Tópicos | acompanhamento psicoterapêutico

Além de ser a companheira diária de muitos ouvintes, a música também pode ser utilizada em tratamentos psicoterapêuticos. É neste cenário que atuam os profissionais especializados em musicoterapia, acompanhamento clínico que faz sons musicais virarem combustíveis para modificar o metabolismo cerebral e o estado emocional dos pacientes.

De acordo com a psicóloga Maria Luzinete de Macedo, embora a música seja utilizada em outros tipos de acompanhamentos clínicos, a musicoterapia é a única vertente do segmento que emprega técnicas direcionadas aos tratamentos psicoterapêuticos, e pode ser aplicada em diversos públicos. "As técnicas usadas variam conforme a proposta e o que se pretende alcançar no processo, podendo ser indicada para vários casos e públicos variados. É um trabalho que exige do profissional bastante criatividade e conhecimento da área que deseja trabalhar", afirma.

##RECOMENDA##

Há três anos, a profissional criou um grupo na clínica Espaço S. E. R. e coloca a estratégia em prática para um conjunto de pessoas. "O mais comum é musicoterapia em grupo. Particularmente prefiro, pois fortalece o vínculo fundamental para estabelecer elos de harmonia e segurança. O apoio que o grupo oferece pela identificação com a música facilita e fomenta o objetivo da proposta", explica a musicoterapeuta, que manteve os atendimentos virtuais em meio ao período de pandemia.

Uma das participantes das reuniões é a empreendedora do ramo alimentício Roseli Moreno, 56 anos. Segundo ela, que participa dos encontros desde o ano de 2017, o acompanhamento foi crucial para se libertar de algumas amarras emocionais e obter maior autoconhecimento. "Ali pude perceber como faz sentido a música que ouvimos e como ela reflete nos sentimentos. Tudo é muito natural e conduzido com tanta delicadeza, transforma e ameniza os traumas, as aflições escondidas", comenta.

A diferença entre ouvir música e praticar musicoterapia

Outra especialista que oferece a musicoterapia como opção aos pacientes é a psicóloga Rosangela Sampaio. Segundo ela, embora a Portaria nº 849 do Ministério da Saúde tenha incluído o tratamento entre as regulamentações da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (Pnpic), é indispensável que o paciente procure profissionais qualificados para a avaliação. "Estudos mostram que a musicoterapia pode ser benéfica no tratamento de deficiências de desenvolvimento e aprendizagem, Alzheimer e outras condições relacionadas com o envelhecimento, doenças cardiopulmonares, câncer, autismo e muitos outros. Em todos os casos se faz necessária uma avaliação com profissional qualificado para a definição de estratégia terapêutica", aponta.

Ainda de acordo com a especialista, um ponto a ser esclarecido é a diferenciação entre ouvir música e o tratamento musicoterapêutico. "A musicoterapia é uma técnica aplicada em sessão com começo, meio e fim desenhada para a necessidade do paciente em questão. O ouvir e tocar música reduz o nível de cortisol, o hormônio responsável pelo estresse, mas não podemos comparar a uma sessão de musicoterapia com um especialista", enfatiza Rosângela, que também teve que se adaptar ao modelo de sessões online durante a crise sanitária do coronavírus.

Segundo ela, a utilização do acompanhamento clínico com o recurso musical pode auxiliar de modo considerável no decorrer do período em que se recomenda o isolamento social. "Além de auxiliar a pessoa a orientar-se e a restabelecer as coordenadas de tempo/espaço, ajuda a relaxar nos casos de insegurança ou ansiedade. A musicoterapia potencializa as funções físicas e mentais, além de reforçar a autonomia pessoal", afirma.

A aposentada Maria Aparecida Torres, 63 anos, fazia acompanhamento com a psicóloga e aderiu à musicoterapia como um complemento das sessões semanais. De acordo com a idosa, o método a fez aprender a exercitar o cérebro para se concentrar melhor nos afazeres diários. "Eu não acreditava que fosse conseguir meditar ou me concentrar para isso, porque sou uma pessoa agitada, mas a musicoterapia está me ajudando muito. Principalmente para eu trabalhar concentração e memória, por conta da idade", comenta.

Ainda segundo Maria, a música sempre fez parte da vida em um contexto emocional, mas a possibilidade de manter a mente ativa por meio do recurso terapêutico é mais viável. "Antes eu assistia a um seriado e, às vezes, no final já não me lembrava mais do começo, hoje isso não acontece mais. Quando a gente para de trabalhar, fica apenas com o serviço de casa, o cérebro relaxa mesmo. Eu estava com a mente preguiçosa e, quando sinto isso, ligo o rádio”, complementa.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando