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Apesar de relatar dificuldades com a rotina e sentir piora do ensino remoto quando comparado às aulas presenciais, a maior parte dos estudantes do ensino básico alega que só deseja retornar à sala de aula quando existir uma vacina para prevenir a Covid-19. A constatação é de dados levantados por um estudo feito pela Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) com 5.580 estudantes, professores e pais ou responsáveis sobre atividades remotas na educação básica em 2020, entre escolas públicas e privadas.

A pesquisa, que foi feita de 24 de agosto a 15 de setembro, mostra que 67,07% atribuem à dificuldade em estabelecer e organizar a rotina diária e 72,61% consideram que o ensino piorou se comparado às aulas presenciais, com mais atividades do que é possível dar conta (58,32% relataram esse aspecto). Apesar disso, o estudo mostra que 68,11% dos alunos só querem retomar às aulas presenciais quando existir vacina para a Covid-19.

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Questionados sobre o que afeta a aprendizagem durante a pandemia, 67,07% atribuem à dificuldade em estabelecer e organizar a rotina diária. A maioria (91,95%) alega possuir smartphone, mas o percentual de estudantes com banda larga é menor: 63,53%, enquanto 25,80% utilizam a conexão de outras pessoas para estudar. 

Professores

Quase todos (94,83%) os professores consideram que seu papel é interagir virtualmente com os estudantes a fim de manter o processo de ensino e aprendizagem. As dificuldades impostas pela pandemia, no entanto, têm feito com que muitos se sintam abatidos, tristes e desanimados (52,52%) contra 34,80% que se sentem bem, sem alterações de saúde mental durante a pandemia.  

Em razão da suspensão das aulas presenciais, 94,89% adotaram atividades remotas emergenciais. No que diz respeito aos meios digitais utilizados, 61,98% das escolas que adotaram um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) utilizam Google Classroom e somente 4,34 não utilizam AVA. Outras ferramentas frequentemente utilizadas pelos professores são o Whatsapp (87,77%), Google Meet (75,10%), e-mail (45,02%), Zoom (27,81%) e Instagram (21,35%).

Pais e responsáveis

A maior parte dos pais ou responsáveis legais cuida de alunos que estão no ensino médio (62,21%). Dentre eles, 77,47% são oriundos de escola pública estadual. A maioria (87,84%) diz que sempre participava da vida escolar do estudante, mas comparadas as aulas remotas e presenciais, 51,53% consideram que piorou essa vida escolar e 41,08% acham que manteve a mesma qualidade.

Gestores

O levantamento compreendeu 90,03% dirigentes de escola pública estadual e 3,32% de escola privada. Quando perguntados sobre a sua própria saúde mental nesse período, 43,53% afirmam se sentirem normal e 45,92% relatam piora, com desânimo e tristeza.

 A maioria dos gestores de escolas afirmou que as escolas nas quais atuam realizaram atividades remotas regulares. A maior parte (62,12) das instituições adotou alguma estratégia para atender os estudantes sem acesso à internet, disponibilizando materiais impressos a serem retirados pelos alunos ou responsáveis. 

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Levantamento da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) aponta que 76,3% dos adultos de 26 a 40 anos preferem fazer cursos totalmente a distância. De acordo com a entidade, hoje o ensino EAD soma mais de 9 milhões de alunos.

Betina Von Staa, coordenadora da pesquisa, acredita que o resultado do levantamento indica uma tendência do mercado educacional. Ela alerta, porém, que os alunos precisam atentar para o modelo de aprendizado.

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“É preciso estar atento à qualidade dos cursos oferecidos pelas Instituições de Ensino e ao modelo de ensino que mais se adequa à necessidade de cada uma. Por exemplo, tem pessoas que se adaptam muito bem aos cursos totalmente à distância, que exige uma disciplina e organização maior. Já outros, acabam escolhendo cursos semipresenciais por ainda sim terem a necessidade do contato direto e pessoal com o professor e o local de formação”, comenta a coordenadora, conforme informações da assessoria de comunicação.

De 2017 a 2018, o ensino totalmente a distância apresentou um crescimento superior a 72%. O modelo de ensino saiu de 4.570 cursos de nível superior para mais de 16 mil formações. Segundo o presidente da ABED, Fredric Litto, as formações de educação a distância são muito atrativas aos estudantes.

“Esses novos dados apresentados pelo nosso Censo indicam que os cursos totalmente a distância estão realmente atraindo mais alunos e diversificando a oferta. Por outro lado, se comparado os níveis de ensino, mantém-se na liderança, desde 2016, a oferta de cursos de pós-graduação lato sensu, que em 2019, o número de especializações chegou a 1.905. Essa oferta vem crescendo, ano após ano de forma regular há pelo menos dois anos consecutivos”, comenta Litto, segundo a assessoria.

Além de possíveis alterações nas regras do Fies, deve ficar para o próximo governo a tarefa de revisar algumas normas do ensino a distância (EAD). Espera-se a flexibilização de regras que hoje atrasam a abertura de novos polos. O diretor da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), Calos Longo, afirma que há planos de apresentação no Ministério da Educação (MEC) de um novo marco regulatório para a modalidade, mas a expectativa é que o tema só avance após as eleições. Entre as discussões, a possibilidade de utilização de bibliotecas virtuais e novas tecnologias.

As novas normas, diz Longo, poderiam acelerar a aprovação pelo Ministério de novos polos de ensino a distância, que são espaços de apoio presencial frequentados pelos alunos para parte das aulas ou para realização de provas. Com bibliotecas virtuais, por exemplo, cairia a necessidade de fiscais do MEC visitarem cada polo para verificar o acervo das instituições antes da inauguração das unidades.

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Por trás desse debate, está a constatação de que o ensino a distância é um mercado menos pulverizado que a graduação presencial. Durante o julgamento da fusão de Kroton e Anhanguera no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), este foi um dos principais temas abordados pela relatora do caso, a conselheira Ana Frazão.

"Esperamos que novas empresas continuem entrando nesse mercado a um ritmo gradativo, como tem sido o caso", comentaram em relatório os analistas do Santander Bruno Giardino e Daniel Gewehr. Eles calculam que desde 2012, 26 novas companhias conseguiram o credenciamento, com 162 novos polos em operação, uma média de 6,2 polos por instituição de ensino superior (IES).

Empresas que já atuam no segmento e que solicitaram expansão não foram contempladas ainda. "Hoje há uma abertura maior para inauguração de novos polos, mas para o setor estes ainda são passos de tartaruga", acredita Edman Altheman, diretor-geral das Faculdades Integradas Rio Branco.

O cenário começa a se tornar mais competitivo com a chegada de novas companhias. O grupo Ser Educacional e a Universidade Positivo iniciaram no primeiro trimestre de 2014 a oferta de cursos a distância enquanto o Anima Educação informou ter passado pela última fase de aprovação do seu EAD. A FMU, recém comprada pela americana Laureate, é outra que espera se expandir no segmento enquanto a Cruzeiro do Sul quer sair dos 80 polos atuais e abrir 264 novos. "Nós teremos num intervalo de um a dois anos o dobro da quantidade de operadores disputando alunos", comenta o consultor da Hoper Educação, João Vianney.

Em resposta, as líderes Kroton e Anhanguera também têm planos para expansão enquanto chegam as etapas finais da fusão entre elas. O presidente da Kroton, Rodrigo Galindo, já afirmou que considera possível que até o segundo semestre de 2015 estejam funcionando 225 novos polos da companhia. A Anhanguera também aguarda aprovação do Ministério da Educação para abrir 223 polos novos.

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