O diálogo acerca de poéticas afetivas na vida de artistas autistas, no espaço Vozes da Inclusão da Feira do Livro e das Multivozes, aborda a relação que as famílias constroem com o autismo, dando visibilidade para obras realizadas pelos talentos paraenses. Os autores Milena Costa e Lucas Moura Quaresma, ambos com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), falaram sobre suas rotinas pessoais e artísticas e mostraram como o diagnóstico precoce do autismo e o apoio familiar podem transformar a vida de crianças e adultos. A 25ª edição da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes ocorre no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, entre os dias 27 de agosto a 4 de setembro.
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"Essas poéticas afetivas dizem respeito à relação que essas famílias constroem com o autismo. Muitas vezes, no início do diagnóstico, os familiares ficam perdidos, não entendendo aquele diagnóstico e com o tempo vão conseguindo estabelecer relações de muito amor, de muito carinho, acima de tudo de uma valorização dessas pessoas com autismo, inclusive conseguindo perceber essas potencialidades, essas habilidades", explicou Flávia Marçal, 39 anos, advogada, professora, coordenadora do projeto TEA da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e mediadora do evento.
Segundo Flávia Marçal, olhar o autismo de forma afetiva é muito importante. "Milena Costa e o Lucas Quaresma são dois autores, uma de livro e o Lucas que é um quadrinista, com autismo. Olhar dessa forma mais afetiva, essa poesia também que está envolvendo a vida, é muito importante. Inclusive para que possamos perceber, que o autismo não é o fim, ele pode ser o começo para muita coisa", assinalou Flávia.
Para Flávia, o evento é importante para divulgar e ver projetos que auxiliam na formação de profissionais que estão se capacitando. São profissionais que, com certeza, afirma Flávia, vão levar esse tema da inclusão à frente. É uma oportunidade de conhecer projetos, conhecer outras obras, observou a mediadora. "Esse é um espaço que irá levar essa capacitação e conscientização para a sociedade. Para que ela se torne mais livre e mais inclusiva."
A estudante e escritora Milena Lima costa, de 18 anos, apresentou seu livro "Histórias de Milena", que contém enredos como "o Bicho-papão brincalhão" e "O menino e o monstro negro".
Milena disse que começou a escrever entre os 9, 10 anos de idade e que tudo começou a partir de uma brincadeira com a irmã. "Eu e a minha irmã de coração, Beatriz, a gente inventou um jogo em que contaáamos histórias imaginárias uma para outra. Minha primeira história foi uma que eu nomeei de 'Princesa valente', inspirada no Mágico de Oz. Depois disso eu decidi passar para um papel, escrito", relatou.
A escritora contou que decide sobre o que vai escrever assistindo desenhos e lendo livros. "Eu me sinto melhor escrevendo minhas histórias", revelou a autora.
O quadrinista Lucas Moura Quaresma, de 29 anos, e também formado em designer de produtos, apresentou seus quadrinhos "Oceanos", "Medo de bullying" e seu mais novo trabalho: "Belém, Belém de onde tuas mangás vêm?"
Lucas começou a desenhar aos 4 anos, a partir das logomarcas dos desenhos e filmes que assistia. Desenhava os personagens e, depois de um tempo, pessoas da vida real. "As minhas inspirações para desenhar e escrever vêm da minha mente, dos desenhos animados e dos personagens que eu mais gostava", apontou o quadrinista (conheça o perfil do quadrinista: @hqsdolucas).
Para a realização do diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista e atendimento no SUS (Sistema Único de Saúde) basta procurar pelas Unidades Básicas - UBSs, Equipe da Saúde da Família - ESF e Núcleos de Atenção à Família - NAFs.
A Lei 12.764 de 27/12/2012 determinou que a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência para todos os efeitos legais. Lei Federal vale em qualquer lugar do Brasil. (mais informações em https://www.autismolegal.com.br/direitos-do autista/).
Por Kátia Almeida e Gabrielle Nogueira (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).