Tópicos | Agência Mundial Antidoping

Nesta semana a Agência Mundial Antidoping (Wada, sigla em inglês) decidiu banir a Rússia das principais competições esportivas pelos próximos quatro anos. O motivo seria uma suposta manipulação nos dados fornecidos pelo laboratório antidopagem de Moscou à Wada. Se a sanção for confirmada, os russos estariam fora de eventos como os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, a Copa do Mundo de Futebol de 2022 e os Mundiais de Vôlei, também em 2022. A decisão ainda pode ser revista pela Corte Arbitral do Esporte, mas não deixa de ser mais um duro golpe na já manchada reputação do esporte russo.

Caso a punição seja de fato aplicada, os torneios olímpicos (vôlei de quadra e de praia) perderiam uma potência. Nas areias, vem da Rússia a atual dupla campeã mundial de vôlei de praia, Viacheslav Krasilnikov e Oleg Stoyanovskiy. Nas quadras os russos formam uma das mais tradicionais escolas da modalidade. No masculino, se contarmos o período da extinta União Soviética, são quatro medalhas de ouro olímpicas, a última delas já como Rússia, com uma virada inacreditável sobre o Brasil nos Jogos de Londres, em 2012. As mulheres também colecionam quatro medalhas douradas, todas conquistadas ainda na época da URSS.

##RECOMENDA##

A resolução emitida pela Wada abre a possibilidade para que atletas russos, que consigam provar que estão limpos de doping, possam participar de competições sob uma bandeira neutra. Ainda é cedo para dizer, mas é possível que tenhamos as equipes russas nos Jogos Olímpicos competindo com uniformes neutros, sem direito a hino nem a bandeira hasteada. A Federação Internacional de Vôlei (FIVB) não se pronunciou sobre o caso.

A medida é extrema e polêmica. Barrar os russos da Olimpíada seria comprar uma briga com um dos principais mercados de vôlei no mundo. Pela tradição e força na história da modalidade, não creio que a FIVB vá bancar a exclusão, do torneio olímpico do Japão, de nomes como o da excepcional Nataliya Goncharova e do experiente levantador Sergey Grankin.

O talentoso, e problemático, Ngapeth

O francês Earvin Ngapeth é um dos grandes nomes do vôlei masculino na atualidade. Basta procurar no Youtube algum dos inúmeros vídeos que mostram suas jogadas inusitadas e habilidosas, além de uma personalidade irreverente e um tanto explosiva. Nos últimos anos o ponteiro ajudou na evolução da França, que se tornou um time com grande potencial (mesmo decepcionando em Jogos Olímpicos e em Mundiais). Pois o mesmo talento que Ngapeth exibe dentro das quadras, ele tem para se meter em encrencas. A última delas foi nesta semana aqui no Brasil.

Depois de participar do Mundial de Clubes de Vôlei, em Betim, defendendo o Zenit Kazan, da Rússia, o jogador francês foi parar atrás das grades. Ele estava em uma boate na noite de domingo e deu um tapa nas nádegas de uma mulher dentro do recinto. Imagens divulgadas pelo portal de notícias G1 mostram de forma clara a atitude lamentável do atleta. A mulher abusada prestou queixa e o jogador foi preso por importunação sexual. Na terça, ele pagou fiança de R$ 50 mil. Agora, vai responder ao processo em liberdade. Em nota divulgada por seu advogado, o jogador se disse profundamente arrependido, pediu desculpas à mulher assediada e disse que a confundiu com uma conhecida. Após ser solto, Ngapeth chegou à Bélgica a tempo de participar da estreia do Zenit Kazan na Champions League de vôlei na última quarta.

Este não foi o primeiro caso policial envolvendo o ponteiro. Em 2015 (ano em que a França foi campeã da extinta Liga Mundial), Ngapeth foi detido pela polícia francesa e posteriormente condenado a três meses de prisão ao ser acusado de bater no condutor de um trem. O jogador pagou multa e não precisou cumprir a pena. No mesmo ano, ele atropelou três pedestres em uma estrada de Modena, na Itália, e não parou para prestar socorro. Um ano antes, em 2014, Ngapeth já havia sido detido após brigar em uma boate. Isso sem contar os casos de indisciplina dentro da seleção francesa.

Ngapeth é um jogador experiente, extremamente talentoso e ainda pode ajudar a França a voltar a figurar no pódio das principais competições do mundo. Mas é preciso que se esforce para não ser mais lembrado nas páginas policiais do que nas esportivas.

Uma equipe da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) já está no Rio de Janeiro para avaliar a crise no laboratório na cidade que seria usado para a Olimpíada e que, na semana passada, foi suspenso pela entidade. Uma das propostas sobre a mesa é de que a Wada envie uma equipe internacional para substituir funcionários nacionais durante o evento.

Na última quarta-feira, o Ministério do Esporte decidiu trocar o comando da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) após a suspensão do laboratório brasileiro pela Wada. Marco Aurélio Klein, que estava no cargo desde 2014, foi tirado e para seu lugar foi escolhido o ex-judoca Rogério Sampaio. Ele pertence ao mesmo partido do ministro Leonardo Picciani, o PMDB, mas garantiu que a mudança não tem relação política.

##RECOMENDA##

No início da semana, a Wada confirmou que uma missão seria enviada ao Rio, mas se recusou a dar datas. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo apurou, os técnicos já estão no Brasil e uma visita oficial será feita na próxima semana.

Uma das alternativas para salvar o local que custou R$ 188 milhões de recursos públicos seria a de trocar os funcionários nacionais por um grupo mais experiente de técnicos, importados de outros laboratórios e da Wada, com sede no Canadá. A entidade avalia se essa troca poderia ser feita a tempo e se ela representaria de fato uma mudança nos procedimentos usados no Brasil.

A Wada, porém, corre contra o relógio, já que faltando 35 dias para o início dos Jogos Olímpicos, poucos dentro da entidade se atrevem a dizer que a recuperação do credenciamento é algo ainda viável. Os problemas se acumulam dentro da entidade, com o dossiê dos atletas russos e quenianos ainda para ser solucionado e um informe sobre o papel do governo de Moscou que está programado para ser apresentado no dia 15 de julho.

A UFRJ, onde está localizado o LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem), negou que técnicos da Wada já estejam no laboratório brasileiro. Ela também avisou que o funcionamento não estará condicionado à supervisão de especialistas estrangeiros e que apenas receberá colaboradores. "A participação de colaboradores é um procedimento de praxe nos laboratórios de controle de dopagem durante as competições olímpicas e o laboratório conta com consultores de um dos mais importantes laboratórios do mundo", disse.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando