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O ano de 2023 não caminha apenas para ser o mais quente já registrado, como também para bater recordes em índice de concentração de gases de efeito estufa e nível do recuo do gelo na Antártida, alertou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) no início da Conferência do Clima, a COP28 , em Dubai, nos Emirados Árabes.

A agência meteorológica da Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou um relatório provisório sobre o estado do clima e chamou a atenção para "fenômenos extremos que deixaram um rastro de devastação e desespero".

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A OMM disse que considera "seguro" afirmar, mesmo sem considerar os dados dos últimos dois meses, que 2023 será o ano mais quente dos últimos 174 anos - todo o período em que há medição.

De acordo com a organização, até outubro, a temperatura média estava 1,4ºC acima do período pré-industrial (1850-1900), ou seja, já próximo de 1,5ºC, patamar estabelecido como limite no Acordo de Paris.

Esses 1,4ºC também estão bem acima dos excessos de temperatura registrados nos dois anos mais quentes até momento, 2016 (quando ultrapassou 1,29ºC) e 2020 (1,27ºC). "A diferença é tão importante que, com toda a probabilidade, os valores que serão registrados nos últimos dois meses do ano não terão impacto na classificação", concluiu a OMM, depois de comparar cinco bancos de dados meteorológicos globais.

O relatório prevê, também, que 2024 será ainda mais quente que 2023. Isso porque o El Niño, fenômeno normalmente associado ao aumento da temperaturas, começou a influenciar o clima global este ano e tende a provocar ainda mais calor no ano seguinte ao seu início.

Emissões de gases

A agência da ONU também indica, em seu relatório, que 2023 baterá recorde histórico sobre as concentrações de gases de efeito estufa. O registro deste ano, segundo a organização, deve ser superior ao de 2022, quando a quantidade de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera já era 150% superior à da era pré-industrial.

A concentração de metano (CH4), que em 2022 foi 266% superior à do período 1850-1900, e de óxido nitroso (N2O), 124% superior no ano passado, também já são evidentemente maiores este ano. As medições são feitas em estações meteorológicas estratégicas, como as de Mauna Loa (Havaí) ou Tasmânia (Austrália).

Descongelamento das geleiras

Outros registros preocupantes confirmados pela ONU foram feitos nos polos globais: a Antártida atingiu mínima histórica de área de extensão de gelo marinho, com apenas 1,79 milhões de quilômetros em fevereiro, valor mais baixo desde que começaram as medições de satélite, em 1979.

Dados igualmente perturbadores foram registrados no Ártico, onde o valor mínimo de extensão no ano (4,23 milhões de quilômetros quadrados em setembro) foi o sexto menor já registrado. E também nos Alpes Europeus, onde as medições na Suíça mostram que, em apenas dois anos, seus glaciares perderam 10% do seu volume. Com agências internacionais.

Os ursos polares na Groenlândia foram forçados a adaptar drasticamente sua alimentação e seu habitat devido às mudanças climáticas, mostrando grande flexibilidade, de acordo com pesquisadores da Universidade de Copenhague.

Um estudo dos genomas desses predadores do Ártico mostrou que, desde o final da última glaciação, há 12 mil anos, "quando as temperaturas aumentaram, as placas de gelo flutuantes diminuíram, reduzindo o habitat dos ursos polares e os obrigando a se deslocar mais para o norte", explicou à AFP Michael Westbury, coautor do trabalho publicado na revista "Science Advances".

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No início do período interglacial, o aumento das temperaturas também provocou uma diminuição na população de ursos, apontou.

No entanto, apesar da preocupação com a sobrevivência desses carnívoros - a espécie está entre as populações vulneráveis às mudanças climáticas desde 1982 - "os ursos polares estão relativamente bem", avaliou o pesquisador.

"Eles podem ser mais adaptáveis do que pensávamos antes [...], é mais uma surpresa", acrescentou.

Os cientistas identificaram recentemente uma nova população de ursos polares no sudeste da Groenlândia, que usa placas de gelo que se desprendem dos glaciares de água doce para caçar focas. Normalmente, esses predadores utilizam placas de gelo flutuantes, que estão derretendo de maneira alarmante, para capturar suas presas.

Esses mamíferos, cuja morfologia é diferente da dos do oeste da Groenlândia, não vivem em condições ideais, destacou Westbury, mas "podem adaptar sua alimentação e isso implica em outras mudanças".

Porém, a atual aceleração do aquecimento global coloca os animais em uma situação sem precedentes.

"Segundo as projeções, eles serão forçados a se deslocar cada vez mais para o norte, mas chegará um momento em que não terão para onde ir, e isso pode ser muito nefasto", enfatizou o pesquisador.

A situação é complicada para os ursos polares, pois o aquecimento global ligado à atividade humana ocorre ainda mais rápido do que antes, dando menos tempo aos animais para se adaptar e modificar seu comportamento.

As cidades de Santos, no litoral paulista, e Rio de Janeiro poderão ter, respectivamente, 7,57% e 7,35% de seus territórios cobertos pelas águas do mar até 2100, se o planeta aumentar as emissões de gases de efeito estufa.

A estimativa foi publicada nesta terça-feira (28) em um estudo desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) em parceria com a agência Climate Impact Lab. O documento alerta que o avanço das águas sobre a terra, e que deverá atingir outros locais do mundo, é uma consequência do aquecimento global.

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Para fazer as projeções, o estudo utilizou imagens de satélite, mareógrafos e modelos do Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). E, para estimar o impacto do aumento do nível do mar, simulou três cenários diferentes com base na concentração de emissão de gases de efeito estufa: baixa emissão (a temperatura da Terra até 2100 não aumentaria mais que 2ºC); emissão intermediária (aumentaria a temperatura até 2100 em 2,7ºC); e emissão muito alta (aumentaria a temperatura em 4,4ºC até 2100).

Dentro desses três cenários, segundo os dados de projeção, o Brasil sofreria uma elevação média do nível do mar de 20,9 cm a 24,27 cm até meados do século (entre 2040-2059), e de 40,5 cm a 65,6 cm até o ano de 2100, a depender do nível de emissão e do aumento de temperatura da Terra.

No cenário atual, no qual a emissão de gases é considerada de nível intermediário, a previsão é de que o País sofra com o aumento de 21,65 cm do nível do mar até metade do século, e 49,98 cm até 2100 - os dois números estão acima da média global, 18,15 cm e 40,73 cm, respectivamente.

No pior dos cenários, isto é, se as emissões aumentarem para níveis mais altos, de acordo com os dados, a cidade de Santos poderia sentir o nível do mar crescer 27,74 cm até o meio do século e até 72,85 cm em 2100. Na capital fluminense, os números são mais modestos, mas não menos preocupantes: 23,84 cm até o meio do século e 65,67 cm até 2100.

Já com relação aos impactos da inundação terrestre, as projeções estimam que, se as emissões de poluentes continuarem iguais, o Brasil poderá ficar com uma área submersa total de 913,2 km² até meados do século, e 2.270,3 km² até 2100. No caso de emissões elevadas, esse número poderá chegar a 4.612 km² de áreas brasileiras tomadas pelas águas no final deste século 21.

Com base nesses dados, o PNUD e o Climate Impact Lab alertam que algumas cidades, altamente povoadas, poderão ter 5% ou mais de seus territórios abaixo do mar se a quantidade de emissões de poluentes crescer. Além de Santos e Rio de Janeiro, no Brasil, a lista inclui: Guayaquil (Equador), Barranquilla (Colômbia), Kingston (Jamaica), Cotonou (Benin), Calcutá (Índia), Perth (Austrália), Newcastle (Austrália) e Sydney (Austrália).

"Os efeitos da subida do nível do mar colocarão em risco décadas de progresso do desenvolvimento humano em zonas costeiras densamente povoadas, onde vivem uma em cada sete pessoas no mundo", afirmou Pedro Conceição, Diretor do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD.

Em nota, as entidades afirmam que "muitas regiões baixas ao longo das costas da América Latina, África e Sudeste Asiático podem enfrentar uma grave ameaça de inundação permanente", e as projeções indicam uma "tendência alarmante com potencial para desencadear uma reversão no desenvolvimento humano nas comunidades costeiras em todo o mundo".

Problema pode afetar áreas povoadas por até 73 milhões de pessoas

 

Se as emissões não cessarem e permanecerem como estão, os impactos das inundações poderão, até 2100, atingir áreas costeiras povoadas por até 73 milhões de pessoas em todo o mundo. O estudo informa ainda que, até o final do século 21, "alterações climáticas podem provocar a submersão de uma parcela significativa de terra" em territórios como Bahamas, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Caimã e Maldivas.

"Centenas de cidades altamente povoadas enfrentarão um risco acrescido de inundações até meados do século, relativamente a um futuro sem alterações climáticas", afirmam as entidades. "Isto inclui terras que abrigam cerca de 5% da população de cidades costeiras como Santos, no Brasil, Cotonou, no Benin, e Calcutá, na Índia. Prevê-se que a exposição ao risco de inundações duplique para 10% da população até ao final do século", alertam.

De acordo com o estudo, nos níveis mais elevados de aquecimento global, "aproximadamente 160 mil km² de terras costeiras (uma área maior que o território da Grécia ou do Bangladesh) seriam inundadas até 2100?, e atingindo vastas áreas de cidades costeiras localizadas em países como Equador, Índia e Arábia Saudita.

Se o planeta conseguir diminuir as emissões para níveis que não aumentem a temperatura da Terra em até 2ºC, a projeção é que é 70 mil km² desse total de áreas em risco poderão permanecer acima do nível do mar.

"Essas projeções não são conclusões precipitadas; em vez disso, podem ser um catalisador para a ação", disse Hannah Hess, diretora associada do Climate Impact Lab. "Ações rápidas e sustentadas para reduzir as emissões afetarão a rapidez e o grau de impacto das comunidades costeiras. A redução das emissões não só mitiga os riscos, mas também nos dá mais tempo para responder proativamente e nos prepararmos para a subida dos mares."

Pedro Conceição, do PNUD, lembra que a divulgação desses dados deve servir de alerta para as autoridades que comparecerem à Cúpula do Clima, a COP-28, que começa na próxima quinta feira, 30, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. "A nossa nova investigação do PNUD e do Climate Impact Lab é mais um lembrete aos decisores que vão para a COP-28 de que o momento de agir é agora."

Agosto de 2023 teve a temperatura global mais alta já registrada neste período de ano pela Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA). De acordo com a agência, que faz registros de temperatura global há 174 anos, este foi o mês de agosto mais quente já visto tanto no hemisfério norte, que enfrenta o verão nesta época do ano, quanto no hemisfério sul, que passa pelo inverno.

A análise, feita por cientistas dos Centros Estadunidenses de Informação Ambiental da NOAA, mostrou que a temperatura média global da superfície terrestre e oceânica em agosto de 2023 ficou 1,25 ºC acima da média do século XX, de 15,6 ºC.

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"O mês passado não foi apenas o mês de agosto mais quente já registrado, mas também o 45º agosto consecutivo do mundo e o 534º mês consecutivo com temperaturas acima da média do século XX", aponta a cientista-chefe da NOAA, Sarah Kapnick.

Quatro continentes - África, Ásia, América do Norte e América do Sul - e a região ártica tiveram o mês de agosto mais quente já registrado nesses últimos 174 anos. Já na Europa e na Oceania, este foi o segundo mês de agosto mais quente de toda a série histórica.

A pesquisa mostra ainda que, desde abril deste ano, a temperatura global da superfície do mar tem atingido recorde máximo em relação à média padrão. Em agosto, esse recorde foi de uma subida de 1,03 ºC.

"As ondas de calor marinhas globais e o crescente El Niño estão a provocar um aquecimento adicional este ano, mas enquanto as emissões continuarem a impulsionar uma marcha constante de aquecimento de fundo, esperamos que novos recordes sejam quebrados nos próximos anos", alerta Sarah Kapnick.

Os países mais ricos, que contribuíram “historicamente” mais para o aquecimento global, devem arcar com os maiores custos para combater o problema. Essa foi uma das cobranças feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a abertura da Cúpula do G20, neste sábado (9). A reunião fez parte da sessão intitulada “Um planeta Terra” no evento que é realizado em Nova Déli, na Índia.

O presidente exemplificou que as mudanças climáticas, neste momento, afetam o estado do Rio Grande do Sul, com a passagem de um ciclone que deixa desabrigados e mortos. Ele pontuou ainda que os efeitos da mudança do clima têm mais consequências para grupos vulnerabilizados. “São os mais pobres, mulheres, indígenas, idosos, crianças, jovens e migrantes, os mais impactados.”

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De acordo com o último balanço da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, foram confirmadas 41 mortes e o número de desaparecidos subiu para 46 pessoas. A estimativa do governo estadual é que mais de 120 mil pessoas tenham sido afetadas.

Para Lula, a falta de compromisso dos mais ricos gerou uma dívida “acumulada ao longo de dois séculos”. “Desde a COP [Conferência das Partes] de Copenhague, [em 2009], os países ricos deveriam prover 100 bilhões de dólares por ano em financiamento climático novo e adicional aos países em desenvolvimento. Essa promessa nunca foi cumprida”. 

Emergência climática

Lula alertou que a falta de compromisso mundial com o meio ambiente levou a uma “emergência climática sem precedentes”. “Se não agirmos com sentido de urgência, esses impactos serão irreversíveis”, apontou. O discurso lido no evento reforçou que o aquecimento global modifica o regime de chuvas e eleva o nível dos mares. “As secas, enchentes, tempestades e queimadas se tornam mais frequentes e minam a segurança alimentar e energética.”

Outra crítica feita pelo presidente é que os países mais ricos não podem ficar transferindo responsabilidades para as nações do hemisfério Sul. “De nada adiantará o mundo rico chegar às COPs do futuro vangloriando-se das suas reduções nas emissões de carbono se as responsabilidades continuarem sendo transferidas para o Sul Global”.

Lula avalia que não faltam recursos tendo em vista o gasto com armas. “Ano passado, o mundo gastou 2,24 trilhões de dólares em armas. Essa montanha de dinheiro poderia estar sendo canalizada para o desenvolvimento sustentável e a ação climática.”

Ele defendeu que o Brasil tem feito a lição de casa e que a proteção da floresta e o desenvolvimento sustentável da Amazônia estão entre as prioridades do atual governo. “Nos primeiros 8 meses deste ano reduzimos o desmatamento em 48% em relação ao mesmo período do ano passado”, exemplificou, citando a realização da Cúpula da Amazônia e o lançamento de uma nova agenda de colaboração entre os países que fazem parte daquele bioma.

O presidente brasileiro adiantou que, durante o período que o Brasil estiver na presidência do G20, lançará uma “Força Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima”. “Queremos chegar na COP 30, em 2025, com uma agenda climática equilibrada entre mitigação, adaptação, perdas e danos e financiamento, assegurando a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas.”

A proteção dos lagos da Floresta Amazônica é mais importante do que se imaginava na luta contra as mudanças climáticas. Apesar de relativamente pequenos, esses corpos d’água estocam um volume desproporcionalmente alto de carbono. Assim, impedem que grande quantidade de gás do efeito estufa vá para a atmosfera, o que agravaria o problema. O estudo, assinado por pesquisadores brasileiros da Universidade Federal Fluminense (UFF), foi publicado na Nature Comunications em julho.

As plantas absorvem dióxido de carbono (CO2) e liberam oxigênio (O2). Quando morrem, o CO2 absorvido é degradado e retorna como gás à atmosfera. Impedir esse retorno é uma das estratégias para combater as mudanças climáticas, já que o CO2 é um dos principais gases que se acumulam na camada de ar. Esses gases impedem a liberação do calor da Terra e, dessa forma, criam o efeito estufa, fenômeno que provoca o aumento da temperatura média do planeta.

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Os cientistas já sabiam que os lagos são importantes sumidouros de CO2, porque recebem grandes quantidades de material orgânico da vegetação em seu entorno. No novo estudo, os brasileiros conseguiram demonstrar que os lagos amazônicos, dada a riqueza da floresta ao seu redor, concentram um volume ainda maior em relação àqueles localizados em outros biomas. Pesquisas anteriores tinham subestimado a quantidade de CO2 estocada nos lagos amazônicos.

Para tentar determinar a importância da preservação desses lagos na prevenção ao aquecimento global, a equipe do professor Humberto Marotta, da UFF, fez diversas expedições às planícies de inundação de rios da Amazônia, abrangendo uma grande variedade de regiões da floresta. Os cientistas coletaram amostras de sedimento do fundo de 13 lagos. Também compararam os resultados com uma revisão global de dados de vários outros estudos semelhantes feitos em diferentes biomas.

As análises revelaram que os lagos da Amazônia apresentam algumas das taxas de acumulação de CO2 mais elevadas do planeta. Elas são de 113,5 gramas por metro quadrado ao ano, volume até dez vezes maior do que os de lagos localizados em outros biomas.

Desmatamento

O estudo demonstrou também que a taxa de acumulação do CO2 é 2,3 vezes maior nas áreas de mata preservada em relação a regiões desmatadas. Ou seja, embora os lagos sejam essenciais para a absorção de CO2, não basta preservar o ecossistema isoladamente. É preciso proteger também a floresta em seu entorno, fornecedora da matéria orgânica.

"O trabalho mostra que, se destruirmos as florestas do entorno, reduzimos a capacidade desses lagos de guardarem matéria orgânica, de serem os guardiões contra o aquecimento global", afirmou o pesquisador Humberto Marotta, da UFF, principal autor do estudo.

O grupo de Marotta tenta agora determinar o número de lagos na região amazônica e sua extensão. O objetivo é medir, de forma mais acurada, o impacto desses ecossistemas no combate às mudanças climáticas. Segundo o professor, as estimativas estão muito subestimadas. Muitos são encobertos pela vegetação, o que impede sua detecção.

Outra questão é determinar qual a capacidade dos rios de acumular sedimentos orgânicos e, consequentemente, CO2. Os especialistas sabem que o acúmulo costuma ser maior em águas mais tranquilas, como a dos lagos. Não há estimativas para os rios amazônicos. "Como os rios têm correnteza, eles não são propícios à acumulação de carbono", afirma Marotta. "Mas como a Amazônia tem muitos rios, seria interessante saber se existem estoques significativos."

A pesquisa é fruto da tese de doutorado de Leonardo Amora-Nogueira e foi apoiada pela Federação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Também contou com parcerias internacionais com a Universidade de Souther Cross, na Austrália; Instituto Birmingham de Pesquisas da Floresta, no Reino Unido; e Universidade de Lisboa, em Portugal.

O aquecimento global provocado pelo homem é a causa da fome que afeta Madagascar, a primeira do tipo, mas não a última, alertou um funcionário do Programa Mundial de Alimentos (PMA) nesta terça-feira (2).

Aduino Mangoni, vice-diretor do PMA em Madagascar, destacou por videoconferência, durante uma reunião das Nações Unidas em Genebra, que 30 mil pessoas sofrem com a fome na metade sul da ilha - afetada por uma seca sem precedentes em 40 anos - e mais de 1,3 milhão sofrem da desnutrição aguda.

Segundo ele, é a primeira fome causada pelo aquecimento global devido às atividades humanas. É também "a única fome relacionada à mudança climática na Terra", insistiu, destacando que as que afetam o Iêmen, o Sudão do Sul e a região etíope de Tigré hoje são causadas por conflitos.

"A situação é muito preocupante", disse, descrevendo as crianças "que só têm pele nos ossos" que encontrou num centro de nutrição durante uma recente viagem à região mais afetada.

A próxima colheita só será em seis meses e a situação se agravará até lá, alertou, lembrando que 500 mil crianças já sofrem de desnutrição, 110 mil delas de forma grave ou aguda e estão a um passo da morte.

O PMA precisa de 69 milhões de dólares para lançar a assistência necessária nos próximos seis meses.

No extremo sul da ilha, 91% da população vive na pobreza e a seca destruiu a capacidade de produção agrícola e pesqueira de que as famílias dependem para sobreviver, destacou recentemente um relatório elaborado pela Anistia Internacional.

De acordo com um relatório publicado pela Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (GCRMN), 14% dos corais no Planeta Terra desapareceram entre os anos 2009 e 2018. A organização afirma que este é um dos estudos científicos mais precisos sobre os oceanos no mundo. Entre os maiores causadores do fenômeno estão a pesca predatória, a poluição e as mudanças climáticas em todo o planeta.

Segundo comunicado oficial da organização ambiental, a porcentagem perdida equivale a uma área de 11.700 km², uma quantidade maior que todos os corais vivos na Austrália, por exemplo. É importante ressaltar que os corais são uma espécie de abrigo para muitas formas de vida, como pequenos animais e plantas, além de servir como fonte de proteína e medicamentos, dos quais pelo menos 1 bilhão de pessoas dependem.

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Para que a pesquisa tivesse um diagnóstico mundial, foram coletados dados em mais de 12 mil locais oceânicos diferentes, em cerca de 70 países. E assim, pode-se observar episódios recorrentes, como o branqueamento dos corais, em virtude da alta temperatura dos oceanos. “Podemos reverter as perdas, mas temos que agir agora”, informou a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Parte do relatório também mostra que a situação atual, em partes, ainda é reversível, já que os corais de recife podem recuperar a saúde caso medidas sejam tomadas o mais rápido possível. Vale lembrar que apesar dessa condição, a recuperação dos corais se trata de um processo a longo prazo, uma vez que também é necessário reduzir os efeitos do aquecimento global, e as atividades predatórias como pesca e poluição.

 

 

Segundo um estudo realizado por pesquisadores do Big Bear Solar Observatory, centro de pesquisa dos Estados Unidos, o planeta Terra está com menor incidência de luz. O resultado foi coletado levando em consideração os últimos 20 anos, e o nível de luz que o planeta reflete quando está de frente para o lado mais escuro da lua.

De acordo com o pesquisador Phillip Goode, um dos autores do estudo, é importante lembrar que o planeta não possui luz própria, e assim, o fenômeno se trata dos raios que o sol dispara em direção a Terra. Assim, em comparação com o cenário de 2 décadas atrás, o planeta absorve cerca de 0,5% mais energia solar.

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O principal fator responsável no acontecimento, é a diminuição da cobertura de nuvens, que recebe os raios solares e reflete para o espaço, e quanto menos cobertura, menor a incidência de luz, que também traz como consequência um aumento da temperatura na superfície dos mares, processo chamado de “Oscilação Decadal do Pacífico” (ODP).

Vale lembrar que, apesar da Terra ser palco desse fenômeno, isso não significa que uma maior absorção de energia pode estar diretamente ligada ao aquecimento global, já que a taxa de 0,5% ainda é pequena, mas as consequências podem afetar condições meteorológicas a longo prazo.

Na última semana, foi divulgado um relatório de 4 mil páginas pelo 'Painel Intergovernamental Sobre as Mudanças Climáticas (IPCC)', órgão da Organização das Nações Unidas (ONU). Nele, é apresentado um prognóstico do que pode acontecer com o planeta Terra daqui a 30 anos, como mudanças climáticas que vão afetar a vida humana, além de risco de extinção de espécies, disseminação de doenças, calor insustentável e colapso de ecossistemas.

De acordo com Maria Neira, diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma das questões que a nossa geração vai enfrentar é a falta de acesso à água potável, que pode afetar a vida humana com doenças relacionadas à ausência de saneamento. Além disso, a projeção indica que até 2050, mais de 30 milhões de pessoas terão que se deslocar de seus lugares por conta de questões agrícolas e aumento do nível do mar.

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Outro ponto que está na projeção é o aquecimento da temperatura média do planeta, e junto a isso, aumento do nível dos oceanos. São consequências do problema as ondas de calor marinhas, que podem prejudicar e até mesmo matar corais e conjuntos de algas marinhas.

De acordo com o relatório, entre os anos de 1925 e 2016, as ondas de calor aumentaram em 34%. Dentre as consequências que mais preocupam, está a exposição que os humanos terão a doenças transmissíveis, especialmente enfermidades que estão associadas a má qualidade do ar. De acordo com Stephanie Tye, pesquisadora associada da 'Prática de Resiliência Climática do Instituto Mundial de Recursos', a Covid-19 é um exemplo de que as fissuras dos sistemas de saúde estão visíveis. Os efeitos das mudanças drásticas no clima podem impactar esses mesmos sistemas em um plano maior.

Em artigo publicado nesta quinta-feira (22), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebrou a retomada da Cúpula de Líderes sobre o Clima, elogiando nominalmente o presidente democrata dos Estados Unidos, Joe Biden, pela organização do encontro em um momento crítico da preservação do meio ambiente em todo o mundo.

Falando sobre “retorno da esperança no diálogo”, o ex-presidente lamenta que o Brasil volte à Cúpula com uma má reputação se tratando de cuidar dos próprios recursos e chega a chamar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de “irresponsável”. O texto foi publicado na Folha de S. Paulo e assinado junto com a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR).

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O evento ocorre nesta quinta (22) e sexta-feira (23). Em mensagem ao público, Lula chama a reunião de “1º grande ato na Casa Branca” e diz que ela “encerra um período de negacionismo científico e de isolacionismo político que ameaçava a todos”. O artigo faz comparações entre a gestão petista e a bolsonarista, falando sobre uma curva negativa nas metas e desempenho do Brasil.

“Estão registrados os avanços que realizamos na preservação da Amazônia, no combate ao desmatamento e às queimadas e na geração de energia limpa, quando o governo brasileiro estava realmente comprometido com o ambiente. Infelizmente, para nós e para o mundo, é bem diferente a situação em que nosso país se encontra hoje e a maneira como é visto. O Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia registrou em março novo recorde no desmatamento, de 216% a mais em relação a março de 2020”, escreveu na carta aberta e também nas suas redes sociais.

Em contrapartida, os líderes petistas apresentam números da administração federal entre os anos de 2004 e 2015, afirmando que, com base nos exemplos, o Brasil tem potencial para voltar “ao convívio das nações como um parceiro atuante na questão ambiental e climática”, chamando a sustentabilidade de “vocação” do país.

“Entre 2004 e 2015, por exemplo, reduzimos em 79% o ritmo de desmatamento da Amazônia. Criamos 59 milhões de hectares de áreas de proteção de florestas e dos povos que nelas habitam. Foi o que nos credenciou à cooperação soberana com outros países, como Alemanha e Noruega, no Fundo Amazônia”, completaram no artigo.

Os autores defendem que o Brasil participe da Cúpula do Clima de “maneira soberana”. Em seguida, dizem que o país deve atuar “como protagonista, e não como pária” e “sem transigir com sua responsabilidade nem com o potencial humano, natural, tecnológico e econômico para enfrentar a crise”.

Lula e Hoffmann ainda chamam Bolsonaro de “irresponsável” pela gestão da pandemia da Covid-19 no Brasil e novamente cobram das nações um encontro com foco no enfrentamento do coronavírus.

“Infelizmente, também nesse ponto o atual governo do Brasil jamais atuou de maneira responsável. Nosso povo sofre a maior tragédia de sua história, e o país é visto como ameaça global. Isso não nos impede, ao contrário, de renovar o chamado aos líderes mundiais para uma ação comum para tornar os meios de enfrentar a pandemia acessíveis a todos, ricos e pobres”, diz o artigo.

Com o Brasil de fora, dezenas de países do mundo participam neste sábado da Cúpula de Ambição Climática 2020, evento comemorativo dos cinco anos da assinatura do Acordo de Paris e que serviu para nações apresentarem metas mais agressivas de redução nas emissões de poluentes.

O encontro virtual foi organizado pelas Nações Unidas, pela França e pelo Reino Unido - sede da cúpula climática da ONU em 2021 (COP26) -, em parceria com Chile e Itália.

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"Devemos agir com determinação sem precedentes, mas precisamos agir agora. O futuro pertence às jovens gerações", disse o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, em sua apresentação - o país sediará um evento preparatório de jovens para a COP26.

O premiê ainda anunciou uma doação de 30 milhões de euros a um fundo da ONU para ajudar nações em desenvolvimento a se adaptarem às mudanças climáticas.

No dia anterior, a União Europeia já havia fechado um acordo para aumentar de 40% a 55% sua meta de redução de emissões "líquidas" de poluentes até 2030.

Também convidado a participar da cúpula deste sábado, o papa Francisco alertou que a pandemia de coronavírus e as mudanças climáticas não têm apenas relevância ambiental, mas também "ética, social, econômica e política", além de incidir "sobretudo na vida dos mais pobres e frágeis".

"Além de adotar algumas medidas que não podem mais ser adiadas, é necessária uma estratégia que reduza as emissões líquidas a zero", acrescentou o líder católico. Segundo o Papa, o Vaticano vai eliminar suas "emissões líquidas" até 2050.

O evento reúne dezenas de líderes globais dispostos a apresentar metas mais agressivas de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. Nomes como Jair Bolsonaro, Donald Trump e Vladimir Putin não foram incluídos entre os oradores.

Controvérsia

A repetição do termo "emissões líquidas" pelos líderes virou motivo de críticas por parte de ambientalistas e de questionamentos sobre até que ponto os governos estão comprometidos na luta contra a crise climática.

"O 'líquidas' em 'zerar emissões líquidas' pode se tornar uma das maiores - e mais perigosas - brechas já criadas. O fato de que nossos governos estão usando a mesma linguagem que as mais poluidoras empresas de combustíveis fósseis realmente diz tudo", escreveu no Twitter a sueca Greta Thunberg.

A tese dos ambientalistas é de que, ao invés de reduzir as emissões brutas de gases do efeito estufa, os governos buscarão apenas maneiras de compensar os níveis de poluentes despejados atualmente na atmosfera, por meio de ações como reflorestamento.

Da Ansa

A administração pública estadual de São Paulo foi acionada na Justiça acusada de financiar ações que aumentam índices de aquecimento global no planeta. O processo, proposto pelo Movimento Famílias pelo Clima, alega que o governo paulista descumpriu a Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC) em vigor desde o ano 2009.

Na ação judicial, o movimento aponta que o IncentivAuto, programa estadual de apoio à ampliação de montadoras de veículos, não sugere contrapartidas para que as companhias contribuam com o meio-ambiente em ações que visam a redução dos gases de efeito estufa (GEE). De acordo o processo, a instituição vai exigir que o estado prove que está a cumprir a PEMC. A normativa obriga empresas automotivas a inserirem técnicas inibidoras da emissão de poluentes no andamento da produção.

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IncentvAuto

O programa assume o custeio de valores que variam entre R$ 1 bilhão a R$ 10 bilhões investidos pelas montadoras na ampliação das fábricas, além de oferecer desconto de 25% para quitação antecipada acima dos R$ 10 bi. A única compensação exigida pelo governo de São Paulo é a criação de 400 empregos, quantidade de vagas que se torna insuficiente para a unidade federativa que, no primeiro semestre, fechou 340 mil postos de trabalho.

Um artigo publicado na revista Cryosphere Discussions por cientistas das universidades de Edimburgo, Leeds e a University College London revela que, por conta do aquecimento global, o planeta Terra perdeu 28 trilhões de toneladas de gelo entre 1994 e 2017.

Na pesquisa, os cientistas descrevem a perda de gelo como "impressionante" e apontam que, se seguir neste ritmo, o nível do mar pode subir até um metro ao final deste século.

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Segundo o professor e diretor do Centro de Observação Polar e Modelagem da Universidade de Leeds, Andy Shepherd, um centímetro de elevação do mar é equivalente a cerca de 1 milhão de pessoas obrigadas a se mudarem de regiões mais baixas.

Shepherd relembra que outros pesquisadores já haviam analisado áreas individuais, como Antártica e Groenlândia, mas é a primeira vez que é feito um estudo que envolve o planeta inteiro. A análise do artigo equivale ao "pior cenário possível", previsto nos estudos do Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

O estudo foi feito após cientistas da Universidade de Ohio constatarem o nível da queda de neve da Groenlândia, que já não consegue repor no mesmo ritmo que o gelo derrete. Deve-se destacar que a cobertura de gelo do país é a segunda maior do mundo.

Informações divulgadas pelo Serviço Copernicus de Mudanças Climáticas da Europa apontam 2019 como o segundo ano mais quente já registrado. Em outro estudo divulgado pela Nasa, a última década (2010-2019) é considerada a com a maior temperatura.

Uma onda de calor vem assolando o Ártico há semanas. O local que é sinônimo de frio constante e paisagens brancas por conta da neve bateu recordes no último sábado (20), quando a temperatura atingiu a marca de 38 graus Celsius em uma das regiões mais frias da Rússia.

Os relatos desse calor atípico rapidamente se espalharam pela internet, compartilhados por meteorologistas de todo o mundo e até mesmo pela ativista sueca Greta Thunberg.

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Embora o recorde ainda precise ser verificado, essa é provavelmente a maior temperatura já registrada ao norte do Círculo Ártico, como apontou o meteorologista da CBS Jeff Berardelli no Twitter.

O ano de 2019 foi o mais quente da Rússia, porém 2020 já parece estar pronto para superar a marca. No mês passado, a Sibéria relatou temperaturas quase 4 graus acima do normal para esta época do ano. Além disso, partes da região pegaram fogo. Uma das mais atingidas é Verkhoyansk, que conta com pouco mais de mil moradores e é famosa por suas temperaturas extremamente geladas, já tendo atingido a marca de 65 graus negativos. Entretanto, na noite do dia 20 deste mês, o local atingiu a marca de 26 graus positivos.

Apesar de estar cumprindo com as recomendações dos órgãos mundiais de saúde - que estabeleceram o distanciamento social como arma de combate ao coronavírus -, Jane Fonda não quer deixar o ativismo de lado. A atriz decidiu manter os protestos contra o aquecimento global em dia, no entanto, de uma outra maneira:pela internet. Ela participa, nesta sexta (3), de uma ação online junto ao Greenpeace e a outras celebridades. 

Jane Fonda é conhecida, além de seu trabalho expressivo como atriz, por seu ativismo. Ela já foi até presa algumas vezes por participar de manifestações mas não se intimida e se mantém na luta contra o aquecimento global e outras pautas. Em tempos de quarentena imposta pela pandemia da covid-19, a atriz precisou se adequar para não deixar os protestos pararem. “Estávamos planejando o maior protesto global de todos os tempos para esta data (o Dia da Árvore, celebrado em 22 de abril). Mas agora tudo é diferente, é claro. Estamos tentando descobrir o que podemos fazer através da internet, para que as pessoas fiquem conscientes da crise existencial da mudança climática”, disse em entrevista à revista Variety. 

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Nesta sexta (3), às 15h, Jane participa de um protesto virtual, no Instagram do Greenpeace USA, ao lado de outros artistas como Alyssa Milano e Marisa Tomei. A organização pretende realizar atos semelhantes até o dia 22, quando se comemora o Dia da Árvore. “São muitos fatores climáticos, e até mesmo o maior contato de humanos com animais, que levam a este tipo de pandemia. Aids e Ebola também vieram de animais", disse Jane.

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Uma pesquisa publicada na revista científica Biorxiv traz um dado que preocupa os profissionais e autoridades de saúde. Cientistas chineses e estadunidenses constataram que 28 grupos de vírus, que estavam congelados há cerca de 15 mil anos, podem retornar à ativa com o aquecimento global. 

 Os estudos foram realizados com amostras do gelo glacial mais antigo do planeta, localizado na região noroeste do Tibete, na China. De acordo com o advogado e ambientalista Alessandro Azzoni, o controle das emissões dos gases que causam o efeito estufa é fundamental para evitar o derretimento das placas de gelo. "As geleiras concentram um mapa histórico dos processos de evolução de nosso planeta, o que realmente pode expor a humanidade a riscos ainda não dimensionados", explica.

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Na última segunda-feira (16), o Brasil celebrou o Dia Nacional de Conscientização sobre Mudanças Climáticas. Para Azzoni, o país e o mundo ainda estão distantes da compreensão no que se refere ao aquecimento global. "Ações ou campanhas são coordenadas por organismos envolvidos nas causas ambientais, mas o que realmente impacta no combate ao aquecimento global é o posicionamento dos administradores de empresas, indústrias e governos", ressalta. Segundo o especialista, apenas com uma maior e efetiva participação destes segmentos o resultado das ações poderá ser considerado eficaz.

Com a baixa efetividade das políticas climáticas, a vida na Terra fica cada vez mais comprometida em alguns ecossistemas. "O aquecimento dos oceanos em mais de 2°C causará a acidificação por meio do impacto no ecossistema marinho", destaca Azzoni.

De acordo com o especialista, as catástrofes causadas pelo desequilíbrio do clima terrestre podem gerar prejuízos econômicos e sociais em todas as partes do mundo. Ainda segundo Azzoni, a população pode fazer a sua parte. "Incentivar, conhecer e praticar ações como reduzir ou deixar de consumir produtos de origem animal, comprar itens elaborados de forma sustentável, usar o transporte alternativo, refletir sobre o consumo de produtos feitos por empresas conscientes, além de evitar o desperdício e colaborar com a coleta do lixo destinando de maneira correta para reciclagem ou aterro sanitário", conclui.

A mudança dos hábitos alimentares pode ser uma importante arma individual na luta contra o aquecimento global. Uma dieta que contribua menos para as mudanças climáticas é a proposta do artigo publicado nesta semana pela Nature Food e assinada por cientistas que participaram do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Entre eles, está a professora Joana Portugal Pereira, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Segundo os cientistas, toda a cadeia global da produção de alimentos poderia ser mais sustentável, da produção ao consumo, passando pelo armazenamento e transporte. Essas atividades respondem por uma fatia considerável (entre 21% e 37%) do total de emissões.

O artigo destaca que as emissões de gases de efeito estufa não estão restritas à produção rural ou à criação de gado. Investir na eficiência cada vez maior nessas etapas da cadeia produtiva é importante, mas não é a única medida a ser adotada.

"Avaliando medidas de redução de gases estufa listadas, vimos que o potencial de redução na produção de alimentos é equivalente ao potencial de redução na demanda, cerca de 8 gigatoneladas", diz Joana.

Para além das políticas públicas, a participação dos cidadãos é fundamental. "Para garantir a segurança alimentar de toda a população é essencial repensar nossos padrões de consumo e adotar dietas sustentáveis, equilibradas e saudáveis", diz a professora do Programa de Planejamento Energético da Coppe. "Não é defender que se adote uma dieta vegetariana ou vegana, é uma postura mais moderada", explica.

Em geral, a criação de gado contribui muito mais para a emissão dos gases de efeito estufa do que a produção agrícola. Por isso, quanto menos carne for consumida e quanto mais verduras, legumes e frutas fizerem parte da dieta, melhor para o meio ambiente.

Saúde

A pesquisadora lembra que 2 bilhões de pessoas no mundo são obesas. E o excesso de peso é responsável por problemas de saúde. "Repensar hábitos e ter equilíbrio na questão dos alimentos leva à redução de gases do efeito estufa, passando também por benefícios ao ecossistema e à saúde." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quase 30 países diminuíram suas emissões de gases de efeito estufa em 2018, mas grandes emissores como Estados Unidos estão nas últimas posições, segundo um relatório publicado nesta terça-feira à margem da COP25 de Madri.

Segundo o índice "Climate change performance" de Germanwatch e da Climate Action Network, 31 dos 57 países responsáveis por 90% dessas emissões mundo as reduziram.

Entretanto, Estados Unidos, Austrália e Arábia Saudita são fonte de "grande preocupação", por seus níveis de emissões, assim como suas políticas climáticas, segundo um comunicado.

Os três primeiros postos da classificação dessas organizações que medem o desempenho dos países no que se refere à proteção do clima permanecem vazios, considerando-se que nenhum país aplica uma política compatível com o Acordo de Paris, que prevê limitar o aquecimento abaixo de + 2°C.

A Suécia ocupa o quarto lugar, à frente da Dinamarca.

Pela primeira vez, os Estados Unidos substituem a Arábia Saudita na última posição.

A China, principal emissor do mundo, aparece em 30º. A UE em 22º. À frente aparece o Brasil, na 21ª posição.

O índice "mostra sinais de uma mudança mundial em termos de emissões, com uma redução do consumo de carvão", indicou Ursula Hagen, da Germanwatch.

"Mas vários grandes países continuam à margem dessa tendência, em primeiro lugar os Estados Unidos".

Por outro lado, o Climate Action Tracker (CAT), que avalia os compromissos de 36 países que representam 80% das emissões, advertiu que as promessas atuais dos governos continuam sendo insuficientes em relação ao Acordo de Paris, porque levariam a um aumento de + 2,8 ºC em 2100.

O carvão continua desempenhando um papel importante na política energética de alguns países, disse o CAT em um relatório, apontando para China, Japão e Coreia do Sul.

O documento também ressalta que a capacidade instalada de energias renováveis duplicou em 10 anos e previu que aumente 50% no próximo período.

O ano de 2019 teve o mês de novembro mais quente já registrado na história, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (5) pelo Serviço Copernicus de Mudanças Climáticas (C3S), órgão ligado à União Europeia.

De acordo com o C3S, a temperatura global em novembro foi 0,64ºC superior à média de 1981 a 2010, igualando o valor recorde de 2016. Os números chegam paralelamente à Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP25, que acontece em Madri, na Espanha, até 13 de dezembro.

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Os maiores aumentos, segundo o C3S, ocorreram especialmente no Ártico, no norte da África e no sul da Ásia. A COP25 reúne 196 países, que tentam encontrar mecanismos para conter o aquecimento do planeta e fazer valer o Acordo de Paris de 2015.

Da Ansa

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