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O consumo excessivo de antibióticos reduz sua eficácia e aumenta a resistência a estes medicamentos, um fenômeno que pode ser responsável por 10 milhões de mortes anuais no mundo até 2050, advertiu nesta quinta-feira o braço europeu da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Embora a RAM, a resistência aos antimicrobianos [uma categoria que inclui os antibióticos], seja um fenômeno natural, o desenvolvimento e a propagação das superbactérias são acelerados pelo uso abusivo de antimicrobianos, o que complica o tratamento eficaz das infecções", indica a OMS Europa, que engloba 53 países e se estende até a Ásia Central.

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"Todos os países de nossa região tramitam normativas para prevenir o uso abusivo de antibióticos (...) A aplicação destas normas permitiria resolver a maioria dos problemas relacionados ao consumo abusivo de antibióticos", destacou Robb Butler, responsável pela divisão de doenças contagiosas.

A agência de saúde da ONU, com sede em Genebra, estima que se não houver uma intervenção imediata contra a resistência aos antimicrobianos poderá haver até 10 milhões de mortes por ano até 2050.

A principal preocupação das autoridades são as más práticas na hora de receitar antibióticos.

Um estudo realizado em 14 países da região, situados no leste da Europa e Ásia Central, mostra que as razões invocadas para o uso de antibióticos correspondem em 24% a casos de resfriado, seguidos de sintomas gripais (16%), dor de garganta (21%) e tosse (18%).

"Esta situação é preocupante, porque estes sintomas frequentemente são relacionados a vírus contra os quais os antibióticos não são eficazes", destaca o comunicado da OMS Europa.

O estudo foi realizado na Albânia, Armênia, Azerbaijão, Belarus, Bósnia e Herzegovina, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Montenegro, Macedônia do Norte, Moldávia, Tajiquistão, Turquia e Uzbequistão.

Um terço das cerca de 8.200 pessoas entrevistadas disse ter usado antibióticos sem receita médica, de acordo com outra sondagem.

Cientistas encontraram uma cepa de gonorreia (causada por uma bactéria) extremamente resistente a antibióticos na Áustria. E agora, em novo comunicado, o Department of Public Health anunciou uma descoberta semelhante nos Estados Unidos: uma cepa mais resistente da bactéria, que vem causando o que chamam de “supergonorreia”. Dois casos foram relatados.  

De acordo com o comunicado, a bactéria adquiriu uma potente resistência a medicamentos e mostrou respostas reduzidas a cinco antibióticos diferentes, mas ambos os casos foram finalmente tratados com sucesso com uma injeção de alta dose do principal antibiótico atualmente recomendado para tratar a gonorreia – ceftriaxona.

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USO DE PRESERVATIVO

A recomendação do Departament of Public Health é que as pessoas sexualmente ativas sejam regularmente testadas para infecções sexualmente transmissíveis e considerem a redução do número de parceiros sexuais e o uso de preservativo. O alerta da instituição é de que não haja nenhuma conexão direta entre dois indivíduos, o que sugere a existência de mais casos, ainda não detectados. Considerando que esse aumento de casos também já foi notado em outros países, os especialistas estão preocupados.  

Essa infecção é tratada com dois antibióticos, mas os médicos estão encontrando um número crescente de casos em que a bactéria desenvolveu algum nível de resistência a essas drogas. Um estudo publicado na revista científica Nature Communication apontou uma das causas da resistência: uma espécie de “armadura” feita de proteínas. Ela conta com aberturas muito estreitas que impedem a entrada de antibióticos na célula. Segundo o Centers for Disease Control and Prevention, a gonorreia pode infectar órgãos genitais, reto e garganta, e é mais comum entre jovens de 15 a 24 anos.

Para diminuir as chances de contrair, é importante estar atento aos sintomas como sensação de dor ou queimação ao urinar, aumento do corrimento vaginal, testículos doloridos ou inchados.

 

O fenômeno das bactérias cada vez mais resistentes aos medicamentos - acelerado pelo consumo excessivo de antibióticos - preocupa as autoridades de saúde mundiais há muitos anos, pois tem consequências letais, embora sejam difíceis de calcular com precisão.

- O que é? -

"Matam os micróbios, é verdade, mas nem todos morrem", escreveu em 1902 o escritor francês Alphonse Allais. "Os que resistem ficam mais fortes que antes". Era uma piada, mas, várias décadas antes do desenvolvimento dos antibióticos, a frase era visionária.

Allais resumiu bem o mecanismo pelo qual são registradas bactérias cada vez mais resistentes a estes medicamentos.

Os antibióticos, descobertos nos anos 1930-1940 e utilizados em larga escala após Segunda Guerra Mundial, são moléculas que destroem as bactérias que provocam doenças ou, pelo menos, impedem seu desenvolvimento.

Mas com o tempo, bactérias resistentes aparecem devido a mutações genéticas. Ao eliminar as bactérias vulneráveis, os antibióticos têm um efeito perverso, pois permitem que as resistentes invadam o espaço.

Além disso, há outro fenômeno: as bactérias 'teimosas' podem transmitir suas características às vizinhas ainda sensíveis aos antibióticos.

"A maior parte das resistências observadas, principalmente aquelas que se propagam de maneira rápida e problemática, acontece por esta capacidade de serem transferidas, destaca à AFP o microbiologista francês Christian Lesterlin.

Como consequência dos diferentes mecanismos, os antibióticos, que hoje constituem grande parte dos medicamentos em circulação, vão perdendo gradativamente sua eficácia.

- Como começou? -

A resistência aos antibióticos é um fenômeno natural. Mas está aumentando com o consumo excessivo ou inadequado dos tratamentos, como por exemplo contra a gripe, que tem origem viral e não bacteriana.

Os países desenvolvidos perceberam o problema há 20 anos e iniciaram campanhas de conscientização, como na França, que tem o slogan "Os antibióticos não são a solução para tudo".

O consumo de antibióticos finalmente se estabilizou na década de 2010 em muitos países ricos. Mas as preocupações se voltaram para os países em desenvolvimento, onde o uso aumenta fortemente.

"Estas tendências refletem tanto um melhor acesso aos antibióticos para aqueles que precisam como um aumento do uso inapropriado", resume a CDDEP, organização americana de pesquisa em saúde pública.

A utilização abusiva de antibióticos nos animais também está em jogo, pois alguns agricultores utilizam o medicamento por sua capacidade de acelerar o crescimento do gado.

A União Europeia proibiu, entre outras coisas, este uso desde 2006.

- Qual o nível de gravidade? -

"A resistência aos antibióticos constitui atualmente uma das ameaças mais graves para a saúde mundial", resumiu em 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Com medicamentos menos eficazes, aumenta o risco de não conseguir curar uma ampla gama de doenças bacterianas que podem ser fatais, como a tuberculose ou a pneumonia.

Neste sentido, a resistência aos antibióticos mata. As autoridades de saúde europeias calculam que 25.000 pessoas morrem a cada ano na União Europeia vítima das consequências.

Nos Estados Unidos, o número alcança 35.000 mortes por ano.

Mas continua muito difícil obter uma estimativa mundial do fenômeno, e é justamente nos países em desenvolvimento que o problema pode aumentar nos próximos anos.

O tema também é propício para algumas estimativas alarmistas. Uma delas, frequentemente retomada, cita 10 milhões de mortes por ano em 2050. Mas este número, que procede de um relatório encomendado há alguns anos pelo governo britânico, nada mais é do que uma apreciação feita por duas consultorias e não o resultado de um trabalho de pesquisadores.

As consequências econômicas também são difíceis de medir, mas provavelmente elevadas: custos de saúde pública e, com o uso de antibióticos nos animais, efeitos nocivos sobre a agricultura e a alimentação.

- O que fazer? -

Os antibióticos devem continuar sendo utilizados de maneira seletiva e não excessiva, embora os médicos às vezes se sintam desprotegidos.

"O medo das complicações e da pressão que os médicos sentem por parte de alguns pacientes os levam a prescrever antibióticos aos pacientes idosos", afirmou o organismo francês de saúde pública a partir de uma pesquisa feita entre os médicos.

É necessário encontrar soluções prévias, como por exemplo tentar identificar o mais rápido possível o surgimento de bactérias mais resistentes para evitar sua propagação.

Por fim, a pesquisa se orienta para o desenvolvimento de tratamentos alternativos aos antibióticos, a base de vírus "bacteriófagos" que atacam as bactérias e as neutralizam.

O aumento do uso de antibióticos para combater a pandemia de Covid-19 aumentará a resistência bacteriana e em última instância provocará mais mortes durante a crise sanitária e depois, advertiu nesta segunda-feira (1º) a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, disse que há um "número preocupante" de infecções bacterianas que estão se tornando cada vez mais resistentes aos remédios usados tradicionalmente para combatê-las.

A agência sanitária da ONU se declarou preocupada de que o uso inapropriado de antibióticos durante a crise do coronavírus contribuirá para isto.

"A pandemia de Covid-19 levou a um aumento no uso de antibióticos, que provocará níveis maiores de resistência bacteriana e repercutirá no lastro da doença e nas mortes durante a pandemia e depois", disse o diretor-geral em uma coletiva de imprensa virtual da sede da OMS em Genebra.

A OMS considera que só uma pequena parte de pacientes com Covid-19 precisa de antibióticos.

A organização emitiu um guia para que os médicos não administrem antibióticos ou profilaxia para os pacientes com formas brandas de Covid-19 ou a pacientes com forma moderada da doença sem que haja uma suspeita clínica de infecção bacteriana.

Tedros disse que as recomendações deveriam permitir fazer frente à resistência antimicrobiana, salvando vidas. A ameaça da resistência antimicrobiana é "um dos desafios mais urgentes do nosso tempo", advertiu.

"Está claro que o mundo está perdendo a capacidade de usar medicamentos antimicrobianos fundamentais".

Alguns países recorrem a um uso "excessivo" de antibióticos, enquanto nos de baixa renda, estes medicamentos essenciais não estão disponíveis, o que leva a um "sofrimento desnecessário e à morte".

Enquanto isso, alertou a OMS, a prevenção e o tratamento de doenças não transmissíveis foram seriamente alterados desde o início da pandemia de Covid-19 em dezembro, como demonstra um estudo feito em 155 países.

"Esta situação tem especial importância, já que as pessoas que vivem com estas doenças estão mais expostas à forma mais grave de Covid-19 e à morte", disse.

O estudo, feito durante três semanas em maio, concluiu que os países com renda mais baixa são os mais afetados.

Cerca de 53% dos países reportaram interrupção parcial ou total dos serviços para o tratamento da hipertensão, 49% no caso dos tratamentos para diabetes, 42% no câncer e 31% no caso das emergências cardiovasculares.

As razões mais comuns para a interrupção ou a redução dos serviços foram as anulações dos tratamentos previstos, um declínio do transporte público disponível e a falta de pessoal porque os trabalhadores sanitários firam realocados para o tratamento de casos de Covid-19.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta sexta-feira (17) que a falta de novos antibióticos ameaça a luta contra a disseminação de bactérias resistentes a medicamentos, as quais matam dezenas de milhares de pessoas todos os anos.

A agência especializada da ONU publicou dois novos relatórios sobre a falta de novos antibióticos em desenvolvimento.

"A ameaça de resistência antimicrobiana nunca foi tão imediata, e a necessidade de soluções, mais urgente", disse o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado em um comunicado.

"Existem muitas iniciativas em andamento para reduzir a resistência, mas também precisamos que os países e a indústria farmacêutica se envolvam e forneçam financiamento e novos medicamentos inovadores", acrescentou.

A resistência aos antibióticos (o fato de que certas bactérias acabam se tornando resistentes aos antibióticos) é considerada uma ameaça pela OMS, que teme que o mundo esteja caminhando para uma era, na qual infecções comuns podem começar a matar novamente.

Cerca de 33.000 pessoas morrem todos os anos na Europa, devido a uma infecção resistente a antibióticos, de acordo com dados europeus. Nos Estados Unidos, estas mortes são estimadas em quase 35.000.

"Vemos que está se espalhando e que estamos ficando sem antibióticos eficazes contra essas bactérias resistentes", disse Peter Beyer, do Departamento de Medicamentos Essenciais da OMS, durante uma coletiva de imprensa em Genebra.

"É uma das maiores ameaças à saúde que identificamos", insistiu.

Descobertos na década de 1920, os antibióticos salvaram dezenas de milhões de vidas, combatendo efetivamente doenças bacteriológicas como pneumonia, tuberculose e meningite.

Ao longo das décadas, porém, as bactérias mudaram para resistir a esses medicamentos.

As bactérias podem se tornar resistentes, quando os pacientes usam antibióticos dos quais não precisam, ou não concluem o tratamento. Com isso, dão às bactérias a chance de sobreviver e desenvolver imunidade.

Para combater essa resistência, a OMS pede o desenvolvimento de novos antibióticos, mas esse processo é complicado e caro.

Segundo a organização, os 60 novos medicamentos que estão sendo desenvolvidos, incluindo 50 antibióticos, para tratar patógenos "trazem poucas vantagens em relação aos tratamentos existentes, e apenas dois têm como alvo as bactérias mais resistentes".

Outros medicamentos mais inovadores estão em fase pré-clínica. Dos últimos 252 medicamentos, os mais avançados não estarão disponíveis antes de dez anos, completou a OMS.

Até 10 milhões de pessoas podem morrer todos os anos até 2050 por causa do uso excessivo de medicamentos e os consequentes casos de resistência antimicrobiana Os dados foram liberados hoje (29) e são de relatório de entidades ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU).

Anualmente cerca de 700 mil pessoas morrem devido a doenças resistentes a medicamentos. “Mais e mais doenças comuns, incluindo infecções do trato respiratório, infecções sexualmente transmissíveis e infecções do trato urinário estão se tornando intratáveis”, admitiu a Organização Mundial da Saúde (OMS) em comunicado.

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Dentre as medidas que o relatório recomenda estão: priorizar planos de ação nacionais para ampliar os esforços de financiamento e capacitação, implementar sistemas regulatórios mais fortes e de apoio a programas de conscientização para o uso responsável de antimicrobianos e investir em pesquisa e no desenvolvimento de novas tecnologias para combater a resistência antimicrobiana.

Por Valéria Campello

Dois anos após o seu uso comedido em tratamentos de pacientes em estado desesperador, a França parece optar claramente pelo fagos, também chamados de bacteriófagos, um tipo de vírus que infecta as bactérias.

Os fagos, presentes na água, "aderem às bactérias e as matam por dentro". São armas de "destruição maciça de bactérias", explica o professor Frédéric Laurent, chefe do serviço de bacteriologia do Hospital de la Croix-Rousse, em Lyon (centro-leste da França), onde a AFP acompanhou um tratamento excepcional com fagos.

Estes vírus foram descobertos em 1917 pelo franco-canadense Félix d'Hérelle, colaborador do Instituto Pasteur, após análises realizadas no rio Ganges, na Índia, onde em certos lugares a cólera desaparecera.

Embora os países ocidentais os tenham abandonado com o desenvolvimento de antibióticos, países do leste europeu os usam na medicina tradicional, entre eles a Geórgia.

- 2019, um marco -

Atualmente, a França, os Estados Unidos e a Bélgica estão se unindo lentamente ao movimento. Os fagos representam uma enorme esperança contra infecções resistentes aos antibióticos, cada vez mais frequentes.

Em particular, com o envelhecimento da população e o crescente uso de próteses no quadril ou joelho (mais de 200.000 por ano na França).

"Quando uma prótese é colocada, existe um risco de 1 a 2% de desenvolver uma infecção, que sobe para 30% em alguns pacientes", diz o professor Tristan Ferry, especialista em infecções musculoesqueléticas na Croix-Rousse, e que lidera uma equipe de pesquisa clínica sobre os fagos.

Desde 2016, a Agência Nacional Francesa de Segurança de Medicamentos (ANSM) admitiu vinte tratamentos com esses fagos, usados como último recurso.

Mas agora quer ir além, porque está convencido de que esses bacteriófagos "constituem uma alternativa possível aos antibióticos que merecem estudo".

"Agora temos que fazer testes clínicos para ter dados consolidados", ressalta Caroline Semaille, chefe do departamento de medicamentos anti-infecciosos da ANSM.

Já este ano, a ANSM espera conceder autorizações temporárias para uso, primeiro estágio antes de uma autorização para comercialização. Um "marco", segundo Caroline Semaille.

"É uma boa notícia, mas espero que as autorizações não venham com um conta-gotas", diz Christophe Novou, fundador da Fagos Sem Fronteiras.

"Não entendo porque o processo não é mais rápido. Há pessoas que precisam de fagos e não têm tempo: arriscam morrer ou ser amputadas. O que se perde se tentarem os fagos?", pergunta-se este homem cuja perna, operada 49 vezes, foi salva por este vírus.

- Fagoterapia -

Com sua associação, Novou ajuda os pacientes a conseguir fagos na Geórgia, uma viagem que custa pelo menos 6.000 euros (7.000 dólares). Mas ele adverte que se a fagoterapia não se desenvolver mais rapidamente, um mercado paralelo corre o risco de se formar na internet.

Esse risco é ainda maior se levarmos em conta que um fago mais reproduzido pode matar. "Produzir bacteriófagos de qualidade é complexo e caro. Os fagos georgianos não são utilizáveis aqui porque não são suficientemente purificados", diz Ferry.

Na França, uma start-up, Pherecydes Pharma, vem trabalhando há dez anos em fagos capazes de acabar com o Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, e E. coli.

Nos Estados Unidos, a AmpliPhi Biosciences se lançou neste setor. Mas, no momento, não há grandes laboratórios envolvidos, porque os fagos não são patenteáveis, ao contrário dos antibióticos.

E há outras utilizações úteis dos fagos: para os pés dos diabéticos, que, por vezes, são amputados, ou para repetidas infecções respiratórias em pacientes com mucoviscidosis (fibrose cística).

E alguns sonham que um dia os fagos sejam prescritos para infecções banais, urinárias ou digestivas. Mas será necessário evitar cair nos mesmos erros porque uma bactéria também pode se tornar fagorresistente...

O presidente Jair Bolsonaro segue internado no Hospital Israelita Albert Einstein, na zona sul de São Paulo, sem compromissos oficiais nesta terça-feira (5), oito dias depois de ser submetido a uma cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal. Segundo a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, a previsão é que o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, conceda coletiva de imprensa às 17h, mesma hora em que é divulgado novo boletim médico.

Em conversa com jornalistas na segunda-feira, 4, Rêgo Barros disse que Bolsonaro deve ficar mais sete dias internado para tratamento com antibióticos. Inicialmente, trabalhava-se com a ideia de que o presidente recebesse alta nesta quarta-feira, 6.

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No boletim médico divulgado instantes antes da coletiva, a equipe do Einstein tinha informado que o presidente teve febre de 37,3 ºC. Os médicos identificaram um acúmulo de líquido ao lado do intestino, na região da bolsa de colostomia que Bolsonaro usava até a semana passada.

O número de doses de antibióticos consumidas no Brasil está entre os maiores do mundo, superando a média da Europa, Canadá e Japão. Os dados estão em relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado na segunda-feira (12) que alerta para as consequências do uso indiscriminado desse tipo de medicamento. A principal preocupação da agência é que o consumo indevido favoreça o surgimento de bactérias multirresistentes causadoras de infecções difíceis de curar.

O levantamento da OMS incluiu os dados de 65 países onde as estatísticas são coletadas de forma rigorosa. O indicador utilizado foi o número de doses diárias (DD) consumidas para cada mil habitantes. No Brasil, o índice ficou em 22 DD para cada mil habitantes, o que coloca o País como o 17º maior consumidor do remédio entre as 65 nações pesquisadas.

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Na Europa, a média é de 18 doses, enquanto no Canadá e no Japão, o índice medido foi de 17 e 14 DD, respectivamente. O relatório mostra grande variação do consumo do medicamento entre os países. O índice variou de 4 no Burundi (África) a 64 DD na Mongólia (Ásia).

Discrepância

OMS e especialistas ressaltam, no entanto, que índices muito baixos de consumo também não são positivos. Segundo a agência, a grande diferença no uso de antibióticos no mundo indica que alguns países provavelmente estão abusando no consumo enquanto outros não têm acesso suficiente a esses remédios.

Diretora Médica do Serviço de Microbiologia do Laboratório Central do Hospital das Clínicas, Flávia Rossi concorda com a análise da organização. "Tanto o uso excessivo quanto o pouco uso são preocupantes", diz ela, que defende que, no caso do Brasil, medidas para reduzir o consumo inadequado.

"Uma das principais ações seria investir em melhorias nos métodos diagnósticos para que a prescrição do medicamento seja mais certeira. Precisamos, principalmente no sistema público, de mais investimentos nos laboratórios de microbiologia para que o médico e o doente saibam de forma mais rápida qual é o micro-organismo causador da doença", declarou Flávia, que faz parte de um grupo de especialistas convocados pela OMS para discutir protocolos para o uso racional de antibióticos tanto entre humanos quanto em animais.

Suzanne Hill, chefe da Unidade de Medicamentos Essenciais da OMS, afirma que é esse uso inadequado que tem levado a uma resistência cada vez maior das bactérias aos produtos. Segundo a entidade, isso acontece quando pacientes usam antibióticos em situações em que não necessitam ou quando não terminam o tratamento, dando a oportunidade para que parte das bactérias resistam e criem "imunidade" ao remédio.

Diante da situação, a Associação Panamericana de Infectologia, em parceria com a farmacêutica Pfizer, lançaram nesta semana uma campanha nas redes sociais para conscientizar pacientes sobre o uso racional dos remédios. "A ideia é mostrar que pequenas ações, como o uso conforme prescrito pelo médico e o descarte correto do medicamento, podem salvar milhões de vidas", diz Eurico Correia, diretor médico da Pfizer.

Vítimas

Apenas a resistência aos antibióticos que tratam de tuberculose causa atualmente a morte de 250 mil pessoas por ano. Além desse caso, a OMS já identificou outras 12 situações em que a resistência a produtos no mercado já representa uma ameaça.

No total, 51 novos antibióticos estão em diferentes etapas de avaliação e testes. Desses, porém, apenas oito estão sendo classificados pela OMS como "tratamento inovadores". Mesmo eles não são garantia total de esperança nessa área porque precisam passar por todas as fases de pesquisas clínicas para chegar ao mercado.

Agropecuária

O uso indevido de antibióticos não deve ser combatido somente entre os humanos, mas também no setor da agropecuária. Hoje, 70% dos medicamentos do tipo consumidos no mundo são utilizados no setor de alimentos e animais, o que fez a Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciar discussões de medidas que levem à redução desse uso nos animais.

"No setor de agropecuária, os antibióticos têm sido usados tanto para tratar doenças nos animais quanto para aumentar o peso deles. Isso tem de ser reduzido ao mínimo possível", destaca Flávia Rossi, diretora médica do Serviço de Microbiologia do Laboratório Central do Hospital das Clínicas.

A brasileira integra um grupo internacional formado por especialistas convocados pela OMS para discutir formas de reduzir o uso indevido desses remédios. No ano passado, o grupo fez uma classificação de quais antibióticos devem ser usados em cada grupo (humanos ou animais).

"A partir dessas classificações e estudos, estamos criando protocolos e recomendações. Acredito que tanto o Brasil quanto outros países vão seguir essa tendência de redução porque é uma demanda mundial", afirma Flávia. "Nos Estados Unidos, por exemplo, grandes empresas de produção de carne já colocam em seus produtos selos mostrando se o produto teve ou não utilização de antibiótico", relata a médica.

Meta

A especialista destaca que a meta da OMS é alcançar níveis de uso adequado de antibiótico em humanos e animais até 2050. Se nada for feito até lá, a agência estima que o número de mortes em função da resistência bacteriana chegue a 10 milhões por ano, superando, por exemplo, o número de vítimas do câncer (8,2 milhões). Hoje, a estimativa é que 700 mil pessoas morram no mundo por infecções causadas por bactérias resistentes a cada ano.

De acordo com Flávia, a bactéria mais presente em infecções resistentes é a Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC), conhecida por causar surtos em vários hospitais brasileiros. As pessoas mais vulneráveis às infecções resistentes são crianças, idosos e os pacientes com condições que tornam o sistema imunológico mais frágil, como doenças autoimunes, câncer ou HIV. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta segunda-feira (12) sobre o perigoso aumento do consumo de antibióticos em alguns países, como também sobre o baixo consumo em outras regiões, o que pode levar ao surgimento de "superbactérias" mortais.

O relatório da OMS, baseado em dados de 2015 recolhidos em 65 países e regiões, mostra uma importante diferença de consumo, que vai de 4 doses diárias definidas (DDD) em cada 1.000 habitantes por dia no Burundi a mais de 64 na Mongólia.

"Essas diferenças indicam que alguns países consomem provavelmente antibióticos demais enquanto outros talvez não tenham acesso suficiente a esses medicamentos", apontou a OMS em comunicado.

Descobertos nos anos 1920, os antibióticos salvaram dezenas de milhões de vidas, lutando de maneira eficaz contra doenças bacteriológicas como a pneumonia, a tuberculose a meningite.

No entanto, ao longo dos anos, as bactérias se modificaram para resistir a esses medicamentos.

A OMS advertiu em muitas ocasiões que o número de antibióticos eficazes se diminuindo no mundo.

No ano passado, a agência das Nações Unidas pediu aos Estados e aos grandes grupos farmacêuticos que criassem uma nova geração de medicamentos capazes de lutar contra as "superbactérias" ultrarresistentes.

"O consumo excessivo assim como o consumo insuficiente de antibióticos são as maiores causas de resistência aos antimicrobianos", afirmou Suzanne Hill, diretora de Medicamentos e Produtos Sanitários Essenciais na OMS, em um comunicado.

"Sem antibióticos eficazes e outros antimicrobianos, perderemos nossa capacidade para tratar infecções tão estendidas como a pneumonia", advertiu.

As bactérias podem se tornar resistentes quando os pacientes usam antibióticos que não precisam ou quando não terminam seus tratamentos. A bactéria tem assim mais facilidade para sobreviver e desenvolver imunidade.

A OMS também se preocupa com o escasso consumo de antibióticos.

"A resistência pode se desenvolver quando os doentes não podem pagar um tratamento completo ou só têm acesso a medicamentos de qualidade inferior ou alterados", diz o relatório.

Na Europa, o consumo médio de antibióticos é aproximadamente de 18 DDD por 1.000 habitantes por dia. A Turquia lidera a lista (38 DDD), ou seja, cerca de cinco vezes mais que o último da classificação, Azerbaijão (8 DDD).

A OMS reconhece, contudo, que seu relatório é incompleto porque inclui apenas quatro países da África, três do Oriente Médio e seis da região da Ásia-Pacífico. Os grandes ausentes deste estudo são Estados Unidos, China e Índia.

Desde 2016, a OMS ajuda 57 países com renda média e baixa a coletar datos para criar um sistema modelo de acompanhamento do consumo de antibióticos.

Pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP) sequenciaram o genoma da bactéria salmonella e descobriram que a maioria das 90 amostras pesquisadas apresentou resistências a diferentes classes de antibióticos.

O estudo, desenvolvido na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), identificou 39 genes responsáveis por essa resistência.

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A salmonella é a bactéria mais frequente nos surtos de infecções alimentares, diarreias e gastroenterites, representando 14,4% dos quase 220 mil casos entre 2000 e 2015, segundo dados do Ministério da Saúde.

Amanda Aparecida Seribelli, doutoranda do Programa de Biociências e Biotecnologia, disse que o trabalho encontrou a presença do gene que indica resistência no genoma da bactéria e que o desenvolvimento da resistência em si vai depender de outros fatores. “Isso significa que aquela informação pode ser expressa numa proteína e aí ela é resistente, mas depende do meio em que ela vai estar. Dependendo do hospedeiro, ela pode expressar ou não”, explicou.

As 90 amostras foram isoladas entre 1983 e 2013 no Instituto Adolfo Lutz de Ribeirão Preto, e na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro.

De acordo com os pesquisadores, elas fornecem um retrato da epidemiologia de salmonelose no Brasil nos últimos 30 anos, pois são provenientes de todas as regiões do país, tendo sido coletadas em pacientes acometidos por infecções alimentares ou em alimentos contaminados, como carne aviária e carne suína, incluindo embutidos, ou em vegetais, como alface, entre outros.

Sequenciamento nos EUA

A pesquisa foi desenvolvida com uma sorovariedade (variantes dentro de uma mesma espécie) da Salmonella enterica, chamada Salmonella Typhimurium.

A espécie enterica é a maior responsável pelos casos de infecção alimentar no Brasil e no mundo. A Salmonella Enteritidis é o outro tipo mais comum da bactéria, que se disseminou a partir de uma pandemia iniciada na Europa nos anos 1990.

No mesmo laboratório de Análises Clínicas, Toxicológicas e Bromatológicas da FCFRP, é desenvolvida uma outra pesquisa estudando o sequenciamento e análise de amostras da sorovariedade S. Enteritidis.

O sequenciamento foi feito no Food and Drug Administration (FDA), a agência federal norte-americana responsável pela fiscalização da qualidade de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos.

“O genoma completo é uma técnica muito cara ainda, então o nosso grupo de pesquisa e o nosso país acaba tendo mais dificuldade de fazer esse tipo de pesquisa aqui”, disse.

O genoma de S. Typhimurium tem 4,7 milhões de pares de base. Somando os dados das 90 amostras, são 423 milhões de bases. A pesquisa é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).

Resistência

O estudo definiu o grau de resistência aos antibióticos de cada uma das 90 amostras. De acordo com os resultados, 65 (72,2%) das 90 amostras de S. Typhimurium se mostraram resistentes aos antibióticos da classe das sulfonamidas, 44 (48,9%) eram resistentes à estreptomicina, 27 (30%) à tetraciclina, 21 (23,3%) a gentamicina e sete (7,8%) as cefalosporinas.

“Chama a atenção a resistência de S. Typhimurium a antibióticos que podem ser utilizados no tratamento da doença. São drogas que estão à disposição dos médicos para o combate a infecções que apresentam resistência. São a segunda linha de defesa, quando os microrganismos não são mortos pelo sistema imunológico do paciente, uma vez que normalmente a salmonelose é uma doença autolimitada e que não precisa do uso de antibióticos. O maior problema é quando isso falha e a bactéria torna-se invasiva”, disse Amanda.

Entre medidas necessárias para impedir o desenvolvimento de bactérias resistentes está o controle na venda de antibióticos. No caso da salmonella, a prevenção é o tratamento sanitário adequado de alimentos.

A venda de antibióticos no Brasil, sem receita médica, é proibida por decreto federal. Desde 2010, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou em portaria que os antibióticos vendidos em farmácias e drogarias do país só poderiam ser entregues ao consumidor mediante receita médica, e em duas vias.

  Mesmo assim muitas farmácias, principalmente as que não integram alguma grande rede, assumem o risco dessa vendagem ilegal e continuam fornecendo o medicamento sem a prescrição. Nossa equipe de reportagem flagrou dezenas de farmácias em Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Recife que realizam a prática ilícita.

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No bairro de Água fria, Zona Norte do Recife, no centro comercial local, todos os oito estabelecimentos visitados pela equipe de reportagem vendem Amoxicilina, medicamento antimicrobiano, sem a receita. Já em Cavaleiro, Jaboatão dos Guararapes, nem todos os estabelecimentos  comercializam o remédio sem a receita.

Ainda em Cavaleiro, a reportagem flagrou farmácias que retém as duas vias da prescrição médica na hora que o cliente vai comprar o antibiótico, para que quando surgir outras pessoas que não estejam com receita em mãos possa vender a medicação sem problema. “Assim a gente registra e fica tudo certo (com a Anvisa) ”, falou um farmacêutico.

Segundo determinação da Vigilância Sanitária, a primeira via deve ficar retida na farmácia e a segunda devolvida ao paciente carimbada para comprovar o atendimento, obrigatoriamente. No entanto, na tentativa de burlar as regras, alguns farmacêuticos e donos das drogarias deram aquele “jeitinho” para não perder a venda.

Mas a população deve ficar atenta. Essa exigência da receita médica veio justamente no momento (2010) em que a bactéria Klebsiella pneumoniae, produtora de carbapenemase (KPC), era responsável por surtos registrados em hospitais brasileiros. Segundo informações da Fiocruz, a bactéria era resistente à maioria dos antibióticos disponíveis, consumindo essas medicações de forma indiscriminada só piorava os casos por conta da força dessa KPC. Não só a Klebsiella pneumoniae pode ser resistente aos antibióticos, como diversas outras bactérias também. 

Em Olinda, mais especificamente em Peixinhos, o cenário de irregularidade é semelhante: há farmácias vendendo antibióticos sem a receita médica. Das seis visitadas, apenas uma exigiu o documento. Confira abaixo um vídeo feito durante a apuração:

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Automedicar-se é um perigo para a saúde

O risco de você se automedicar com antibióticos nas dosagens erradas, com indicação erradas, por não ter sido feito por um profissional médico, aumenta o risco da resistência bacteriana. O LeiaJá entrou em contato com os setores responsáveis pela vigilância sanitária de cada cidade. Confira os posicionamentos sobre a questão.

Recife

A Secretaria de Saúde do Recife informa que os estabelecimentos que forem flagrados cometendo infrações serão autuados e, de acordo com a gravidade das infrações, estão passíveis a penalidades como apreensão, inutilização ou interdição dos produtos, cancelamento da licença de funcionamento, interdição parcial ou total do estabelecimento, além de aplicação de multas. 

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Recife orienta que o consumidor, caso verifique essa ou outra irregularidade sanitária, faça a denúncia através do telefone da Ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde (0800-2811520).

Olinda

A secretaria de Saúde de Olinda, por meio da Diretoria de Vigilância em Saúde, informou para saber como precederia neste caso precisaria saber os nomes e endereços das farmácias que estão apresentando irregularidades. "Diante dessa vistoria, as penalidades só serão aplicadas diante da constatação do agravante podendo ser através de multa ou até mesmo da interdição do estabelecimento", confirmou a secretaria.  

Jaboatão dos Guararapes

A Vigilância Sanitária do Jaboatão dos Guararapes diz que realiza fiscalizações “sistematicamente” e que quando se comprova a venda irregular de tais medicamentos é lavrado auto de infração e multa. Reforça também que as demandas podem ser encaminhadas ao órgão, por meio do número (81) 0800 081 8899.

O consumo global de antibióticos aumentou em 65% entre 2000 e 2015, impulsionado pelo uso explosivo em países de renda média e baixa, mas que representa uma ameaça à saúde global - apontam os pesquisadores.

Em seu relatório, os especialistas ressaltam que "a resistência aos antibióticos, impulsionada pelo consumo de antibióticos, é uma ameaça crescente à saúde global".

Publicado na segunda-feira (26) na revista americana Proceedings of National Academy of Sciences (PNAS), este estudo, baseado em parte em projeções, alerta: "O consumo global total de antibióticos em 2015 foi estimado em 42,3 bilhões de doses diárias". Nos 76 países estudados, a absorção de antibióticos aumentou de 21,1 bilhões de doses diárias, em 2000, para 34,8 bilhões, em 2015.

Correlacionado com o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), o nível de consumo de antibióticos aumentou particularmente nos países de renda média e baixa (LMIC): +114% em 16 anos, chegando a 24,5 bilhões doses diárias determinadas.

Para o pesquisador Eili Klein, do Center for Disease Dynamics, Economics & Policy e um dos autores do estudo, esse aumento significa "um melhor acesso aos medicamentos necessários em países com muitas doenças que podem ser tratadas com eficácia com antibióticos".

Mas o pesquisador alerta: "À medida que mais e mais países obtiverem acesso a essas drogas, essas taxas (de consumo) aumentarão (...), o que levará a taxas mais altas de resistência a antibióticos".

Mas essa resistência bacteriana é responsável por 700.000 mortes por ano em todo o mundo, segundo um grupo de especialistas internacionais formado em 2014 no Reino Unido.

- 77% de aumento -

O consumo é menor em países de alta renda (HIC), com 10,3 bilhões de doses diárias. E, entre 2000 e 2015, o aumento foi de apenas 6%.

A taxa de consumo por mil habitantes e por ano continua muito maior em países de alta renda. Mas em 16 anos, essa taxa aumentou em 77% para os países de renda média e baixa, enquanto diminuiu em 4% para os países ricos.

Alguns países LMIC ultrapassaram a taxa de consumo de antibióticos de países de alta renda.

Em 2015, Turquia, Tunísia, Argélia e Romênia estavam entre os seis países com as maiores taxas de uso de antibióticos, enquanto em 2000 os cinco principais países eram de alta renda.

Outro exemplo, em 16 anos, o consumo de antibióticos dobrou na Índia, aumentou 79% na China, e 65%, no Paquistão. Esses três países são os maiores usuários de antibióticos entre os países LMIC.

No sentido contrário, o aumento foi marginal nos três países líderes do consumo em nações de alta renda, Estados Unidos, França e Itália, explica o estudo.

- Saúde da humanidade -

Os pesquisadores alertam para o futuro: "As projeções de consumo global de antibióticos em 2030, presumindo nenhuma mudança política, são até 200% superior aos 42 bilhões de doses diárias em 2015".

"Eliminar esta utilização inútil (de antibióticos) deve ser uma primeira etapa e uma prioridade para cada país", disse Eili Klein à AFP.

Cerca de "30% da utilização nos países de alta renda é inadequada", ressaltam, acrescentando que o consumo considerável de antibióticos em alguns países LMIC sugere igualmente que um uso inapropriado é real. A resistência aos antibióticos poderia causar dez milhões de mortes por ano até 2050, aponta um estudo britânico recente.

A saúde da humanidade poderá depender os ornitorrincos. Este animal, que vive na Austrália, é um dos raros mamíferos que coloca ovo. Uma equipe australiana descobriu recentemente que uma proteína no leite materno do ornitorrinco poderia ter virtudes terapêuticas para o humano.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nessa segunda-feira (29) sobre a resistência generalizada aos antibióticos que são usados para combater bactérias que causam várias infeções. Os mais frequentes microrganismos causadores de doenças são a Escherichia coli, que provoca infeções do trato urinário, e as bactérias Klebsiella pneumoniae, a Staphylococcus aureus e a Streptococcus pneumoniae, que causam a pneumonia, seguidas pela salmonella. A informação é da ONU News.

A OMS lançou no início desta semana o Sistema Mundial de Vigilância da Resistência aos Antimicrobianos, visando "padronizar a coleta de dados dos países para dar uma imagem mais completa dos padrões e tendências" referentes ao assunto.

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Segundo a agência da ONU, o sistema não inclui dados sobre a resistência da bactéria que provoca a tuberculose, a Mycobacterium tuberculosis, porque o relatório global sobre a doença já inclui essas atualizações desde 1994.

Um estudo da OMS analisou pacientes com suspeita de infeção sanguínea em diversos países, onde as bactérias resistentes a pelo menos um dos antibióticos variou de zero a 82%. A agência revelou ainda que a resistência à penicilina, usada há décadas para tratar a pneumonia, variou de zero a 5% entre os países que reportaram sua situação. E uma proporção entre 8% a 65% de infectados pela bactéria E. Coli apresentou resistência ao antibiótico ciprofloxacina que trata a infecção.

Brasil e Moçambique

Brasil e Moçambique sãos os únicos países de língua portuguesa incluídos no Sistema Global de Vigilância Antimicrobiana da OMS, que envolve 25 países de alta renda, 20 de renda média e sete de baixa renda. Timor-Leste está ainda por adotar as regras do sistema de vigilância nacional. A OMS disse apoiar os países a criarem esses guias para que haja dados confiáveis e significativos sobre a sua situação.

O mundo está ficando sem antibióticos. O alerta foi feito nesta terça-feira, 19, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que aponta para o número insuficiente de novos produtos sendo desenvolvidos e uma resistência cada vez maior aos remédios que estão no mercado.

Em seu novo informe sobre o setor, a OMS alerta que a maioria dos produtos que estão sendo desenvolvidos neste momento pelo setor farmacêutico representa somente uma modificação nos atuais antibióticos, com um impacto apenas de curto prazo. No levantamento que considerou os produtos sendo pesquisados por diferentes multinacionais, poucos teriam o potencial de superar a resistência de infecções, cada vez mais presentes.

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Apenas a resistência aos antibióticos que tratam de tuberculose causa hoje a morte de 250 mil pessoas por ano. Além desse caso, a OMS já identificou outros doze casos em que a resistência a produtos no mercado já representa uma ameaça.

No total, 51 novos antibióticos estão em diferentes etapas de avaliação e testes. Desses, porém, apenas oito deles estão sendo classificados pela OMC como "tratamento inovadores" e que irão adicionar valor ao arsenal de remédios que a humanidade dispõe. Mesmo esses oito candidatos não têm ainda garantias de que todos chegarão ao mercado.

Além da tuberculose, doenças ou infecções como a bactéria E.coli podem passar a representar sérias ameaças.

"Temos uma emergência de saúde global que pode minar de forma séria o progresso da medicina moderna", alertou Tedros Adhanom Ghebreyesus, o diretor-geral da OMS e que apelou por uma ação maior das farmacêuticas. "Precisamos de forma urgente de novos investimentos em pesquisa. Caso contrário, voltaremos a ver pessoas morrendo com infecções mesmo depois de cirurgias relativamente pequenas", disse.

Apenas no setor de tuberculose, a OMS alerta que somente dois novos produtos chegaram ao mercado nos últimos 70 anos. Para erradicar a doença, a entidade estima que precisa de mais de US$ 800 milhões por ano para trazer ao mercado novos produtos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou nesta terça-feira novos tratamentos adaptados para infecções de transmissão sexual (ITS) comuns, ante a "ameaça crescente" da resistência aos antibióticos.

Em um comunicado publicado em Genebra, a OMS se referiu especificamente a clamídia, gonorreia e sífilis, que em geral são curadas com antibióticos mas são "cada vez mais difíceis de tratar", porque alguns desses medicamentos perdem eficácia "pelo uso indevido ou excessivo".

A OMS calcula que a cada ano 131 milhões de pessoas contraem clamídia, 78 milhões gonorreia e 5,6 milhões sífilis.

Entre essas três, a gonorreia é a mais resistente aos antibióticos, adverte o documento, acrescentando que algumas das cepas das suas bactérias são "multirresistentes" e "não reagem a nenhum dos antibióticos existentes".

As bactérias que provocam a clamídia e a sífilis também resistem aos antibióticos, acrescenta o comunicado.

"A clamídia, a gonorreia e a sífilis são grandes problemas de saúde pública no mundo todo, que afetam a qualidade de vida de milhões de pessoas e causam patologias graves e até mesmo a morte", afirma o diretor do Departamento de Saúde Reprodutiva da OMS, Ian Askew.

A OMS "reitera a necessidade de tratar estas ITS com os antibióticos adequados, nas doses corretas e no momento oportuno a fim de reduzir sua propagação e melhorar a saúde sexual e reprodutiva", destaca Askew.

Se essas doenças não são diagnosticadas nem tratadas, "podem provocar graves complicações e problemas de saúde a longo prazo para as mulheres, como doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica e aborto", afirma o documento.

Da mesma forma, "a gonorreia e a clamídia podem provocar infertilidade tanto em homens quanto em mulheres", acrescenta.

Essas doenças "também podem duplicar ou triplicar o risco de uma pessoa se infectar com HIV. Uma ITS não tratada durante a gravidez aumenta o risco de mortinatalidade e de morte neonatal", conclui a OMS.

O mundo caminha para uma era "pós-antibiótica", em que infecções comuns podem matar. O alerta é do médico britânico Manica Balasegaram, diretor da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), recém-nomeado para coordenar o programa Pesquisa e Desenvolvimento de Antibióticos Globais (Gard, na sigla em inglês), lançado no último dia 27 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês). O objetivo do programa é financiar pesquisas para encontrar novos antibióticos.

O lançamento do Gard coincidiu com o anúncio do primeiro caso nos Estados Unidos de superbactéria resistente à colistina, o mais potente dos antibióticos, último recurso de infecções difíceis. A paciente é uma mulher de 49 anos, da Pensilvânia, internada em abril com infecção urinária pela bactéria E. coli. Ela não havia saído do país nos cinco meses anteriores ao surgimento da doença. A vítima não reagiu ao tratamento com colistina, considerado o último recurso em infecções difíceis de combater. Ela foi tratada com antibiótico menos potente e se recuperou.

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Em novembro de 2015, uma cepa da superbactéria já havia sido identificada na China. Desde então, foi localizada em mais de 20 países. O temor dos pesquisadores é que o gene que confere resistência à cepa se espalhe por outros agentes infecciosos.

O Gard já recebeu 2 milhões de euros doados por Alemanha, Reino Unido, Países Baixos, Conselho Sul-Africano de Pesquisa Médica e MSF para financiar três linhas simultâneas de pesquisa.

Balasegaram, que trabalhou como médico de campo do MSF na África Subsaariana e no sul da Ásia, estará no Rio nesta semana para participar da Reunião de Parceiros do DNDi, que discutirá o desenvolvimento de novos antibióticos para as doenças negligenciadas - aquelas pelas quais a indústria farmacêutica não se interessa e não investe, como tuberculose e malária.

Recentemente foi anunciada a descoberta de um paciente nas Américas com resistência bacteriana a todos os tipos de antibióticos. Que risco essa descoberta representa?

As bactérias resistentes aos medicamentos não só viajam geograficamente, mas também os genes resistentes podem viajar entre patógenos. Este é um grande problema. Bactérias resistentes aos medicamentos não estão presentes apenas em ambientes hospitalares, mas também na comunidade. Em outras palavras, ao nosso redor, incluindo na nossa alimentação. Portanto, a recente descoberta nos Estados Unidos é uma confirmação de que temos que agir imediatamente, antes de nos vermos diante de um colapso completo da medicina moderna como a conhecemos.

As bactérias multirresistentes emergiram a partir da automedicação, mas existem evidências de que o uso de antibióticos em animais, para aumentar a produção, está relacionado à resistência em humanos. Estas práticas precisam ser revistas?

A multirresistência a medicamentos resulta de vários fatores que vão muito além da automedicação. Faltam diagnósticos adequados, rápidos e de baixo custo para determinar a questão mais fundamental: se a infecção é decorrente de vírus ou bactéria. Até hoje, muitas vezes, isso leva à prescrição excessiva de antibióticos. Acontece em países ricos e pobres. O uso exagerado de antibióticos na agricultura e criação de animais é uma das principais causas da resistência, o que levou à necessidade urgente de diminuir ao mínimo essa aplicação. Desenvolver resistência aos antibióticos é basicamente o que as bactérias fazem, é sua natureza. Ainda assim, temos que tentar retardar ou combater a resistência com todas as armas de que dispomos, garantir acesso a antibióticos para quem precisa, assegurar os antibióticos certos nas doses certas, administrar formulações e combinações para as infecções. Também controlar o excesso de comercialização de remédios, implementando diretrizes a níveis local, nacional e global. Os setores da saúde humana e animal têm de trabalhar lado a lado. Simplesmente não temos novos tratamentos com antibióticos, com medicamentos novos ou existentes, e é isso que o Gard pretende resolver.

Mas em poucos anos haverá bactérias resistentes a estas novas drogas também.

É absolutamente necessário desenvolver novos antibióticos, mas, se não fizermos nada sobre como os antibióticos, já existentes e novos, são usados, controlados e acessíveis para as pessoas que necessitam, qualquer antibiótico novo vai encontrar resistência rapidamente. A luta contra a resistência antimicrobiana tem que ser um esforço imediato e global. As economias emergentes, como o Brasil, terão papel crucial a desempenhar, possuindo sistemas de saúde cada vez mais robustos, capacidade para desenvolver antibióticos e também muitos dos problemas globais que são causas da resistência.

Como os países devem agir para evitar a proliferação de bactérias multirresistentes? A adoção de regras restritivas para o uso dos antibióticos é suficiente?

Devemos ser claros sobre como restringir o uso. Isso só é apropriado onde há excesso de uso. Mais pessoas estão morrendo por falta de antibióticos do que pela resistência. Mesmo que possamos ver essa tendência se inverter, temos que nos preocupar tanto em garantir o acesso aos pacientes que necessitam de antibióticos quanto sobre como proteger a "vida" dos antibióticos pelo maior tempo possível.

Autoridades sanitárias americanas vão redobrar esforços para impedir o aparecimento de agentes microbianos resistentes a todos os antibióticos, após a descoberta recente de uma paciente infectada com uma bactéria mutante insensível a um antimicrobiano de último recurso.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos(CDC) anunciaram a criação de uma rede de laboratórios dedicada a detectar e tratar a resistência microbiana em amostras humanas. Os CDC vão, ainda, utilizar novos recursos para apoiar os serviços de saúde, como parte dos seus esforços para deter os surtos de infecções resistentes a antibióticos e impedir a propagação desses agentes patogênicos.

O medo de um cenário nefasto aumentou com o caso, nesta semana, de uma mulher de 49 anos que contraiu uma variedade da bactéria Escherichia coli, mais conhecida pela abreviatura E. coli, que lhe causou uma infecção urinária persistente.

A bactéria contraída é portadora do gene MCR-1, que a torna resistente à colistina, um antibiótico de 1959 utilizado como último recurso nos casos de polirresistência. A E. coli reagiu, porém, a um tratamento com carbapenema, outro antibiótico de amplo espectro, e a paciente está curada.

Os CDC afirmaram que estão trabalhando com o Ministério da Defesa - cujos virologistas detectaram a bactéria - e com as autoridades sanitárias do estado da Pensilvânia, onde a paciente esteve internada, para "identificar as pessoas que estiveram com ela, de modo a evitar contágios". É a primeira vez que o gene MRC-1 é encontrado em uma bactéria infectando um humano nos Estados Unidos. Antes, o gene já tinha sido detectado em aves e porcos na Europa e na China.

O gene mutante MCR-1, que se encontra sobre um pequeno fragmento do DNA microbiano, tem a capacidade de passar de uma bactéria a outra, propagando potencialmente a resistência aos antibióticos em diversas espécies bacterianas.

Um mundo pré-antibióticos

De acordo com as autoridades sanitárias, se as Enterobacteriaceae resistentes ao carbapenema adquirirem esse gene, não haveria mais antibióticos disponíveis para detê-las. "Estamos muito perto de ver emergir Enterobacteriaceae que serão impossíveis de tratar com antibióticos", alertou o médico Lance Prince, da Universidade George Washington, citado pelo jornal The New York Times.

Para Tom Frieden, diretor dos CDC, "corremos o risco de voltar a um mundo pré-antibióticos". Os CDC e os institutos nacionais de saúde começaram a estudar esse gene em bactérias na América do Norte a partir do seu aparecimento na China em 2015. A detecção pela primeira vez do MCR-1 nos Estados Unidos "é um sinal prévio da emergência de uma bactéria resistente a todos os antibióticos", escreveram os autores desta descoberta.

Com uma taxa de mortalidade que pode chegar a 50%, as Enterobacteriaceae resistentes ao carbapenema são consideradas pelos CDC como uma das maiores ameaças à saúde pública. Mas os cientistas do Ministério da Defesa afirmaram em um blog que o gene MRC-1 é raro. Disseram, ainda, que os pesquisadores das agências federais analisaram 44.000 bactérias salmonela e 9.000 bactérias E.Coli em amostras humanas e em carnes de supermercados sem encontrar vestígios.

Segundo Frieden, é imprescindível "fazer grandes esforços para proteger a eficácia dos antibióticos para a nossa geração e a dos nossos filhos", assim como desenvolver novas classes de antibióticos. Segundo um estudo recente publicado pela sociedade americana de medicina, até 30% dos antibióticos orais prescritos em consultas médicas nos Estados Unidos são inapropriados ou desnecessários.

Esse mal uso dos antibióticos é considerado a causa principal do desenvolvimento da resistência microbiana, que afeta a dois milhões de pessoas nos Estados Unidos e provoca 23.000 mortes por ano, segundo os CDC.

Uma bactéria resistente a todo tipo de medicamento existente foi descoberta pela primeira vez nos Estados Unidos, gerando preocupação com o efeito cada vez menor dos antibióticos - informaram autoridades de Saúde americanas, nesta quinta-feira (27).

Uma cepa da bactéria E. coli resistente ao antibiótico de último recurso - a colistina - foi detectada em uma paciente com infecção urinária, de 49 anos, na Pensilvânia.

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"É um velho antibiótico, mas era o único que restava para o que eu chamo de uma bactéria de pesadelo", afirmou o diretor dos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, Thomas Frieden, referindo-se à família de bactérias conhecidas como Enterobactérias Resistentes a Carbapenemasas (ERC).

O gene mcr-1, que causa a resistência a antibióticos e foi descoberto recentemente, também foi encontrado na China e na Europa.

Sua aparição nos Estados Unidos pela primeira vez "anuncia a emergência de bactérias totalmente resistentes aos medicamentos", relata um informe sobre essa descoberta, publicado na revista Antimicrobial Agents and Chemotherapy, da Associação Americana de Microbiologia.

"Corremos o risco de nos encontrarmos em um mundo pós-antibióticos", comentou Frieden. A colistina apareceu em 1959 para tratar de infecções causadas pelas bactérias E. coli, Salmonella e Acinetobacter. Elas podem causar pneumonias, ou graves infecções no sangue.

Nos anos 1980, deixou de ser usada para o tratamento de seres humanos, devido a sua alta toxicidade para os rins, mas é um remédio de uso corrente na pecuária - especialmente na China.

Voltou a ser usada, porém, como tratamento de último recurso em hospitais e clínicas, quando as bactérias começaram a desenvolver resistência a outros antibióticos mais modernos.

Um grupo de investigadores dinamarqueses encontrou sinais de uma bactéria que contém um gene que a torna resistente a antibióticos de última geração, uma mutação que já tinha sido identificada por peritos chineses.

Um estudo publicado na China em 19 de novembro revelou que eles haviam encontrado bactérias com um gene que as torna resistentes a vários antibióticos de última geração - utilizados como último recurso contra os agentes patogênicos que não respondem a outros medicamentos.

Este tipo de bactérias, detectadas no sul da China, são resistentes às polimixinas, que são utilizadas como "último recurso" contra bactérias gram - (como Enterobacter, E. coli, Klebsiella pneumoniae), especialmente em pessoas com fibrose cística ou em reanimação.

"Uma bactéria com o mesmo tipo de resistência agora foi detectada na Dinamarca", disse a Universidade Técnica da Dinamarca em comunicado no qual revelou um estudo publicado na semana passada.

Utilizando uma base de dados de DNA de bactérias, os pesquisadores encontraram o gene num paciente que sofreu uma infecção no sangue em 2015, e em cinco amostras de aves domésticas importadas no período entre 2012 e 2014.

As aves vieram da Alemanha, disse à AFP o biólogo especialista em microrganismos Frank Moller Aarestrup.

Esta descoberta é "muito preocupante", afirmou o Instituto Robert Forest, ligado ao ministério da Saúde e que é a entidade encarregada de supervisionar e controlar as doenças infecciosas.

"Como o gene só foi encontrado numa paciente e as amostras mais antigas são de 2012, o assunto não é de urgência crítica", afirmou o organismo.

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