Para evitar um desequilíbrio ecológico, micos-leões-da-cara-dourada que vivem em áreas de Mata Atlântica de Niterói, São Gonçalo e Maricá, na Região Metropolitana do Rio, estão sendo capturados com armadilhas especiais, que não machucam, e transferidos para um de seus hábitats naturais, no município baiano de Belmonte. Já foram capturados 104 animais, de uma população estimada em cerca de 200 micos.
Os micos-leões-da-cara-dourada estão ameaçados de extinção e foram parar no Estado do Rio devido ao tráfico de animais. Os primeiros animais foram identificados na região em 2002, no Parque Estadual da Serra da Tiririca. A procriação desse grupo ameaça os micos-leões-dourados, que moram na mesma região, de onde são originários, e também estão sob risco de extinção. As duas espécies disputam os mesmos alimentos (frutos e insetos) e usam locais idênticos para dormir. Por serem do mesmo gênero (Leontopithecus), os micos podem se acasalar, dando origem a híbridos que potencialmente ocupariam a área e representariam nova ameaça ao mico-leão-dourado, devido à competição direta e à introdução de novas doenças.
##RECOMENDA##"Quando se fala em ameaça aos animais, sempre pensamos em desmatamento, queimadas, caçadores. Nesse caso o risco se deve à presença de uma espécie parecida com a nativa, que não chegou voluntariamente à região, mas disputa os mesmos recursos. Se não tirarmos os micos-leões-da cara-dourada desse ambiente, as duas espécies vão desaparecer", diz o secretário estadual do Ambiente do Rio, Carlos Minc.
O recolhimento dos micos, realizado pela ONG Instituto Pri-Matas, começou em junho de 2012. Como os animais vivem em matas perto de concentrações urbanas, têm contato com lixo, animais domésticos e moradores, que chegam a alimentar os micos. Por estarem sujeitos a doenças de humanos, os animais precisam ser submetidos a exames de saúde e a uma quarentena. Os micos passam 30 dias no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, órgão do Instituto Estadual do Ambiente em Guapimirim, na Região Metropolitana. Ali eles fazem exames de saúde antes de serem levados à Bahia.
Os micos saudáveis são acomodados para o transporte (cada família em uma caixa) e levados de avião a Belmonte, onde ocupam uma área de Mata Atlântica protegida. Rádios-colares são instalados em alguns animais para monitoramento. Os gastos com exames e transporte são custeados por um grupo de empresas e instituições que participam do projeto.
Dos 104 animais capturados, 66 já foram encaminhados para a Bahia, 17 estão fazendo exames e 21 estão em tratamento médico. O Instituto Pri-Matas avalia que até o fim do ano todos os animais devem ser capturados. No início deste mês foram observados os primeiros filhotes dos grupos soltos na Bahia, uma indicação de que a adaptação dos micos-leões-da-cara-dourada foi bem sucedida.