é que eu estava sem celular. Meus pais vivem no Sul e não conseguiam falar comigo. Ficaram desesperados", conta.

"Teve vizinho que saiu de casa de pijama. Eu cheguei no dia seguinte e consegui que um bombeiro me acompanhasse até o apartamento. Fiz uma mala, peguei algumas coisas. Mas estava vivendo de favor", diz o rapaz, que chegou ontem com as malas de volta e estava reorganizado o apartamento.

Dois edifícios residenciais vizinhos ao Wilton Paes de Almeida haviam sido interditados. Ambos foram liberados pelos próprios moradores, que obtiveram laudos e os apresentaram à Prefeitura, garantindo a segurança dos prédios. O síndico do Caracu, vizinho de Pinto Júnior, não quis dar entrevista.

Vistorias

Dois outros imóveis comerciais da área permanecem interditados. Um deles terá de passar por obras estruturais antes de ser liberado, segundo o secretário da Segurança Urbana, José Roberto Rodrigues.

A Prefeitura também está fazendo vistorias em prédios ocupados por movimentos de moradia da região central. Os alvos são 69 imóveis e 30 já foram analisados - nenhum evacuado. A administração municipal deve apresentar um balanço dessa ação em 24 de junho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.N

Passado um mês do incêndio e desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, que deixou sete mortos no centro de São Paulo, ainda não há solução oficial à vista para o acampamento de sem-teto que surgiu na sequência no Largo do Paiçandu. Segundo dados da própria Prefeitura, 126 famílias, algumas com até cinco crianças, se amontoam em barracas, em meio a lixo e roupas sujas.

"A gente fica aqui e eu estou esperando que venham dar moradia para a gente. Disseram que vão dar no dia 13", disse a desempregada Deise da Silva Rodrigues, de 32 anos, mãe de cinco filhos, a mais nova ainda sendo amamentada, ao repetir alguns dos boatos que correm entre as barracas.

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Deise já recebe auxílio-moradia da Prefeitura, por ter perdido a casa em um incêndio ocorrido na Favela do Moinho, na Barra Funda, há três anos. Usava parte do dinheiro para viver na ocupação. Ao perder o lar para o fogo pela segunda vez, tenta sobreviver mantendo as crianças perto de vista e esperando ajuda pública.

A Prefeitura admite que existe um impasse sobre o atual acampamento e destaca que a maior parte das vítimas da tragédia já foi atendida. O posicionamento foi dado com base em visitas da Assistência Social concluídas um mês antes do incêndio, nas quais foram cadastradas 171 famílias no local - com vistas a uma futura desocupação. Do cadastro prévio, 144 famílias foram localizadas. "Algumas já vão receber o segundo cheque (de R$ 400 de auxílio-aluguel)", disse o secretário da Habitação, Fernando Chucre.

As 126 famílias atualmente no Largo não estão nessa lista. Para elas, "o que a Prefeitura pode fazer é todo dia ir lá oferecer abrigamento". "É a ferramenta que temos", ressaltou Chucre.

Por noite, a Prefeitura paga 60 pernoites para vítimas do incêndio. E soluções menos negociadas estão fora da mesa. "Existem garantias individuais de que o cidadão pode permanecer nos lugares. Não tenho, como força de Estado, falar 'vem aqui e saí'", disse o secretário da Segurança Urbana, José Roberto Rodrigues.

Experiência

"Nesse tipo de caso, é comum que você tenha um acidente que envolva 100 (pessoas) e apareçam 300 se dizendo morador", afirmou o secretário, ao justificar a decisão. Mas Chucre admite que parte da ocupação do Wilton tinha famílias com "perfil transitório" - o que é um complicador.

"Uma família em algum momento pode ter passado por aquele edifício por um dia, uma semana, por um período indeterminado. Não temos controle sobre esse período." Por causa disso, segundo ele, há 77 casos que estão sob análise, e deverão receber o benefício a partir do mês que vem.

Mesmo assim, a inclusão nos programas não é garantia de que o acampamento se desfaça. Há 26 famílias, por exemplo, que estão recebendo o benefício e permanecem lá, conforme a própria administração municipal. "A única coisa que quero é trabalhar. Sou segurança. Mas preciso ter um endereço para dar para o patrão", diz Keliane Mendes da Costa, de 34 anos, que já trabalhou como manicure e como segurança.

Como ela, muitos usam o benefício municipal como "um complemento de renda", nas palavras do secretário. Não existe auditoria sobre os valores ofertados, e a Prefeitura também não indica moradias para as quais pessoas possam se dirigir.

Rotina

As famílias de sem-teto passam o dia na praça, em barracas de camping doadas. Varrem a sujeira de um lado para o outro, fazem "gatos" (ligações irregulares) nos postes de iluminação para terem tomadas para os celulares e se dividem em uma cozinha coletiva. Essa está repleta de sacos de arroz e de feijão também doados. Mas não há nenhuma geladeira - "e aí não tem mistura", segundo uma das moradoras. Também não há banheiros com água corrente nem chuveiros, o que faz cada um se virar como pode para a higiene pessoal.

O ritmo de doações vem caindo. Os moradores só não sabem se é por causa da greve dos caminhoneiros - "ou pelo fato de as pessoas estarem nos esquecendo" - como dizem alguns.

Negociações

A Prefeitura, o governo do Estado e a União iniciaram negociações para viabilizar a construção de um empreendimento habitacional voltado para a população de baixa renda no terreno onde antes ficava o Edifício Wilton Paes de Almeida.

A ação incluiria a liberação de verba para reforma de outros edifícios de posse da Prefeitura na área central da cidade. Os valores finais ainda estão em discussão, que não tem prazo para ser encerrada. As moradias não iriam para ex-moradores do Wilton. A Prefeitura seguirá a fila de moradia do Município. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista Anderson Gomes, completa um mês neste sábado (14) e criminosos ainda não foram identificados. O prazo para conclusão do inquérito é de 30 dias, e com o vencimento do tempo previsto, a Polícia Civil deve pedir a prorrogação da data.

De acordo com secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, general Richard Nunes, o crime tem características de execução, e a principal linha de investigação é a de motivação política. “Não há dúvidas de que a atuação política dela, não só no momento, mas até a projeção de futuro do que ela poderia representar, indica que a gente tem que ter um olhar mais acurado nesta direção. Isso é inegável”, afirmou.

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O crime ocorreu na rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, Rio de Janeiro. Os assassinos dispararam 13 vezes contra o carro em que Marielle e Anderson estavam. Quatro tiros atingiram a cabeça da vereadora, que morreu na hora.

Peritos encontram digitais nas cápsulas das balas achadas na cena do crime.

As investigações seguem em sigilo, e enquanto a Polícia Civil colhe depoimentos, a Polícia Federal (PF) realiza a perícia da munição usada no crime. O Ministério Público (MP) também acompanha as investigações.

O caso teve repercussão internacional entrando inclusive na pauta Comissão Internacional de Direitos Humanos, órgão da OEA (Organização dos Estados Americanos).

Por Fabio Filho

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