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Uma autoridade dos Estados Unidos disse nesta terça-feira (23) que o Irã concordou em retirar as exigências estabelecidas para as inspeções nucleares da ONU, no que parece ser uma última concessão que sinalizaria o renascimento do acordo nuclear de 2015.

A informação surge depois que autoridades americanas disseram que o Irã estava atenuando seu pedido para que Washington removesse a poderosa Guarda Revolucionária de uma lista terrorista. Essa é uma questão-chave nas negociações indiretas.

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O Irã tentou encerrar uma investigação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em três instalações nucleares não declaradas e sobre as quais a agência diz ter dúvidas sobre trabalhos nucleares anteriores.

Em junho, o Irã desligou várias câmeras da AIEA depois de ser censurado por não explicar adequadamente sobre antigos vestígios de urânio.

Um alto funcionário dos EUA disse que o Irã "fez concessões em questões cruciais", mas apontou como "categoricamente falsos" os informes sobre concessões feitas pela parte americana.

"Além das restrições nucleares que o Irã deve aplicar, a AIEA pode mais uma vez implementar o regime de inspeção mais abrangente já negociado, permitindo detectar qualquer esforço iraniano para adquirir secretamente uma arma nuclear", disse o funcionário, que pediu para não ser identificado.

"Grande parte dessa vigilância internacional continuaria por um tempo ilimitado", disse ele.

Concessões de ambos os lados são esperadas como parte de uma tentativa de reviver o acordo nuclear de 2015, que é profundamente impopular tanto para alguns radicais iranianos quanto para o Partido Republicano dos EUA.

O então presidente republicano Donald Trump retirou os Estados Unidos desse acordo em 2018.

Seu sucessor, o democrata Joe Biden, prometeu retornar, mas foi confrontado com a insistência do Irã de que as sanções impostas a ele por seus planos nucleares fossem suspensas.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU, instou neste domingo (12) o Irã a retomar "agora" as negociações para evitar uma crise que poderia tornar "extremamente mais difícil" salvar o acordo nuclear alcançado em 2015.

Em entrevista à rede CNN neste domingo, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, contou que disse aos seus homólogos iranianos: "Temos que sentar agora, temos que corrigir a situação, temos que continuar trabalhando juntos."

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O Irã desconectou nesta semana algumas câmeras que permitiam que inspetores internacionais monitorassem suas atividades nucleares, em resposta a uma resolução ocidental aprovada em 8 de junho, na qual a agência da ONU denunciou a falta de cooperação de Teerã.

Segundo Grossi, 27 câmeras de vigilância de circuito fechado "foram removidas" das instalações supervisionadas, o que considerou "muito grave". Ele afirmou que isso torna "extremamente mais difícil o caminho de volta a um acordo".

As negociações para reativar o acordo estão paralisadas desde março. Seu objetivo é reintroduzir os Estados Unidos nesse pacto firmado entre Teerã e as principais potências mundiais para evitar que o Irã fabrique uma bomba atômica.

O acordo de 2015 aliviou o Irã das sanções econômicas ocidentais em troca de restrições às suas atividades nucleares. Mas em 2018, o então presidente americano Donald Trump (2017-2021) retirou-se unilateralmente do pacto e voltou a impor sanções contra Teerã, levando o Irã a começar a recuar em seus próprios compromissos.

"A única maneira de o Irã ganhar a confiança que tanto necessita para impulsionar sua economia é permitir que os inspetores da AIEA estejam presentes" nas instalações de seu programa nuclear.

Sem as câmeras de vigilância, Grossi disse que sua agência em breve não poderá declarar se o programa tem um fim "pacífico", como insiste Teerã repetidamente, ou se o Irã está desenvolvendo uma arma nuclear.

Mesmo que os iranianos religuem as câmeras em alguns meses, observou Grossi, qualquer trabalho que eles fizerem nesse meio tempo permanecerá secreto, o que possivelmente tornaria qualquer acordo inútil.

O presidente dos EUA, Joe Biden, já disse que está pronto para retornar ao pacto, desde que o Irã também honre seus próprios compromissos.

O Irã participará na próxima quinta-feira de uma reunião em Bruxelas para retomar as negociações sobre o acordo nuclear de 2015, suspensas desde junho, afirmou neste domingo um deputado do país.

"O ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, declarou que as negociações com o grupo 4 + 1 começarão na quinta-feira, em Bruxelas", disse o deputado Ahmad Alirezabeigui à agência Fars, após uma reunião do Parlamento com o chefe da diplomacia. Ao mencionar o 4 + 1, o deputado se referia a quatro membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (França, Reino Unido, Rússia, China) e à Alemanha.

Na última sexta-feira, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, mostrou-se disposto a receber em Bruxelas os dirigentes iranianos a seu pedido, após uma visita a Teerã do negociador da UE encarregado do tema nuclear, Enrique Mora. O deputado Behrouz Mohebbi Najmabadi publicou em sua conta no Twitter que "o governo iraniano iniciará negociações esta semana".

“Sei que os iranianos querem, de certa forma, discussões prévias comigo, já que sou coordenador, e com outros membros do Conselho. Estou disposto, mas o tempo é curto”, declarou Josep Borrell em Washington na sexta-feira. Um porta-voz do dirigente não confirmou "se ou quando" a reunião em Bruxelas aconteceria.

A diplomacia russa defendeu, nesta terça-feira (9), que Washington e Teerã voltem a cumprir o acordo sobre o programa nuclear iraniano de 2015 de forma coordenada, já nenhum deles quer tomar a iniciativa para salvar o pacto.

"Se nos basearmos somente na questão de saber quem respeitará seus interesses de novo em primeiro lugar, esta negociação pode se prolongar eternamente", declarou Serguei Lavrov, ministro russo das Relações Exteriores.

"Consideramos perfeitamente plausível o desenvolvimento de etapas sincronizadas e simultâneas que deverão ser seguidas tanto pelos iranianos como pelos americanos", disse, em declarações feitas durante uma visita oficial aos Emirados Árabes Unidos.

Em 2018, o ex-presidente americano Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo internacional assinado em 2015 e que a princípio deveria impedir que o Irã se dotasse da bomba atômica, e retomou as sanções contra a República Islâmica.

Em resposta, Teerã começou a violar algumas das disposições estabelecidas no acordo.

Por sua vez, o novo presidente americano Joe Biden se declarou disposto a voltar ao acordo "se" o Irã voltar a cumprir com todos os seus compromissos.

Mas ambos os lados se negam a dar o primeiro passo para revitalizar o pacto, preocupados com não parecerem muito frágeis.

Na semana passada, Estados Unidos reiterou que continua "disposto a se reunir com o Irã" para salvar o acordo sobre o programa nuclear. O Irã, no entanto, considera que o momento ainda não é "apropriado".

O governo americano disse nesta segunda-feira (1°) que continua pronto para se reunir com o Irã, apesar de Teerã ter rejeitado um diálogo direto com Washington. "Dissemos claramente que os EUA estão preparados para se reunir com o Irã para abordar o modo de alcançar um retorno mútuo (ao acordo nuclear)", declarou ontem o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.

"Não somos dogmáticos sobre a forma e o formato dessas conversações", disse Price à imprensa, acrescentando que o governo americano consultaria seus sócios europeus sobre a questão.

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As autoridades iranianas disseram que não consideravam o "momento apropriado" para conversações e protestaram pelas "posições e ações recentes dos EUA" e dos signatários do acordo nuclear assinado em 2015, referindo-se aos ataques da semana passada do governo americano contra grupos pró-Irã na Síria, acusados de disparar foguetes contra interesses de Washington no Iraque.

O Irã disse ontem que os EUA deveriam suspender primeiro as sanções se querem conversar para salvar o acordo nuclear, que o ex-presidente Donald Trump abandonou em maio de 2018. "O governo do presidente Joe Biden deveria mudar a política de pressão máxima de Trump com relação a Teerã. Se querem conversar com o Irã, primeiro deveriam suspender as sanções", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Saeed Khatibzadeh.

O presidente americano, Joe Biden, afirmou que Washington está disposto a conversar sobre a retomada dos compromissos das duas nações com o pacto, segundo o qual Teerã obtém um alívio das sanções limitando suas atividades nucleares. Mas, enquanto o Irã exige a suspensão das sanções dos EUA primeiro, Washington diz que Teerã precisa voltar a cumprir o acordo, que Teerã vem desrespeitando progressivamente desde 2019. Ocidente teme que o Irã tente fabricar armas nucleares, enquanto a República Islâmica assegura que esse nunca foi seu objetivo.

A chancelaria iraniana exortou ontem o Conselho de Governadores de 35 nações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a não "criar uma confusão" endossando uma iniciativa liderada pelos EUA para a adoção de uma resolução contra a decisão de Teerã de reduzir sua cooperação com a agência da ONU.

A reunião em Viena ocorreu ontem após o Irã promulgar uma lei, no fim de janeiro, que restringiu o acesso de inspetores a alguns locais, já que Teerã reclama que não está obtendo as recompensas econômicas prometidas em troca de restrições ao seu programa nuclear.

O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, pediu ontem que as inspeções às instalações nucleares do Irã não sejam usadas como uma "moeda de troca", em meio aos esforços para reviver seu acordo nuclear.

Segundo relatório da AIEA, de janeiro, o Irã informou que começou a produzir urânio metálico, que pode ser usado para desenvolver ogivas nucleares. Trata-se de uma pequena quantidade de urânio metálico natural, que não foi enriquecido. De acordo com a AIEA, para usar urânio metálico no núcleo de uma arma nuclear, o Irã precisaria de cerca de meio quilo de urânio metálico altamente enriquecido. Além disso, o Irã aumentou a quantidade e a qualidade do enriquecimento de urânio.

Reino Unido, Alemanha e França encaminharam um projeto de resolução aos Estado membros da AIEA para censurar o Irã por reduzir sua cooperação com a agência nuclear, de acordo com um projeto obtido pela Reuters. O projeto, apoiado pelos EUA, expressou "séria preocupação" com a redução da transparência do Irã e descontentamento com a falta de explicação de Teerã sobre partículas de urânio descobertas em três antigas instalações. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que o país não usará a retirada das sanções contra o Irã como uma ferramenta para voltar a engajar Teerã nas negociações sobre o acordo nuclear de 2015. O presidente indicou que só suspenderia as sanções se o Irã parar de enriquecer urânio. Biden fez os comentários em entrevista à CBS News. Um clipe da entrevista foi lançado neste domingo. A entrevista completa vai ao ar mais tarde.

Questionado pela CBS News se os EUA suspenderão as sanções para convencer o Irã a participar das negociações, Biden respondeu: "Não". Quando a CBS perguntou se o Irã deve parar de enriquecer urânio primeiro, Biden concordou com a cabeça.

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Antes da entrevista do presidente Biden, o líder supremo iraniano Ali Khamenei reiterou, em discurso neste domingo, a posição do Irã de que é Washington que deve suspender as sanções e voltar a cumprir o acordo nuclear. "Se eles querem que o Irã retorne aos seus compromissos com o JCPOA (sigla em inglês para Plano de Ação Conjunto Global, o acordo nuclear), os EUA deveriam suspender todas as sanções em curso", disse Khamenei, em comentários publicados em seu site. "Assim que isso for feito, retomaremos nossos compromissos com o JCPOA."

O governo Biden disse que espera persuadir o Irã a se juntar novamente ao acordo nuclear após o presidente Donald Trump ter reimposto sanções suspensas sob o acordo de 2015. Mas as diferentes posições entre Washington e Teerã sinalizam um caminho potencialmente turbulento à frente. Fonte: Associated Press.

O Irã não tem urgência de ver os Estados Unidos voltarem ao acordo internacional sobre o programa nuclear de Teerã e exige, primeiramente, a suspensão das sanções impostas por Washington - declarou o guia supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, nesta sexta-feira (8).

A pergunta não é se "os Estados Unidos voltarão, ou não. Não temos pressa e não estamos insistindo para que volte", disse Khamenei.

"Nossa demanda racional e lógica é que as sanções sejam suspensas", porque "é um direito usurpado da nação iraniana", disse a autoridade, em discurso transmitido pela televisão.

"Estados Unidos e Europa, que seguem os Estados Unidos, têm o dever de respeitar esse direito do povo iraniano", afirmou.

Em 2015, o Irã e o Grupo dos Seis (China, França, Rússia, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos) chegaram a um acordo em Viena sobre um Plano Conjunto de Ação Global (JCPOA, na sigla em inglês) para resolver a questão nuclear iraniana após 12 anos de tensão.

O acordo oferece ao Irã uma flexibilização das sanções internacionais em troca de limitar drasticamente seu programa nuclear e garantir que não se dotará de uma bomba atômica.

O pacto está em perigo, porém, desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou seu país do acordo em 2018, antes de restabelecer e intensificar as sanções econômicas em nome de uma política de "pressão máxima" contra o Irã.

- 'Não é lógico'

O restabelecimento das sanções deixou o Irã sem os benefícios econômicos que esperava colher com o acordo de Viena, alienando investidores estrangeiros e reduzindo o comércio exterior do país, principalmente suas exportações de petróleo. Todo esse quadro mergulhou o país em uma recessão severa, da qual ainda luta para sair.

Em resposta, desde 2019, Teerã foi, gradualmente, liberando-se da maioria dos compromissos de Viena de pressionar, até agora sem sucesso, os demais sócios do acordo a ajudarem-no a contornar as sanções dos EUA.

A vitória de Joe Biden na eleição presidencial pode significar uma mudança na atitude de Washington em relação a Teerã. O presidente eleito já manifestou, por exemplo, a intenção de fazer os Estados Unidos voltarem ao acordo. Para isso, coloca condições inaceitáveis para o Irã.

Nas últimas semanas, o presidente iraniano, Hassan Rohani, multiplicou os sinais de abertura ao futuro governo americano. Ao mesmo tempo, porém, ele condiciona o retorno dos EUA ao acordo de Viena à suspensão das sanções americanas reimpostas, ou que já estavam em vigor desde 2018.

"Se as sanções forem suspensas, o retorno dos americanos fará sentido", disse Khamenei.

Em caso contrário, "se as sanções não forem suspensas, o retorno dos Estados Unidos não apenas não nos beneficiará, como também pode nos prejudicar".

"Quando uma parte não cumpre nenhuma de suas obrigações, não seria lógico que a República Islâmica respeitasse todos os seus compromissos", acrescentou o líder supremo.

"Se eles voltarem às suas obrigações, nós voltaremos às nossas", garantiu.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, quer levar seu país de volta ao acordo sobre o programa nuclear do Irã antes de se envolver em negociações com Teerã, defendendo a diplomacia para acalmar as tensões bilaterais.

Em entrevista ao "New York Times", o democrata disse que "será difícil", mas, se o Irã voltar a cumprir o acordo nuclear, os EUA voltarão a aderir ao pacto como ponto de partida para negociações posteriores.

"A melhor forma de alcançar certa estabilidade na região" é assumir "o programa nuclear" de Teerã, afirmou Biden em entrevista publicada nesta quarta-feira (2), na qual alertou para a ameaça de uma corrida para produzir a bomba atômica no Oriente Médio.

Em 2018, o presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo nuclear assinado em 2015 por seu país, China, Rússia, Alemanha, França, Reino Unido e Irã para impedir que a república islâmica desenvolvesse armas nucleares.

O presidente republicano argumentou, na época, que o acordo era insuficiente para evitar comportamentos "desestabilizadores" de Teerã e voltou a impor fortes sanções econômicas ao Irã, para desgosto de seus aliados europeus, que tentam salvar o pacto. Como consequência da decisão de Trump, o Irã parou de cumprir algumas das restrições impostas às suas atividades nucleares.

Se Washington e Teerã respeitarem o acordo, "em coordenação com nossos aliados e parceiros, entraremos em negociações e acordos de acompanhamento para apertar e estender as restrições nucleares impostas ao Irã e para lidar com o programa de mísseis" iraniano, explicou Biden.

Nas novas negociações, em que o futuro presidente deseja incorporar rivais regionais do Irã, como a Arábia Saudita, também serão abordadas as atividades iranianas no Oriente Médio.

- Um novo equilíbrio de poder -

A estratégia de Biden envolve o levantamento das sanções de Trump em troca de um retorno ao texto de 2015, negociado quando ele era vice-presidente de Barack Obama.

O atual governo, que prometeu multiplicar as sanções até o fim, pediu ao novo governo que "aproveite" sua campanha de "pressão máxima" contra o Irã. A ex-embaixadora dos EUA na ONU Nikki Haley afirmou que o futuro presidente cometerá um "erro grave" caso "se jogue nos braços dos aiatolás".

O mesmo editorialista do New York Times com quem Biden conversou, Thomas Friedman, alertou na semana passada para as consequências de uma simples volta atrás em um Oriente Médio que não é mais o mesmo.

"Israel e os aliados árabes do Golfo não vão querer que os Estados Unidos abram mão de seu equilíbrio de poder favorável" apenas para conter as ambições nucleares de Teerã, sem usá-lo "para fazer o Irã se comprometer a cessar suas exportações desses mísseis" de precisão, que, para eles, são uma ameaça mais iminente, escreveu Friedman.

O assassinato do cientista nuclear iraniano Mohsen Fakhrizadeh, em 27 de novembro, perto de Teerã, que a república islâmica atribui a Israel, foi um lembrete dos obstáculos que o líder democrata pode enfrentar.

Assim como Friedman, Alex Vatanka, do think tank americano Middle East Institute, acredita que "Biden deve tentar não desperdiçar o equilíbrio favorável de forças criado pela campanha de pressão máxima" de Trump. Mas segundo ele, "ninguém no Irã acha que Biden é um frouxo": "Todos estão esperando que ele tire o máximo de proveito da situação", pelo menos para afastar a ameaça nuclear, que considera prioritária.

O acordo de 2015 "está ferido, prejudicado, mas ainda segue", e revivê-lo "não significa sacrificar outras questões, é apenas uma hierarquização de prioridades", argumentou Naysan Rafati, da organização de prevenção de conflitos International Crisis Group.

"O presidente eleito e sua equipe parecem ter chegado à conclusão de que reforçar primeiramente os alicerces desse acordo é uma maneira melhor de abordar as outras questões do que colocar tudo na mesa ao mesmo tempo, sob o risco de não resolver nada", acrescentou.

O governo do presidente Donald Trump sancionou uma fundação iraniana e o ministro da inteligência do país nesta quarta-feira (18), intensificando ainda mais a pressão sobre Teerã antes da posse de Joe Biden.

O Departamento do Tesouro anunciou o congelamento de qualquer participação nos Estados Unidos da Fundação dos Oprimidos, que se apresenta como uma organização de caridade que tem interesses em toda a economia iraniana, incluindo petróleo e mineração.

O Departamento do Tesouro descreveu a fundação como um "império econômico de bilhões de dólares" e uma "rede de patrocínio fundamental" do líder supremo da República Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, operando sem supervisão do governo.

O ministro da Inteligência e Segurança do Irã, Mahmoud Alavi, também foi sancionado com base nos direitos humanos.

Os Estados Unidos afirmam que seu ministério é responsável por espancamentos e outros abusos contra presos políticos.

As últimas sanções terão efeito prático limitado, pois o governo Trump já impôs severas restrições ao Irã, incluindo a tentativa de interromper todas as suas exportações de petróleo e bloquear seu sistema financeiro.

A medida é tomada em um momento em que Teerã oferece reverter ao que foi acordado em um tratado nuclear negociado sob o ex-presidente Barack Obama se Biden suspender as sanções após assumir o cargo em 20 de janeiro.

O secretário de Estado, Mike Pompeo, em uma resposta indireta, prometeu continuar a impor "consequências dolorosas" ao Irã.

"O regime iraniano busca uma repetição da experiência fracassada que suspendeu as sanções e lhe permitiu levantar enormes quantias de dinheiro em troca de modestas limitações nucleares", disse o órgão em um comunicado.

"Isso é realmente preocupante, mas ainda mais preocupante é a ideia de que os Estados Unidos devam ser vítimas dessa extorsão nuclear e abandonar suas sanções", acrescentou.

Os últimos fatos acerca do conflito entre os Estados Unidos e o Irã, que também envolveu o Iraque e alterou o já frágil equilíbrio de forças no Oriente Médio, têm chamado a atenção do mundo todo por sua relevância histórica e geopolítica. O Vai Cair No Enem (@vaicairnoenem) realizará uma transmissão, ao vivo, com os professores de história José Carlos Mardock e Thais Almeida comentando o conflito entre EUA e Irã nesta quarta-feira (8), a partir do meio-dia, por meio do Instagram e do Youtube.

O objetivo da transmissão é fazer com que os estudantes entendam o contexto de acontecimentos que levaram ao problema, quem são os principais atores políticos envolvidos e como o assunto pode aparecer nas provas. “Quem é quem? Quais são as peças importantes? Quais são os sucessores do poder no Estado iraniano? Esses são detalhes importantes que discutiremos para que os alunos possam saber como tudo pode ser cobrado no Enem 2020”, disse o professor Mardock.

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Teerã anunciou nesta terça-feira (23) uma nova reunião internacional para tentar salvar o acordo sobre o seu programa nuclear, num contexto de tensões no Golfo em meio a uma crise de petroleiros entre a República Islâmica e a Grã-Bretanha.

"Ao longo da história, o Irã foi o principal guardião da segurança e da liberdade de navegação no Golfo Pérsico, no Estreito de Ormuz e no Mar de Omã, e continuará a sê-lo", declarou o presidente iraniano Hassan Rohani, de acordo com um comunicado do governo iraniano.

Rohani fez essas declarações durante uma reunião em Teerã na segunda-feira à noite com o primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdel Mahdi.

"Os problemas na região precisam ser resolvidos através do diálogo, negociação e cooperação entre [...] os países da região", disse Rohani, segundo a presidência iraniana.

Região estratégica para o tráfego global de petróleo, o Golfo atravessa um novo período de turbulência, desta vez ligado à exacerbação das tensões entre Teerã e Washington desde a retirada unilateral americana do acordo nuclear internacional de 2015.

Além disso, desde maio, sabotagens e ataques a navios no Golfo - imputados pelos Estados Unidos ao Irã, que nega -, mas também a destruição de um drone americano pelo Irã, aumentaram ainda mais a pressão.

- Confiscos cruzados -

Com o confisco na sexta-feira pelo Irã do Stena Impero, um petroleiro sueco de bandeira britânica, quinze dias após a apreensão de um petroleiro iraniano pelas autoridades britânicas em Gibraltar, a crise se complicou.

A Grã-Bretanha é, de fato, um dos três Estados europeus do acordo nuclear de Viena.

Segundo Teerã, uma nova "reunião extraordinária" para tentar salvar este pacto será realizada em 28 de julho, em Viena, entre os Estados partes (Alemanha, China, França, Grã-Bretanha, Irã e Rússia).

Através deste acordo, Teerã prometeu nunca adquirir armas atômicas e concordou em restringir seu programa nuclear e passar por um rigoroso regime de inspeção em troca de uma redução das sanções internacionais.

Mas o restabelecimento das sanções americanas a partir de agosto de 2018 e a política de "pressão máxima" de Washington mergulharam a economia iraniana em uma recessão violenta e privaram o país dos benefícios econômicos esperados do pacto.

Em resposta à decisão americana de deixar o acordo e para forçar os europeus a tomar medidas concretas, o Irã começou a abandonar alguns de seus compromissos.

Até então, o Irã respeitava seus compromissos, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Teerã ameaça dar mais um passo no início de setembro se suas exigências não forem atendidas. Mas seus parceiros continuam a instar o Irã a continuar a "respeitar integralmente" o acordo.

Na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores britânico, Jeremy Hunt, anunciou que deseja criar "o mais rápido possível" uma missão de proteção marítima liderada pela Europa na região do Golfo. Mas ele insistiu que esta medida "não faz parte da política dos EUA de pressão máxima sobre o Irã, porque continuamos determinados a preservar o acordo nuclear".

De acordo com o porta-voz da diplomacia iraniana, o vice-ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, está a caminho da França, onde deve entregar uma mensagem escrita de Rohani ao seu colega francês Emmanuel Macron.

Macron e Rohani falaram várias vezes por telefone nas últimas semanas. Emmanuel Bonne, assessor diplomático de Macron, encontrou-se com Rohani em 9 de julho, como parte de uma visita para aliviar a tensão.

Nesta terça, a televisão iraniana exibiu imagens da tripulação do Stena Impero a bordo do navio apreendido no porto de Bandar Abbas.

O Irã anunciou que irá violar o acordo nuclear de 2015 a partir deste domingo (7), quando começará a aumentar seu enriquecimento de urânio a um nível de 5%. A decisão confirma a ameaça realizada pelo presidente iraniano, Hassan Rohani, na última quarta-feira (3).

O anúncio foi realizado pelo porta-voz do governo, Ali Rabiei, em uma coletiva conjunta com o vice-ministro das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, e o porta-voz da Organização Iraniana de Energia Atômica (AEOI), Behrouz Kamalvandi.

As autoridades revelaram que o enriquecimento do material nuclear deixará de ser 3,67%, como firmando no acordo, e passará a 5% na tentativa de fomentar "atividades pacíficas".

A expectativa é de que o limite seja ultrapassado a partir desta segunda-feira(8). "Amanhã de manhã cedo teremos passado mais de 3,67%", disse Kamalvandi.

Segundo Araqchi, o Irã ainda tem o interesse de salvar o acordo nuclear, mas o problema está nos países europeus que não cumpriram seus próprios compromissos.

Washington abandonou o pacto no ano passado e, desde então, Teerã alertou que aumentará as atividades nucleares, a menos que a Europa, a China e a Rússia aliviem as sanções econômicas dos EUA.

Durante a coletiva, o governo iraniano ainda afirmou que estabelecerá mais 60 dias como um novo prazo para os países europeus negociarem com os EUA para atender suas demandas. Caso contrário, irá estudar a liberação de outras obrigações impeditivas do acordo nuclear, o que seria a terceira violação do pacto.

"No ano passado, demos tempo suficiente para a diplomacia e agora não estamos violando o acordo, mas buscando nossos direitos com base no acordo. Devemos apresentar uma queixa contra os Estados Unidos e a UE por violá-lo", acrescentou Araqchi.

Em maio, o Irã já havia anunciado que aumentaria sua produção de urânio enriquecido, que pode ser usado para produzir combustível para reatores, mas também para armas nucleares.

No último dia 1 de julho, Teerã também confirmou que havia excedido o limite permitido de 300 kg de estoque de urânio de baixo enriquecimento após fontes locais levantarem a suspeita, violando pela primeira vez o acordo nuclear assinado em 2015, durante o mandato do ex- presidente dos Estados Unidos Barack Obama.

O governo iraniano, no entanto, nega veementemente que tenha qualquer intenção de construir armas nucleares.

Da Ansa

O vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, afirmou nesta segunda-feira que as sanções americanas ao Irã provocaram o país persa a quebrar o limite estabelecido em seus estoques de urânio enriquecido. Nesta segunda-feira, o Irã admitiu que ultrapassou o teto para seus estoques de urânio de baixo enriquecimento estabelecido no acordo nuclear internacional de 2015. Esse seria o primeiro grande afastamento de Teerã do acordo um ano após Washington se retirar unilateralmente do pacto nuclear.

Ryabkov observou que o Irã havia avisado antecipadamente sua ação. Ele pediu a todas as partes que evitassem a escalada nas tensões, ao dizer que a medida de Teerã "causa arrependimento, mas não deve ser excessivamente dramatizada". Para o vice-ministro russo, o desenvolvimento é um "resultado natural" da campanha de pressão máxima empregada pelo governo americano.

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Ele acrescentou que o Irã está enfrentando sanções "sem precedentes e impensáveis", incluindo um embargo ao comércio de petróleo, numa tentativa de "estrangular" o país persa. Fonte: Associated Press.

A União Europeia (UE) vai realizar uma reunião das nações envolvidas no acordo nuclear com o Irã em Viena, no dia 28 de junho. Além da UE, o encontro contará com a presença de autoridades da China, França, Alemanha, Rússia, Reino Unido e Irã, informou o bloco em um comunicado divulgado hoje.

A reunião foi convocada com o objetivo de garantir a continuação da implementação do acordo nuclear com o país persa "em todos os seus aspectos e discutir maneiras de enfrentar os desafios decorrentes da retirada e reimposição de sanções pelos Estados Unidos sobre o Irã", assim como os "recentes anúncios do Irã sobre a implementação de seus compromissos nucleares", diz o comunicado.

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Nesta semana, o governo do Irã informou que vai ultrapassar limites previamente estabelecidos no acordo nuclear para a estocagem de urânio enriquecido em dez dias.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, pediu nesta sexta-feira (17) à comunidade internacional que realize "atos concretos" para salvar o acordo nuclear.

Depois de passar pelo Japão na quinta-feira (16), Mohammad Javad Zarif viajou para China nesta sexta onde discutirá com seu colega Wang Yi o futuro do acordo nuclear, do qual os Estados Unidos se retiraram unilateralmente há pouco mais de um ano.

Na quinta-feira, Zarif rejeitou a oferta de diálogo apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para acabar com as crescentes tensões entre os dois países.

"As relações econômicas do Irã devem ser normalizadas, isso é algo ressaltado claramente" no acordo assinado em Viena em 2015, declarou o chefe da diplomacia iraniana, segundo um vídeo publicado pelo seu ministério.

"Se a comunidade internacional e os outros países signatários do acordo, assim como nossos amigos como a China e a Rússia, quiserem manter essa percepção, devem garantir, por meio de atos concretos, que os iranianos usufruam dos benefícios" do texto, que prevê o levantamento gradual das sanções econômicas impostas a Teerã, apontou o chanceler.

A China é um dos maiores importadores de petróleo iraniano. Com a Alemanha, França, Grã-Bretanha e Rússia, o governo chinês é um dos parceiros restantes do Irã no acordo nuclear após a retirada dos Estados Unidos.

No final de abril, Pequim "expressou firme oposição à implementação de sanções unilaterais por parte dos Estados Unidos" visando a compra de petróleo iraniano pela China.

Poucos dias antes, o presidente americano Donald Trump anunciou o fim, neste mês de maio, das isenções que ainda permitiam que oito mercados (China, Índia, Turquia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Itália e Grécia) importassem petróleo bruto iraniano sem se exporem às sanções extraterritoriais americanas contra o Irã.

Washington tem aumentado a pressão sobre Teerã desde o início de maio, reforçando ostensivamente sua presença militar no Golfo.

Diante desta campanha de "pressão máxima" da administração Trump, o Irã espera continuar vendendo seu petróleo para seus principais clientes, notadamente a China, e não esconde sua intenção de se valer de meios para contonar as sanções americanas para fazê-lo.

Fiéis a sua defesa do acordo nuclear com o Irã, as potências europeias signatárias do pacto rejeitaram nesta quinta-feira (9) o "ultimato" feito por Teerã.

O Irã anunciou ontem que deixará de aplicar dois de seus compromissos do acordo internacional assinado em 2015 com Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha, uma resposta à decisão unilateral de Washington de abandonar o pacto em 2018 e restabelecer sanções.

Teerã ameaçou ainda renunciar a outros compromissos, caso os demais signatários do acordo não encontrem uma solução no prazo de 60 dias para aliviar os efeitos das sanções americanas contra o Irã, em particular nos setores petroleiro e bancário.

"Rejeitamos qualquer ultimato e avaliaremos o cumprimento por parte do Irã de seus compromissos nucleares", advertiram Alemanha, França e Reino Unidos, assim como a alta representante da UE para Política Externa, Federica Mogherini, em uma declaração conjunta.

Pouco depois, o presidente francês, Emmanuel Macron, considerou que "sair do acordo nuclear de 2015 é um erro, porque acaba com o que trabalhamos. É por isso que a França continua e vai continuar, e desejo profundamente que o Irã também continue".

"Não podemos cair na febrilidade, cair numa escalada. É preciso trabalhar pela nossa segurança coletiva e, portanto, (trabalhar) para preservar a presença do Irã neste acordo", acrescentou Macron.

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, criticou a declaração conjunta, estimando que "os Estados Unidos intimidaram a Europa" e que "a UE pode apenas expressar seu pesar".

Em um clima de crescente tensão entre Irã e Estados Unidos, que anunciou na terça-feira o envio de bombardeiros B-52 ao Golfo, os europeus pediram a Teerã que evite uma escalada. Os europeus também lamentaram a adoção de novas sanções por parte de Washington.

"Seguimos totalmente comprometidos com a preservação e a plena implementação do acordo nuclear, uma conquista essencial na arquitetura global da não-proliferação nuclear, que está dentro do interesse da segurança de todos", afirma o comunicado conjunto, que também faz um apelo ao Irã para que se "abstenha de qualquer escalada".

"Esperamos que o Irã siga respeitando os formatos e mecanismos estabelecidos pelo acordo nuclear", afirmam os três países e a UE.

Já a Rússia condenou "com firmeza" a decisão americana e pediu negociações a todas as partes para tentar salvar o acordo, "diante da gravidade do que está acontecendo".

"Autorizar o aço e outros metais iranianos em seus portos não será mais tolerado", advertiu o presidente Donald Trump aos demais países.

Em relação ao Irã diretamente, o presidente Trump pareceu amenizar o tom. "Gostaria que me ligassem", disse ele a jornalistas na Casa Branca. "Deveriam ligar", acrescentou. "Se fizerem isso, estamos abertos a falar com eles", completou.

Validado por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, o acordo permitiu ao Irã obter uma suspensão parcial das sanções internacionais, em troca de limitar seu programa nuclear.

Por considerar que o acordo não oferecia garantias suficientes, Donald Trump retirou seu país do pacto há apenas um ano e retomou as sanções contra Teerã. A medida afetou duramente sua economia e as relações comerciais com outros países.

Apesar da promessa dos demais signatários de permitir que o Irã se beneficiasse das vantagens econômicas do acordo, o mecanismo criado pela UE para manter o comércio e evitar as sanções dos Estados Unidos não permitiu nenhuma transação.

Nações da Europa rejeitaram um ultimato do Irã e afirmaram ver com "grande preocupação" a ameaça de Teerã de abandonar alguns de seus compromissos no acordo nuclear de 2015. Em comunicado nesta quinta-feira (9), os ministros das Relações Exteriores de França, Alemanha, Reino Unido e da União Europeia afirmaram que a Europa está determinada a preservar o acordo nuclear e planejam adotar medidas para manter o comércio entre o Irã e o continente.

O comunicado diz que os países rechaçam qualquer ultimato do Irã e que irão verificar o cumprimento do acordo. Na quarta-feira, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, afirmou que seu país passará a desrespeitar limites de enriquecimento de urânio e água pesada, que estão previstos no acordo, em um esforço para pressionar potências europeias a ajudar sua economia, em momento de tensão com os Estados Unidos. O governo americano abandonou o acordo multilateral e impôs sanções contra o Irã, inclusive contra o setor de petróleo do país. Fonte: Dow Jones Newswires.

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O Irã anunciou nesta quarta-feira (8) que deixará de aplicar alguns compromissos do acordo internacional sobre seu programa nuclear de 2015, em resposta à decisão unilateral dos Estados Unidos de abandonar o pacto no ano passado e restabelecer sanções.

O anúncio acontece em um momento de grande tensão entre Irã e Estados Unidos, que anunciou na terça-feira (7) o envio de bombardeiros B-52 ao Golfo.

Washington transformou Teerã em seu inimigo número um no Oriente Médio. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, fez uma visita surpresa a Bagdá na terça-feira e acusou o governo do Irã de preparar "ataques iminentes" contra as forças dos Estados Unidos.

O Irã vai suspender o compromisso de limitar seu estoque de água pesada e urânio enriquecido estipulado no acordo concluído em Viena em 2015, que limitava drasticamente seu programa nuclear, anunciou o Conselho Superior de Segurança Nacional em um comunicado.

A decisão foi informada oficialmente nesta quarta-feira aos embaixadores dos países que ainda integram o acordo: Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha.

Também validado por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, o acordo permitiu ao Irã obter uma suspensão parcial das sanções internacionais contra o país.

Em troca, Teerã aceitou limitar de maneira drástica seu programa nuclear e se comprometeu a nunca tentar produzir armamento atômico.

Mas o governo dos Estados Unidos, que se retirou do acordo há exatamente um ano, restabeleceu as sanções contra Teerã, o que afetou duramente a economia do país e as relações comerciais da República Islâmica e dos outros países envolvidos.

Os europeus, a China e a Rússia decidiram manter o compromisso, mas se mostraram incapazes de respeitar a promessa de permitir que o Irã se beneficiasse das vantagens econômicas do acordo, evitando as sanções americanas.

O Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniano estabeleceu prazo de 60 dias a estes países para que "cumpram com seus compromissos, em particular nos setores petroleiro e bancário".

A União Europeia tentou criar um mecanismo para permitir ao Irã que continuasse fazendo negócios com suas empresas.

- Pouco tempo -

"Se ao final deste prazo estes países não forem capazes de responder às exigências do Irã, Teerã deixará então de respeitar as restrições que se impôs sobre o nível de enriquecimento de urânio, assim como sobre as medidas relativas à modernização do reator de água pesada de Arak", na região central do país.

O Conselho afirmou que as medidas anunciadas podem ser revisada "a qualquer momento", caso as exigências do Irã sejam levadas em consideração.

Em caso contrário, Teerã "deixará de aplicar progressivamente seus outros compromissos" do acordo.

"A janela que está aberta agora para a diplomacia não permanecerá deste modo por muito tempo. A responsabilidade do fracasso e suas prováveis consequências recaem por completo aos Estados Unidos e às outras partes do acordo", acrescentou Teerã.

"As medidas adotadas pelos Estados Unidos, em particular há um ano, mas também antes, sua retirada (do acordo), tinham por objetivo claramente provocar uma interrupção da aplicação do acordo", declarou o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, durante uma visita a Moscou.

Zarif, no entanto, insistiu que o "Irã não vai abandonar" o acordo nuclear e declarou que as medidas adotadas correspondem a um "direito" concedido às partes em caso de descumprimento da outra parte.

A China reagiu de imediato e afirmou que o acordo nuclear deve ser aplicado. "Manter e aplicar o acordo é responsabilidade de todas as partes", declarou o porta-voz da diplomacia chinesa, Geng Shuang.

Israel afirmou que não permitirá que o Irã produza armas nucleares.

"Esta manhã, em minha caminhada até aqui escutei que o Irã pretende continuar com seu programa nuclear. Não permitiremos que o Irã produza armamento nuclear", afirmou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu durante um evento em memória dos israelenses mortos em guerras e em atentados.

O anúncio do Irã não munda o regime de inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no país.

A AIEA, órgão da ONU com sede em Viena, é responsável por supervisionar a aplicação do acordo por parte de Teerã através de importantes meios técnicos e humanos na República Islâmica.

Este regime de inspeções segue essencialmente o Protocolo Adicional ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que Teerã aceitou assinar novamente no âmbito do acordo, depois de sua saída em 2006.

Enquanto o Irã não modificar sua posição a respeito deste protocolo, as inspeções dos especialistas da AIEA não mudarão, segundo o texto.

"O Irã continua submetido às inspeções da AIEA e todo o mundo saberá exatamente o que acontece", destacou Robert Kelley, do Instituto Internacional de Estocolmo de Estudos para a Paz (SIPRI).

A AIEA certificou até o momento que Teerã respeitava seus compromissos, segundo o acordo.

O Irã limitou seu estoque de água pesada ao máximo de 130 toneladas e suas reservas de urânio enriquecido (UF6) a 300 kg.

Os presidentes da França, Emmanuel Macron, e da Rússia, Vladimir Putin, anunciaram nesta quinta-feira, 24, em São Petersburgo, a intenção de lançar "iniciativas comuns" para manter o acordo nuclear do Irã e obter a paz na Síria e na Ucrânia. Ambos criticaram ainda a decisão de Donald Trump de cancelar a cúpula com a Coreia do Norte, o que põe em risco o esforço de desnuclearização da Península Coreana.

Macron e Putin encontraram-se às margens do Fórum Econômico de São Petersburgo, que contou ainda com a participação do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe. A segunda reunião bilateral entre os dois desde 2017 - a primeira foi em Versalhes - ocorreu em meio ao crescente isolacionismo dos EUA, especialmente sobre o acordo nuclear iraniano.

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Nos bastidores, Putin considera o presidente francês como o atual líder das democracias ocidentais, enquanto Macron vê o russo como o líder da "Europa iliberal". Por isso, segundo diplomatas russos e franceses, ambos pretendem construir um diálogo para contornar o isolacionismo americano.

"O momento em que vivemos impõe que nossos países possam tomar iniciativas comuns", afirmou Macron, durante entrevista coletiva realizada no Palácio de Constantino, centro do poder da antiga capital imperial russa.

Cúpula

Pouco antes, Macron e Putin haviam recebido a informação do cancelamento da cúpula entre Trump e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un. Ambos criticaram a suspensão do encontro. "A Rússia lamenta a decisão (americana). Nós contávamos que seria o início da desnuclearização da Península Coreana", afirmou Putin, que defendeu o ditador norte-coreano.

"Kim Jong-un fez tudo o que tinha prometido. Nós esperamos que o diálogo possa recomeçar e continuar. Sem esse encontro, dificilmente poderemos esperar progressos na desnuclearização da Península Coreana. Vamos trabalhar para aproximar as posições americanas e coreanas."

Em sintonia com Putin, Macron pediu diálogo sobre o desmantelamento do programa nuclear da Coreia do Norte. "Queremos que o processo de redução de tensão e a desnuclearização possam continuar, que a comunidade internacional possa desempenhar seu papel", afirmou o francês.

O tema de maior convergência entre os dois presidentes, no entanto, foi o Irã. "Desejo que o Irã continue plenamente engajado no acordo nuclear e não retome nenhuma atividade", disse Macron, satisfeito com as últimas informações transmitidas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), segundo a qual Teerã continua respeitando o tratado. "Temos a vontade comum de preservar o acordo, que me parece ser útil para a segurança regional", reiterou Mácron.

Putin confirmou que o Kremlin também pretende fazer com que o acordo seja respeitado, mesmo após a retirada dos Estados Unidos.

"Pessoalmente, eu assegurei (a Macron) que o Irã está cumprindo todas suas obrigações", declarou o presidente russo. "Consideramos bem-vindos os esforços do Irã e da Europa para preservar esse acordo, embora acredite que esta seja uma missão muito difícil." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, pediu que a União Europeia vá além do apoio político ao acordo nuclear, também elevando investimentos no país. As declarações foram veiculadas pela imprensa estatal.

De acordo com a TV estatal, Zarif, que se reuniu com o comissário da UE para Ação Climática e Energia, Miguel Arias Cañete, neste domingo em Teerã, disse que o apoio político europeu "não é suficiente". "A União Europeia deve adotar medidas práticas para a cooperação econômica com o Irã e elevar investimentos", afirmou o ministro.

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A chefe da política externa da UE e os ministros das Relações Exteriores de Reino Unido, França e Alemanha se comprometeram nos últimos dias a manter o trabalho conjunto para salvar o acordo nuclear de 2015, mesmo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desistir do pacto e prometer impor sanções econômicas duras contra o Irã. Fonte: Associated Press.

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