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Foi expulso da Polícia Militar de Pernambuco um sargento, considerado culpado por atirar em uma pessoa durante um bloco de carnaval em 2020. O caso, publicado em Diário Oficial nesta quarta-feira (29), aconteceu no bairro da Madalena, na Zona Norte do Recife.

No dia 1º de março de 2020, durante o desfile de um bloco carnavalesco, na Rua Fagundes Varela, no bairro da Madalena, o militar efetou disparo de arma de fogo contra a vítima, atingindo-a no braço direito. Ele foi detido pelo policiamento e conduzido ao DHPP, local onde foi autuado em flagrante por homicídio tentado.

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Após as diligências confirmarem os fatos imputados ao sargento, o Corregedor Geral da SDS decidiu homologar a expulsão do mesmo.

A riqueza permanecia concentrada no País no primeiro ano da pandemia de Covid-19. Em 2020, dez municípios detinham cerca de um quarto (25,2%) da economia brasileira, de acordo com o Produto Interno Bruto (PIB) dos Municípios, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os maiores geradores de riqueza naquele ano foram: São Paulo (com uma fatia de 9,8% do PIB brasileiro), Rio de Janeiro (4,4%), Brasília (3,5%), Belo Horizonte (1,3%), Manaus (1,2%), Curitiba (1,2%), Osasco/SP (1,0%), Porto Alegre (1,0%), Guarulhos/SP (0,9%) e Campinas/SP (0,9%).

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Quando somados os 25 municípios brasileiros mais ricos em 2020, chegava-se a 34,2% do PIB nacional.

"Mais de um terço da economia brasileira está concentrada em apenas 25 municípios", ressaltou Luiz Antonio de Sá, analista de Contas Regionais do IBGE.

Os 82 municípios mais ricos detinham metade (49,9%) do PIB nacional, mas concentravam apenas 35,8% da população brasileira. Os 100 municípios mais ricos somavam 52,9% do PIB do Brasil em 2020.

Por outro lado, os 1.275 municípios mais pobres responderam por apenas 1,0% do PIB nacional, mas 2,9% da população do País. Nesse grupo de menores participações no PIB, os municípios pertencentes ao Piauí (148) e Paraíba (135) representavam mais de 60% do total de municipalidades de seus respectivos estados.

O IBGE ressalta que houve redução relativa da importância econômica dos grandes centros urbanos no PIB de 2020. Em 2019, aproximadamente um quarto da produção econômica estava localizada somente em São Paulo/SP e Rio de Janeiro/RJ, mas, em 2020, essas duas concentrações urbanas somaram 23,7% do PIB nacional. A concentração urbana de São Paulo/SP correspondeu a 16,2% do PIB, queda de 0,7 ponto porcentual, e a do Rio de Janeiro/RJ, 7,4%, recuo de 0,5 ponto porcentual.

"Ademais, é possível verificar que todas as 10 maiores Concentrações Urbanas brasileiras tiveram redução em suas participações relativas na economia nacional. Em 2020, essas Concentrações Urbanas somaram 40,5% do PIB, uma redução de 2,3 pontos porcentuais ante o peso de 2019", frisou o IBGE.

Segundo Luiz Antonio de Sá, do IBGE, as capitais registraram em 2020 a menor participação no PIB desde o início da série histórica.

"Foi a menor participação das capitais em 19 anos de série", observou Sá. "As capitais sentiram mais o peso do impacto econômico da pandemia do que as não capitais em geral."

Em 2002, as capitais respondiam por 36,1% do PIB, ante uma fatia de 63,9% das não capitais. Em 2019, no pré-pandemia, essa participação das capitais tinha se reduzido a 31,5%, enquanto a das não capitais subiu a 68,5%. Em 2020, a fatia das capitais caiu a 29,7%, enquanto a das não capitais aumentou a 70,3%.

"Entre as trinta maiores perdas de participação, 12 são capitais, e a gente atribui à queda dos serviços", explicou Sá.

Os municípios que mais ganharam participação no PIB foram Parauapebas/PA e Canaã dos Carajás/PA, por causa do avanço na extração de minério de ferro. Manaus teve ganho de participação devido ao desempenho das indústrias de transformação da Zona Franca, e Saquarema/RJ registrou ganho atrelado à extração de petróleo e gás. Outros municípios ligados à agropecuária também ganharam fatia no PIB em 2020.

Dados analisados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a partir de registros do Ministério da Saúde, revelam um crescimento de 95% na realização de exames para diagnóstico de retinopatia diabética no Sistema Único de Saúde (SUS) este ano em relação a 2020, período mais crítico da pandemia de Covid-19.

De janeiro a agosto de 2020, foram realizados 3,3 milhões de exames como esse, contra 6,4 milhões no mesmo período de 2022. O número supera, inclusive, o desempenho pré-pandemia, já que, em 2019, foram computados 5,1 milhões de testes para diagnóstico de retinopatia diabética.

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“Após período de queda significativa no volume de consultas, exames e procedimentos oftalmológicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em virtude do impacto no atendimento causado pela pandemia de Covid-19, uma nova tendência se instala na rede pública”, destacou o conselho.

Para a entidade, os efeitos da vacinação contra a Covid-19 e a queda dos indicadores de morbidade e mortalidade pela doença motivaram os pacientes a buscar os serviços públicos para fazer o diagnóstico e a prevenção de doenças que afetam a visão, como é o caso da retinopatia diabética.

Detalhamento

O relatório avaliou, ao todo, registros de quatro tipos de exames para diagnóstico da doença disponíveis no SUS: biomicroscopia de fundo de olho, mapeamento de retina, retinografia colorida binocular e retinografia fluorescente binocular. O detalhamento mostra que todos os procedimentos registraram aumento em 2022 em relação a 2020.

De janeiro a agosto de 2019, foram realizados cerca de 645 mil exames desses quatro tipos por mês. No mesmo período do ano seguinte, quando foi decretada a pandemia, o total baixou para 413 mil mensais. Em 2022, a média, de acordo com o conselho, já ultrapassa 805 mil procedimentos, número superior ao registrado antes da crise sanitária.

Perfil

Os dados mostram que as mulheres representam a maioria dos pacientes submetidos a exames de diagnóstico para retinopatia. Nos períodos de janeiro a agosto dos anos de 2019, 2020, 2021 e 2022, foram feitos 8,3 milhões de testes na população feminina contra 5,3 milhões em homens.

Com relação à idade, a maior parte dos procedimentos ocorreu na população com mais de 40 anos. Esse segmento somou, apenas em 2022, 3,7 milhões de exames.

Retinopatia diabética

A retinopatia diabética é uma complicação ocular que, sem diagnóstico e tratamento precoces, pode evoluir rapidamente e levar à perda parcial ou total da visão. O diabetes melittus é o fator desencadeante da doença. 

Pessoas com diabetes apresentam risco de perder a visão 25 vezes mais do que as não diabéticas, sendo que a retinopatia diabética atinge mais de 75% das pessoas com diabetes há mais de 20 anos.

O controle do diabetes por meio de dieta adequada, do uso de pílulas hipoglicemiantes, de insulina ou de uma combinação desses tratamentos, prescritos pelo médico endocrinologista, são a principal forma de evitar a doença.

O primeiro ano da pandemia de covid-19 resultou no fechamento de 14.544 empresas prestadoras de serviços não financeiros no País, acompanhado de uma extinção de 313.383 postos de trabalho. Os dados são da Pesquisa Anual de Serviços (PAS) de 2020, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (24).

O número de empresas encolheu 1,1% em relação a 2019, enquanto o pessoal ocupado recuou 2,4%. No entanto, os impactos foram mais drásticos nas atividades que prestam serviços presenciais. Nos serviços prestados às famílias, 59.835 empresas fecharam as portas e 467.882 pessoas perderam o trabalho. O segmento inclui os serviços de alojamento, alimentação, atividades recreativas e culturais, serviços pessoais e ensino continuado.

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"A atividade de serviços é muito heterogênea. Então elas se adequaram muito individualmente ao cenário de pandemia", explicou Marcelo Miranda Freire de Melo, técnico da pesquisa do IBGE. "As atividades que não tinham necessidade presencial, que podiam ter home office ou teletrabalho, não tiveram tanto impacto", justificou.

Os serviços prestados às famílias tiveram a maior queda proporcional em número de empresas, um enxugamento de 14,3%. O subsetor que mais perdeu postos de trabalho, em números absolutos, foi o de serviços de alimentação, o equivalente a 329,2 mil vagas eliminadas. Proporcionalmente, o segmento que mais cortou trabalhadores foi o de agências de viagens, operadores turísticos e outros serviços de turismo, uma queda de 28,4% no pessoal ocupado.

"As atividades que se adaptaram mais rapidamente, em que era possível usar o teletrabalho, ou até atividades essenciais, como o transporte de cargas, foram as menos afetadas pela pandemia", disse Melo.

A atividade de seleção, agenciamento e locação de mão-de-obra teve o maior aumento de pessoas ocupadas, tanto em termos absolutos, com 143,1 mil contratações, como em porcentuais, alta de 22,2% no pessoal ocupado.

Balanço

Em 2020, o setor de serviços tinha 1,4 milhão de empresas no País, que geraram R$ 1,8 trilhão em receita operacional líquida e R$ 1,1 trilhão de valor adicionado. O setor empregava 12,5 milhões de pessoas, que receberam R$ 373,5 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações, uma queda de 4,0% ante 2019.

O salário médio mensal nacional do setor de serviços em 2020 foi de 2,2 salários mínimos. Os serviços de informação e comunicação permaneciam com os maiores salários, uma média de 4,5 salários mínimos em 2020, enquanto serviços prestados principalmente às famílias tinham os menores, apenas 1,4 salário mínimo, em média.

Na passagem de 2019 para 2020, as atividades que mais obtiveram avanço de participação na receita operacional líquida dos serviços foram serviços técnico-profissionais (1,1 ponto porcentual), transporte rodoviário de cargas (1,1 ponto porcentual) e serviços auxiliares financeiros, dos seguros e da previdência complementar (0,7 ponto porcentual). As maiores perdas ocorreram nos serviços de alimentação (-1,7 ponto porcentual), transporte aéreo (-1,2 ponto porcentual) e transporte rodoviário de passageiros (-1,2 ponto porcentual).

Em 2020, o Sudeste concentrava 65,4% das empresas de serviços, 64,5% das remunerações pagas aos trabalhadores, 57,4% da mão de obra ocupada no setor e 56,0% no total de empresas em funcionamento.

Em relação a 2019, a Região Sudeste ganhou em participação no total nacional em receita bruta (1,5 ponto porcentual), pessoal ocupado e salários (0,8 ponto porcentual) e salário, retiradas e outras remunerações (1,2 ponto porcentual). A Região Nordeste foi a que sofreu as maiores perdas nas mesmas variáveis: -0,7 ponto porcentual, -0,7 ponto porcentual e -0,9 ponto porcentual, respectivamente.

O Brasil registrou saldo positivo na abertura de empresas no primeiro ano de pandemia de Covid-19. No entanto, o fenômeno ocorreu exclusivamente na modalidade sem nenhum trabalhador assalariado, ou seja, somente havia o proprietário ou sócios. Ao mesmo tempo, houve fechamento de 32.467 empresas empregadoras de todos os tamanhos, incluindo micro, pequenas ou grandes companhias, que resultaram na demissão de mais de 825 mil assalariados. Os dados são do Cadastro Central de Empresas (Cempre) referentes a 2020 e divulgados nesta quinta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O número de companhias e organizações formais ativas passou de 5,239 milhões em 2019 para 5,434 milhões em 2020, um avanço de 3,7%, o equivalente a 194.842 negócios a mais. O resultado, porém, é explicado por um salto de 8,6% no número de organizações sem nenhum trabalhador assalariado: 227.309 empresas a mais em apenas um ano. Os dados sugerem que o movimento seja explicado por um empreendedorismo de necessidade, uma maior criação de CNPJs por trabalhadores demitidos que tentavam abrir seu próprio negócio ou que buscavam compensar uma perda de renda provocada pela crise sanitária.

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"Ou para manter a renda ou foram demitidas e abriram seus próprios negócios por necessidade", confirmou Thiego Gonçalves Ferreira, gerente da pesquisa do IBGE. "Houve saldo positivo em (empresas) não empregadores."

Por outro lado, o número de companhias e organizações com pelo menos uma pessoa ocupada mostrou queda generalizada. Nas empresas com 1 a 9 assalariados, o recuo foi de 0,4% no número de companhias, 8.233 a menos. Na faixa entre 10 a 49 assalariados, houve fechamento de 22.514 empresas em um ano, um tombo de 5,3% nesse total de empregadores.

O grupo que contratava entre 50 e 249 pessoas contabilizou 1.529 estabelecimentos a menos, recuo de 2,3% nesse universo em um ano. Entre as grandes empresas, com pelo menos 250 assalariados, 191 companhias fecharam as portas, queda de 1% no total de empresas desse porte.

Redução no emprego assalariado

Em 31 de dezembro de 2020, as empresas e organizações formais ativas no País empregavam 52,697 milhões de pessoas, sendo 45,390 milhões delas assalariadas e 7,307 milhões na condição de sócio ou proprietário.

A força de trabalho ocupada diminuiu 1,0%, cerca de 523,5 mil pessoas a menos: 825,280 mil assalariados perderam o emprego em 2020, queda de 1,8% no total de trabalhadores nessa condição ante 2019, enquanto 378,976 mil pessoas a mais se tornaram sócias ou proprietárias, aumento de 11,3% nesse contingente em apenas um ano.

O IBGE ressalta que, apesar da pandemia, a redução de pessoal assalariado não foi a mais acentuada da série histórica em termos relativos. Os enxugamentos de mão de obra foram maiores nos anos de 2015 (-3,6%) e 2016 (-4,4%), em meio à recessão econômica.

O instituto lembra que, em 2020, programas emergenciais de governo ajudaram a evitar uma dispensa maior de empregados: o Programa de Manutenção de Emprego e Renda que teria beneficiado 9,8 milhões de trabalhadores; o Auxílio Emergencial ajudando na manutenção ou aumento do consumo pelos beneficiários; e o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), com liberação de R$ 37,5 bilhões em financiamentos a 517 mil empresas, de acordo com dados oficiais.

Mulheres mais atingidas por demissões

No entanto, entre as demissões efetivadas, as mulheres foram significativamente mais prejudicadas. A cada dez assalariados demitidos no ano, pelo menos sete eram mulheres.

Em 2020, o número de homens trabalhando como assalariados caiu 0,9%, enquanto o de mulheres tombou 2,9%. Dos mais de 825 mil desses postos de trabalho perdidos em relação a 2019, cerca de 593,6 mil (ou 71,9%) eram ocupados por mulheres.

Como consequência, houve piora no avanço da participação feminina no mercado de trabalho pela primeira vez na série histórica iniciada em 2009. A proporção de mulheres entre os assalariados das empresas formais do país caiu de 44,8% em 2019 para 44,3% em 2020. Em 2009, quando esses dados começaram a ser coletados, as mulheres representavam 41,9% da força de trabalho assalariada no setor formal.

"Reduziu a participação (das mulheres) no mercado formal de trabalho lá para o patamar de 2016", disse Ferreira. "A gente atribui a dois grandes fatores. Primeiro teve crescimento de assalariados em setores que empregam mais homens, como a construção. Ao mesmo tempo, a gente observou redução naqueles setores que mais empregam mulheres, que foi alojamento e alimentação, educação", completou.

O pesquisador do IBGE ressalta ainda que atividades como a indústria de transformação e o comércio varejista tiveram perda maior de assalariados em segmentos com maior presença de trabalhadoras, como os de vestuário, acessórios e calçados.

"Tem relação direta com a própria característica da pandemia, esses setores não eram atividades essenciais, e até a questão histórica da mulher ter de ficar mais presente em casa", exemplificou Ferreira.

As demissões de assalariados foram mais agudas nos segmentos de alojamento e alimentação (-373,2 mil trabalhadores), administração pública, defesa e seguridade social (-233,9 mil) e comércio (-221,7 mil). Os aumentos mais significativos ocorreram em saúde humana e serviços sociais (139,3 mil a mais) e construção (80,8 mil a mais).

Em termos relativos, o setor com maior corte de vagas assalariadas foi alojamento e alimentação, com retração recorde de 19,4%, seguido pelo segmento de artes, cultura, esporte e recreação, com tombo também histórico de 16,4%.

O salário médio pago pelas empresas do País caiu a R$ 3.043,81 em 2020, ou 2,9 salários mínimos, 3,0% a menos que o de 2019. A massa salarial encolheu a R$ 1,806 trilhão, queda de 6,0% frente a 2019, a maior da série histórica da pesquisa.

Exportadoras e importadoras

O primeiro ano da pandemia do novo coronavírus, 2020, foi marcado por um aumento no número de empresas exportadoras no País, mas redução de companhias importadoras, segundo os dados do Cempre, informou o IBGE.

O Brasil tinha 23.632 empresas exportadoras em 2020, que representavam 0,4% do total de organizações ativas no País. O montante significou uma alta de 3,4% em relação ao montante de companhias existentes em 2019.

Ao mesmo tempo, havia 33.495 empresas importadoras em 2020, respondendo por uma fatia de 0,6% das organizações ativas, depois de um tombo de 13,4% em relação ao universo de companhias atuantes em 2019.

"As empresas exportadoras tiveram crescimento de 3,4%. Por outro lado, as importadoras sentiram muito mais os efeitos da pandemia, caíram mais de 13%", frisou Thiego Gonçalves Ferreira.

As empresas exportadoras empregaram 5,074 milhões de assalariados em 2020, o equivalente a 11,2% do total de ocupados assalariados existentes naquele ano. Houve um avanço de 2,1% no número de vagas em relação a 2019.

Já as empresas importadoras respondiam por 8,140 milhões de trabalhadores assalariados, 17,9% do total de ocupados nessa condição, apesar da redução de 1,3% no contingente de empregados em um ano.

"É uma participação pequena no número de empresas, mas elas empregam muita gente", observou Ferreira.

De acordo com a pesquisa, uma empresa pode ser simultaneamente exportadora e importadora.

A Câmara dos Deputados aprovou, nessa segunda-feira (11), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 13/2021. A proposta impede a punição a gestores municipais que não aplicaram os percentuais mínimos de gastos com educação em 2020 e 2021 devido à pandemia de Covid-19. A proposta já havia passado pelo Senado e agora segue para promulgação.

A justificativa para aprovação da PEC é que a pandemia, que obrigou a suspensão de aulas e, ao mesmo tempo, o redirecionamento de verbas para a área da saúde, impediu prefeitos de investirem em educação uma porcentagem mínima prevista em lei. Por conta da suspensão de aulas presenciais, gastos com transporte escolar e merenda não foram necessários.

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Partidos de oposição se mostraram contrários à proposta. Para Glauber Braga (PSOL-RJ), um recuo no piso constitucional, mesmo justificado pela pandemia, pode abrir uma brecha para novos recuos e consequente redução de investimento na educação.

Já Tiago Mitraud (Novo-MG) defendeu a PEC. Ele acredita que os congressistas não podem definir como os gestores que estão na ponta, nos estados e municípios, devem direcionar os investimentos porque, segundo ele, esses gestores conhecem melhor a realidade e as necessidades da população.

A Constituição determina que a União aplique em educação pelo menos 18% e estados e municípios pelo menos 25% do total de receitas vindas de impostos. Se a PEC não tivesse sido aprovada no Congresso, os gestores que não aplicaram o mínimo previsto poderiam sofrer penalidades cíveis ou criminais, além de sanções administrativas. Segundo levantamento da Consultoria do Senado, apenas 280 municípios não cumpriram com a destinação mínima, o que representa 5% do total de municípios do país.

Em 2020, as crianças foram, proporcionalmente, as maiores vítimas da escassez de recursos: mais de 17 milhões de crianças e adolescentes até 14 anos viveram abaixo da linha de pobreza no País, o equivalente a 38,6% da população nessa faixa etária. Nesse contingente, 3,9 milhões estavam em situação de miséria, ou 8,9% dos brasileiros dessa idade, segundo os dados da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 3.

Além dos mais jovens, a pobreza também atinge com mais força as pessoas de cor preta ou parda. Havia quase três vezes mais negros do que brancos entre as pessoas na extrema pobreza. Cerca de 8,8 milhões que estavam abaixo da linha de miséria são pretos ou pardos, quase 75% das pessoas nessa condição, ou seja, três a cada quatro dos que estavam nessa situação. Os brancos vivendo na miséria totalizavam cerca de 3,2 milhões.

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Entre os brasileiros abaixo da linha de pobreza, aproximadamente 36,8 milhões eram negros, também perto de três quartos do total, enquanto que os brancos somavam quase 13,6 milhões vivendo com esse tipo de restrição financeira.

As desigualdades regionais também chamam a atenção. A Região Nordeste concentrava quase metade das pessoas em situação de miséria, cerca de 6 milhões, e pouco mais de 45% dos brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza, cerca de 23,2 milhões. Considerando apenas a população local, quatro em cada dez nordestinos viviam na pobreza, e um em cada dez sobrevivia na miséria.

Na Região Norte, 8,5% da população vivia em situação de miséria, enquanto o total de habitantes abaixo da linha de pobreza era de 36,8%.

As quatro unidades da federação com maiores porcentuais da população local vivendo em situação de extrema pobreza foram Amazonas (12,5%), Maranhão (14,4%), Pernambuco (11,8%) e Alagoas (11,8%).

O Estado fora do eixo Norte-Nordeste com maior porcentual de miseráveis na população foi o Rio de Janeiro, onde 5,4% dos habitantes viviam na extrema pobreza e 20,7% abaixo da linha de pobreza.

Com menos renda no bolso da população, o consumo das famílias per capita encolheu 6,2% no ano de 2020 em relação a 2019, contribuindo para o recuo de 4,8% no Produto Interno Bruto (PIB) per capita no período.

O pagamento do auxílio emergencial evitou, mesmo que apenas momentaneamente, um agravamento da miséria no País em 2020, em meio ao choque provocado pela pandemia de covid-19. Apesar da injeção bilionária de recursos extraordinários, praticamente um em cada quatro brasileiros ainda viveu abaixo da linha de pobreza no ano passado, quase 51 milhões de pessoas, segundo os dados da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 3.

Não fossem os programas de transferências de renda para enfrentar a pandemia, incluindo também programas estaduais e municipais complementares, os 10% mais pobres da população teriam sobrevivido com apenas R$ 13 por mês, o equivalente a R$ 0,43 por pessoa a cada dia.

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Com os benefícios governamentais, esse grupo de 21 milhões de brasileiros mais pobres sobreviveu em 2020 com R$ 128 mensais por pessoa da família, ou R$ 4,27 por dia, o maior valor já registrado na série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012.

Embora ainda insuficiente para uma vida livre de restrições básicas, o montante representa uma alta de 14,9% ante os R$ 111 mensais recebidos em 2019. Sem essas transferências de renda, o rendimento médio por pessoa dos 10% mais pobres teria tombado 75,9%, demonstrando a importância da continuidade da política.

Mesmo com o pagamento do auxílio emergencial, 12,046 milhões de brasileiros, o equivalente a 5,7% da população, viveram abaixo da linha de miséria no ano passado. Se excluído o recebimento de programas sociais, esse contingente de miseráveis teria subido a 27,313 milhões, ou 12,9% dos habitantes do País. Em 2019, a proporção de brasileiros na miséria era de 6,8%.

Sem os recursos obtidos através das transferências de renda, o total de brasileiros abaixo da linha de pobreza iria de 50,953 milhões (24,1% da população) para 67,729 milhões (32,1% da população). Em 2019, a proporção de brasileiros vivendo na pobreza era de 25,9%.

Pelos critérios dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e recomendações do Banco Mundial, a pobreza extrema é caracterizada por uma renda familiar per capita disponível inferior a US$ 1,90 por dia, o equivalente a um rendimento médio mensal de R$ 155 por pessoa em 2020, na conversão pelo método de Paridade de Poder de Compra (PPC) - que não leva em conta a cotação da taxa de câmbio de mercado, mas o valor necessário para comprar a mesma quantidade de bens e serviços no mercado interno de cada país em comparação com o mercado nos Estados Unidos.

Já a população que vive abaixo da linha de pobreza é aquela com renda disponível de US$ 5,50 por dia, o equivalente a R$ 450 mensais por pessoa em 2020.

A Polícia Federal em Pernambuco investiga uma possível utilização de caixa dois para financiar a campanha eleitoral da deputada federal Marília Arraes (PT-PE), que em 2020 foi candidata à Prefeitura do Recife, em disputa contra o primo, o prefeito João Campos (PSB). Em áudios obtidos durante uma operação policial que apura desvios de dinheiro associados ao empresário Sebastião Figueiroa, um homem que teria se identificado como marido da parlamentar tenta contato com o investigado, solicitando a quantia de R$ 1 milhão, em duas parcelas de R$ 500 mil. O período da suposta solicitação coincide com o período eleitoral no qual Marília disputava a gestão da capital pernambucana. A denúncia foi antecipada pela Folha de São Paulo. 

A Justiça autorizou a abertura da investigação após a conclusão de um relatório da PF em janeiro, no qual foram encontradas as conversas entre Sebastião Figueiroa e, supostamente, André de Souza “Cacau”, marido da pernambucana, no âmbito da Operação Casa de Papel. Os áudios estavam no celular do motorista de Figueiroa. Marília e o marido não são alvo desta investigação, cujo objetivo é apurar um esquema de desvios em contratos municipais e estaduais em Pernambuco. 

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Como o pedido se deu em novembro de 2020, entre o primeiro e o segundo turno da eleição, os investigadores afirmam que é "bem razoável supor que os valores solicitados" seriam utilizados na campanha. A PF aponta no relatório que Figueroa é conhecido "agiota e financiador de campanhas, possuindo bastante disponibilidade de recursos financeiros em espécie", e que o grupo criminoso do qual faz parte se favorece desse tipo de contratação há quase uma década.  

LeiaJá entrou em contato com a Polícia Federal para obter mais informações sobre o andamento da investigação, mas não obteve retorno até o momento da publicação desta matéria. Em nota enviada pela assessoria de Marília Arraes, a deputada nega envolvimento, por sua parte ou de seu marido, nas suspeitas investigadas pela PF. 

Segundo ela, o grupo de Figueiroa, com quem não possui qualquer contato, é vinculado ao PSB, partido adversário e que protagonizou junto à petista uma campanha tensa no ano passado. Ela também menciona que “muito se admira”, após seu encontro com Jair Bolsonaro (sem partido) na semana passada, alvo de críticas da parlamentar na Câmara, “chegue ao conhecimento da imprensa informações sobre um inquérito está sob segredo de Justiça e que, infelizmente, se arrasta a passos de tartaruga e não possui embasamento probatório concreto nenhum”. Confira a nota de Arraes na íntegra: 

Diante dos fatos narrados, segue nota oficial da deputada Marília Arraes

- O Sr. André Luiz jamais teve qualquer tipo de relação com o Sr. Sebastião Figueiroa, sequer o reconheceria pessoalmente se estivessem no mesmo ambiente e assim que tomou conhecimento deste  inquérito, por meio de seus advogados, requereu que fosse feita uma perícia no material alvo da investigação, para que se comprove que não é a sua voz a que está nos áudios ali constados; 

- Devido à falta de celeridade na investigação, novamente por meio de seus advogados, o Sr. André Luiz se prontificou a arcar com os custos necessários para a execução da perícia solicitada; 

- Ora, se o Sr. André Luiz não fosse completamente inocente diante destes fatos, jamais estaria interessado na celeridade da conclusão do inquérito ou requereria que os áudios e conversas de aplicativo de mensagens fossem periciados; 

- O Sr. Sebastião Figueiroa, de acordo com outras investigações das quais é pivô, faz parte do círculo estreito de relacionamento de pessoas ligadas ao PSB, partido que durante a disputa eleitoral para a Prefeitura do Recife, em 2020, realizou, contra mim, uma das mais vis e agressivas campanhas - baseadas em inverdades e fake news -  

- Muito me admira que dois dias após ter estado cara a cara com o presidente da República e feito um discurso expressando minha opinião - e de muitos brasileiros - sobre seus desgovernos e descalabros, chegue ao conhecimento da imprensa informações sobre um inquérito está sob segredo de Justiça e que, infelizmente, se arrasta a passos de tartaruga e não possui embasamento probatório concreto nenhum. Nem law fare e nem qualquer outro tipo de perseguição política vão me intimidar ou arrefecer a minha luta em defesa do povo brasileiro.  

- Minha família está sendo atacada, mas não revidaremos com a mesma moeda de nossos agressores. Responderemos da única forma que sempre fizemos: com a verdade e a transparência de quem sabe que está do lado certo da história. 

 

Ao atingir em cheio o mercado de trabalho, a covid-19 afetou sobretudo as pessoas de pele preta e parda. Sob o choque da pandemia, 8,064 milhões de brasileiros deixaram de ter renda proveniente do mercado do trabalho em 2020, indicando que, na média do ano e já considerando as recolocações em meio à recuperação da economia no segundo semestre, esse contingente perdeu o emprego, incluindo formais e informais. Nesse grupo, 66% dos trabalhadores declaram ter a pele de cor preta ou parda.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) 2020 - Rendimento de todas as fontes, divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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No total do mercado de trabalho, a queda no total de brasileiros que têm algum rendimento do trabalho foi de 8,7% na passagem de 2019 para 2020. Considerando apenas os trabalhadores de pele preta, o contingente com rendimento de algum trabalho tombou 16,8%, o dobro do total. Entre os trabalhadores de pele parda, a queda no número de pessoas com renda de algum trabalho foi de 9,0% em 2020 ante 2019.

Além disso, entre os trabalhadores que continuaram ocupados, em trabalhos formais ou informais, a discrepância de rendimentos entre brancos e pretos se manteve. O rendimento médio mensal de todos os trabalhos foi de R$ 2.447 em 2020, no agregado nacional.

Só que os trabalhadores de pele preta receberam em média R$ 1.781 por mês, enquanto os trabalhadores de pele branca receberam em média R$ 3.166 por mês. É quase o dobro (1,8 vez a mais) da média dos pretos. Já os trabalhadores que declararam ter a pele parda receberam em média R$ 1.815 por mês.

Desde o início da série histórica da Pnad Contínua, em 2012, essa discrepância a mais no rendimento do trabalho das pessoas de pele branca se mantém no mesmo nível, praticamente inalterada entre 1,7 e 1,8 vez acima da renda das pessoas de pele preta e parda.

A pandemia de Covid-19 mudou o perfil do rendimento domiciliar no País. O pagamento do auxílio emergencial elevou a participação de programas de transferência de renda no orçamento disponível. Por outro lado, o extermínio de empregos reduziu a participação da renda proveniente do mercado de trabalho, enquanto a mortalidade da pandemia entre idosos e dificuldades operacionais do INSS em conceder benefícios enxugaram a contribuição de aposentadorias para o sustento das famílias brasileiras.

Sob o choque da pandemia, 8,1 milhões de brasileiros deixaram de ter renda proveniente do mercado do trabalho em 2020, indicando que, na média do ano e já considerando as recolocações em meio à recuperação da economia após o choque inicial da crise sanitária, esse contingente perdeu o emprego, incluindo formais e informais.

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Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) 2020 - Rendimento de todas as fontes, divulgada nesta sexta-feira (19), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O número de pessoas com rendimento de trabalho caiu de 92,8 milhões em 2019 para 84,7 milhões em 2020, de 44,3% para 40,1% do total de habitantes. O número de pessoas recebendo outros rendimentos saltou de 16,4 milhões em 2019 para 30,2 milhões em 2020, de 7,8% para 14,3% da população.

O grupo de pessoas que recebiam aposentadoria e pensão encolheu de 13% da população brasileira em 2019 para 12,4% em 2020, de 27,4 milhões para 26,2 milhões. A queda no número de pessoas recebendo aposentadorias e pensões se deve à pandemia.

"Pode ser efeito da mortalidade da Covid-19, mas também de um represamento do INSS em liberar os benefícios, porque as agências de atendimento estavam fechadas, as pessoas não conseguiam fazer perícias", lembrou Alessandra Scalioni Brito, analista do IBGE.

Auxílios

Entre os mais de 71 milhões de lares existentes no País, a proporção de domicílios com ao menos um morador recebendo outros programas sociais saltou de 0,7% em 2019 para 23,7% em 2020, sob efeito do pagamento do auxílio emergencial.

Houve aumento na incidência desse tipo de renda em todas as regiões, sobretudo no Norte (de 0,5% em 2019 para 32,2% em 2020) e Nordeste (de 0,8% para 34,0%). Ao mesmo tempo, caiu a proporção de famílias que recebiam o Bolsa Família (de 14,3% para 7,2%), porque parte desses beneficiários passou a receber o auxílio emergencial, explicou o IBGE. Já a proporção de domicílios que recebiam o Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS) passou de 3,5% para 3,1% no período.

Entre os brasileiros que tinham alguma fonte de renda, o rendimento médio real de todas as fontes diminuiu de R$ 2.292 ao mês em 2019 para R$ 2.213 em 2020, uma queda 3,4%, já descontada a inflação do período. No Sudeste, o valor alcançava R$ 2.575, enquanto o menor era o do Nordeste, R$1.554.

Com a pandemia, o peso do rendimento do trabalho na composição do sustento das famílias atingiu a mínima histórica em 2020, segundo o IBGE. Quando considerados todos os moradores do domicílio, inclusive os que não possuem renda, o rendimento médio mensal real domiciliar per capita encolheu 4,3%, dos R$ 1.410 estimados em 2019 para R$ 1.349 em 2020.

Outros rendimentos

Os outros rendimentos ganharam participação na composição desse rendimento domiciliar per capita, passando de 3,4% em 2019 para 7,2% no ano passado. Já o peso do rendimento de trabalho caiu de 74,4% para 72,8%. Também caíram, no período, os rendimentos de aposentadoria ou pensão (de 18,7% para 17,6%), aluguel e arrendamento (de 2,4% para 1,5%) e pensão alimentícia, doação ou mesada (de 1,2% para 0,8%).

No entanto, o rendimento médio mensal real habitualmente recebido de todos os trabalhos (que não considera outras fontes de renda) teve uma expansão de 3,4% em 2020, chegando a R$ 2.447. A crise sanitária afetou mais os trabalhadores em posições mais vulneráveis, como os que atuavam por conta própria, aqueles sem carteira assinada no setor privado e os empregados domésticos. O extermínio dessas vagas com remuneração mais baixa contribuiu para a elevação da renda média de quem permaneceu trabalhando, explicou o IBGE.

Com menos pessoas trabalhando e mais beneficiários de programas sociais, ainda que temporariamente, o Nordeste foi a primeira e única região do País a registrar um porcentual de pessoas com rendimento de trabalho (32,3%) inferior ao das pessoas que recebiam rendimento de outras fontes (32,8%), categoria que inclui as transferências de renda do governo.

Com a pandemia de Covid-19, o número de nascimentos no País em 2020 foi o menor desde 1994, segundo dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde, tabulados pelo Estadão. Foram 2.687.651 recém-nascidos no ano passado, ante 2.849.146 em 2019, queda de 5,66%.

Os nascimentos já estavam em queda ou estabilidade nos últimos anos, mas em ritmo menos acelerado. Entre 2018 e 2019, por exemplo, a diminuição no número de novos recém-nascidos havia sido de 3,2%. Já entre 2017 e 2018, o País tinha registrado leve alta de 0,7% nos nascimentos.

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O impacto da pandemia no número de recém-nascidos foi maior até mesmo que o do surto de zika e microcefalia que afetou o País entre 2015 e 2016. Naquele período, em que muitos casais adiaram a gravidez por medo das sequelas deixadas pelo zika em algumas crianças, a queda de nascimentos foi de 5,3%. A última vez que o Brasil registrou um número menor de nascimentos do que em 2020 foi há 26 anos, quando, em 1994, 2.571.571 bebês nasceram.

Os dados de 2020 analisados mês a mês demonstram que as maiores quedas porcentuais ocorreram em novembro e dezembro, justamente nove e dez meses depois de o coronavírus ser confirmado no Brasil. Nesses meses, a queda foi de 9%, quase o dobro da média do ano.

A queda de nascimentos é algo que costuma ocorrer em períodos críticos, mas não significa que ela se manterá constante com o passar dos anos, explica Joice Melo Vieira, professora do Departamento de Demografia (DD/IFCH) e pesquisadora do Núcleo de Estudos de População Elza Berquó (NEPO) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Se nos voltarmos para casos semelhantes ao longo da história humana, é esperado que o número de nascimentos decline durante pandemias, mas há certa recuperação depois que esse período crítico terminar", observa. "É claro que sempre existem os casos de mulheres que atravessam períodos de crise já nos anos finais de seu período reprodutivo e podem ter vivenciado dois abalos grandes - o zika e agora a covid-19 - e que terão menores chances de recuperação da fecundidade desejada."

Segundo Joice, a retomada dos planos para ter filhos, quando a pandemia passar, vai depender de políticas que vão além do controle da circulação do vírus. "As pessoas, especialmente as mulheres, vão querer ter filhos se e quando se sentirem confortáveis para tê-los, se encontrarem condições propícias para isso. Políticas de redução de desigualdades e que proporcionem maior estabilidade financeira às famílias, políticas que promovam equidade de gênero no âmbito público e privado, políticas que favoreçam melhor gestão do tempo dedicado à vida laboral e pessoal, tudo isso favorece a recuperação da fecundidade", destaca.

Para Raquel Zanatta Coutinho, professora adjunta no Departamento de Demografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ainda não é possível saber se as pessoas vão desistir do plano de ter filhos ou se isso terá um efeito inverso. "Pode ser que uma pandemia desse porte mude para sempre o desejo por crianças. Diante das inseguranças do mundo, pode ser que quem já estivesse tentado a não ter filhos decida de uma vez que a maternidade não é um bom caminho", diz Raquel. "Por outro lado, a pandemia pode aumentar a fecundidade na medida em que as mulheres perdem o pouco acesso que tem aos métodos de controle. Talvez tenha um ‘baby boom’ para alguns grupos."

A emergência do zika vírus, de acordo com a professora da UFMG, teve seu impacto e afetou principalmente as mulheres em situação de vulnerabilidade. "Em nível nacional, o efeito foi pequeno, mas importante, cerca de 5% menor do que no ano anterior. Para alguns Estados, como Pernambuco, onde os casos de microcefalia se concentraram, a redução foi de 23% em 2016. Isso mostra que o medo da microcefalia e sua proximidade geográfica foram cruciais para despertar respostas reprodutivas. Mas o que mais chama atenção na zika é o fato de que mulheres mais jovens, com menos de 25 anos, apresentaram maior probabilidade de postergar, enquanto as mais velhas mantiveram os planos, muito por medo de não terem tempo biológico para engravidar", explica Raquel. "Além disso, as mais escolarizadas e as mais estáveis financeiramente conseguiam manter seus planos. Não tenho a menor dúvida de que as piores consequências da covid-19 serão sentidas pelas mulheres, especialmente as de baixa escolaridade e menor renda."

A pandemia teve diferentes efeitos sobre o número de nascimentos ao redor do mundo. Uma análise feita pela The Economist em outubro observou uma tendência de queda nos nascimentos nos países de renda mais elevada, como Cingapura, enquanto o número estava em alta em regiões de renda mais reduzida, como Uganda.

Congelamento de óvulos. No ano passado, em relação a 2019, chegou a ocorrer um movimento de queda de congelamento de óvulos, porque muitas clínicas interromperam atendimentos ou focaram em pacientes que tinham mais urgência em preservar a fertilidade, caso das mulheres com câncer.

Depois, ocorreu a retomada. "Toda vez que restringe, cria-se uma demanda reprimida, a procura para as clínicas aumentou bastante", diz Emerson Cordts, médico ginecologista e membro da Sociedade Brasileira de Rerodução Assistida (SBRA).

Em clínicas de fertilização, o movimento de mulheres buscando o congelamento de óvulos cresceu até 25%, segundo especialistas. O principal perfil é o de mulheres que não estão em um relacionamento estável. "A pandemia intensificou esse processo por causa da insegurança quanto ao futuro reprodutivo", diz Daniel Suslik Zylbersztejn, urologista e coordenador médico do Fleury Fertilidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A nadadora Ana Marcela Cunha venceu a medalha de ouro na maratona aquática feminina de 10 km na noite dessa terça-feira (3) e foi mais uma a chamar a atenção no lugar mais alto do pódio ao bater continência ao receber a medalha. 

É que ela faz parte do Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas (PAAR), do Ministério da Defesa, onde atletas que integram o programa passam por treinamentos militares regulares, se tornando parte do corpo militar brasileiro, seja Marinha, Exército ou Aeronáutica e contam com benefícios como soldo, assistência médica, acompanhamento nutricional e fisioterapia, além de boas estruturas para treinamento. Ana Marcela, por exemplo, é terceiro-sargento da Marinha.

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Dos 302 atletas da delegação brasileira, 91 são militares, totalizando 30% da equipe. Outros atletas medalhistas em Tóquio, que fazem parte do programa, escolheram não bater continência, como o nadador Fernando Scheffer, o judoca Daniel Cargnin e velejadora Kahena Kouze. Alison dos Santos, bronze nos 400 metros com barreiras masculino, foi um dos atletas que bateram.

De acordo com o site do governo federal, dos 91 atletas militares: 44 são da Marinha, 25 do Exército e 22 da Aeronáutica. 

O Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas (PAAR) foi criado em 2008, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, pelo Ministério da Defesa em parceria com o Ministério do Esporte, e teve o objetivo de fortalecer a equipe militar brasileira em eventos esportivos de alto rendimento.

O Ministério da Defesa gasta aproximadamente R$ 38 milhões por ano com 549 atletas do PAAR, mas o montante pode oscilar dependendo do desligamento de alguns militares ou incorporação de outros ao programa. O soldo recebido pelos atletas das Forças Armadas é de cerca de R$ 4 mil e depende da patente e da organização em que o atleta se encontra.

Um relatório divulgado pela organização não-governamental Artigo 19, que possui escritórios em nove países, apontou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu 1.682 declarações falsas ou enganosas em 2020, uma média de quatro por dia. De acordo com o documento, os ataques do presidente à imprensa indicam uma queda no nível de liberdade de expressão no mundo em geral e no Brasil, que obteve apenas 52 pontos no quesito, em uma avaliação que vai de 0 a 100 pontos.

O índice brasileiro é o menor desde que passou a ser calculado pela ONG, em 2010. As informações integram o "Relatório Global de Expressão 2021", que analisa 161 países. O material também aponta que as declarações falsas ou enganosas de Bolsonaro colaboraram com o aumento do número de casos de Covid-19 no Brasil, país criticando pela ONG pela falta de transparência nos números da pandemia.

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"Em outros casos, a desinformação vem de indivíduos que ocupam posições relevantes — até mesmo chefes de governo, como Jair Bolsonaro — geralmente por meio de contas pessoais, em vez de oficiais, nas redes sociais. Esses indivíduos isolados podem ter um grande impacto na disseminação da desinformação. O presidente dos Estados Unidos [Donald Trump, que estava no cargo em 2020] foi provavelmente o maior impulsionador da 'infodemia' de informações errôneas sobre a COVID-19 em língua inglesa", diz trecho do relatório.

O documento frisa que Bolsonaro chamou a Covid-19 de “gripezinha” ao passo em que “promove discursos antivacinas e anti-isolamento, piorando as taxas de infecção e causando uma crise de informação com discursos altamente polarizados". Desde janeiro de 2019, quando assumiu o cargo, o presidente já soma 2.187 declarações falsas ou distorcidas.

Bolsonaro, seus assessores e ministros já deram 464 declarações públicas de atacando ou deslegitimando jornalistas. "Essas atitudes influenciam as autoridades locais e se manifestam em atitudes, assédio e ações judiciais contra jornalistas. Esse nível de agressão pública não era visto desde o fim da ditadura militar. A crescente hostilidade social contra jornalistas e seus efeitos desencorajadores não devem ser subestimados", destaca o relatório.

Mesmo com a queda de roubos praticados na pandemia, o Brasil registrou 6.416 mortes durante ações policiais em 2020. É o maior patamar de letalidade desde 2013, início da série histórica, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A maioria das vítimas era homem, negro e tinha entre 12 e 29 anos.

O número de suspeitos mortos ano passado representa variação positiva de 1% em relação a 2019, ano que já havia registrado recorde de mortes decorrentes de forças de segurança no País. A piora da estatística está na contramão do comportamento de crimes patrimoniais, que diminuíram durante o isolamento social.

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Segundo o Anuário, o Brasil registrou diminuição de roubos a transeuntes (36,2%), estabelecimentos comerciais (27,1%), veículos (26,9%), cargas (25,4%) e residências (16,6%).

"Boa parte das justificativas das polícias para o resultado morte é que houve confronto em ocorrências de crimes patrimoniais", afirma Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum. "O que essas estatísticas estão revelando é que a morte não está diretamente associada à ação do crime, em si, mas ao padrão de trabalho que permaneceu o mesmo."

Destaques

O número de suspeitos que morreram durante a ação das polícias subiu em 18 Estados. Em termos proporcionais, o destaque negativo foi Mato Grosso, com alta de 76%. Embora tenha reduzido a letalidade em 31,8%, o Rio lidera o ranking em números absolutos. Foram 1.245 mortes registradas em 2020, ante 1.814 no ano anterior. Entre os casos, está o do garoto João Pedro Mattos, de 14 anos, vítima de um tiro de fuzil nas costas dentro da própria casa, no Complexo do Salgueiro.

Pesquisadores atribuem a queda no Rio à decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), em junho, de suspender operações policiais em comunidades durante a pandemia. A medida foi confirmada depois em plenário. Nos meses anteriores até então, a tendência do Estado era de aumento de mortes durante ações policiais.

A Secretaria da Polícia Civil do Rio, da gestão Cláudio Castro (PL) disse ser "equívoco afirmar que houve proibição de operação nas comunidades". Segundo a pasta, houve "redução de ações policiais no início da pandemia", tendo "como consequência a expansão territorial e de armamento das organizações criminosas". Acrescentou que as ações policiais são precedidas de investigação e acompanhadas pelos promotores.

O relatório aponta, ainda, que a Bahia passou a ocupar a 2ª posição no total de registros em 2020, assumindo o lugar que em edições anteriores era de São Paulo. Segundo o Fórum, as mortes em ações saltaram de 773 para 1.137 na Bahia (46,5%).

Um dos casos de destaque foi o do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, o capitão Adriano, baleado pela polícia baiana em fevereiro.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia, da gestão Rui Costa (PT), sustentou que as polícias investem em treinamento para uso da força só em caso de necessidade e de forma escalonada. Disse ainda investigar "de forma rígida" mortes por agentes.

Já a Secretaria da Segurança paulista, da gestão João Doria (PSDB), diz que as mortos em confronto com policiais em serviço caem de modo consistente, "resultado de forte trabalho de gestão".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com mais armas de fogo nas mãos de civis, rearranjos na disputa do crime organizado e cenários de tensão entre policiais e governos estaduais, o Brasil interrompeu uma sequência de dois anos em queda e voltou a registrar aumento de homicídios em 2020, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta quinta-feira, 15. Ao todo, foram notificados 50.033 assassinatos no País durante a pandemia de covid-19. É o equivalente a uma morte a cada dez minutos, ou 4,8% a mais em relação a 2019.

Esta é a primeira vez que as mortes violentas sobem durante o governo Jair Bolsonaro. Com isso, a taxa do Brasil chegou a 23,6 homicídios por 100 mil habitantes em 2020 - resultado pior do que no ano anterior, quando foi registrado o menor índice da década (22,7), mas ainda melhor do que nos demais anos desde 2011. Em 2019, o número total de assassinatos havia sido 47.742.

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As estatísticas fazem parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública e são compiladas com base em registros policiais de cada Estado. Para o índice, o Fórum considera a soma de homicídios dolosos (quando há intenção de matar), latrocínios (roubo seguido de morte), lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenção policial.

O mau desempenho geral do País foi puxado por homicídios comuns (que subiram 6%, passando de 39,7 mil para 42,1 mil casos) e pela letalidade policial (de 6,3 mil para 6,4 mil, ou 1% maior). Este último índice, inclusive, só registra aumentos desde 2013. Os assassinatos de agentes de segurança também cresceram no período, de 172 para 194 casos, mas representam apenas 0,4% das mortes violentas e impactam menos no resultado final do balanço.

Segundo o relatório, a alta das mortes violentas aconteceu em 16 das 27 unidades federativas, de forma mais acentuada na região Nordeste. A situação mais preocupante foi constatada no Ceará, que notificou 4,1 mil assassinatos e crescimento de 75,1% em relação ao ano anterior. O mesmo Estado havia sido recordista de queda em 2019.

Diretor-presidente do Fórum, o sociólogo Renato Sérgio de Lima atribui a escalada de violência no Estado à crise vivenciada com a greve da Polícia Militar no ano passado - período em que houve atuação de grupos encapuzados e até toque de recolher. "O Ceará liderava a queda de homicídios nos anos anteriores, mas o grande marco de virada foi o motim da PM", analisa. "Há uma tensão cada vez maior em torno das leis orgânicas e da politização das polícias."

No relatório, o Fórum destaca que o episódio, além de ter prejudicado políticas públicas de segurança, também favoreceu a atividade de facções criminosas. "Esse processo de desarranjo político das instituições cearenses deu margem para os planos de expansão do Comando Vermelho local, que iniciou uma ofensiva sobre os territórios dos Guardiões do Estado - seu maior rival local, e a violência, que estava contida, voltou", diz o texto.

Unidades que também vivenciaram atrito entre as forças de segurança e governos locais aparecem na sequência da tabela. Proporcionalmente, completam a lista de maior aumento Maranhão (30,2%), Paraíba (23,1%), Piauí (20,1%) e Alagoas (13,8%). Segundo os analistas, fatores como piora dos fatores econômicos, desemprego e saúde mental durante a quarentena também podem ter interferido no resultado ruim.

País tem 2 milhões de armas particulares, aponta relatório

Para o Fórum, outra explicação para a subida das mortes violentas é o aumento de armas de fogo no País, uma das bandeiras do governo Bolsonaro. Segundo o relatório, atualmente há 2.077.126 armas particulares. Só em 2020 o incremento foi de 186.071 novas armas registradas na Polícia Federal, número 97,1% maior em relação ao ano anterior, tendo duplicado o número de armas longas, como carabinas, espingardas e fuzis.

Em paralelo, o Brasil viu crescer a presença das armas de fogo nos assassinatos registrados. Em 2019, o instrumento foi usado em 72,5% dos homicídios. No ano passado, o índice saltou para 78%.

"Já é possível perceber correlação entre o aumento de armas de fogo e o números de assassinatos. Para o País inteiro, a política de liberalização começa a ter efeito nas ruas, embora essa não seja a única causa", afirma Renato Sérgio de Lima. Na visão de especialistas, políticas para redução de crimes contra a vida passariam por aperfeiçoar o controle e rastreabilidade das armas.

Conselheira do Fórum, Isabel Figueiredo afirma que o tema deve ser tratado com atenção pelas políticas públicas de segurança. "É importante dizer que o crescimento de homicídios é multicausal, ou seja, envolve uma série da faotres. Por outro lado, não dá para ignorar um conjunto de evidências científicas já consolidadas de que o aumento de armas de fogo em circulação impacta nos assassinatos", diz . "A tendência é que esse fator isolado, por si só, aumente não só os dados de 2020 mas também nos próximos anos."

Em relação à taxa de homicídio, 18 das 27 unidades tiveram desempenho pior do que o nacional e acumularam mais de 25 assassinatos por 100 mil habitantes. Lideram o ranking Ceará (45,2), Bahia (44,9), Sergipe (42,6), Amapá (41,7) e Pernambuco (38,3). Entre as regiões, Nordeste e Sul representam as únicas em que o índice subiu.

Entre os indicadores de mortes violentas, houve recuo de latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. O primeiro foi de 1.586 mil para 1.428 mil (9,9%) na comparação entre os anos. Já o segundo encolheu de 758 para 672 (11,3%).

Com histórico de redução das mortes violentas e responsável pela menor taxa de homicídios do Brasil, São Paulo foi outro a testemunhar mais assassinatos (1,2%) em 2020. Em janeiro, o governo paulista avaliou que o aumento atípico poderia estar relacionado a conflitos interpessoais - ou seja, crimes cometidos por pessoas conhecidas por brigas ou desavenças -, cenário que teria sido agravado durante o confinamento por causa da pandemia.

Outra hipótese é que o cerco maior contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) pode ter gerado disputas violentas pela chefia da facção, de acordo com Lima. "São Paulo sempre teve o monopólio da droga, sem conflito ou guerra", diz Lima. "A partir do momento que lideranças tradicionais são isoladas, há prisões importantes, o fim de rotas consolidadas do tráfico e um volume grande de recursos bloqueados na Justiça, não se pode descartar a possibilidade de algum conflito por novas lideranças."

As mudanças no tabuleiro de brigas territoriais travadas pelo crime organizado podem, ainda, ter contribuído para o incremento da violência no País, de forma geral. "Como efeito do enfraquecimento do PCC, houve uma reconfiguração do crime, abrindo espaço para outras facções principalmente no Nordeste", afirma o sociólogo.

Ao cenário de disputa de grupos criminosos, somam-se os problemas de falta de policiamento provocada por conflitos com administrações locais ou até por reflexo direto da pandemia. Escutas realizadas pelo Fórum com mais de 6,6 mil agentes de segurança apontam que 29,5% deles ficaram afastados em algum momento das ruas após testar positivo para coronavírus.

"Em 2018, por ser ano eleitoral, vários governos se mobilizaram para um conjunto de medidas importantes, envolvendo Estados, Congresso e governo federal", analisa o diretor-presidente do Fórum. "Mas, quando a gente olha para 2020, percebe que no plano institucional não houve esforços para a implementação do Susp (Sistema Único de Segurança Pública) e nenhum dos mecanismos previstos saiu do lugar. Não houve grandes mudanças na forma de fazer segurança pública. O País fica em compasso de espera até a próxima crise."

Na outra ponta da tabela, o Amapá foi quem mais conseguiu reduzir os homicídios durante a pandemia, totalizando 359 casos - uma diminuição de 23,6%. O Fórum, no entanto, inclui o Estado no grupo de menor qualidade das informações e, portanto, não seria possível concluir se a queda aconteceu, de fato, ou se há problema de registro. Palco de massacre em presídio em 2019, o Pará registrou recuo de 20,1% nas mortes violentas no ano passado.

Recuos expressivos também foram percebidos em Roraima (19,4%) e no Rio de Janeiro (18,4%). No caso do Estado fluminense, o índice caiu de 5.980, em 2019, para 4.907 no ano passado e foi puxado pela queda nas mortes provocadas em ações policiais após o Supremo Tribunal Federal (STF) proibir operações em favelas.

Em São Paulo, a taxa é de 9 assassinatos por 100 mil, o melhor índice do País e metade da média brasileira. Na sequência desse critério, aparecem Santa Catarina (11,2), Minas Gerais (12,6) e Distrito Federal (14,2).

Homens, negros e jovens morrem mais

Mais uma vez, os dados do Fórum confirmam que a maior parte das vítimas de mortes violentas é formada por homens, negros e jovens no Brasil. Segundo o relatório, 5.855 adolescentes entre 12 e 19 anos foram vítimas de mortes violentas. Também houve registro de 170 assassinatos de crianças de até 4 anos. No total, 54,3% dos mortos estavam no grupo de idade até 29 anos.

A análise por sexo aponta que os homens representaram 91,3% das vítimas de assassinato em 2020. Por sua vez, os negros correspondem a 76,2% das pessoas assassinadas. "Todos os bons programas de prevenção que existem no mundo pensam como lidar com o público mais vulnerável", diz Renato Sérgio de Lima. "Para mudar o cenário, o Brasil precisa compreender a sua realidade e pensar políticas antirracistas e de prevenção da violência em relação à juventude."

Procurado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública não respondeu até o momento.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirma que "as oscilações registradas nos indicadores são alvo de análise pela pasta". "Esses estudos são a base das ações realizadas pelas instituições policiais, que resultaram na queda de 2,5% dos homicídios dolosos nos cinco primeiros meses deste ano, na comparação do mesmo período de 2020."

Pelos cálculos de São Paulo, que considera apenas os casos de homicídios dolosos, as taxas de casos e vítimas por grupo de 100 mil habitantes são de 6,38 e 6,72, respectivamente."Uma das estratégias da SSP para retomar a trajetória de queda dos indicadores criminais é intensificar as operações contra o crime organizado, o tráfico de drogas e diversos outros tipos de delitos", diz. "De janeiro a maio, as ações policiais permitiram a apreensão de 108,7 toneladas de drogas, um aumento de 47,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mais de 74 mil criminosos foram presos e encaminhados à Justiça e 5.001 armas de fogo apreendidas."

Em nota, a Secretaria de Segurança do Ceará informou que o motim de policiais ocorrido em fevereiro de 2020 "interrompeu uma sequência de mais de 30 meses seguidos de redução nas mortes provocadas por crimes violentos". Segundo a pasta, o número de homicídios no estado em 2020 também foi influenciado pela própria pandemia, devido à necessidade de afastamento de profissionais com sintomas gripais de atividades de segurança.

A nota afirma que a secretaria atua de forma preventiva, "por meio da territorialização do policiamento em locais com maior incidência de crimes". Acrescenta, ainda, que o trabalho investigativo da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) e da inteligência da SSPDS têm auxiliado na identificação e captura de chefes de grupos criminosos. (Colaborou Heloísa Vasconcelos, Especial Para o Estadão)

A última vez que a agricultora Leidiane Rodrigues da Silva, de 32 anos, viu o próprio filho, Mizael da Silva Lima, de 13 anos, havia sido poucos dias antes de 1º de julho de 2020. Nessa data, às 2 horas da madrugada, ela recebeu uma ligação dizendo que o garoto havia sido baleado. Ao chegar no hospital, a enfermeira lhe deu a notícia: "Seu menino já foi para o céu".

Mizael foi uma das 4.039 vítimas de homicídio no Ceará em 2020, segundo estatísticas da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS-CE). Com isso, a taxa de assassinatos por 100 mil habitantes chegou a 45,2, a mais alta do País. O crescimento no número de casos entre 2019 e 2020 foi de 75%, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira, 15, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

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O caso de Mizael se tornou emblemático no Estado porque o jovem foi morto por policiais enquanto dormia na casa da tia em Chorozinho, a 68,6 quilômetros de Fortaleza. A versão da polícia é de que os agentes de segurança procuravam um adolescente com histórico de atos infracionais, que estaria armado no momento do crime.

"A gente tinha uma relação boa. Nós nunca discutimos com nada, ele era meu xodó, meus pés e minhas mãos dentro de casa. Quando eu estava doente era ele quem cuidava de mim. Agora no dia 1º, fez um ano que eu estou sem meu filho, ainda dói muito", conta a mãe, enlutada. Segundo ela, Mizael era um menino quieto, sem reclamações de indisciplina na escola e não tinha qualquer envolvimento criminal.

Mizael adorava animais e sonhava em se tornar vaqueiro, a mesma profissão do avô. "Ele dizia que o sonho dele era ser vaqueiro, dar uma vida boa para mim e para minha mãe e que ele ia fazer torneios mundo afora", lembra Leidiane.

Diversos fatores afetam a violência no Estado

De acordo com o professor de sociologia e pesquisador do Laboratório de Estudos em Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luis Fábio Paiva, as taxas de homicídio no Ceará têm apresentado crescimento desde 2006. Diversos fatores impactam nos números de violência do Estado, entre os quais conflitos armados entre facções - sobretudo a partir de 2016 -, conflitos pessoais e violência policial.

"A gente tem esse movimento de conflito em determinados territórios, com várias mortes ocorrendo de maneira sistemática. O ano de 2020 teve muita movimentação no mercado de drogas, de armas, além de diversas situações envolvendo conflitos interpessoais. A gente observou aumento do homicídios de mulheres e interdição do próprio Estado, principalmente na periferia", enumera.

O maior pico de homicídios no ano passado, com 459 óbitos, ocorreu em fevereiro, mês em que houve greve policial. Para o especialista, o evento pode ter influenciado no número ao criar uma "janela de oportunidade" com a defasagem da segurança pública.

"O que a gente começou a observar em 2020 foi uma série de conflitos até internos desses grupos (facções), com notícia de novos grupos surgindo, especialmente em Caucaia (cidade na região metropolitana de Fortaleza), que teve uma situação muito grave. Tudo isso mexeu muito nesse xadrez dos conflitos armados", explica Luis.

Estado responsabiliza motim e pandemia

Em nota, a SSPDS-CE informou que o motim de policiais ocorrido em fevereiro de 2020 "interrompeu uma sequência de mais de 30 meses seguidos de redução nas mortes provocadas por crimes violentos". Segundo a pasta, o número de homicídios no estado em 2020 também foi influenciado pela própria pandemia, devido à necessidade de afastamento de profissionais com sintomas gripais de atividades de segurança.

A nota afirma que a secretaria atua de forma preventiva, "por meio da territorialização do policiamento em locais com maior incidência de crimes". Acrescenta, ainda, que o trabalho investigativo da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) e da inteligência da SSPDS têm auxiliado na identificação e captura de chefes de grupos criminosos.

Conforme a SSPDS-CE, o Estado registrou uma redução de 28,8% nos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) no primeiro semestre de 2021, indo de 2.245 crimes para 1.599. A maior retração ocorreu em Fortaleza, com 38,1%, indo de 721 para 446. "O resultado é consequência da reorganização de ações policiais após períodos atípicos encarados em 2020, como o motim de parte da Polícia Militar do Ceará (PMCE) e também a pandemia da covid-19", afirma.

Os carros voadores serão uma realidade nas cidades ao redor do mundo até 2030 e ajudarão a reduzir o congestionamento e as emissões dos veículos. Essas declarações foram feitas por Michael Cole, o chefe executivo das operações europeias da marca sul-coreana Hyundai, uma das maiores fabricantes do mercado mundial. O CEO disse que a empresa fez alguns “investimentos muito significativos” em mobilidade aérea urbana, acrescentando: “Acreditamos que realmente faz parte do futuro”.

Cole admitiu que “ainda falta algum tempo até que possamos realmente fazer isso decolar”, mas que a mobilidade aérea urbana oferecerá uma grande oportunidade para liberar o congestionamento nas cidades, para ajudar com as emissões, seja na mobilidade intra-urbana no ar ou mesmo entre as cidades.

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As informações foram passadas em uma conferência do grupo da indústria Society of Motor Manufacturers and Traders: “É parte da nossa solução futura oferecer soluções de mobilidade inteligentes e inovadoras”, acrescentou.

A Hyundai apresentou seu conceito de carro voador, desenvolvido em conjunto com o Uber, no Consumer Electronics Show realizado em Las Vegas em janeiro de 2020. A empresa também está envolvida no projeto do primeiro aeroporto sem pistas convencionais, projetado para veículos elétricos capazes de decolar e aterrissar verticalmente (eVTOL), que tem inauguração prevista para este ano e fica em Coventry, Inglaterra.

O “aeroporto urbano” poderia ser usado por aeronaves, incluindo táxis aéreos e drones de entrega autônomos.

Morreu nesse sábado (3), aos 41 anos, a cozinheira Cecília Ramos, conhecida nas redes sociais como ‘Cissa Pretinha’, por complicações causadas pela Covid-19. Ela foi uma das participantes do reality show MasterChef Brasil 2020, na Band, com Erick Jacquin, Henrique Fogaça e Paola Carosella como jurados e assim construiu uma base de apoiadores na internet por todo o Brasil. A chefe estava internada há mais de um mês por causa do coronavírus e chegou a ser levada para um leito de UTI, mas não resistiu. Segundo publicação no seu perfil oficial, agora administrado pela família, o velório e o sepultamento aconteceram na tarde desse domingo (4). Cecília deixa um filho.

Um dia após a morte de Cecília, Francisco Pires, o marido da chef e apelidado por ela de “Xu”, tomou a primeira dose da vacina contra a Covid-19.

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"De ontem pra hoje ouvi/li muito do que alguns de vocês disseram, e a frase mais comum foi : "de alguma maneira, é vida que segue". Tão controverso é o destino, quis ele que, minha primeira oportunidade na vida sem ter ao lado minha esposa querida fosse, tomar a primeira dose da vacina. Se eu pudesse teria guardado ela em casa ou até mesmo em uma caixinha de vidro até chegar o momento de tomar a dose da vacina [...] O luto dói para aquele que ama”, escreveu.

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Masterchef

Na temporada 2020, Cecília fez parte do primeiro episódio. Ela preparou um estrogonofe de bode com os ingredientes da caixa misteriosa, que foram escolhidas pelo humorista Tirullipa. Os jurados gostaram do sabor, mas criticaram os acompanhamentos escolhidos. Apesar de não ter sido classificada, Cissa comemorou a oportunidade nas redes sociais.

"Gratidão e realização por essa experiência", escreveu, ao relembrar um vídeo em que aparece se atrapalhando com a panela de pressão.

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Cerca de  25% de brasileiras acima de 16 anos sofreram algum tipo de agressão no ano de 2020, durante a pandemia no novo coronavírus, seja ela física, psicológica ou sexual. Esta porcentagem corresponde a 17 milhões de mulheres em todo o território brasileiro. É o que revelam os resultados de uma  pesquisa feita pelo Instituto Datafolha, com base nos dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgados nesta segunda (07). 

Na pesquisa anterior, com base nos dados de 2019, cerca de 27% das mulheres sofreram agressão. Apesar da estabilidade na taxa e um pequeno recuo no percentual de casos, o fator que demonstrou volatilidade foi a violência doméstica.  As agressões cometidas dentro de casa subiram de 42% para quase 49%. Já quando se trata de violência por pessoas de fora de casa, a taxa caiu de 29% para 19%.

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O perfil das mulheres que são vítimas com mais frequência são as jovens de 16 a 24 anos de idade (35%), negras (28%) e separadas/divorciadas (35%). E apesar de também terem sofrido violência, o menor índice está presente em mulheres  idosas de 60 anos ou mais (14%), brancas (23%) e casadas (17%).  

Mesmo com a pandemia de Covid-19, que obriga o distanciamento social entre a população, ainda foram registrados casos de assédio sexual. Em 2019 eram 37,1% das mulheres que relataram casos como esse, e em 2020, foram 37,9%. Dentre todas as vítimas, 32% delas ouviram comentários desrespeitosos enquanto estavam na rua, 13% tiveram situações de assédio no local de trabalho, 8% sofreram no transporte público e cerca de 5% foram vítimas de agressão em festas e baladas.

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