Os militantes a favor do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, permanecem na frente do apartamento do político no centro de São Bernardo do Campo. Maioria ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, as cerca de 100 pessoas, segundo a Polícia Militar, seguem a orientação do presidente da entidade, Rafael Marques, de ficarem no local até a esperada eventual volta do ex-presidente à sua residência, após declaração no diretório do PT em São Paulo.
Hoje, foi deflagrada pela Polícia Federal, a 24ª fase da Operação Lava Jato, a Operação Aletheia, que em grego significa busca da verdade, e teve o ex-presidente como alvo central. Moradores avistaram Lula saindo de seu apartamento por volta das 6 horas da manhã, acompanhado de dois carros descaracterizados. Por volta das 7 horas, os primeiros manifestantes chegaram ao local, gritando palavras contra o ex-presidente e apoiando a operação de hoje.
##RECOMENDA##As viaturas da Polícia Federal chegaram ao local por volta das 8h15. Conforme fontes, as duas coberturas usadas pela família Lula teriam sido vasculhadas pela Polícia Federal e câmeras de segurança do prédio apontaram que agentes da Polícia Federal saíram com um notebook e nada mais, perto das 11h40. As fontes ainda disseram que o segurança de Lula teria chegado junto com a PF. Um responsável pelo prédio também acompanhou a operação pela manhã e que a ex-primeira dama Marisa Letícia continua no prédio. Até o momento, a Polícia não confirma as informações.
Tumultos e agressões
O primeiro tumulto aconteceu por volta das 7h30, quando um homem de camisa vermelha agrediu um fotógrafo que estava trabalhando no local. A biomédica Karina Alves de Oliveira, moradora próxima ao apartamento e grávida de dois meses e que estava no local desde as 7 horas, também contou que foi agredida. "Estava acompanhando as últimas notícias da operação, acordei, ouvi o helicóptero e vim para cá. O Brasil estava precisando disso, de chegar nele. O País precisa de uma reforma", declarou.
Efetivo da Polícia Civil e Militar chegou ao local e colocaram um cordão de isolamento na portaria do prédio e para dividir os manifestantes pró e contra Lula no local. Até então, o quarteirão da avenida onde se situa o prédio não havia sido bloqueado, o que permitiu que um manifestante com camisa da CUT mais exaltado entrou em confronto com outro contra Lula. A Polícia interveio no momento e não houve agressões.
A manhã seguiu com um clima de enfrentamento. Após o bloqueio de trânsito do quarteirão, os protestos seguiram com gritos pró (pelo grupo liderado pelo Sindicato) e anti-Lula (maioria moradores e curiosos que chegavam ao local): "Lula cachaceiro, devolve meu dinheiro", "Lula, guerreiro do povo brasileiro". Alguns manifestantes chegaram a citar o nome da presidente Dilma Rousseff. "Agora só falta a Dilma" e qualquer sinal de manifestação, a Polícia intervinha imediatamente e até chegou a usar spray de pimenta para afastar os exaltados.
Entretanto, por volta das 10 horas, manifestantes se agrediram, com socos e pontapés. Até o momento, três pessoas foram detidas, sendo duas por racismo e uma por tentativa de lesão. Esta pessoa foi encaminhada primeiro ao pronto socorro do Hospital São Bernardo e depois iria prestar depoimento junto às outras duas no 1º DP da cidade. Além do manifestante ferido, um policial também teve machucados leves.
Depois da saída da PF do apartamento, um tumulto ameaçou começar novamente. A equipe da TV Bandeirantes foi agredida por manifestantes de apoio a Lula, sendo o repórter e o cinegrafista agredidos e a câmara parcialmente danificada. Um repórter da TV Globo também foi hostilizado com os ânimos dos manifestantes pró-Lula exaltados. Agora, o clima é calmo à espera da chegada do ex-presidente.