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O governo irá lançar um título público chamado Tesouro RendA+, para funcionar como uma aposentadoria adicional. Com aporte a partir de R$ 30, ele poderá ser comprado por pessoas físicas a partir de 30 de janeiro, pela internet, por Pix. O título promete ao investidor rentabilidade acima da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, o investimento pode ser vantajoso pela facilidade e pelo baixo risco.

Líder de renda fixa da XP Investimentos, Camilla Dolle afirma que essa aplicação atende a uma necessidade dos investidores. "Muita gente já buscava uma opção no Tesouro para a aposentadoria. A alternativa que existia era o Tesouro IPCA+, mas o papel não era próprio para isso", diz.

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Já o analista de renda fixa e sócio da Quantzed, Ricardo Jorge, vê potencial de adoção do novo título por pessoas com pouco conhecimento na área, o suficiente para fazer investimentos em programas de aposentadoria, como previdências privadas. "O investidor poderá aplicar seus recursos de uma maneira muito simples, sem que tenha de ficar lendo contratos, pesquisando regulamentos, entendendo e comparando rentabilidades", diz.

Apesar da facilidade, os especialistas apontam que não é possível afirmar que o Tesouro RendA+ seria melhor ou pior que a opção por algum tipo de previdência privada, sendo necessário avaliar caso a caso. Porém, alguns pontos pesam mais contra do que a favor do RendA+ ante a previdência.

"A desvantagem clara do título do Tesouro é em relação à tributação. O investidor não poderá deduzir o valor investido no Imposto de Renda, como acontece na previdência, e o imposto cobrado sobre o rendimento será de 15%, ante 10% da previdência (após dez anos da aplicação)", diz a analista independente de fundos de investimento e previdência Luciana Seabra. Ela também chama atenção para a questão da sucessão patrimonial. "Pela previdência, o dinheiro é liberado rapidamente e, em alguns Estados, não há cobrança de imposto."

Para o professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV) Pierre Oberson de Souza, o novo título de investimento não deve desafogar o INSS, funcionando apenas como uma forma de complemento da renda paga pelo governo, sem substituí-la. Porém, se o Tesouro Nacional conseguir estimular o hábito de investir para a aposentadoria, diz ele, o País pode enfrentar menos problemas sociais no futuro.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Datafolha divulga nesta quinta-feira, 22, uma nova rodada da pesquisa de intenção de voto para presidente. O levantamento é o maior realizado pelo instituto desde o início da campanha, serão 6.754 pessoas entrevistadas presencialmente em todos os Estados do País.

Na última pesquisa, realizada no dia 15, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha 45% das intenções de voto ante 33% de Jair Bolsonaro (PL). Ciro Gomes (PDT) tinha 8% e Simone Tebet (MDB), 5%.

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Especialistas ouvidos pelo Estadão acreditam que o novo Datafolha deve seguir a tendência apontada pelas demais pesquisas realizadas na última semana - um cenário de estabilidade.

Para o cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a pesquisa deve indicar uma oscilação de Lula dentro da margem de erro. "Acontece que, de margem em margem de erro, ele chega próximo aos 50% necessários para decidir a eleição já no primeiro turno", afirma.

O professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto afirma que o levantamento pode confirmar um viés positivo para Lula. "Os números não têm se alterado, mas os sinais sim. Há uma maior pré-disposição para Lula. Isso tende a energizar a base petista."

Na última terça-feira, 20, Lula se reuniu com oito ex-presidenciáveis, entre eles o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, e ressaltou a importância do "voto útil" no primeiro turno contra o atual presidente.

Teixeira entende que a pergunta a ser respondida pela pesquisa é: a eleição termina no primeiro ou teremos um segundo turno? "Ao que tudo indica, o discurso do voto útil afetou levemente o eleitorado. Porém, qualquer efeito residual pode decidir essa eleição já no primeiro turno."

Barreto também não acredita que a pesquisa indicará uma grande movimentação de eleitores de Simone e Ciro, mas que Lula pode crescer graças aos indecisos. "Os votos que estão em jogo são os dos indecisos e dos eleitores da chamada terceira via. É pouco provável que Lula tire votos de Bolsonaro ou vice-versa."

É também o primeiro levantamento do Datafolha a avaliar os impactos que as visitas de Jair Bolsonaro ao funeral da Rainha Elizabeth II e seu discurso na Assembleia-Geral da ONU podem ter tido no eleitorado brasileiro.

Teixeira, no entanto, não acredita que tais movimentações do presidente devam alterar o cenário eleitoral. "A repercussão foi negativa. Ele transformou esses eventos em um novo 7 de Setembro, mas as pesquisas indicam que o 7 de Setembro mais tirou do que ajudou ele." Barreto também não crê que os atos internacionais do presidente irão influenciar o eleitor. "Seja dentro ou fora do País, Bolsonaro é o mesmo."

Teixeira ainda entende que haverá outras tendências se consolidando, como Lula estancando a perda de votos do público evangélico, a volta do crescimento do petista com o público jovem e a consolidação de Bolsonaro na classe média alta, sobretudo na região Sul.

A prática do Congresso de excluir cidades sem padrinhos políticos da partilha de verbas federais é ilegal. Ao longo dos últimos quatro anos, os parlamentares têm ferido a Constituição e as leis orçamentárias ao aceitar que políticos ignorem cidades onde não tiveram votos na destinação dos recursos. É o que dizem especialistas em contas públicas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. Eles ressaltam que a divisão do dinheiro da União precisa priorizar lugares menos desenvolvidos e deixar de lado critérios meramente eleitorais.

A série de reportagens "Desertos políticos", publicada no fim de semana pelo jornal, mostrou que as prefeituras de cidades que concentraram seus votos em candidatos derrotados à Câmara dos Deputados, nas eleições de 2018, receberam, de lá para cá, menos recursos de emendas parlamentares de todos os tipos. Assim, 13 milhões de pessoas que vivem nas 522 cidades do País foram penalizadas com menos verbas e políticas públicas.

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O texto da Constituição determina que os repasses da União precisam ser feitos de forma a diminuir desigualdades regionais, e não aumentá-las. Também estabelece como um dos objetivos da República a diminuição dessas desigualdades. Já a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) determina que a ajuda a Estados e municípios priorize aqueles menos desenvolvidos - o que não vem acontecendo.

Professora da administração pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, Élida Graziane diz que a distribuição de verbas por critérios meramente políticos contraria não só a Constituição e a Lei de Diretrizes Orçamentárias - mas também várias políticas setoriais, como as de saúde e educação. "A legislação da Educação, por exemplo, tem um Plano Nacional de Educação (PNE) a ser cumprido. A Saúde tem uma lei orgânica (a Lei Orgânica do SUS, de 1990) e a lei do Piso (a Lei Complementar 141), que não deixam gastar fora do planejamento."

Ela afirma que o Legislativo acaba cometendo uma "dupla ilicitude". "Além da falta um critério racional para o gasto; essas leis de planejamento são pactuações políticas. É o Congresso desrespeitando a lei que ele mesmo aprovou num diálogo com o Executivo. É ilegal, porque estamos esvaziando essas outras leis, que guiam essas políticas públicas", afirma Élida Graziane. "É como se estivéssemos presos no curtíssimo prazo eleitoral. A gente não consegue pactuar nem sequer 2023, que é daqui a quatro meses", ressalta. "Não temos horizonte de futuro nem de quatro meses, quiçá de quatro anos, como determina o Plano Plurianual (PPA)."

Penalização

Nos municípios que deram 25% ou mais dos votos para candidatos a deputado federal derrotados, a diferença de verbas recebidas chega a R$ 11,46 a menos, por habitante em relação a outras cidades. Num município de 30 mil habitantes, isso significa R$ 330 mil a menos por ano - o suficiente para comprar um ônibus escolar rural licitado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Nas eleições de 2018, essa situação aconteceu em 522 cidades, onde vivem quase 13 milhões de pessoas. Juntas, estas cidades possuem um território equivalente aos Estados de São Paulo e da Bahia juntos e uma população maior que a do Paraná. Embora o fenômeno ocorra em todo o País, as maiores concentrações estão no sudoeste do Piauí, na área central de Goiás, no sudoeste da Bahia, no Bico do Papagaio - entre Tocantins, Maranhão e Pará -, no leste e no norte de Mato Grosso.

Para o economista Gil Castello Branco, criador da ONG Contas Abertas, a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostra como as emendas parlamentares estão sendo usadas para "agravar as desigualdades regionais, ao invés de reduzi-las". "A distribuição bilionária, sem critérios técnicos, dos recursos das emendas de relator é promíscua e tem objetivo meramente eleitoreiro. Serve, apenas, para irrigar os currais eleitorais dos políticos governistas", diz ele.

O especialista critica ainda o uso do orçamento secreto para cooptar parlamentares. "Além de distorcer as políticas públicas é inconstitucional e fere frontalmente a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei Complementar 141 (que regula os investimentos em saúde)".

O advogado e doutor em direito Irapuã Santana afirma que a exclusão de cidades que votaram em candidatos "errados" contraria a Constituição em um outro ponto: ela vai contra um dos objetivos fundamentais da República, que é o de reduzir as desigualdades regionais. "Não é que estamos deixando de observar a redução das desigualdades. Na verdade estamos aumentando as desigualdades regionais. E isso aí vai contra, diretamente, um objetivo fundamental da República, que está no Art. 3º da Constituição", diz ele. "Se, sistematicamente estamos indo contra aquilo que a Constituição estabelece como um objetivo, isso tem outro peso." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A facilidade de uso do sistema de pagamentos nacional Pix, desenvolvido pelo Banco Central, é uma vitrine do Brasil também no universo dos criptoativos. Essa foi uma das conclusões do painel sobre o ecossistema brasileiro de ativos digitais no evento EthereumRio, que ocorre no Rio de Janeiro nesta semana e vai até 20 de março.

Segundo Rocelo Lopes, CEO da SmartPay Pagamentos Digitais, o Pix mostrou como é fácil a transferência de valores entre pessoas e que é possível pagar com QR Code, o que ajuda a explicar para quem não conhece como é o mundo cripto, sem intermediação bancária, por exemplo.

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Da mesma forma, surgem oportunidades de novos negócios para desenvolvedores de aplicativos, no sentido de facilitar o investimento em criptomoedas.

"Se startups e jovens desenvolvedores criarem aplicativos e produtos tão fáceis como o Pix para o uso de cripto, isso nos dará uma vantagem enorme como brasileiros em relação a qualquer outro país", afirmou Lopes.

Outro ponto de interseção entre o Pix e o universo cripto, como lembrou Safiri Felix, diretor de Produtos e Parcerias da Transfero, é exatamente quanto a CBDCs, as criptomoedas emitidas por bancos centrais. "CBDC tem grande futuro no Brasil. E a regulação traz mais segurança para os investidores", disse.

Nessa questão de regulação, sempre polêmica, o painelista Lopes acredita que "ainda é cedo" de maneira geral, mas que alguns ativos precisam mais de regulação que outros, por exemplo, no caso dos tokens. "Em 20 minutos você consegue colocar qualquer ativo à venda na forma de um token, o que pode ser muito perigoso."

Para Andre Franco, head de research do Mercado Bitcoin, falta estímulo ao ecossistema local, de modo que os empreendedores não sintam necessidade de recorrer necessariamente ao exterior para desenvolver negócios na área cripto. "Precisamos desse mercado aqui, há muitas oportunidades para empreender. É preciso ver cripto como investimento, não penas cotação", concluiu.

Vladimir Putin pretende realmente usar armas nucleares em sua guerra contra a Ucrânia? A escalada sem retorno parece distante da realidade do conflito, mas as ameaças fazem parte da lógica da tática recente do presidente russo.

Analistas e especialistas ocidentais consultados pela AFP neste domingo acreditam que as declarações de Putin sobre o alerta da dissuasão nuclear é puro blefe, mas, ao mesmo tempo, um jogo perigoso que mostra a sua frustração diante da resistência militar ucraniana.

- Verdadeira ameaça falsa -

O presidente russo disse que havia ordenado "colocar as forças de dissuasão em alerta especial de combate", o que gerou fortes protestos no Ocidente. Mas os especialistas lembraram que parte dos arsenais nucleares, tanto da Rússia quanto da Otan, está permanentemente pronta para o uso imediato.

"Eles podem ser ativados em 10 minutos", ressaltou Marc Finaud, especialista do Centro de Políticas de Segurança de Genebra (GCSP). "São ogivas já colocadas em mísseis (em terra ou submarinos), ou são bombas que já estão a bordo" de aviões de ataque.

Em artigo publicado recentemente no "Boletim dos Cientistas Atômicos", os especialistas Hans Kristensen e Matt Korda afirmam que cerca de 1.600 ogivas nucleares estão instaladas e prontas para o uso. "Como as forças estratégicas russas estão sempre em alerta, a verdadeira pergunta é se prepararam mais submarinos ou armaram os bombardeiros", tuitou Kristensen neste domingo.

- Dobrar a aposta -

Os analistas evocam em uníssono um passo à frente provocado pela situação militar. "Há uma frustração russa com a resistência ucraniana", observou David Khalfa, pesquisador da Fundação Jean Jaurès, em Paris. Em última análise, o perigo para Putin não é entrar em um confronto de alta intensidade, "mas uma lógica de guerrilha urbana, com alta probabilidade de baixas do lado dos soldados russos".

Eliot Cohen, especialista do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) em Washington, também acredita que Moscou tenha subestimado a capacidade de resistência da Ucrânia.

"O fato de eles não terem superioridade aérea é bastante revelador", comentou o especialista. "Começamos a ver a fragilidade no campo de batalha. Não foram capazes de ocupar uma cidade e mantê-la."

- Objetivo político -

Nesse contexto, e à medida que a ajuda e as doações ocidentais fluem para a Ucrânia, as declarações de Putin parecem um desejo de minar a solidariedade de seus adversários.

"Putin é um jogador, alguém que se arrisca. Tenta nos testar psicologicamente", diz Eliot Cohen. "O aspecto psicológico é fundamental", confirma David Khalfa, destacando a tentativa do presidente russo de "dissuadir os ocidentais de irem além nas sanções econômicas".

Segundo o pesquisador, “o mundo inteiro se une à bandeira ucraniana e há esse desejo de abrir uma brecha entre os governos da aliança e a opinião pública ocidental. Mas na opinião de todos que conheceram Putin, ele se isolou, preso em uma lógica paranoica. É um pouco preocupante, é impossível ler sua estratégia".

- Princípio russo de dissuasão -

As verdadeiras intenções do chefe de Estado russo se tornam ainda mais ilegíveis porque essas declarações contradizem a doutrina russa de dissuasão.

Em junho de 2020, lembram Hans Kristensen e Matt Korda, Putin havia aprovado os "princípios básicos", com quatro cenários que justificavam o uso do armamento nuclear: lançamento de mísseis balísticos contra a Rússia ou um aliado, uso de arma nuclear por um adversário, ataque a um sítio de armas nucleares ou agressão que ponha em risco "a própria existência do Estado". Nada disso acontece hoje.

Quanto ao seu posicionamento internacional, a Rússia havia assinado em janeiro, com os outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, China, França e Grã-Bretanha), um documento no qual reconhecia que "não se pode vencer uma guerra nuclear" e insistia em que "enquanto essas armas existirem, elas devem servir a fins defensivos, dissuasivos e de prevenção de guerras".

As declarações de Putin mostram "a ambiguidade, senão a hipocrisia, desse tipo de declaração", lamentou Marc Finaud. Mas mesmo que o apocalipse não esteja no roteiro do que acontece na Ucrânia, “sempre existe o risco de erro ou falha, de má interpretação, ou mesmo de manipulação. E esse risco hoje é muito elevado”, ressaltou o especialista.

A Covid-19, que abalou o planeta e criou novas necessidades na área de saúde, mudou totalmente o setor farmacêutico? Embora alguns laboratórios tenham vencido, a pandemia não alterou tanto o panorama.

Certamente existe um "antes e depois" da Covid na indústria farmacêutica, afirmam os analistas do setor.

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"Há 18 meses se criou um mercado que representa 60 bilhões de dólares. E o bolo é dividido principalmente entre três atores", explica Loïc Plantevin, analista em saúde da consultoria Bain & Company.

Entre os três pilares figura a americana Pfizer, que no ano passado era o oitavo laboratório do mundo em termos de receita, de acordo com o site Fierce Pharma.

Com 42 bilhões de dólares, a empresa estava longe da líder, a também americana Johnson & Johnson (US$ 82 bilhões, entre as atividades exclusivamente farmacêuticas e as marcas gerais, como os curativos) ou da suíça Roche (US$ 62 bilhões).

Mas o coronavírus provocou uma disparada nas vendas do grupo. A Pfizer prevê que a vacina com tecnologia de RNA mensageiro desenvolvida em parceria com a alemã BioNTech permitirá alcançar 36 bilhões de dólares de receitas este ano.

"Há muitos anos não era registrado um crescimento assim de um laboratório farmacêutico consolidado", comenta Sel Hardy, analista do centro de pesquisas CFRA.

Como a BioNTech, o laboratório americano Moderna mudou totalmente de categoria: nunca havia comercializado nenhum produto e agora pode ter uma receita de entre 15 e 18 bilhões de dólares em 2021 graças a sua vacina de RNA mensageiro.

A nível global, a covid alterou o setor das vacinas, que até agora era dominado por quatro gigantes: as americanas Pfizer e Merck Sharp & Dohme (MSD), a britânica GSK e a francesa Sanofi, que antes da pandemia concentravam 90% do mercado em valor, de acordo com a EvaluatePharma.

Mas com a covid-19 emergiram pequenos laboratórios, como Moderna, BioNTech, além de Novavax ou Valneva.

Para os tratamentos, no entanto, nenhuma destas empresas menores conseguiu uma boa posição. Mas para quem conseguir desenvolver um produto, a receita pode ser astronômica.

A MSD prevê até o fim de 2022 um faturamento de até 7 bilhões de dólares em vendas de seu comprimido antiviral, o molnupiravir. Outro grupo americano, Gilead Science, registrou no terceiro trimestre vendas de quase 2 bilhões de dólares do antiviral remdesivir.

- Pressão nos preços -

Novamente, nem Sanofi ou Novartis figuram entre os mais adiantados. Isto quer dizer que o panorama mudou? "Embora algumas empresas como Roche, Novartis, Sanofi e GSK não estejam na linha de frente das vacinas ou dos tratamentos contra a covid-19, é difícil dizer que perderam", afirma Mikaela Franceschina, analista da Third Bridge.

Ela explica que os grandes laboratórios "concentraram os recursos em outros âmbitos, nos quais podem criar valor. Cada um destes atores encontrou seu espaço e triunfou em várias doenças".

A respeito da covid, ainda é muito cedo para determinar se campanhas anuais de vacinação serão necessárias, como a gripe.

Loïc Plantevin afirma que "no mercado dos tratamentos, as coisas não mudaram tanto: por exemplo, os hipertensos sempre precisam de medicamentos".

Na Europa, as receitas das empresas farmacêuticas "permanecem relativamente estáveis em comparação ao ano passado", afirma a agência de análise de mercados Scope Ratings em um relatório.

Também é necessário observar se a tecnologia de RNA mensageiro, que se estava sendo desenvolvida há anos sem grande sucesso, servirá para outras aplicações.

BioNTech e Moderna "têm a chance de entrar para o clube das 'big pharma' caso invistam o dinheiro em outras especialidades médicas, como a oncologia, a imunologia...", afirma a Scope Ratings.

E outro elemento que poderia impactar as receitas dos grupos farmacêuticos, segundo Loïc Plantevin, é que o "custo de saúde representado pela covid terá que ser absorvido de uma forma ou outra".

"Isto criará uma forte pressão das autoridades de saúde sobre os preços dos tratamentos menos inovadores", prevê.

Em regra, quando a taxa básica de juros do País sobe, os investimentos em renda fixa ganham mais atratividade. Mas, apesar de o Banco Central (BC) ter aumentado a Selic pela terceira vez consecutiva, os analistas afirmam que o ambiente ainda não é favorável para o investidor de renda fixa, já que a inflação está acelerada. Por isso, eles dizem que os melhores investimentos continuam sendo em renda variável, como ações na Bolsa, ancorados na expectativa de um forte aquecimento da economia no segundo semestre com a aceleração da vacinação.

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou ontem a Selic em 0,75 ponto porcentual. Com isso, a taxa básica de juros passou a ser de 4,25% ao ano - o maior patamar desde março de 2020. Já a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), chegou a 0,83% em maio e acumula alta de 8,06% nos últimos 12 meses e de 3,22% nos cinco primeiros meses deste ano, segundo o IBGE.

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"Por mais que a gente esteja entrando num ciclo de alta de juros, é o mesmo patamar do início de 2020, ainda baixo se olharmos para nossa história. Abre-se espaço para que o investidor seja ativo em renda variável", disse o analista da Guide Investimento Henrique Esteter.

Entre as apostas dos analistas de corretoras de investimento, estão bancos e exportadoras de commodities, que vêm tendo bom desempenho desde o início de 2021 e tendem a permanecer assim até o fim do ano. Agora, os olhos também estão voltados para setores fortemente afetados pela pandemia, como turismo e varejo de vestuário, porque há espaço para forte recuperação no segundo semestre. Os setores elétrico e de construção civil estão sendo tratados com mais cautela.

"Quando os juros começam a subir, empresas ligadas ao consumo normalmente têm performance mais fraca, porque os consumidores tendem a poupar mais. Só que essas empresas ficaram com o preço em Bolsa tão defasado, por causa da pandemia, que o mercado está olhando com bons olhos no momento", disse Esteter.

Para a analista da MyCap Julia Monteiro, além dos setores de consumo e varejo, que segundo ela vão se beneficiar da extensão do auxílio emergencial e da maior mobilidade para lojas físicas, tudo o que for relacionado a viagens tem potencial positivo. Por isso, ela aposta não só em companhias aéreas como em empresas de aluguel de carro e concessionárias de rodovias.

Por mais que não haja consenso se a crise hídrica vai atingir os investidores de companhias expostas ao setor elétrico, essa pauta está no radar. Esteter recomenda ficar de olho principalmente nas companhias geradoras de energia com maior exposição ao Sudeste - região onde o nível dos reservatórios é crítica.

A renda fixa, porém, não deixa de ter sua importância para a diversificação do portfólio do investidor. Um ponto forte desse tipo de investimento é a liquidez, necessária em momentos de imprevistos, em que o investidor precisa resgatar o dinheiro.

"Não existe uma regra que diga que é sempre bom ter determinado tipo de investimento na carteira, por exemplo. A questão é que há ativos que estão bem em um determinado momento, e outros que não", disse Fábio Gallo, professor de Finanças da FGV-SP.

A recomendação de Rodrigo Beresca, analista da Ativa Investimentos, para os investidores mais conservadores é apostar nos títulos pós-fixados de longo prazo. Esses títulos são corrigidos por algum indexador, que pode ser a Selic, o CDI (Certificado de Depósito Interbancário, a taxa de juros cobrada nos empréstimos entre bancos) ou o IPCA, o índice oficial de inflação do País, que está em alta.

"Títulos pós-fixados no curto prazo ainda apanham. O mais interessante é o investidor manter por mais tempo os atrelados ao CDI ou fazer aportes em títulos que tenham correção pelo IPCA", explicou. Veja o que o analista diz sobre diferentes tipos de investimento:

Poupança

É a menos atrativa da lista de ativos disponíveis no mercado. O ponto positivo é que não há incidência de Imposto de Renda (IR) na hora do resgate. Mas, mesmo assim, ela acaba não sendo atrativa por causa da baixa rentabilidade. Não tem garantido nem a devolução do que o investidor perde com a com a inflação.

CDB

No curto prazo, o CDB (Certificado de Depósito Bancário) pós-fixado atrelado ao CDI não é uma opção interessante, mas no médio e longo prazos (acima de 18 meses), sim. Os atrelados ao IPCA também são interessantes, porque vão corrigir o retorno pela inflação e ainda dar um cupom de juros, gerando um ganho real nessa aplicação.

LCI e LCA

A vantagem desses instrumentos (Letras de Crédito Imobiliário e Letras de Crédito do Agronegócio) é a isenção do IR, portanto, há um retorno maior do que aplicando em outro ativo que não tenha essa opção, como é o caso do CDB. A lógica para as letras é a mesma: mais atrativo se for no longo prazo porque, com a previsão de novos aumentos para a Selic nos próximos meses, o investidor terá mais chance de embolsar um ganho real (acima da inflação).

Fundos DI

Têm retorno baseado no CDI, que segue a Selic. Em momentos de alta dos juros, tendem a ser uma opção interessante. Mas é cobrada uma taxa de administração, o que diminui o ganho final.

Tesouro Direto

Os títulos pós-fixados como a LFT (Tesouro Selic) ou as NTN-B (atreladas à inflação) são os mais interessantes no momento. Os prefixados não são interessantes, por ora.

Fundos imobiliários. Os juros baixos tendem a ser desfavoráveis ao mercado imobiliário e seus respectivos fundos, que podem ser medidos pelo Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (Ifix). Mas o setor anda aquecido e pode ser uma boa alternativa.

Fundos multimercado

São considerados uma porta de entrada para investimentos de maior risco, pois misturam renda fixa com renda variável no mesmo pote e podem se beneficiar tanto de produtos pós-fixados quanto dos atrelados ao IPCA.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O real teve forte recuperação nas últimas semanas, saindo da casa dos R$ 5,60 e chegando perto de R$ 5. Bancos, consultorias internacionais e corretoras locais até veem a moeda americana furando os R$ 5 pontualmente em 2021. Mas, para permanecer neste nível de forma sustentada, será preciso que o governo de Jair Bolsonaro avance com o ajuste fiscal - o que analistas veem como uma dificuldade para o ano que vem.

Bancos como JPMorgan, Citibank, Commerzbank, Morgan Stanley e Bank of America, além de consultorias como a Capital Economics e corretoras, como a Commcor e NGO, veem o dólar acima de R$ 5 nos próximos meses. Mas, com chance do fluxo para emergentes seguir forte, em meio à liquidez sem precedentes no mercado financeiro internacional, o real pode ter apreciação pontual no início de 2021. Cálculos de bancos como o Citibank e da gestora Verde Asset Management indicam que o dólar possa estar 20% acima do preço justo no Brasil.

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"Nossa visão é de patamar de câmbio mais depreciado do que o atual", avalia o economista-chefe no Brasil do banco americano Citi, Leonardo Porto. Para ele, o ruído político deve seguir alto, na medida em que crescem os casos de coronavírus no País. Ele projeta o dólar a R$ 5,43 no fim de 2021, ano em que o governo deve superar o teto de gastos em ao menos em R$ 75 bilhões, prevê o banco.

Se o início da vacinação no Brasil ocorrer no primeiro trimestre de 2021, será fator de comemoração nos mercados. Se ficar para depois, poderá prejudicar a recuperação da arrecadação e da economia do País, avalia o gerente de derivativos financeiros da corretora Commcor, Cleber Alessie Machado Neto. Para ele, o começo do próximo ano tende a ser favorável a ativos de risco por causa da vacinação contra a Covid-19 em andamento em vários países, estímulos fiscais abundantes e juros baixos no mundo. Mas, para o Brasil "surfar" na onda externa positiva, será preciso que o governo consiga aprovar as reformas administrativa e tributária no primeiro semestre e cumprir o teto de gastos.

O sócio e gestor da Verde, Luis Stuhlberger, calcula que o dólar mais justo seria na casa dos R$ 4,20, mas, com a situação fiscal, a moeda opera bem acima desse patamar. Se o governo furar o teto em 2021, o nível do dólar pode subir ainda mais "10% a 15%", disse ele, em evento recente pela internet. Para Stuhlberger, dada a situação fiscal muito frágil do Brasil, furar o teto seria muito ruim, mesmo que isso seja feito de forma provisória.

O economista e sócio-diretor da corretora NGO, Sidnei Nehme, acredita que a taxa de câmbio poderia já ter furado os R$ 5 pela pressão vinda do dólar frágil no exterior e por causa dos juros muito baixos no mundo. Mas ele antevê dificuldades políticas até o começo de fevereiro para implementar reformas e medidas de ajuste fiscal, por causa da eleição às presidências da Câmara e do Senado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Enquanto a Europa volta a se fechar para conter a segunda onda da Covid-19, o Brasil continua estável na primeira, sem previsão de queda ou aumento significativo do número de casos a curto prazo. O caso do Brasil é único no mundo e intriga infectologistas, epidemiologistas e estatísticos. Segundo os especialistas, o País ainda está longe de debelar a primeira onda.

A segunda onda só ocorre depois de um primeiro pico infeccioso agudo, seguido de uma queda considerável no número de casos e mortes, chegando praticamente a zero. Subitamente, há um aumento importante dos registros, superior a 50%. É o que está acontecendo em vários países da Europa, como França, Espanha e Alemanha, que voltaram a anunciar medidas de lockdown para conter a disseminação do vírus.

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O padrão brasileiro é bem diferente. Houve um pico epidemiológico entre junho e julho, seguido de uma ligeira queda e de uma estabilização no número de casos e mortes. Durante alguns meses, o número de mortos girou em torno de mil por dia. Nas últimas semanas está próximo dos 500, patamar considerado ainda muito alto.

"No Brasil todo estamos na primeira onda ainda; tivemos uma queda, mas estabilizamos em níveis muito altos e não conseguimos baixar", explicou o coordenador do projeto Covid-19 Analytics, da PUC-Rio, Marcelo Medeiros, especialista em estatísticas. "Ou seja, seguimos em mar revolto, mas nada indica que teremos uma segunda onda por enquanto."

Na análise de especialistas, o lockdown implementado por diversos países da Europa durante a primeira onda da epidemia foi muito mais radical do que o imposto no Brasil. Essa seria uma explicação para a queda abrupta do número de casos europeus e, agora, para o seu aumento, após um período de flexibilização das medidas de isolamento. No Brasil, além de o lockdown não ter sido tão rigoroso, ele não teria sido eficiente em comunidades de grande densidade populacional, caso das favelas e periferias. A dificuldade de controle passa, também, pela baixa testagem dos casos.

Ápice longo

"No Brasil, não tivemos propriamente um pico, tivemos um ápice longo e uma descida muito lenta", explica Alexandre Naime, chefe do Departamento de Infectologia da Unesp. "Nossa taxa de transmissão continua alta, nosso R é menor do que 1 (ideal), mas ainda está muito próximo de 1, por isso o decréscimo é tão lento."

Para os cientistas, o importante agora seria ampliar consideravelmente a testagem, para localizar as cadeias de transmissão. "Devemos nos preocupar em controlar o que está acontecendo hoje", disse a pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz. "As medidas foram muito relaxadas. Será que precisávamos abrir cinemas, quando se sabe que a transmissão ambiental é crucial?"

O epidemiologista Amílcar Tanuri, do Instituto de Biologia da UFRJ, concorda com a colega. "Temos de monitorar mais os casos e chegar a uma taxa de incidência segura para, por exemplo, liberar as crianças para a escola", disse. "Para poder mos voltar com coisas importantes e sacrificar outras, como ficar em bares até a madrugada."

Especialista em gestão de saúde da UFRJ, Chrystina Barros frisa que cada um deve cumprir o seu papel. "A doença continua se disseminando, precisamos manter os cuidados", afirmou. "Os governos precisam ser coerentes, dar o exemplo e mandar mensagens claras, e a população precisa fazer sua parte, manter o distanciamento, higienizar as mãos e usar máscara."

Formatado à revelia do Planalto, o auxílio emergencial de R$ 600 serviu como respiro para o presidente Jair Bolsonaro entre crises sucessivas. Segundo analistas, o benefício ajudou a melhorar a imagem do chefe do Executivo, sobretudo entre os mais pobres, mas precisa chegar ao fim com uma transição suave, sob pena de corroer o capital político que arrecadou.

Ontem de manhã, Bolsonaro afirmou que "não dá para continuar muito" a liberar o auxílio a trabalhadores informais durante a pandemia do novo coronavírus por causa do impacto da medida na economia. Segundo ele, o benefício custa R$ 50 bilhões mensais. "Começou a pagar a quarta parcela (do auxílio emergencial) e depois tem a quinta. Não dá para continuar muito porque por mês custa R$ 50 bilhões. A economia tem que continuar. E alguns governadores teimam ainda em manter tudo fechado", disse o presidente a apoiadores, ao deixar o Palácio da Alvorada.

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"O auxílio emergencial está permitindo uma estabilidade e, especialmente no Nordeste, um crescimento. Mas não podemos dizer, neste instante, que o crescimento é consistente, isto é, que a aprovação vai superar a reprovação. Ainda é cedo", afirma Adriano Oliveira, cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco.

O Nordeste foi a única região do País em que Bolsonaro perdeu no segundo turno de 2018. Agora, é para onde o presidente direciona agendas com verniz eleitoral. Ele pretende concorrer à reeleição em 2022 e pode usar o auxílio como bandeira.

"Só vai haver ganhos para 2022 se tiver continuidade. Se ficar até dezembro, voltamos para os parâmetros anteriores. À medida que o benefício é retirado, a avaliação pode flutuar", diz Ricardo Ismael, cientista político e professor da PUC-Rio. "Bolsonaro ainda tem rejeição no Nordeste, região ligada ao PT, grata ao ex-presidente Lula. Mas ele começa a falar para esse eleitor."

Como o Estadão mostrou, o governo estuda estender o auxílio emergencial, destinado a trabalhadores informais, desempregados e beneficiários do Bolsa Família, até o fim de 2020. Uma das opções seria pagar R$ 200 por mês, um terço do valor atual. "Claro que foi o Congresso (o responsável pelo auxílio), mas o presidente tinha o poder de vetar e não vetou", disse o deputado Júlio Cesar (PSD-PI), coordenador da bancada nordestina na Câmara.

Prorrogação

Os estudos governamentais para prorrogação do auxílio até dezembro dão sentido às análises. Mas a substituição do benefício emergencial por um novo programa social, batizado de Renda Brasil, é um "grande nó" no governo. Há dúvidas sobre a possibilidade de o programa pretendido como substituto do Bolsa Família sair do papel até o fim do ano.

Coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC-MG, Robson Sávio Reis Souza avalia que o presidente pode ser ajudado por um sentimento de gratidão à autorização do auxílio, estimulado também pelo segmento dos neopentecostais.

"É um fato importante a ser considerado. Um outro é que o governo quer mudar não somente o nome do Bolsa Família, mas agregar outras políticas ao novo benefício. Não diria que teremos uma mudança completa no perfil do eleitorado, de lulista para bolsonarista, mas pode significar a construção de uma base para o presidente nos segmentos mais pobres", disse.

Adversário de Bolsonaro, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), vê melhora na aprovação do presidente em sua região, mas a classifica como momentânea. Segundo ele, Bolsonaro enfrenta legados de programas assistenciais do ex-presidente Lula na região e dificuldades para imprimir um ritmo próprio. "Até agora, Bolsonaro tem um auxílio emergencial temporário. Eu diria que (a melhora na aprovação) é uma situação momentânea. Muito provavelmente ele deve tentar algum tipo de prorrogação. Mesmo com essa perenização, não é suficiente", disse o governador.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O procurador Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, avalia que a demanda das eleições municipais pode sobrecarregar a Justiça Eleitoral, o que - somado à paralisação que ocorreu durante a pandemia - pode fazer com que as investigações sejam postergadas.

Mesmo após a decisão do Supremo Tribunal Federal, ele defende que os casos fiquem na esfera criminal. "Todas as discussões inerentes à eleição vão sobrecarregar a demanda da Justiça Eleitoral, e tudo aquilo que precisava ser examinado por conta dos casos de corrupção fica prejudicado. Os prazos de prescrição vão correndo e aquela tese de prejuízo se fortalece."

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Advogados e especialistas na área de Direito Eleitoral ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo dizem, no entanto, que o número reduzido de denúncias apresentadas até agora não sustenta o temor.

"A Justiça Eleitoral trabalhou na velocidade em que é possível trabalhar, deu as respostas ao problema e os processos estão em andamento", disse o advogado Fernando Neisser, membro da comissão de Direito Político e Eleitoral do Instituto de Advogados de São Paulo (Iasp).

Diogo Rais, professor do curso de Direito da Fundação Getúlio Vargas, concorda. "Se o inquérito não é denunciado, pode ser que ele não esteja pronto - e isso não significa necessariamente ineficiência. Às vezes é rigor e cuidado com ampla defesa", disse. "Essa é a regra do código eleitoral, de 1975. O Supremo reafirmou a legislação, e me estranhou a surpresa." 

Voto por lista, redução do número de partidos políticos, fim da reeleição: não faltam propostas em discussão no Congresso Nacional para mudar o sistema político brasileiro. Só na atual legislatura, 52 proposições foram feitas para trocar alguma coisa na maneira como os brasileiros escolhem seus representantes no Legislativo e no Executivo, segundo levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) a pedido do jornal O Estado de S. Paulo.

Para que uma reforma política seja bem-sucedida, ela deve criar regras que tornem a disputa mais justa entre quem deseja competir e que aumentem a representação da sociedade na política, segundo analistas ouvidos pelo Estadão.

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Na última eleição, 75% dos deputados eleitos eram brancos e 85% são homens. Além disso, mais de um quarto dos parlamentares têm mais de 50 anos e quase um quinto se define como empresário.

Se a sociedade se sentir mais representada, os níveis de confiança na política podem aumentar, ainda de acordo com analistas. Em julho de 2018, pesquisa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) mostrou que oito em cada dez brasileiros não tinham "nenhuma confiança" nos partidos políticos.

Como, então, criar novas regras que melhorem a democracia e o sistema político no Brasil? O jornal O Estado de S. Paulo reuniu cinco cientistas políticos ligados à academia para debater soluções.

'Discutir a inelegibilidade de juízes é crucial'

Claudio Couto, cientista político e coordenador do mestrado em Gestão e Políticas Públicas da FGV

"'Reforma política' é uma expressão muito genérica, que pode contemplar coisas muito diferentes. Reformar pode significar remover ou acrescentar coisas, modificar desenhos num sentido ou noutro. Cada um tem uma reforma política que prefere e que lhe favorece mais. Nos últimos anos, tivemos o sucesso de aprovar modificações importantes nas regras eleitorais, com o fim das coligações proporcionais e o estabelecimento de cláusulas de desempenho para os partidos, o que deve contribuir para alguma redução da fragmentação partidária ao longo dos próximos anos. O melhor nesse caso é manter essas mudanças e aguardar os seus efeitos.

A meu ver, hoje o mais urgente é limitar a politização da Justiça, com atores do sistema de Justiça interferindo na cena político-partidária, com agendas próprias. Para isso, a atual discussão sobre inelegibilidades de juízes, promotores e policiais é crucial. É um debate que tardou muito, mas finalmente chegou. É o mais urgente neste momento."

'É fundamental resgatar confiança do sistema político'

Creomar de Souza, cientista político e professor da UnB

"A crise na representação política não é apanágio do Brasil. Trata-se de um traço comum a regimes democráticos em diferentes latitudes, ainda que suas manifestações concretas possam variar muito. Há uma sensação generalizada de descolamento entre o sistema de representação, em particular os partidos políticos, e as aspirações da maioria dos cidadãos por emprego, renda, segurança, saúde e educação. Em meio à pandemia, essa sensação é aguçada, acarretando aumento da frustração com a política, o que pode abrir caminho para aventuras populistas.

No Brasil, país em que a representação é particularmente débil, a reforma política é ainda mais urgente. Hoje, a palavra-chave não é tanto "mudança", como em 2018, mas a manutenção daquilo que os cidadãos construíram ao longo de suas vidas. Para que isso seja possível como empresa coletiva, será fundamental uma reforma que resgate a confiança no sistema político, garantindo decisões legítimas e políticas públicas eficazes. Sem isso, estaremos condenados a seguir aumentando a frustração com o sistema político e com a própria democracia."

'Participação popular deve aumentar'

Fhoutine Marie, cientista política

 

"Quando falamos de reforma política é importante frisar que não se trata de um processo único, dada a pluralidade de propostas submetidas à Câmara e ao Senado. Além disso, trata-se de propostas relativas a diversos temas, como o voto distrital, redução do número de partidos, parlamentares, entre outros.

No cenário político atual, onde as instituições democráticas correm risco de esvaziamento, é importante observar quais as mudanças estão em pauta e quem está a cargo de conduzir estes processos, se possuem trajetórias idôneas e preocupação com a transparência e ampliação da participação política. É necessário aperfeiçoar os mecanismos atuais da democracia, de modo a conter a disseminação de informações falsas ou de baixa qualidade e evitar que milhares de pessoas sejam novamente impedidas de exercer o direito ao voto, como ocorrido no pleito de 2018. Por isso é extremamente importante que esses assuntos estejam no debate público, para que as mudanças nos mecanismos institucionais transcorram favorecendo o aumento da participação popular na política e da redução da influência do mercado na esfera pública."

'Principal problema é o excesso de partidos políticos'

Mariana Batista, cientista política e professora da UFPE

"Apesar de o momento não ser propício para a discussão de uma reforma política, dado o contexto da pandemia e o papel que o Legislativo vem assumindo com a falta de coordenação do Executivo federal, é necessário pensar numa reforma política no futuro próximo. O principal problema a ser enfrentado é o número de partidos políticos. Não pode ser visto como natural um país sem maiores clivagens linguísticas ou étnicas apresentar um número tão alto de partidos.

A hiperfragmentação é responsável pela falta de clareza para o eleitor quanto às propostas dos partidos e em que se diferenciam, pelo aumento de custos na tomada de decisão no Legislativo e pela fragmentação do apoio ao Executivo e das coalizões eventualmente formadas. Atenção especial deve ser dada aos efeitos da extinção das coligações para eleições proporcionais nas disputas deste ano. Além disso, é preciso levar a sério a questão da representação de mulheres, dados os resultados pífios e os casos de corrupção envolvendo as cotas. No médio prazo, precisamos avançar na discussão sobre o sistema eleitoral e a viabilidade do sistema distrital misto no Brasil."

'Democracia existe para ser plural e inclusiva'

Wallace Corbo, professor da FGV Direito Rio

"Uma reforma política, em qualquer variação que possa adotar, precisa buscar a superação de três problemas centrais ao Brasil. Primeiro, o déficit de igualdade brasileiro. Os diferentes índices sociais demonstram a discriminação extrema que sofrem grupos como as pessoas negras, LGBT+, mulheres, pessoas com deficiência, indígenas e outros. Estes índices estão diretamente relacionados à sub-representação desses grupos nos espaços políticos representativos. Abrir as instituições políticas para estes grupos, seja por novos procedimentos, seja por novas instituições, é essencial para reconhecer suas demandas e transformá-la em direitos e políticas.

Segundo, deve-se atacar o déficit republicano brasileiro. No País ainda marcado pelo patrimonialismo e pelo "você sabe com quem está falando?", uma reforma política deve ser capaz de romper com a apropriação privada do poder, gerando incentivos institucionais para o ingresso de agentes republicanos, a partir de pautas republicanas.

Por fim, uma reforma política é necessária para superar o déficit democrático brasileiro. Não há respostas simples. Uma democracia não existe nem para ser simples, nem barata: existe para ser plural, inclusiva e representativa."

A prisão de Fabrício Queiroz ativa nova "bomba-relógio" no governo de Jair Bolsonaro, com potencial de ser ainda mais perigosa do que as outras investigações envolvendo o presidente e sua família, avaliam cientistas políticos ouvidos pelo Estadão. Para eles, o governo fica ainda mais fragilizado e com nova pendência na Justiça, ao lado de ações como o inquérito das Fake News, a cassação da chapa e a investigação sobre a interferência na Polícia Federal.

"Tudo vai depender dos próximos dias, do que o Queiroz depor. E se ele decide falar de maneira sincera? Do ponto de vista da periculosidade, ele é muito mais perigoso, por exemplo, do que o inquérito das Fake News", avalia Marco Aurélio Nogueira, cientista político e professor da Unesp. Para ele, a prisão mostra que as acusações contra a família de Bolsonaro estão vindo de "vários lados", fechando o cerco ao presidente.

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Apesar da investigação parecer mais nociva para Flávio do que para o presidente, ela certamente trará consequências ao governo, diz o cientista político e professor da FGV de São Paulo Marco Antônio Carvalho Teixeira. "Obviamente o cerco inicial se dará em cima do filho do presidente, mas com certeza não ficará restrito a isso e deverá chegar ao núcleo central do governo, num momento em que o mandatário está acuado por todos os lados e sua gestão vive um dos momentos de maior fragilidade", destaca.

Outro fator é a imprevisibilidade sobre a reação de Queiroz diante de sua prisão, e possivelmente de sua filha e esposa. "Não sabemos a reação dele diante da prisão. Fala-se em delação premiada. E Queiroz acompanha a família Bolsonaro há anos, não é de hoje que conhece o presidente", diz a cientista política e professora da PUC-SP, Vera Chaia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A expectativa de que o governo enfrente dificuldades para aprovar com rapidez a reforma da Previdência pode prejudicar o desempenho das ações nos próximos meses. Analistas consultados acreditam que o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, deve encontrar dificuldades em renovar máximas no curto prazo, até que o governo forme uma base de apoio suficiente para aprovar as reformas no Congresso, em especial a da Previdência.

"À medida em que este apoio se tornar mais visível, é natural imaginar que os investidores resgatarão o ânimo, permitindo que as ações retomem a trajetória de alta vista anteriormente", afirmaram os analistas do Santander.

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Fernando de Almeida Prado Bresciani, analista de investimento da Mirae Asset, disse que quanto menores forem os cortes da proposta inicial da reforma da Previdência, maiores serão os benefícios para as contas do País e consequentemente para uma melhor performance do Ibovespa. "Nesse sentido, as ações de empresas ligadas aos setores internos da economia, bens de capital, autopeças, siderurgia, varejo, construção civil, infraestrutura e serviços, serão as mais beneficiadas", afirmou Bresciani.

Ontem, em uma transmissão ao vivo via Facebook, Jair Bolsonaro disse que o Congresso vai ser soberano na reforma da Previdência, mas que ele espera que a proposta não seja muito "desidratada" pelos parlamentares. A previsão do presidente é de que a proposta seja aprovada ainda no primeiro semestre deste ano.

No fim de fevereiro, o presidente chegou a dizer que estava disposto a negociar alguns pontos, entre eles baixar a idade mínima para aposentadoria das mulheres de 62 para 60 anos. Ele também disse que poderia fazer concessões no Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é pago para idosos e deficientes de baixa renda, e na porcentagem da pensão por morte, que poderia passar de 60% para 70%.

Sobre as carteiras recomendadas aos clientes, a maior parte das corretoras manteve o portfólio inalterado. Entre as poucas mudanças, a Modalmais trocou Suzano ON, Localiza ON e BRF ON por Itaú Unibanco ON, B2W ON e IRB Brasil Re ON. Já Nova Futura substituiu QGEP ON, JBS ON e Qualicorp ON por Ambev ON, Ser Educacional ON e Raia Drogasil ON.

Na Mirae, saíram Iochpe Maxion ON, Randon PN e Santander Brasil Unit e entraram Sanepar Unit, Usiminas PNA e Banco do Brasil ON. Bresciani explicou que a certeza de aumento da tarifa da Sanepar, já que o governo do Paraná garantiu que não vai interferir no reajuste, beneficia o preço dos papéis. Além disso, explicou, tem ainda os bons resultados da companhia no quarto trimestre e a expectativa de um bom ano para a empresa.

Já a Usiminas é indicada pela Mirae por conta da expectativa de reajuste no preço do aço. "No caso do Banco do Brasil, achamos que a próxima semana será mais agitada do que essa de carnaval. Assim, o banco, com o interesse de melhorar a sua rentabilidade, pode trazer declarações positivas. Na CCR, a ação caiu demais essa semana. Daqui para a frente, com o consumo de combustível já apresentando melhora em janeiro e com a perspectiva de crescimento da economia, haverá aumento no fluxo de veículos leve e pesados nas estradas, o que beneficia as ações da empresa de concessões", afirmou.

Antes de o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, derrubar a decisão do colega Marco Aurélio, a medida já era criticada por analistas. A maioria vê com maus olhos o fato de um tema como a prisão em segunda instância ser resolvido via decisão monocrática, sem passar pelo plenário. Com o recesso, uma decisão colegiada não poderia ser tomada neste ano. Além disso, o julgamento que pode proibir a prisão nessas circunstâncias já foi marcado para abril por Toffoli.

No recesso, só o presidente do STF, provocado pela Procuradoria-Geral da República, podia vetar a medida. E vetou. "Isso é muito ruim para a imagem do Supremo, que deveria ser um colegiado, não '11 Supremos'", diz o jurista Ives Gandra.

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Apesar de elogiar a atuação do ministro Marco Aurélio ao longo dos quase 30 anos de STF, Gandra acredita que cabe ao plenário decidir uma questão como essa. Para o professor, o ministro buscou criar uma "instabilidade institucional", dado que Toffoli havia marcado para abril essa discussão. "A imagem que passa é a de um colegiado rachado", diz.

Um ex-ministro da Corte classifica os juízes como "11 atores de televisão", crítica comum ao fato de os ministros serem hoje figuras públicas com ampla visibilidade. "É o único país do mundo em que não há um tribunal supremo, mas 11."

No entanto, o professor Thiago Bottino, da FGV-Rio, evita falar em uma eventual "resposta" de Marco Aurélio a Toffoli. Ele lembra que o STF nunca julgou o mérito de ações diretas de constitucionalidade que versam sobre a prisão em segunda instância. "Toffoli pautou só para abril de 2019, apesar dos reiterados pedidos do relator para pautar antes. Sem falar que ainda podiam parar o julgamento por pedidos de vista", diz. "Nesse sentido, acho que o relator (Marco Aurélio) está no papel dele de avaliar a urgência do tema e decidir."

A constitucionalista Vera Chemim ressalta que cada vez mais se vê um tribunal dividido em duas turmas - não as duas que compõem oficialmente o Supremo, e sim de ideias divergentes. Apesar de Toffoli e Marco Aurélio terem dado decisões convergentes durante os governos Lula e Dilma, o atual presidente da Corte tem tentado, enquanto gestor do tribunal, se desvencilhar da imagem de petista que sempre lhe atribuíram. "Tem tentado se mostrar um profissional competente na gestão", observa Vera. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A eleição de 2018 representa um desafio para nomes conhecidos da política nacional, que tiveram desempenho abaixo das expectativas nas urnas. Os candidatos derrotados Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Eduardo Suplicy (PT) e também o senador José Serra (PSDB) são alguns exemplos.

Alckmin e Marina Silva, por exemplo, receberam, respectivamente, 4,76% e 1% dos votos no primeiro turno da corrida presidencial, enquanto Suplicy sofreu sua segunda derrota consecutiva ao Senado, onde já atuou por 24 anos.

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O professor Luiz Bueno, da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), ressalta que ainda é possível que essas figuras consigam retornar em outras eleições, pois têm capital político para isso. "Vai depender da adequação e do ajuste no posicionamento deles." A tendência é que ocupem cargos no Legislativo ou ministérios.

Este cenário abre espaço para novos nomes, mas descobrir quem irá ocupar os espaços dependerá do tempo. Na avaliação de Kléber Carrilho, cientista político da Universidade Metodista de São Paulo, isso acontece em razão da incapacidade dos partidos em renovar seus quadros. "Devemos ter instabilidade democrática pela falta de liderança, já que as siglas não conseguiram formar novos políticos. O ideal é que haja gente pronta em todas as gerações, mas há um vácuo", diz.

O professor Maurício Fronzaglia, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, atribui a falta de novos líderes à inabilidade e ao desinteresse dos partidos em formar quadros. "As estruturas partidárias são rígidas e não favorecem o aparecimento de novos líderes, a não ser que os candidatos construam sua fama em outra área", cita. "Os líderes dificilmente abrem mão do poder e as barreiras de entrada são muito grandes", avalia.

Os recentes escândalos políticos também são responsáveis por dificultar o futuro de quadros nacionais, aponta Kléber Carrilho. Ele cita a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e Aécio Neves, ambos senadores que decidiram descer um grau: foram eleitos deputados, mas eram integrantes de uma geração com potencial de projeção nacional. Em 2014, Aécio teve 48,36% dos votos na disputa presidencial, quando perdeu para Dilma Rousseff (PT).

"Esse problema atinge todos os partidos. Parece que eles ficaram tão felizes estando no poder que não foram capazes de renovar seus quadros. Agora temos ou atingidos pelos escândalos ou líderes ainda tímidos, deixando o futuro incerto", diz Carrilho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ataque sofrido pelo presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) nessa quinta-feira (6), em Juiz de Fora (MG) deve resultar, segundo especialistas ouvidos pela Agência Estado, em um processo de vitimização do candidato que, a depender de sua condição de saúde, pode ajudá-lo no decorrer da campanha. E, certamente, deverá surtir impacto nas campanhas.

Para José Álvaro Moisés, cientista político da USP, o deputado passará a ocupar, por motivos distintos, o mesmo posto de vítima do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Lava Jato. "Esse fato lamentável pode transformá-lo na segunda vítima dessa campanha, confundindo ainda mais o eleitorado e resultando em um impacto no resultado da eleição. As chances dele podem aumentar", afirmou.

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Moisés ressaltou que o grau de tensão observado no cenário político nacional se intensificou nos últimos meses e já gerou outros episódios de violência. Ele citou o assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL), há quase seis meses, e os tiros que atingiram um ônibus da caravana de Lula pelo Paraná, em abril. "A reintrodução da violência na política não favorece a democracia, não permite que o clima seja de reorganização do País. Pelo contrário, gera mais confusão na população."

Para Marco Antonio Teixeira, professor de ciência política da FGV-SP, o ataque deve fazer com que as campanhas reavaliem suas estratégias. "Isso deve ser veementemente repudiado. A hora é de serenidade e de se esperar os devidos esclarecimentos. Todos nós devemos refletir sobre esse lamentável episódio, e os candidatos devem cessar as agressões entre eles", afirmou o analista.

Desde o início da campanha na TV e no rádio, Bolsonaro entrou na mira dos adversários, que passaram a destacar justamente sua postura violenta como forma de afastar seus eleitores - ele lidera as pesquisas de intenção de voto com 22%, de acordo com a última pesquisa Ibope/Estado/TV Globo. O presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, por exemplo, tem utilizado metade de seu tempo de propaganda para sugerir que o deputado agride mulheres, com imagens dele destratando uma deputada e uma jornalista, e que ele quer resolver os problemas do País na bala.

Henrique Meirelles, candidato pelo MDB, também tem provocado Bolsonaro nas inserções a que tem direito de veicular no rádio e na TV. Mas, diferentemente da estratégia tucana, o emedebista tem atacado não o discurso violento do deputado, mas seu suposto desconhecimento sobre temas de economia. Com a agressão sofrida ontem por Bolsonaro durante ato de campanha em Juiz de Fora, a expectativa é que tanto Alckmin quanto Meirelles possam repensar suas ações.

Professor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando acredita que a repercussão do ataque deva modificar não apenas as estratégias de campanha dos adversários, mas especialmente o discurso do próprio Bolsonaro.

"Bolsonaro buscará capitalizar esse ataque e firmar sua imagem de vítima. Não há como negar o que ocorreu. Mas só saberemos realmente o quanto ele ganhou em intenções de votos e o nível de sua rejeição quando novas rodadas de pesquisa eleitoral forem divulgadas. Arrisco, contudo, em afirmar que haverá impacto positivo em sua imagem, e seus adversários que partiram para o ataque terão que rever a decisão, especialmente Alckmin", disse. "O cenário eleitoral, que já estava em alta temperatura, entra em ebulição." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os números impressionam. Mais de 13 milhões de brasileiros procuram emprego, mas não encontram. Os dados do desemprego no país ligam o sinal de alerta referente à falta de oportunidades no mercado de trabalho. O resultado é de uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e abrange o primeiro trimestre de 2018. Desse número, 4,1% já desistiram de procurar vagas.

Com um grande número de pessoas em busca de oportunidades, esse processo deve ter uma atenção redobrada. Mas, com esse cenário, uma pergunta de praxe surge: como buscar emprego? Existe uma maneira correta? O LeiaJá conversou com especialistas em Recursos Humanos (RH) que alertam: os candidatos devem ter atenção nessa fase de busca, pois ela é decisiva em prol da conquista de vagas.

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“É primordial traçar um planejamento para que haja sucesso nesta trajetória. Mesmo com esse cenário de desemprego, os candidatos não devem assumir uma postura de desespero. Essa conduta é a primeira a ser evitada. Após ela, deve-se seguir todos os pontos traçados nesse planejamento inicial”, orienta Luciana Brito, psicóloga e profissional de RH.

Todo o processo de procura deve obedecer algumas etapas. A primeira dela é definir o objetivo de vaga. Responder às seguintes perguntas: Qual área eu gostaria de trabalhar? Qual empresa é a ideal?; a partir das respostas, o candidato deverá começar a identificar as potenciais oportunidades. “Com o objetivo a conquista é facilitada. É comum a ideia de ‘aceitar qualquer coisa’, muito por desespero, mas é necessário ter conhecimento de todo o processo da função de interesse para que não haja nenhum arrependimento e isso venha a trazer prejuízos ao candidato”, explica Luciana Brito.

Na etapa de busca, o candidato deverá está atento aos diversos meios de anúncio de vagas. O envio de um currículo bem elaborado é visto como uma “porta de entrada”, para isso ter atenção a esse documento é primordial. “O emprego não irá cair no seu colo. Para conquistar, é esperada uma dedicação de um tempo exclusivo no seu dia para esse processo. Seja por meio de sites de vagas, panfletos ou anúncios. Foque no envio, mas não esqueça de realizar o filtro de oportunidades”, detalha Luciana Brito.

Por onde mandar?

Com a internet, a busca por vagas foi facilitada. Hoje, as empresas oferecem em seus sites oficiais espaços de cadastro de currículo e oferta de vagas. Além do novo método, existem outros meios que devem ter a atenção dos candidatos. “Durante a busca, deve-se mapear as principais consultorias em RH para sua área. Ficar atento às oportunidades oferecidas por agências de empregos. Além de fazer o clássico, entregar currículos nas sedes das empresas que você identificou como potencial”, pontua Luciana Guedes Pinto, sócia da Trajeto RH.

Ainda pode ser considerado o cadastro de currículo e busca em sites especializados em oferta de vagas, entre eles estão: Vagas.com, Elancers, Catho, Empregos.com e Manager. Alguns deles cobram uma taxa mensal para permanecer com o seu perfil cadastrado no banco de dados do site.

E as redes sociais?

Surgindo como um ambiente de relacionamento e troca de experiências, as redes sociais podem ser aliadas nesse processo, mas, é necessário ter cuidado para não retomar a conduta de desespero. “O candidato quando as usa de forma correta pode criar uma rede de contribuição sem perceber. Esse contato deverá ser feito com cautela. Não expor na timeline é o primeiro passo. Quando tem conhecimento de alguém que pode ajudá-lo, use a conversa privada”, orienta Luciana Guedes Pinto.

A especialista em RH ainda acrescenta que fazer parte do LinkedIn poderá contribuir muito para a formação de rede de contatos e análise do surgimento de vagas. “Por se tratar de uma rede social destinada ao lado profissional, esse espaço se torna propício nessa criação de contatos. Nela, assim como nas outras, deve-se ter cuidado na abordagem. Mais profissionais devem marcar presença”, pontua.

O boca a boca funciona?

O método tradicional é ainda muito efetivo. Assim como nas redes sociais, a forma de abordagem deve ser pensada. O networking, processo de relacionamento com pessoas que podem ser potenciais auxiliadores no processo de busca de uma oportunidade, poderá ser decisivo, quando, por muitas vezes, a vaga é por indicação. “Manter uma boa rede de relacionamentos é primordial. Quando você está em busca deve-se entrar em contato com eles de forma sucinta e bem clara, sempre apresentando a proposta de que está disponível para contribuir a alguma empresa e solicitando o acionamento assim que tomar conhecimento de uma vaga”, diz Luciana Guedes Pinto.

Não se acomode!

Durante a busca, o candidato não deve acomodar-se. É necessário, portanto, uma busca constante na renovação de competências do currículo, buscando assim uma renovação em cursos, palestras e oportunidades de aprimoramento. Para isso, as especialistas orientam que existem meio pagos e até gratuitos para a conquista desse ponto, seja ele online ou presencial. A segredo é: encarar a ausência no mercado como uma oportunidade para buscar qualificação, para quando retornar ser um profissional mais competitivo e que ofereça a empresa oportunidades de crescimento.

Além da qualificação, é necessário adquirir outros conhecimentos, sendo eles referentes a adequação de currículo, atualização de dados e atenção na hora das etapas seguintes a busca, como a entrevista. Para as especialistas, o currículo abre o espaço do candidato na empresa, mas a partir dessa abertura, caberá a ele a conquista da vaga e fazer valer a pena todo o processo e dedicação durante a busca.

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A alta do dólar ante o real nessa terça-feira, 21, praticamente ignorou a tendência internacional, uma vez que a moeda americana mostrou enfraquecimento em relação à maioria das divisas emergentes. Foi mesmo o cenário interno que mais pesou na disparada da moeda, que chegou a R$ 4,04. Segundo analistas, o que se viu na terça-feira é uma amostra do que o mercado vai enfrentar até as eleições de outubro. Os próximos meses, eles dizem, serão de volatilidade.

Apesar de distante do cenário de oscilações de 2002, às vésperas da eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a perspectiva de um segundo turno entre o PT e Jair Bolsonaro deve afastar o dólar do patamar de R$ 3. Os resultados das últimas pesquisas eleitorais concentram as atenções nos mercados desde a última segunda-feira, 20. Um cenário de segundo turno entre o candidato do PT e o deputado Jair Bolsonaro (PSL) desagrada aos investidores.

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Existia uma preferência por parte do mercado que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, mais alinhado às reformas iniciadas pelo governo Temer, estivesse à frente nas intenções de voto, após ter fechado uma aliança com partidos do centrão, mas isso não está dado nas pesquisas divulgadas até agora, diz o economista da LCA Consultores, Fábio Romão.

Ele analisa que o programa petista e o histórico de posições intervencionistas de Bolsonaro são um balde de água fria nas expectativas do mercado. "O mercado imagina que um eventual segundo turno entre o ex-prefeito Fernando Haddad, que substituiria Lula na cabeça da chapa do PT, e Bolsonaro poderia poluir o atual cenário, de uma economia ainda frágil."

Ação e reação

Na visão do economista-chefe da Spinelli, André Perfeito, essa pressão sobre o dólar já existia antes, mas o Banco Central estava "jogando o problema para baixo do tapete, por meio dos swaps. Na verdade, sem a intervenção do Banco Central, já era para o dólar ter passado dos R$ 4".

O economista diz acreditar que o dólar nos próximos meses, apesar de poder oscilar para baixo ou para cima, deve ficar mais no patamar dos R$ 4 durante o período eleitoral. "Acho que não deve chegar a R$ 5, mas não há segurança suficiente no cenário atual, para que volte ao patamar de antes."

Na avaliação de Martin Castellano, chefe do departamento de pesquisa para a América Latina do Instituto de Finança Internacional, IIF, o câmbio poderá depreciar mais se ficar claro que Haddad e Bolsonaro vão para o segundo turno.

O ex-diretor da área internacional do Banco Central Alexandre Schwartsman pondera, no entanto que o mercado de câmbio, apesar de influenciado pelas eleições, está muito distante da volatilidade que se observou em 2002, às vésperas da eleição do ex-presidente Lula.

"Ao contrário de 2002, temos um balanço de pagamentos em boa forma e o mundo, apesar de todos os problemas, é mais favorável ao Brasil", diz Schwartsman. Ele ressalta, porém, que a situação confortável das contas externas não resolve todos os problemas do País.

O quadro fiscal, lembra, piorou em relação a 2002, quando, ao contrário dos rombos atuais, o governo central apresentava superávits primários expressivos. Sem resolver a crise fiscal, uma tarefa que demanda reformas, a perda de valor da moeda virá na forma de inflação. "A tarefa de quem for eleito será mais difícil do que em 2002", diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A escolha dos candidatos a vice-presidente, definida em convenções partidárias nos últimos dias, serviu para reforçar o posicionamento da maior parte dos candidatos, agregou pouco eleitoralmente e, de maneira geral, não abriu diálogo com setores da sociedade em que os presidenciáveis já não tinham influência. A avaliação é de analistas políticos ouvidos pela reportagem na manhã desta segunda-feira, 6, um dia após a composição para todas as chapas à Presidência nas eleições 2018 estar definida.

Para o professor e cientista político da FGV Marco Antônio Teixeira, a escolha dos vices, que se deu no apagar das luzes, foi a "possível" e trouxe pouco em termos eleitorais. "De uma maneira geral, não agregou muito. Não há um vice que te leve a um lugar onde você não chega, que crie uma conversa com quem os candidatos já não conversavam", avalia.

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O professor Marco Aurélio Nogueira, coordenador do Núcleo de Estudos e Análises Internacionais da Unesp, afirma que, como em qualquer pleito, a escolha dos vices busca uma ampliação dos apoios. "Todos tiveram essa preocupação, que não foi possível em vários casos por uma espécie de esgotamento das possibilidades", afirma.

Para os dois analistas, esse é o caso das candidaturas do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), que definiu o general da reserva do Exército Hamilton Mourão (PRTB), de Marina Silva (Rede), que escolheu Eduardo Jorge (PV), de Henrique Meirelles (MDB), que trouxe o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto (MDB) e do senador Alvaro Dias (Podemos), que optou por Paulo Rabello de Castro (PSC).

Em menor escala, seria também o caso de Geraldo Alckmin (PSDB), que já tem relevância no Sul, de onde vem a senadora Ana Amélia (PP-RS). "Acredito que faltou estratégia eleitoral. O ponto fraco de Alckmin é o Nordeste, onde está 27% do eleitorado brasileiro e ele vai mal. Ele não tem nenhum apoio expressivo na região e foi buscar isso em outro lugar, onde já há um competidor expressivo (o presidenciável Alvaro Dias, do Podemos)", avalia.

Para Teixeira, a estratégia é mais de dividir o eleitorado do que de somar. "A Ana Amélia é alguém que consolida a relação com o Centrão (Solidariedade, DEM, PP, PR e PRB), traz o tempo que precisava, mas eleitoralmente o resultado me parece duvidoso. O ponto positivo é ser mulher", avalia.

No caso de Kátia Abreu e Ciro Gomes, ambos do PDT, o cientista político acredita que Ciro "quebrou pontes" em suas tentativas de alianças com o Centrão e com o PSB e, isolado politicamente, optou pela solução caseira. "Do ponto de vista de recursos como tempo de TV e fundo eleitoral, não soma, apesar da notoriedade da Kátia. Além disso, é um perfil parecido, com língua afiada", diz. E, mesmo como uma representante do agronegócio, seu diálogo com o setor piorou depois do apoio a Dilma Rousseff (durante o período do impeachment).

Na avaliação de Cláudio Couto, professor de Gestão e Políticas Públicas da FGV-SP, o caso mais dramático é o de Bolsonaro, por ser um candidato que enfrenta dificuldades para dialogar com o público feminino. Para ele, a escolha de Mourão, presidente do Clube Militar, pode afastar segmentos que poderiam ser atraídos com um discurso mais flexível. "Essa decisão é um estreitamento do ponto de vista do perfil. É um vice que é 'mais do mesmo' e essa militarização da chapa é muito negativa. Não agregou nada e ainda pode tirar", afirma Couto.

Sobre a candidatura de Marina Silva, Cláudio Couto acredita que, dadas as fragilidades de tempo eleitoral, estrutura e dinheiro da Rede, a aliança com Eduardo Jorge foi positiva. "Por mínimo que seja, ampliar o tempo de TV é importante. Dá um alívio para a campanha", afirma.

No caso de Henrique Meirelles e Germano Rigotto, Couto acredita que a aliança não traz "nada". Para ele, um efeito prático da candidatura emedebista é desviar o foco de Alckmin como sendo o candidato do governo. "Mas é uma candidatura que não apresentou capacidade de decolar e essa escolha não ajuda", diz.

O caso do PT

Apesar de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estar potencialmente impedido de concorrer nas eleições após a condenação em segunda instância, o partido tem insistido em sua candidatura. O partido anunciou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como "vice temporário" e Manuela D'Ávila (PCdoB) como eventual vice de Haddad, se Lula não puder ser candidato.

"Haddad e Manuela dão um ar de certa renovação por terem a imagem de jovens, não serem envolvidos em casos de corrupção. O obstáculo maior seria torná-los conhecidos nacionalmente", afirma Cláudio Couto.

O professor Marco Aurélio Nogueira, da Unesp, avalia que essa foi uma das escolhas que menos trouxe ampliação do eleitorado. "Haddad vem de dentro do partido e Manuela sempre girou em torno do PT", diz. Para ele, a decisão serviu para o partido colocar em prática a estratégia política do partido sem Lula.

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