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Na última reunião do ano, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou processo do PL contra a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP). O partido acusou a parlamentar de ofender integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o Movimento dos Trabalhadores sem Terra em reunião do dia 12 de julho. Segundo a representação, Sâmia Bomfim destratou especialmente o deputado General Girão (PL-RN), a quem teria chamado de “bandido”, “terrorista”, “fascista” e “golpista”. 

De acordo com o relator do processo, deputado Acácio Favacho (MDB-AP), as imagens da reunião da CPI do MST mostram que realmente ocorreu uma discussão entre a deputada e os demais integrantes da comissão. No entanto, conforme o relator, como o microfone estava desligado, não foi possível comprovar que todas as falas foram realmente proferidas como consta na representação do PL.  Além disso, Acácio Favacho entendeu que Sâmia Bomfim apenas expressou sua “opinião crítica” sobre o tema em debate no momento. Por isso, estava protegida pela imunidade parlamentar. 

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“Considerando que os fatos descritos na representação ocorreram durante a reunião de uma CPI realizada em plenário de comissão da Câmara dos Deputados, em contexto de um debate político, pode-se concluir que a representada agiu amparada pela imunidade material conferida aos membros do Congresso Nacional pela Constituição Federal. Trata-se, portanto, de fato atípico insuscetível de configurar afronta ao decoro.” 

Ao se defender da acusação, Sâmia Bomfim reiterou que a representação contra ela, assim como ocorreu com outras deputadas, foi parte de um processo de “perseguição política”.  “Termina um ciclo importante, em que havia aqui no Conselho de Ética vários pedidos de cassação de mandatos, sobretudo de mulheres, que, com a sua combatividade, a sua expressão política, se manifestaram e foram vítimas de perseguição política", disse.

"A gente precisa, no próximo ano, utilizar o Conselho de Ética, de fato, como um instrumento sério, para parlamentares que excedam o seu papel, que atrapalhem o andamento da boa administração da coisa pública, que cometam crimes, cometam violações graves, e não como forma de mostrar contrariedade ou oposição entre legendas”, completou Sâmia. 

O presidente do Conselho de Ética, deputado Leur Lomanto Júnior (União-BA), também fez um apelo aos parlamentares para que tenham moderação nas discussões para evitar processos desnecessários. Segundo o parlamentar, neste ano o colegiado analisou 22 representações por quebra de decoro, todas elas por utilização de “palavras inadequadas”.

*Da Agência Câmara de Notícias

O pedido de abertura de inquérito do Botafogo para apurar irregularidades no Campeonato Brasileiro foi arquivado, nesta quinta-feira, pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), José Perdiz de Jesus.

"Não vejo mínimas possibilidades jurídicas para abertura de inquérito, vez que as razões apresentadas são subjetivas e sem consistência, porque são interpretações unilaterais que não guardam pertinência com a realidade desportiva", afirmou Perdiz no despacho.

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"Diante do exposto, determino o arquivamento sumário do presente pedido nos termos do artigo 83 do CBJD, por ausência de elementos indispensáveis ao procedimento. Indefiro o pedido postulado na inicial de fls. 02/04, sendo a presente decisão submetida aos Auditores do Pleno na data de hoje e, por maioria, vencido o Auditor Dr. Paulo Sérgio Feuz, referendada", concluiu.

O Botafogo enviou ao STJD, na quarta-feira, um ofício cobrando providências do órgão acerca de relatórios produzidos a pedido do clube por uma empresa que analisa comportamentos da arbitragem e que apontariam supostos prejuízos em resultados de partidas desta edição do torneio nacional.

O dono da SAF do Botafogo, John Textor, contratou a empresa "Good Game!" para avaliar a postura dos árbitros nos jogos do Brasileirão e detectar possíveis manipulações de resultado. Foi produzido, então, um relatório que apontaria o Botafogo como líder do campeonato, caso a arbitragem tivesse tomado decisões a favor do clube em determinados jogos.

Na nota emitida, o Botafogo ainda explorou cinco sugestões para serem adotadas para melhorar a qualidade da arbitragem no Campeonato Brasileiro: regulamentação da profissão de árbitro de futebol profissional; independência institucional entre a entidade que regula a arbitragem de futebol profissional e a entidade organizadora da respectiva competição; acompanhamento técnico-científico dos lances e indicadores das partidas de futebol profissional masculino, com a contratação de empresas de auditoria independente, especializadas na análise de dados desportivos; criação de ranking de árbitros baseados nos erros cometidos ao longo do campeonato e, com base neste ranking, a adoção de critérios de promoção e rebaixamento para árbitros; e transparência na escalação de árbitros para partidas de futebol profissional, além de outras medidas que venham a ser indicadas.

Antes de saber o parecer do STJD, o Botafogo ameaçou continuar a batalha na Justiça Comum para "apurar os fatos narrados e contribuir para a evolução do futebol brasileiro".

Silvana Taques está sendo investigada em um caso de intolerância religiosa. A mãe de Larissa Manoela foi acusada após ter chamado a família do genro de macumbeira em uma mensagem enviada à atriz. Vale lembrar que os pais de André Luiz Frambach, noivo de Larissa, são espíritas.

Na troca de mensagens, Silvana diz o seguinte:

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"Você fez as suas escolhas e eu também. E continua: Esqueci de te desejar... que você tenha um ótimo natal aí com todos os guias dessa família macumbeira".

Segundo informações do colunista Leo Dias, os advogados de Silvana afirmam que não há provas o suficiente para incriminá-la.

Contrariando a área técnica, o plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) arquivou uma ação que investigava suposto nepotismo cruzado entre o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias (PT), e o deputado distrital Chico Vigilante (PT).

Conforme revelou o Estadão, a filha de Dias, Iasmim Dias Helou, foi nomeada em 24 de janeiro no gabinete do parlamentar. Três meses depois, um dos filhos de Vigilante, Flávio Morais dos Santos, ganhou um cargo no gabinete da suplente do ministro de Lula no Senado. Os dois petistas têm uma relação próxima de amizade. Iasmin Dias Helou foi exonerada do gabinete de Vigilante na última quarta-feira, 1º.

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No acórdão, o TCU apontou que a representação não trouxe indícios mínimos das irregularidades. O relator do processo foi o ministro Antonio Anastasia.

"Considerando que diante dos fatos narrados na notícia, não há necessidade de atuação direta do Tribunal tendo em vista que a capacidade de atuação corretiva do Senado Federal e a do seu órgão de controle interno é suficiente para dar o adequado tratamento ao fato noticiado", diz o acórdão do tribunal, ao arquivar o processo na sessão de quarta-feira, 1º.

O caso foi levado ao TCU pelo subprocurador-geral Lucas Furtado. Além de nepotismo cruzado, o Ministério Público entendeu haver indícios de que o filho de Chico Vigilante seria um funcionário fantasma. Isso porque a reportagem foi ao local de trabalho do servidor no Senado, mas ninguém o conhecia, nem mesmo a chefe de gabinete.

Ele também pediu investigações da Controladoria-Geral da União (CGU), Ministério Público Federal (MPF) e Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República.

A área técnica do TCU, por sua vez, confirmou se tratar de nepotismo cruzado. Além disso, a unidade de Auditoria Especializada em Pessoal (AudPessoal) estimou um prejuízo de R$ 632,3 mil aos cofres públicos caso viesse a ser confirmado que Flávio Morais dos Santos seja um servidor fantasma.

"Entende-se assim que a destacada condição pública do senador afastado Wellington Dias, então Ministro de Estado do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, possa, a partir das relações de poder, exercer influência - ainda que implícita -, para a manutenção de Flávio Morais dos Santos no Gabinete da Senadora Jussara Lima, suplente de Wellington Dias", assinalou.

A AudPessoal do TCU considerou ser necessária uma oitiva da diretora-geral do Senado, mas o plenário do tribunal arquivou o processo, enviando o acórdão à Casa para, "se for o caso", adotar as medidas cabíveis. A Corte também não quis comunicar a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) nem o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF).

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou, por unanimidade, a segunda ação julgada nesta quinta-feira (19), contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o seu vice, Geraldo Alckmin. A ação, apresentada pela campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro, apontou uso indevido dos meios de comunicação.

A ação apontou quebra de isonomia na cobertura de emissoras de televisão na data do primeiro turno das eleições, em 2 de outubro, que veicularam discurso de três minutos de Lula feito na Avenida Paulista. "Enquanto ocorria a votação, o presidente Lula estava discursando ao vivo", disse o advogado da acusação, que sustentou que a conduta violou a vedação à propaganda eleitoral nas 48h antes da votação.

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O ex-presidente questionava entrevista concedida por Lula no, mas a avaliação do colegiado foi a de que ela não teve "repercussão relevante no contexto do pleito", considerando ainda que Bolsonaro também concedeu coletiva a imprensa na mesma data.

Mais cedo, o TSE já havia negado outra ação em que o ex-presidente Bolsonaro pedia a inelegibilidade de Lula e Alckmin pelo uso de links patrocinados no Google Ads, em meio à campanha das eleições 2022.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou, nesta quinta-feira (19), uma ação em que o ex-presidente Jair Bolsonaro pedia a inelegibilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo uso de links patrocinados no Google Ads quando usuários faziam buscas com os termos "Lula condenação" e "Lula corrupção PT".

Por unanimidade, o colegiado entendeu que não foi configurado abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, sem nem analisar o mérito da ação. Os ministros seguiram o voto do corregedor geral eleitoral, Benedito Gonçalves, de que Bolsonaro e sua coligação "nunca estiveram próximos de comprovar a alegada manipulação eleitoral".

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O julgamento foi marcado por ressalvas sobre o impulsionamento de conteúdo e a indicação de que o TSE deve regulamentar o tema para as eleições 2024, com a edição de uma resolução específica. Alguns dos ministros - Raul Araújo e Kassio Nunes Marques - entenderam que os fatos eram graves, mas não "graves o suficiente" para gerar um desequilíbrio na eleição.

Para Gonçalves, "não foi demonstrado que a contratação dos anúncios foi capaz de alterar o padrão de funcionamento do Google Ads".

O TSE começou a julgar na manhã desta quinta duas ações que pedem a cassação e inelegibilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do seu vice Geraldo Alckmin por supostos atos ilícitos realizados no segundo turno das eleições de 2022. Os dois pedidos foram apresentados pela campanha do ex-presidente Bolsonaro, derrotado no pleito.

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou, por 10 votos a três, a representação feita pelo Psol contra o deputado Ricardo Salles (PL-SP). O partido alegou que, enquanto exercendo a função de relator da Comissão Parlamentar de Inquérito do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), cometeu "violência de gênero" por usar o colegiado como "arma política para intimidação" e também fala da perseguição do parlamentar em publicações contra Sâmia Bomfim (Psol-SP) nas redes sociais.

Em maio, Salles pediu a extração das falas da deputada Talíria Petrone (Psol-RJ) após ela fazer acusações ao deputado. Ele fez o pedido para apresentar ação contra a colega no colegiado - já protocolada e arquivada por votação na instância.

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Em sua defesa, Salles disse que o que acontecia o inverso. Deputadas do Psol faziam ataques a integrantes da comissão, inicialmente composta, em sua maioria, por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. "A CPI do MST presenciou um sem-número de ataques e provocações muito pesadas, inclusive, de deputadas a um sem-número de deputados ali presentes, rotulados de terroristas, assassinos, genocida, bandido", afirmou. "Era uma estratégia de ataque, escamoteado atrás da discussão de gênero."

O Conselho de Ética também arquivou, por 11 votos a um, uma representação do PL contra o deputado Glauber Braga (Psol-RJ). A legenda acusou Glauber de "ferir gravemente" a honra de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Bolsonaro, ao falar do caso das joias sauditas trazidas pelo ex-presidente, caso revelado pelo Estadão.

"Fica quietinho. Você já devolveu todos os colares? Já devolveu todos os colares?", questionou Braga a Eduardo. O PL justificou que Glauber imputou o "falso crime" de peculato. "Não é aceitável que em meio aos trabalhos de uma comissão desta Casa, um parlamentar inicie demasiados ataques desordeiros", escreveu o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto.

Glauber sustentou que o que foi dito não passou de "uma discussão política de natureza dura", mas que não extrapolava os limites do que dispõe a Constituição e o Código de Ética.

Até o momento, o Conselho de Ética não deu prosseguimento a nenhuma das 22 representações protocoladas no colegiado. O presidente da comissão, Leur Lomanto Júnior (União-BA), fez um apelo a parlamentares em setembro para que parassem de fazer trocas de acusações por via de representações. O PL é o autor de mais ações: foram 11 até o momento.

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal manteve o arquivamento de uma queixa-crime da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A petista pedia que Bolsonaro fosse investigado por publicar no Twitter, em agosto de 2019, um vídeo em que compara a ex-presidente a uma "cafetina" e os membros da Comissão Nacional da Verdade a "prostitutas".

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"Comparo a Comissão da Verdade, essa que está aí, como aquela cafetina, que ao querer escrever a sua biografia, escolheu sete prostitutas. E o relatório final das prostitutas era de que a cafetina deveria ser canonizada. Essa é a comissão da verdade de Dilma Rousseff", diz Bolsonaro no vídeo, gravado em 2014, quando ainda era deputado federal.

Dilma alegou que o ex-presidente ofendeu sua honra e que a declaração deveria ser enquadrada como crime de injúria.

O processo ficou suspenso enquanto Bolsonaro ocupou a presidência, como é de praxe, e foi retomado na primeira instância após o fim do mandato. O presidente tem imunidade temporária em ações penais por episódios que não tenham relação direta com o cargo.

A primeira derrota da ex-presidente ocorreu em abril, quando o tribunal rejeitou a queixa-crime, por considerar que o discurso não passou de um ‘embate político’ e que Bolsonaro expressou ‘indignação’, mas não teve a intenção de ofender a honra. Dilma recorreu, mas o pedido foi novamente negado nesta semana. Ela também terá que custear os honorários do advogado de Bolsonaro.

A juíza Giselle Rocha Raposo, presidente da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, argumentou que não há ‘elementos mínimos’ para investigar Bolsonaro. "A rejeição da queixa-crime é medida que se impõe", escreveu.

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou nesta quarta-feira, 27, por 10 votos a 5, uma representação contra deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA), acusado de importunar sexualmente a deputada Júlia Zanatta (PL-SC).

O episódio ocorreu em abril durante sessão da Comissão de Segurança Pública. À época, Júlia divulgou nas suas redes sociais uma sequência de fotos na qual Jerry parece abordá-la pelas costas, aproximando o rosto. O parlamentar sempre negou ter cometido qualquer crime.

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A sessão desta quarta foi marcada por troca de insultos. Júlia disse que foi alvo de acusações de parlamentares do PCdoB. A parlamentar ainda chamou Jerry de covarde por não tê-la procurado. "Ele nunca pediu desculpas pelo acontecido e saiu me acusando. Ele e todos os deputados do PCdoB", afirmou a parlamentar. "O senhor é um covarde."

Em outro entrevero, a parlamentar, que se diz contra o feminismo, acusou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) de ser seletiva na defesa das mulheres. Zanatta disse que Feghali a chamou de "fascista".

Na representação, o PL afirmou que "Jerry se aproximou por trás de Zanatta, apoiando seu corpo contra o da colega deputada, posicionou seu rosto em meio aos cabelos da mesma, tocando-a em seu rosto, 'cheirando' seu pescoço".

Jerry argumenta, porém, que disse para Júlia "respeitar os 40 anos de história" da deputada Lídice da Mata (PSB-BA), enquanto a parlamentar do PL discutia com a congressista pessebista.

O relator, Ricardo Maia (MDB-BA), decidiu pelo arquivamento do caso e pediu que Jerry fizesse um pedido de desculpas. Jerry negou tê-la importunado e pediu desculpas "pelos problemas que gerou". "A repercussão que isso tem gerou problemas para a senhora e para mim também", afirmou.

João Leão (PP-BA) fez um apelo ao relator para arquivar o caso. "Quantos cheiros eu já dei em Alice (Portugal, deputada). Eu acho que um caso desse não era para estar aqui no Conselho de Ética", disse. "Eu vou ter muito cuidado aqui na Casa, porque daqui a pouco estou denunciado no Conselho de Ética também."

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou ter enfrentado “uma das maiores lutas de sua vida” nos meses de janeiro e fevereiro, ao ser acusada de ter contribuído, quando ministra dos Direitos Humanos, para a morte de crianças ianomâmis. Em pronunciamento nesta quinta-feira (14), a parlamentar ressaltou que “ficou em silêncio por meses, aguardando que a verdade viesse à tona”.

— Dia 13 de junho, eu fui contemplada com duas vitórias no mesmo dia. A primeira, no Conselho de Ética, porque pediram a minha cassação. [...] Pediram que eu fosse cassada porque eu era genocida. O Conselho de Ética arquivou, nem recebeu, e foi a primeira vitória. Na tarde do mesmo dia, na Comissão Especial, que foi constituída aqui — temporária — para acompanhar o caso da morte das crianças ianomâmis, também o relatório foi entregue e nenhum apontamento ao meu nome. Pelo contrário, havia até comentários no relatório, está escrito no relatório sobre a minha contribuição para os povos ianomâmis nos últimos anos.

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Malária

Damares disse ter recebido um ofício da Associação Sanuma sobre a preocupante situação do território indígena ianomâmi na região do Polo Base de Auaris, em Roraima. Segundo a senadora, o documento mostra que as comunidades indígenas da região estão desassistidas, o que tem causado uma série de mortes por malária.

Segundo a parlamentar, ata de reunião realizada no Ministério dos Povos Indígenas em 18 de agosto mostra que já foram registrados 15.873 casos de malária entre ianomâmis neste ano, ultrapassando o registro do ano passado. Damares destacou que o número de óbitos entre ianomâmis já ultrapassa 157 casos de janeiro a julho de 2023, sendo 33 na região do polo base de Auaris. De acordo com o mesmo informe, 48% desses óbitos são de crianças de até 4 anos de idade.

— E os casos de doenças e mortes não têm sido causados só por malária. Houve um aumento significativo dos casos de síndrome gripal. O número já chegou a 14.282 nestes seis primeiros meses. Comparado com o governo, em todo ano de 2022, que tinha 3.203 casos de síndrome gripal, pula de três mil para 14 mil. Eles não tinham as respostas? Não era o governo anterior que era o genocida? 

*Da Agência Senado

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou nesta terça-feira, 12, uma representação contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) após ter xingado e ameaçado agredir o deputado Marcon (PT-RS) durante uma discussão na Casa em abril deste ano.

Na ocasião, o petista afirmou que a facada sofrida por Bolsonaro na campanha de 2018 foi "fake". O filho do ex-presidente reagiu: "Olha o que este veado está falando aqui! Não houve sangue? Desde quando a faca foi fake? Vocês tentaram matar o meu pai e agora querem me tirar do sério. Te enfio a mão na cara e perco o mandato com dignidade, seu filho da puta."

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O relator do processo, deputado Josenildo (PDT-AP), afirmou que Eduardo Bolsonaro agiu no "calor da emoção". A representação foi arquivada por 12 votos a um. O único contrário foi o deputado Chico Alencar (PSol).

Acusado pela oposição de quebrar o decoro parlamentar, Eduardo não esteve presente na sessão.

Estavam previstos na pauta desta terça-feira do Conselho de Ética outros cinco casos, que têm como alvos deputados de esquerda: Sâmia Bomfim (PSol-SP), Célia Xakriabá (Psol-MG) e Talíria Petrone (PSol-RJ), Erika kokay (PT-DF) e Fernanda Melchionna (Psol-RS). Todos esses casos foram protocolados pelo Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, depois de as parlamentares chamarem de "assassinos" os deputados que votaram a favor do Marco Temporal.

Dois desses casos, contra Talíria Petrone e Erika Kokay, foram arquivados. O restante ficou para a próxima sessão.

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou nesta terça-feira, 5, uma ação de improbidade contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL) pelo uso de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) quando ele era presidente do Senado.

Ao dar entrada na ação, em 2015, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que o senador pediu as aeronaves alegando compromissos institucionais, mas fez viagens privadas.

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O processo contestava quatro voos, entre junho e dezembro de 2013, quando Renan estava em seu segundo ciclo como presidente do Senado. Ele viajou para Trancoso, na Bahia, para o casamento da filha do senador Eduardo Braga (MDB-AM), e para Recife, onde fez um implante capilar.

Ao arquivar a ação, Toffoli argumentou que, por uma questão de segurança, o senador poderia evitar viajar em voo comercial.

"O deslocamento de chefe de Poder constitui interesse público pertinente à segurança, voltado à proteção da estabilidade institucional do Estado Brasileiro", escreveu. "Observada a necessidade de segurança do chefe do Poder Legislativo, é necessário considerar a possibilidade de inviabilidade de uso de avião comercial."

O ministro também argumentou que não houve má-fé nem prejuízo aos cofres públicos, porque Renan Calheiros devolveu, 'voluntariamente', o dinheiro gasto com os voos da FAB.

A decisão acontece em um momento em que, como revelou o Estadão, ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também usaram jatinhos da Força Aérea Brasileira para eventos particulares, como leilões de cavalo e festas de aniversário.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO LUÍS HENRIQUE MACHADO, QUE REPRESENTA RENAN CALHEIROS

"Importante salientar que a função do chefe de Poder constitui interesse público pertinente à segurança, voltado à proteção da estabilidade institucional do Estado Brasileiro, o que justifica a utilização de aeronaves. Além do mais, de acordo com a Lei de Improbidade, o Ministério Público deveria ter comprovado o dolo por parte do senador, o que não se revelou na espécie. Posto isso, é de se reconhecer que a decisão do ministro Toffoli é irretocável."

Acusado de quebra de decoro por xingar um colega parlamentar, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pode ser livrar do processo no Conselho de Ética. O relator do caso, deputado Josenildo Abrantes (PDT-AP), apresentou nesta terça-feira, 5, pedido de arquivamento.

Eduardo Bolsonaro foi acusado de ofender o deputado Dionilso Marcon (PT-RS) durante uma briga entre os dois na Comissão de Trabalho, em abril. Na sessão desta terça, o relator riu ao ter que repetir a acusação que pesa contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.

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Josenildo Abrantes chegou a pedir para não ler a íntegra dos palavrões que Eduardo Bolsonaro usou para atacar outro parlamentar. "Seu v..., seu p..., facada", repetiu o relator, enquanto sorria ao ler a passagem. O trecho que o relator deixou de ler seria "Facada é o teu c..., seu v...!", teria dito Eduardo, segundo o processo do PT. Toda a passagem foi retirada das notas taquigráficas da sessão.

Marcon e Eduardo Bolsonaro pediram abertura de processos um contra o outro. Em abril, o filho do ex-presidente partiu para cima de do petista depois dele dizer que o ataque a faca contra Bolsonaro foi "encenação". O deputado Marcon então disse: "Aquilo foi uma encenação para ganhar a eleição". Eduardo Bolsonaro respondeu: "Olha o nível de provocação. Dar uma facada no seu bucho e quero ver o que o senhor vai fazer".

Parlamentares começaram a questionar se a declaração havia sido uma ameaça. O desentendimento continuou. Marcon questionou "quanto sangue saiu daquilo", até que o deputado do PL levantou e foi em direção ao petista. "Está achando que está na internet? Te enfio a mão na cara e perco o mandato. Perco o mandato, mas com dignidade, coisa que você não tem", afirmou Eduardo Bolsonaro, exaltado e proferindo palavras de baixo calão.

O PT argumenta, no texto da representação, que Eduardo estaria "descompassado, furioso e intolerante" com um comentário que, segundo a legenda, seria "eminentemente político" e que não agrediu Marcon por causa da segurança presente no plenário.

"Teve um membro da família ofendido pelo deputado do PT. Todos nós, no calor da emoção, podemos ofender alguém. Muito embora nós, enquanto parlamentares, estamos representando o povo brasileiro, devamos ter o respeito sobretudo ao nosso povo. Precisamos manter sempre o equilíbrio. Devemos ir no campo das ideias, cada um tem sua ideologia", alertou o relator.

Ausente em Brasília por problemas no voo em São Paulo, Eduardo foi representado por sua advogada Paula Cordeiro. "É fato conhecido que no bojo da própria representação que o episódio não passou da troca de ofensas entre os parlamentares", justificou. "Não passou de trocas ríspidas."

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) pediu vista por entender que seria relevante que Eduardo Bolsonaro estivesse presente para se defender e promover o debate sobre o episódio. O caso contra Marcon teve sorteio de listra tríplice de relatoria e aguarda definição para poder prosseguir.

Em outro julgamento, a Comissão arquivou o caso contra a deputada Juliana Cardoso (PT-SP), alvo de representação do PP pelas falas ditas aos deputados que votaram a favor do projeto de lei do marco temporal. Tanto o relator, Gabriel Mota (Republicanos-RR), como deputados da oposição acreditam que ela se exaltou, mas não há necessidade de puni-la pelo que foi dito.

Segundo o partido, ela chamou membros da bancada da oposição de "assassinos do povo indígena" e teria também ofendido o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). "Você está colocando esse projeto contra o nosso povo indígena", diz o texto assinado pelo presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PP-PI). A parlamentar negou que tenha pessoalizado qualquer ataque a Lira.

O caso de Talíria Petrone contra o deputado Ricardo Salles (PL-SP) também foi arquivado.

A representação do PL contra o deputado Márcio Jerry, acusado pela sigla de importunação sexual à deputada Julia Zanatta (PL-SC) foi novamente adiada. O relator, deputado Ricardo Maia (MDB-BA) está novamente sob atestado médico, levando a votação para a próxima semana.

Deputados da oposição protocolaram um pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por conta de declarações recentes onde o chefe do Executivo disse que a cassação do mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) teria sido um "golpe de Estado". O pedido de afastamento de Lula já foi assinado por 40 parlamentares até a noite desta quarta-feira (30).

Dos 40 signatários, 31 são deputados do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Três são do PP e do Republicanos, partidos que devem receber ministérios de Lula na nova reforma ministerial. A lista também tem cinco assinaturas de parlamentares do MDB, PSD e União Brasil, siglas que fazem parte da base do governo federal.

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O pedido trata sobre falas de Lula em uma entrevista à imprensa em Luanda, na Angola, no último sábado, 26. Ao comentar sobre o arquivamento da ação de improbidade pelas "pedaladas fiscais" no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), o presidente afirmou ser necessário "reparar" a ex-presidente por ter o seu mandato cassado em 2016.

"Depois que eu deixei o governo houve um golpe no Brasil, que muita gente acha que não foi golpe", disse Lula. "Mas o fato de a presidenta Dilma ter sido absolvida pelo Tribunal Federal de Brasília demonstra que o Brasil deve desculpas à presidenta Dilma", completou o presidente.

O autor do pedido de impeachment é o deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS). Ele afirma que Dilma foi cassada por ter cometido crimes de responsabilidade e que Lula atacaria "de forma raivosa, abjeta e contrária à verdade a democracia brasileira", o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), que tiveram papéis importantes durante processo de impeachment de 2016.

"Lula está mentindo. A decisão do TRF-1 não inocentou Dilma Rousseff. Ao contrário, apenas declarou que, no caso concreto, não se tratava de improbidade administrativa, mas sim de responsabilidade, reafirmando a competência do Congresso Nacional para julgar os crimes de responsabilidade", afirma Sanderson.

O deputado do PL reconheceu que "é difícil" que o projeto de impeachment contra Lula avance, mas reforçou que a medida seria essencial para mostrar a reação da oposição ante as declarações do petista. "É preciso marcar posição política e mostrar que Lula mente ao dizer que Dilma foi absolvida no caso das pedaladas. Não podemos admitir", disse.

Lula tem outros dois pedidos de impeachment pelo mesmo motivo

Esta não é a primeira vez em que Lula recebe pedidos de impeachment por falar que a cassação do mandato de Dilma Rousseff foi um golpe. No final de janeiro, dois pedidos de cassação foram protocolados pelos deputados Evair Vieira de Melo (PP-ES) e o próprio Sanderson, após o petista dizer que a sua correligionária foi afastada de forma inconstitucional em uma viagem ao Uruguai.

Os dois pedidos foram arquivados pela Câmara dos Deputados por terem sido protocolados antes do dia 1º de fevereiro. Nesta data, as legislaturas do Congresso são renovadas e todos os pedidos de impeachment não apreciados perdem o seu valor automaticamente.

PT quer anulação do impeachment de Dilma

Após a decisão do TRF-1, o Partido dos Trabalhadores solicitou a anulação do impeachment da ex-presidente Dilma no Congresso e, consequentemente, a devolução simbólica do seu mandato. Em um projeto apresentado nesta segunda-feira, 28, a bancada do PT defende a ilegalidade do processo de impeachment e chama o processo de cassação de "um dos maiores equívocos jurídico-políticos perpetrados contra uma mulher séria, honesta e dedicada à causa pública".

Segundo os petistas, o arquivamento da ação de improbidade pelas "pedaladas fiscais" no TRF-1 enfatiza a "inexistência de crime de responsabilidade" da ex-presidente.

A tentativa de parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) de anular os atos da Câmara e do Senado que levaram ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) tem efeitos mais simbólicos do que práticos. Como o retorno da petista à cadeira da Presidência é juridicamente impossível, a proposta, como o próprio texto do projeto diz, é promover uma "reparação histórica".

A anulação das etapas do processo de impeachment equivaleria a uma admissão, por parte do Congresso, de que houve um erro. Hoje, Dilma comanda o banco dos países do Brics, em Xangai, centro financeiro da China.

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Nesta terça (29), o projeto havia sido assinado por 24 parlamentares - dentre eles, o único que não é filiado ao PT é o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). Desde que ele deixou a Rede, em maio deste ano, há rumores de que ele poderia se filiar à sigla do governo.

A movimentação dos parlamentares atende a uma demanda externalizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a visita que fez a Angola. No último sábado, 26, o presidente disse que é necessário "reparar" Dilma. "É preciso ver como é que se repara uma coisa que foi julgada por uma coisa que não aconteceu", disse o petista durante uma entrevista coletiva em Luanda, capital do país.

A declaração foi dada após o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) decidir, no último dia 22, pelo arquivamento da ação de improbidade contra Dilma sobre o caso das "pedaladas fiscais", prática revelada pelo Estadão que embasou o impeachment da petista.

O que o PT quer?

O texto da proposta de resolução é enxuto, contém apenas dois artigos e algumas páginas de justificativa. O objetivo é anular quatro atos:

- A sessão plenária da Câmara dos Deputados que admitiu o processo de impeachment no dia 17 de abril de 2016;

- Duas sessões plenárias do Senado, uma que admitiu o processo, no dia 11 de maio, e outra que condenou Dilma pelo crime de responsabilidade das "pedaladas fiscais", em 31 de agosto;

- A resolução n° 35/2016 do Senado, que formaliza o impeachment e destitui Dilma do cargo de presidente da República.

Na época, o presidente do Senado era Renan Calheiros (MDB-AL), aliado do presidente Lula. Ele tenta retomar o protagonismo no Congresso.

Quais são as consequências da aprovação do projeto?

A proposta legislativa ainda não começou a tramitar. Caso venha a ser aprovada, terá poucos efeitos práticos. O próprio texto do projeto reconhece que a restituição do mandato de Dilma é inviável.

O objetivo é fazer com que as duas Casas do Congresso voltem atrás em cada uma das decisões que levaram ao impeachment da ex-presidente, anulando-as uma por uma. É o equivalente a admitir um erro.

Se aprovada, a proposta pode inocentar Dilma na Justiça?

O pedido dos parlamentares petistas não tem influência no que o Judiciário decidiu sobre o caso das "pedaladas fiscais". O Tribunal Regional Federal da 1ª Região manteve por unanimidade o arquivamento do processo de improbidade administrativa de que Dilma foi ré. O Ministério Público Federal (MPF) ainda pode recorrer, mas as possibilidades são mais restritas.

O MPF propôs uma ação de improbidade administrativa contra a ex-presidente por causa das "pedaladas fiscais". É um tipo de processo que investiga ilícitos administrativos praticados pelo gestor público.

O processo de impeachment, por sua vez, investiga crimes de responsabilidade - que, apesar do nome, não são "crimes" como os do Código Penal, mas infrações administrativas elencadas em uma lei de 1950, as quais tornam a permanência do gestor no cargo inviável.

O entendimento do TRF-1 para arquivar o caso de Dilma é de que ela não poderia ser punida duas vezes pelo mesmo ilícito. Os desembargadores decidiram que, como ela já perdeu o cargo de presidente da República, foi penalizada pela lei de crime de responsabilidade e, por isso, não pode ser novamente condenada em uma ação de improbidade administrativa.

Como funciona a votação do projeto?

A proposta dos parlamentares do PT se inspira em outro projeto de resolução, apresentado em 2013, para desfazer a declaração de vacância da cadeira da Presidência da República no dia 2 de abril de 1964. O ato do presidente do Senado na época formalizou a destituição de João Goulart e permitiu a entrada dos militares na gestão do País.

O projeto de resolução é um tipo de proposta que está previsto no regimento interno do Congresso Nacional. Ele é apreciado em uma sessão conjunta das duas Casas do Legislativo Federal.

Há chance de ser aprovado?

Na segunda-feira (28), o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) anunciou o protocolo do projeto de resolução nas redes sociais. O grupo signatário busca o apoio de outros parlamentares além dos 24 (incluindo o próprio deputado) que já estão na lista.

Além de estar em busca de outros membros do PT, os parlamentares da sigla também tentam o endosso de membros de outros partidos, o que vai medir a possibilidade de aprovação da proposta.

Nos primeiros seis meses de governo, Lula enfrentou alguns reveses principalmente na Câmara dos Deputados - o governo foi derrotado no marco do saneamento, na votação do PL do marco temporal de demarcação de terras indígenas e precisou fazer negociações para a aprovar a MP dos Ministérios, que passou na véspera de caducar, e a reforma tributária.

Como mostrou o Estadão, o presidente é recordista em emendas parlamentares. Até o final de julho, Lula liberou R$ 11,8 bilhões para Estados e municípios indicados por deputados e senadores.

O Partido dos Trabalhadores (PT) quer a anulação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no Congresso Nacional e, consequentemente, a devolução simbólica do mandato dela. O pedido ocorre após o arquivamento da ação de improbidade pelas "pedaladas fiscais" no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). No fim de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu uma "reparação" para a correligionária.

No projeto apresentado nesta segunda-feira (28), a bancada do PT defende a ilegalidade do processo de impeachment e chama o caso de "um dos maiores equívocos jurídico-políticos perpetrados contra uma mulher séria, honesta e dedicada à causa pública". A justificativa do texto afirma que o arquivamento da ação de improbidade pelas "pedaladas fiscais" no TRF-1 enfatiza a "inexistência de crime de responsabilidade" da ex-presidente.

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"A presente resolução tem como objetivo principal reparar o seu passado recente, ao corrigir um dos maiores equívocos jurídico-políticos perpetrados contra uma mulher séria, honesta e dedicada à causa pública, Dilma Vana Rousseff, quando injustamente lhe foi imputada a sanção de perda do cargo de Presidente da República, decorrente de um hipotético crime de responsabilidade que, sob as perspectivas fática e jurídica, nunca aconteceu", diz o documento.

A decisão do TRF-1 foi divulgada após o colegiado da 10ª Turma se reunir para julgar uma apelação do Ministério Público Federal (MPF). Como mostrou o Estadão, o Tribunal decidiu que Dilma não poderia responder nos termos Lei de Improbidade Administrativa porque já havia sido responsabilizada por meio da norma que define os crimes de responsabilidade. Em 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que o Presidente da República não deveria estar à mercê do sistema de dupla responsabilização.

Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que o arquivamento da decisão não inocenta Dilma, visto que o mérito da ação não foi analisado. A apreciação teve caráter formal e processual em resposta à decisão do STF em 2018. Eles ainda afirmam que não existe correlação entre a decisão de arquivar a ação no TRF-1 e o processo que levou ao afastamento da ex-presidente, já que cada um dos acontecimento se refere a leis diferentes: a ação no Tribunal enquadra Dilma na Lei de Improbidade Administrativa; enquanto, no passado, ela já havia sido responsabilizada pela Lei do Impeachment.

A narrativa de que Dilma teria sido inocentada pelo TRF-1 foi fomentada pelo presidente Lula durante discurso no Fórum Econômico Brasil-Angola, na capital de Luanda, no sábado, 26. O petista defendeu era necessário discutir como "reparar" a ex-presidente.

O processo

Dilma deixou o governo em 2016 após sofrer um impeachment. O processo ocorreu baseado na acusação de que a petista infringiu a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) ao editar decretos para abertura de crédito suplementar sem autorização do Congresso Nacional e atrasar, de maneira proposital, o repasse de dinheiro da União para bancos com o objetivo de melhorar artificialmente as contas. A manobra, batizada de "pedaladas fiscais", foi revelada pelo Estadão.

O projeto de resolução apresentado nesta segunda-feira contém a assinatura do vice-líder do governo no Congresso, deputado Lindbergh Farias, da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, do líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu, do líder do governo Lula no Congresso, senador Randolfe Rodrigues, e de mais 20 deputados federais.

Às vésperas do final do mandato de Augusto Aras na Procuradoria-Geral da República - 26 de setembro -, a vice-procuradora Lindôra Araújo, seu braço-direito, defendeu no Supremo Tribunal Federal o arquivamento de investigação sobre participação do ministro da Fazenda Fernando Haddad em suposto esquema de caixa 2 em sua campanha à Prefeitura de São Paulo em 2012.

A apuração foi aberta pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (SP/MS) em 2015 com base em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre supostas movimentações financeiras atípicas. Depois, foi abastecida pela delação premiada dos ex-marqueteiros João Santana Filho e Mônica Moura. Eles narraram aos investigadores da Operação Lava Jato suposto caixa 2 de R$ 50 milhões na campanha do petista.

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Segundo o casal, uma diferença não declarada de R$ 20 milhões teria sido quitada pela Odebrecht (R$ 15 milhões) e pelo empresário Eike Batista (R$ 5 milhões).

O caso foi parar no Supremo Tribunal Federal após a nomeação de Haddad como ministro da Fazenda no governo Lula. Os autos foram remetidos à Corte para que a Procuradoria-Geral da República avaliasse sua competência para conduzir a apuração. Os advogados Pierpaolo Cruz Bottini e Tiago Rocha defendem o ministro no caso.

Em parecer ao STF na noite desta terça, 22, a vice-procuradora Lindôra Araújo apontou que não haveria atribuição da Procuradoria-Geral da República para apurar o caso considerando a 'ausência de contemporaneidade' entre a nomeação de Haddad e os fatos sob suspeita.

Ela evocou o 'princípio da economia processual' e argumentou o arquivamento da investigação quanto à Haddad. A vice-PGR viu 'completa inconsistência do envolvimento' do ministro nos fatos, ressaltando a 'inexistência de elementos informativos capazes de justificar' a apuração.

"Conforme se verifica do caderno apuratório, passados mais de oito anos de tramitação do inquérito policial que investiga os fatos, ainda que, segundo a autoridade policial, existam elementos de prova relativos aos fatos em apuração, nenhum indício de participação de Fernando Haddad nos fatos objeto da apuração foi coligido", ressaltou.

Na avaliação de Lindôra, ao longo do inquérito 'nada de concreto se apurou' em relação a Haddad. Segundo ela, 'as conclusões são claras no sentido da não participação do então candidato nas aventadas irregularidades envolvendo as supostas verbas irregulares utilizadas para pagamento da campanha eleitoral'.

"No caso concreto, os elementos de convicção obtidos ao longo da presente investigação não são suficientes para eventual oferecimento de denúncia em face de Fernando Haddad", ressaltou a vice-PGR.

Lindôra escreveu. "Diante da atual falta de perspectiva de obtenção de novos elementos que autorizem conclusão diversa, considerando que os fatos investigados remontam ao ano de 2012, forçoso reconhecer a ausência de justa causa para a ação penal, bem como a inexistência de outras diligências eficazes a permitir a continuidade das investigações."

Apesar de defender o arquivamento da investigação sobre o ministro da Fazenda, Lindôra ponderou que há possibilidade de seguir com a apuração de supostos pagamentos irregulares da campanha envolvendo representantes dos diretórios nacional e municipal do PT, em relação a outros investigados.

Segundo ela, o envolvimento dos demais investigados no caso se baseia em 'elementos diversos que vão além das declarações dos colaboradores e dos dados da planilha por eles fornecida'.

A Polícia Federal (PF) intimou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a prestar depoimento na investigação sobre conversas golpistas de empresários alinhados ao governo.

O depoimento está previsto para dia 31, mas a defesa do ex-presidente pode pedir o adiamento enquanto reivindica acesso aos autos do inquérito.

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Mais cedo, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), arquivou a investigação contra seis empresários, mas prorrogou o inquérito sobre Meyer Joseph Nigri, fundador da Tecnisa, e Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, por mais 60 dias.

Será o quinto depoimento de Bolsonaro à PF em 2023. O ex-presidente já prestou esclarecimentos sobre as joias sauditas, as fraudes em dados de vacinação da covid-19, os atos golpistas do dia 8 de janeiro e o plano de golpe denunciado pelo senador Marcos do Val.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, arquivou a investigação sobre seis empresários que teriam defendido um golpe de Estado no grupo "WhatsApp empresários e política". Segundo o ministro, a apuração 'carece de elementos indiciários mínimos' para a continuidade do inquérito.

A decisão beneficia Afrânio Barreira Filho, José Isaac Peres, José Koury Junior, Ivan Wrobel, Marco Aurélio Raymundo e Luiz André Tissot.

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Por outro lado, o ministro prorrogou por 60 dias a parte da investigação que mira o bolsonarista Luciano Hang e o empresário Meyer Joseph Nigri.

Com relação a Hang, a dilação do inquérito foi justificada em razão de a perícia da PF ainda trabalhar na identificação da senhas do celular do empresário. Já com relação a Nigri, a PF sustentou necessidade de continuar a apuração destacando ter sido constatado vínculo entre o empresário e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), 'inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à democracia e ao Estado Democrático de Direito'.

Já quanto aos outros seis empresários, o entendimento da PF é o de que eles, 'embora anuíssem com as notícias falsas, não passaram dos limites de manifestação interna no referido grupo, sem a exteriorização capaz de causar influência em terceiros como formadores de opinião'.

COM A PALAVRA, A DEFESA

A reportagem do Estadão buscou contato com as defesas de Luciano Hang e de Meyer Nigri até a publicação deste texto, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestação.

Por unanimidade, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, sediado em Brasília, manteve nesta segunda-feira (21) a decisão que arquivou uma ação de improbidade contra a ex-presidente Dilma Rousseff sobre o caso das "pedaladas fiscais". As acusações basearam o processo de impeachment de Dilma Rousseff, em 2016.

A decisão também beneficia o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, o ex-presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine, o ex-secretário do Tesouro Arno Augustin e o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho.

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A 10ª Turma do TRF julgou uma apelação do Ministério Público Federal (MPF) contra decisão de primeira instância que, no ano passado, arquivou a ação contra os acusados.

Dilma e os demais integrantes de seu governo foram acusados pelo MPF de improbidade pelo suposto uso de bancos públicos para "maquiar o resultado fiscal", atrasando por parte da União repasse de valores às instituições, que ficou conhecido como "pedaladas fiscais".

No processo que tramitou na 4ª Vara Federal em Brasília, Dilma e Mantega foi excluídos do processo. Em seguida, o processo contra os demais acusados também foi arquivado sem resolução de mérito, ou seja, não foi analisado por falta de fundamentação das acusações.

Na sessão desta tarde, o colegiado do TRF julgou a apelação do MPF contra o arquivamento em primeira instância. Por 3 votos a 0, a turma manteve o arquivamento. Votaram o relator, juiz Saulo Casali Bahia, o juiz Marllon Souza e o desembargador Marcos Vinícius Reis Bastos.

Durante a sessão, o advogado Eduardo Lasmar, representante de Dilma, reiterou que a ex-presidente não participou das operações dos bancos.

"O Ministério Público não conseguiu imputar uma conduta à [então] presidente da República. Muito pelo contrário. Ora, diz que não sabia, diz que sabia, diz que ela deveria saber, que deveria ter confrontado seus ministros. Não nenhuma descrição de dolo.", concluiu.

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