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Um jornalista do LeiaJá, que trabalhava na cobertura da final do Campeonato Pernambucano, foi alvo de insultos racistas, no último sábado (22). Um prestador de serviço da Associação dos Cronistas Esportivos de Pernambuco (ACDP) é apontado como o agressor.

“Eu estava saindo da sala de coletiva de imprensa da Ilha do Retiro quando encontrei ele (o agressor) e um repórter. Como estava dentro da sala não sei qual era o teor da conversa entre eles, mas o repórter então me perguntou se conhecia 'alguém com guindaste para dar carona a ele’. Eu não falei nada, ri e continuei na direção do carro, quando ele então falou: ‘quando a gente chama vocês de macaco, não gostam'. Não era eu quem estava brincando com ele, mas ele descontou em mim”, afirmou Luan Amaral, repórter do LeiaJá.

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“Voltei imediatamente, mandei ele repetir o que tinha dito, chamei ele de racista e disse que ele ia arcar com as consequências. Assim que entrei no carro da empresa um sentimento de impotência tomou conta então comecei a chorar. Chorei outras vezes até o fim do dia, demorou dois dias para contar para minha mãe e ela também chorou quando soube", contou Luan.

Foi publicada no Diário Oficial da União, no dia 12 de janeiro, a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Lei 14.532, de 2023, que tipifica como crime de racismo a injúria racial, com a pena aumentada de um a três anos para de dois a cinco anos de reclusão. O racismo é entendido como um crime contra a coletividade, a injúria é direcionada ao indivíduo.

Luan Amaral garantiu que prestará queixa às autoridades competentes e espera que a Justiça seja feita. “Só espero não ter que encontrar o racista que me chamou de macaco nos próximos jogos em que for trabalhar”, concluiu o jornalista.

LeiaJá também ouviu o lado de Rafael Oliveira. O acusado confirmou a versão do nosso repórter, porém, afirmou que "nunca dormiu tão bem" porque sabe o que disse e tem a consciência tranquila.

"Em nenhum momento em chamei Luan de macaco. Eu disse apenas que preconceito com um gordo, acham engraçado, mas quando é com o negro é racismo. Eu sei da minha índole. Minha avó é índia (sic), meus melhores amigos são negros, meu personal trainer é negro. O motorista de Uber que trabalha pra mim é negro. Eu entendo ele (Luan), mas acho que ele entendeu errado", afirmou Rafael Oliveira.

Posicionamento da ACDP

Em contato telefônico com Luan Amaral, o presidente da ACDP, o radialista André Luiz Cabral, disse que Rafael Oliveira não irá mais prestar serviços à associação e está dispensado do cargo de "delegado de jogo".

Posicionamento do LeiaJá

O LeiaJá repudia qualquer forma de discriminação e está prestando apoio ao profissional injuriado.

Na mudança da lei de injúria racial, sancionada em janeiro, também foi alterado o tratamento dado ao chamado "racismo recreativo", que consiste em ofensas supostamente proferidas como “piadas” ou “brincadeiras”, mas que tenham caráter racista. A pena foi ampliada para estes casos.

Mesmo que a declaração do ex-funcionário da ACDP tenha sido feita nesse contexto, continua sendo crime.

A Câmara Municipal do Recife realizou a sessão solene pela criação do Dia do Profissional da Imprensa Esportiva nesta segunda-feira (19) e aproveitou para homenagear o radialista e narrador Luiz Cavalcanti que nasceu no dia 19 de agosto. Luiz que faleceu em 2017 foi representado pelo seu neto Luiz Cavalcanti silva Neto. Foram 39 cronistas homenageados.

A vereadora Goretti Queiroz, autora do projeto de lei n° 110/2019, falou ao LeiaJá sobre a importância de ter uma data comemorativa para imprensa esportiva no município do Recife.

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"Para mim é uma honra enorme ter sido autora desse projeto, inclusive porque sou radialista, comecei minha vida profissional no esporte amador, sendo repórter, e nada mais justo do que homenagear minha classe. Eu particularmente me preocupo com a minha categoria", disse.

"Acho que poderíamos aproveitar a data para se discutir o jornalismo, aproveitar a data para fazer seminários, discutir as novas formas de atuação. Devemos aproveitar a data não só como um dia a mais no calendário, mas para discutir o futuro da profissão", complementa. 

Vereadora Goretti Queiroz ao lado do Neto de Luiz Cavalcanti recebendo homenagem da Câmara Municipal do Recife. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

O presidente da Associação dos Cronistas Desportivos pernambucanos, André Luiz Cabral, comemorou o projeto e falou sobre a homenagem a Luiz Cavalcanti.

"Uma grande honra para toda crônica esportiva. O cronista esportivo não faz gol, não é ídolo da torcida, mas é parte integrante. Muitas vezes leva o torcedor para o estádio. Ter uma oportunidade através da vereadora Goretti Queiroz de homenagear o cronista esportivo no dia do nascimento de Luiz Cavalcanti deixa sem dúvida nenhuma toda crônica se sente lisonjeada", finaliza.

Em entrevista ao portal LeiaJá, o presidente da Associação dos Cronistas Desportivos de Pernambuco (ACDP), Iranildo Silva, afirmou que acontecerá uma reunião da direção e do conselho da entidade para resolver quais serão as medidas no caso “Álvaro Claudino” - assessor de imprensa do Sport que foi expulso pelo chefe de segurança do Náutico, Luís Meira, de forma truculenta. O encontro acontecerá nesta terça-feira, às 12h.

De acordo com Iranildo Silva, a reunião servirá para que sejam definidas medidas corretas para que ninguém se sinta prejudicado, procurando um “consenso” e escutando todas as partes envolvidas no caso. “Vamos conversar democraticamente, ouvir os membros, o clube, Meira e Álvaro. Mas é claro que não concordamos com o acontecimento, se não for possível resolver dessa forma, aí vamos consultar o jurídico e procurar outros meios”, afirmou.

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O presidente da ACDP contou que tal iniciativa também tem o intuito de colocar um “ponto final” no tratamento dos clubes com os profissionais de comunicação. “Queremos resolver esse impasse para que não se repita dentro do nosso estado. Somos sede de uma Copa do Mundo, temos dois clubes na Série A, isso é inadmissível. Aconteceu com Álvaro mas poderia atingir qualquer outro profissional”, explicou.

Iranildo Silva também lembrou que, mesmo que fosse um torcedor, tal atitude também receberia a reprovação. “Ele não estava torcendo, estava apenas com a camisa do clube (da comissão técnica) fazendo seu trabalho. Temos que preservar o lado do cronista, vai trabalhar disfarçado agora? E mesmo que fosse um torcedor era para ser retirado de uma forma educada e cordial, futebol não se faz com violência”, finalizou.

O CASO

Antes do Clássico dos Clássicos (que terminou empatado em 0x0), neste domingo, nos Aflitos, o assessor de imprensa do Sport, Álvaro Claudino, iria distribuir o press kit – material entregue à imprensa em todos os jogos para auxiliar os profissionais – quando foi barrado pelo chefe de segurança do Náutico, Luís Meira.

A “justificativa” da ação truculenta era que o jornalista estava vestindo uma camisa do clube. Porém, tal uniforme é da comissão técnica, algo rotineiro em jogos do Campeonato Pernambucano e de conhecimento da segurança de qualquer agremiação do estado.

De acordo com o chefe de segurança Meira (ex-coronel da Polícia Militar), a medida foi tomada, justamente, para que o assessor da equipe do Sport não fosse prejudicado, já que para chegar às cabines de imprensa, ele teria que passar pela torcida alvirrubra. Portanto, para que a segurança do profissional fosse mantida, ele foi instruído a não passar pelo local.

Em seu twitter, Álvaro escreveu que os torcedores do Náutico não o agrediram em momento algum. O presidente do Sport, Gustavo Dubeux, informou através de sua conta pessoal no twitter que o clube entrará com uma representação na Federação Pernambucano de Futebol (FPF) contra Luís Meira. “O Sport vai entrar com uma representação na FPF, contra a atitude truculenta do Cel Meira! Diferente do tratamento cordial dos seus patrões", afirmou.

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