Tópicos | Arenavírus

Conhecida como febre hemorrágica brasileira, a infecção pelo Arenavírus fez sua primeira vítima após um período de 20 anos sem registro de casos. No último dia 11, em São Paulo, um homem de 52 anos, morador da cidade de Sorocaba (97 km da capital), morreu em decorrência da doença rara transmitida por roedores silvestres. A vítima apresentou os primeiros sintomas no penúltimo dia de dezembro, enquanto estava no município de Eldorado (248 km da capital), na região do Vale do Ribeira.

O Arenavírus pode ser encontrado em roedores silvestres que têm como habitat as matas com alta densidade de vegetação. De acordo com a diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, Helena Sato, a principal forma de prevenção da doença é evitar contato com os bichos. “É importante destacar que não há motivo para preocupação. É uma doença rara e restrita aos ambientes silvestres. A melhor forma de prevenção é evitar o contato com roedores que vivem nestes locais”, destaca. Ainda segundo a especialista, o contágio só acontece se houver inalação de partículas de urina, fezes e saliva dos animais. Já entre os humanos, a transmissão pode ocorrer se houver contato com secreções como sangue, urina, fezes, saliva, vômito ou sêmen de alguma pessoa infectada. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde há o monitoramento preventivo de todas as pessoas que tiveram contato com a vítima, inclusive os profissionais da saúde que o atenderam nas cidades de Eldorado e Pariquera-Açu (220 km da capital).

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Sintomas

Os primeiros indícios da doença podem aparecer após seis dias da exposição ao vírus. Os primeiros sintomas são febre, mal-estar, dores musculares, dores de cabeça, no estômago, ao redor dos olhos, tonturas, sensibilidade à luz. O Arenavírus provoca febre hemorrágica e pode resultar em complicações neurológicas e hepáticas. O tratamento é feito conforme o quadro clínico e condições do paciente.

Considerada uma doença rara, foram quatro os casos de febre hemorrágica brasileira registrados em humanos na década de 1990. Três deles no estado de São Paulo e adquiridos em regiões de mata. O último diagnóstico foi no ano de 1999.

O Ministério da Saúde (MS) tranquilizou a população sobre a transmissão de febre hemorrágica no país. Em entrevista à imprensa nesta terça-feira (21) para esclarecer a morte de um paciente pela doença em São Paulo, o secretário substituto da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, Júlio Croda, disse que a maior preocupação tem sido com os profissionais de saúde que tiveram contato direto com a vítima, um morador de Sorocaba, no interior do estado. “Neste momento, não existe preocupação de transmissão à população geral. A gente sabe que isso é uma transmissão eventual”, disse Júlio Croda.

“O risco maior de adquirir a infecção é a pessoa entrar em contato com alguma secreção do paciente. Nosso monitoramento está sendo realizado nos profissionais de saúde e seus familiares. Por enquanto nenhum contactante apresentou sintomas”. Cerca de 100 a 150 pessoas se enquadram nesse perfil. Caso a situação não se altere, o monitoramento será encerrado dia 3 de fevereiro, 21 dias após seu início. O paciente, cuja identidade foi mantida em sigilo, faleceu 12 dias após a internação, ocorrida em 30 de dezembro.

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Funcionários de três hospitais e três laboratórios estão sendo monitorados. Existem níveis diferentes de risco, sendo considerado o mais alto aquele no qual pessoas tiveram contato com secreções do paciente sem equipamento de proteção e profissionais responsáveis pela necrópsia. Além disso, outra ação planejada é ir aos lugares onde essa vítima passou e identificar se há relatos de roedores silvestres nesses locais, transmissores do vírus.

O arenavírus, do gênero Mammarenavírus, da família Arenaviridae, só foi diagnosticado como causador da doença após a morte do paciente. Na apresentação dos primeiros sintomas, acreditou-se se tratar de febre amarela, mas, após a evolução de outros sintomas, essa possibilidade foi afastada. “Por conta de ser um caso inusitado, foi coletado material para um exame especial, que pode identificar diferentes vírus. E foi identificado o arenavírus”, detalhou Croda.

Transmissão

Originalmente, o arenavírus pode ser encontrado em roedores silvestres e sua transmissão a seres humanos se dá por contato com saliva, urina ou fezes desses animais. Mas nem entre esses roedores a presença do vírus é considerada frequente.

O arenavírus não era identificado no país havia mais de 20 anos. O primeiro caso ocorreu em 1990, também no estado de São Paulo. A vítima havia viajado ao município de Cotia, no interior do estado, antes de apresentar os sintomas e, posteriormente, falecer.

O segundo caso foi derivado do primeiro, quando um técnico de laboratório foi infectado acidentalmente enquanto manipulava uma amostra coletada da primeira vítima. Esse técnico de laboratório, no entanto, sobreviveu. Um terceiro caso identificado no Brasil ocorreu em 1999, em um morador da área rural do Espírito Santo do Pinhal, no estado de São Paulo. Após sete dias de internação, faleceu.

Sintomas

A doença inicia com febre, mal-estar, dores musculares, dor de estômago, nos olhos, dor de cabeça, tonturas, sensibilidade à luz e constipação. Com a evolução da doença, pode haver comprometimento neurológico, manifestado por sonolência, confusão mental, alteração de comportamento e convulsão.

 

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