Tópicos | 100 MIL MORTES

No último sábado (8), o Brasil chegou à triste marca de 100 mil óbitos por conta da Covid-19. O número assustador, alcançado em menos de 150 dias após a primeira morte registrada no país, gerou manifestações na internet e fora dela. Muitos brasileiros lamentaram a perda de tantas vidas através de postagens, faixas e até carros de mensagem. Já o mandatário da nação, Jair Messias Bolsonaro, limitou-se a compartilhar um post da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) exaltando algumas ações do Governo Federal contra a pandemia. 

Não é a primeira vez que Bolsonaro ignora a gravidade da pandemia e os verdadeiros estragos que ela vem causando no país. Após chamar a Covid-19 de “gripezinha”, ele chegou a desdenhar das mortes e doentes ao ser questionado durante entrevista: “E, daí, quer que eu faça o quê?”, disse ele. No dia em que o Brasil chegou à marca de 100 mil óbitos pela doença, o presidente limitou-se a compartilhar uma postagem da Secom da presidência que dizia simplesmente lamentar “as mortes por Covid, assim como por outras doenças”.

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Por outro lado, boa parte dos brasileiros mostrou-se revoltada com o alto número de falecidos bem como com o descaso do governo para com a situação. Por todo o país, manifestações contrárias à condução do presidente Jair Bolsonaro tomaram conta das redes sociais e das ruas. 

A hashtag #NãoÉSóUmNúmero foi amplamente compartilhada nas redes sociais acompanhada por mensagens como: “Esse número significa dor e sofrimento para muito mais de 100 mil pessoas que perderam alguém que importava para elas”; “É cruel o desrespeito pela morte de pessoas que deveriam estar aqui hoje.”; “100.000 mortos não é só um número são vidas perdidas, e o pior é saber que muitas dessas vidas perdidas poderiam ter sido evitadas”; “Se você não se comove, se você não tem medo ou se vc não se revolta, você já está morto por dentro”. 

Nas ruas

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As manifestações não se restringiram às redes sociais e em diversos pontos do país, as ruas também foram palco para protestos. Em Olinda, Região Metropolitana do Recife, uma faixa preta pedindo “Fora Bolsonaro” foi colocada em frente à Praça do Carmo. Em São Paulo, um caminhão com um telão percorreu as ruas da cidade narrando nomes de vítimas fatais e mostrando algumas falas de Jair Messias Bolsonaro acompanhadas da hashtag #piorpresidentedomundo. 

 

A marca de 100 mil mortos vítimas da pandemia do coronavírus sensibilizou os senadores neste sábado (8). Em suas redes socais, eles prestaram solidariedade às famílias das vítimas e reforçaram a necessidade de se ter ações efetivas de combate à Covid-19.

Os senadores criticaram ainda a declaração do presidente Jair Bolsonaro, feita na última quinta-feira (6) em sua live semanal, de que era preciso “tocar a vida e buscar uma maneira de se safar desse problema”.

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O líder do MDB, senador Eduardo Braga (AM), refutou a ideia de se continuar “tocando a vida normalmente” enquanto se espera uma vacina que proteja a população da pandemia.

“A luta contra o coronavírus exige ação mais firme e orquestrada por parte das autoridades. Não podemos deixar a pandemia banalizar o sofrimento.”, afirmou.

O senador Humberto Costa (PT-PE), médico e ex-ministro da Saúde, alertou que não há sinal de arrefecimento da doença no país.

“Não podemos normalizar o luto e a dor de milhares de pessoas. O que está acontecendo no país é um crime contra a humanidade”, acusou.

O líder do PSL, senador Major Olímpio (SP), também afirmou que não é possível “simplesmente tocar a vida”. Em sua avaliação, é preciso pensar em políticas públicas que evitem o crescimento dessa tragédia.

“Nessa véspera de Dia dos Pais, toda minha solidariedade para as famílias que perderam pessoas queridas”, lamentou.

Negacionismo

Para a senadora Zenaide Maia (RN), vice-líder do Pros e também médica, a pandemia foi subestimada pelo governo federal.

“Se não tivesse encontrado neste país um negacionismo tão forte de um governo federal tão insensível, indiferente, negligente com as medidas preventivas ditadas pela ciência e pelas autoridades de saúde; talvez não tivesse avançado tanto. Estamos enfrentando uma pandemia sem uma coordenação nacional”, criticou a senadora, acrescentando que nem metade dos recursos aprovados para o combate à covid-19 foram efetivamente aplicados pelo governo.

Negacionismo foi o termo usado também pelo líder da Minoria no Senado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Para ele, a omissão do presidente Bolsonaro aumentou a proporção da crise.

Os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Eliziane Gama (Cidadania-MA) reforçaram a necessidade de uma atuação séria e eficiente do poder público: “o mais estarrecedor é que muitos perderam a vida por falta de uma ação governamental mais atuante e sensível”, lamentou a senadora. Já o senador Jaques Wagner (PT-BA) atribuiu ao “desprezo” do governo pela ciência o grande número de mortes e o senador Weverton (PDT-MA) lembrou que o presidente da República incentivou aglomerações e indica ao povo "um remédio que a comunidade científica não recomenda".

Médicos, os senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Marcelo Castro (MDB-PI) lamentaram as milhares de famílias destruídas pela doença.

“Que unamos forças e, aliados à ciência, possamos superar esse trágico momento. Toda a minha solidariedade às famílias e amigos das vítimas. O Brasil está de luto”, disse Castro, que é ex-ministro da Saúde.

O senador Zequinha Marinho (PSC-PA) pediu a Deus que dê forças ao país para atravessar a pandemia e que ilumine os cientistas para que a cura chegue logo ao Brasil e ao mundo.

Os senadores Flávio Arns (Rede-PR), Angelo Coronel (PSD-MA), Lasier Martins (Podemos-RS), Daniella Ribeiro (PP-PB), Leila Barros (PSB-DF) e Soraya Thronicke (PSL-MS) também prestaram solidariedade às famílias das vítimas.

“São pessoas, não números!”, enfatizou Soraya.

Mesma lembrança fez o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que lembrou que a covid19 “não é uma gripezinha”.

“Cem mil vidas perdidas para o coronavírus. Não é um número, são seres humanos. Minhas orações estão com as famílias dessas pessoas”, disse.

Luto oficial

O presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre, decretou luto oficial de quatro dias em solidariedade às famílias das vítimas. 

Da Agência Senado

Para mapear e isolar os doentes, uma das principais estratégias é realizar testagem em massa, promessa que nunca saiu do papel. Quando a gente fala em vigilância em saúde, tem uma tríade básica que é rastrear, testar e isolar, afirma o médico Claudio Maierovitch. No momento em que a transmissão está acelerada, fica mais difícil fazer isso, mas não é impossível. O ideal seria determinar quarentena nos locais de maior transmissão para que haja uma queda no número de novos casos e fique mais fácil monitorar todas as infecções novas.

Para que o rastreamento funcione, uma alternativa indicada é recorrer ainda mais a unidades e equipes de atenção primária do SUS, rede capilarizada, próxima das comunidades e capaz de levar os cuidados para áreas distantes de grandes centros. Na prática, a medida poderia ajudar até a prevenir que casos graves aconteçam em locais sem UTI ou hospital.

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De acordo com os pesquisadores, faltou uma ação coordenada posterior ao início da crise para conter o avanço da pandemia. Assim como foi feito um esforço para a abertura de novos leitos e de hospitais de campanha, deveríamos ter tido o mesmo movimento no programa Saúde da Família, pontua Maierovitch.

Monitoramento

O sanitarista também defende o monitoramento precoce dos doentes. Alguns municípios estão usando os hospitais de campanha para internação mais preventiva, de doentes que não estão graves, mas que, por apresentarem fatores de risco, devem ser monitorados mais de perto para que uma piora seja rapidamente identificada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A organização não-governamental Rio de Paz promove, na manhã deste sábado (8)), um ato em homenagem aos quase 100 mil brasileiros mortos pela pandemia do coronavírus e em protesto contra a forma como o poder público tem conduzido a administração desta crise sanitária. Às 6h cem cruzes pretas foram fixadas na areia da praia de Copacabana, na zona sul, em frente ao hotel Copacabana Palace, e mil balões de gás vermelhos também foram fixados - 100 deles nas cruzes e outros 900 na areia.

Às 11h os balões foram soltos, simbolizando as vidas que se perderam devido à doença. A dramatização será conduzida pelo taxista Márcio Antônio do Nascimento Silva, que, no último ato público realizado pelo Rio de Paz, em junho, fixou novamente na areia de Copacabana as cruzes que haviam sido derrubadas por um homem que passava pelo local e é contrário ao protesto. Silva teve um filho morto pela Covid-19 e neste próximo domingo (9) passará seu primeiro Dia dos Pais sem a companhia do filho.

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Um cartaz de quatro metros de comprimento com a frase "100 MIL: Por que somos o segundo país em número de mortos?" está exposto na praia. "Poder público e sociedade precisam responder a uma questão para a qual nos remetem as 100 mil mortes por coronavírus: por que somos o segundo país em número de mortos? Da resposta racional, isenta e honesta a essa pergunta dependem as mudanças pelas quais o Brasil precisa passar a fim de vivermos num país no qual a santidade da vida humana seja respeitada", afirma o presidente da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa.

Até sexta-feira (7), 99.702 brasileiros haviam morrido de Covid-19. A marca de 100 mil mortos deve ser ultrapassada neste sábado.

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