O argentino Alejandro Burzaco voltou nesta sexta-feira a comprometer o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, no seu quarto dia de depoimento no processo da Justiça dos Estados Unidos contra ex-mandatário da entidade, José Maria Marin, preso desde 2015. O empresário disse ao júri, no Tribunal do Brooklin, em Nova York, que ambos se comportavam como "irmãos siameses", mas que era Del Nero que, de fato, dava as cartas na entidade.
"Eles sempre apareciam juntos na Conmebol. Mas o Del Nero era quem tomava as decisões enquanto o Marin se encarregava dos discursos. Seria como se Del Nero fosse o presidente e Marin, o rei", comparou Alejandro Burzaco em trecho do depoimento.
##RECOMENDA##A declaração do empresário argentino, ex-diretor da empresa Torneos y Competencias - que negociava direitos de transmissão de competições organizadas pela Conmebol -, e uma das principais testemunhas de acusação no processo contra Marin, vai ao encontro do que pretendem os advogados do ex-presidente da CBF - minimizar sua atuação à frente da entidade, tentando convencer os jurados dos Estados Unidos de que quem tomava as decisões era Del Nero.
Na última segunda-feira, ao falar no Tribunal do Brooklin, Charles Stillman, um dos advogados de Marin, disse que ele, enquanto esteve na CBF, era como uma criança, que servia apenas para completar o time, mas que não participava de fato do jogo.
Alejandro Burzaco, porém, afirmou, em depoimento anterior, ter pago US$ 2,7 milhões de propina a Marin. Disse também ter feito pagamentos a Ricardo Teixeira (US$ 600 mil/ano) e que Del Nero queria receber US$ 1,2 milhão a partir do momento que assumisse a presidência da CBF.
A defesa de Ricardo Teixeira não foi localizada. Marco Polo Del Nero já havia divulgado nota em que "nega, com indignação, que tivesse conhecimento de qualquer esquema de corrupção supostamente existente no âmbito das entidades de futebol" a que Alejandro Burzaco se referiu em audiência.