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Após ter postado que iria orar para que ator Paulo Gustavo fosse levado para junto de Deus, ou seja, que morresse. O pastor José Olímpio, da Assembleia de Deus de Alagoas, disse que foi mal interpretado ou não soube deixar claro o que queria dizer. Ouvido pelo LeiaJá, o religioso se defendeu das críticas, mas disse não estar arrependido da postagem, mesmo após toda a repercussão.

Nossa reportagem conseguiu contato com José Olímpio no fim da manhã desta quinta (15) e ouviu o pastor sobre a postagem. Segundo ele, a intenção era fazer uma crítica aos que pedem oração ou reza pela saúde de Paulo Gustavo, mesmo este sendo ateu.

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“Foi uma infelicidade. Eu deveria ter complementado para ser mais esclarecedor. Não desejo a morte de ninguém. Mas se você não acredita em Deus, como vai pedir oração para um ser que você não acredita”, justificou.

Nas entrelinhas, José Olímpio deixou claro que sua postagem foi feita com certa raiva do ator, por esse não crer em Deus, o que nunca foi dito com todas as letras por Paulo Gustavo.

“Amigos e parentes estão rogando oração para o ator, que por diversas vezes disse que é ateu e blasfema”, disse.

Por fim, José Olímpio revelou que perdeu familiares para a Covid-19 e reforçou que não deseja a morte de Paulo Gustavo.

“Não desejo a morte de ninguém. Deus é misericordioso para todos, mas Deus é justiça. Não me julgo melhor que ele. Se fosse assim, nós cristãos seríamos imortais. Perdi parentes e amigos bem chegados. Homens sérios e compromissados com a palavra”, disse.

Paulo Gustavo é ateu?

O humorista nunca deixou claro se acredita ou não em Deus, mas tem problemas com as igrejas. Assumidamente homossexual, Paulo é casado com Thales Bretas e já fez críticas porque nenhuma igreja aceita o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

“Quem escreveu essa Bíblia? Está desatualizado isso. Se Jesus Cristo fosse vivo hoje, estava no show de Pablo Vittar… Com certeza! Está todo mundo indo. Quem é que está mandando a gente pra cá? Eu, Pablo Vittar… Hoje em dia está nascendo um monte de bee, cheio de fluido. Quem está mandando os fluidos pra cá? Deus? Então por que não posso casar na Igreja? Tá errado. Casa logo eu, deixa de ser bobo, larga isso”, falou em vídeo postado no Instagram em 2018.

A Rede TV! e a Igreja Internacional da Graça de Deus foram condenadas a veicular peças na programação da emissora que tratem da liberdade de crença no Brasil. A decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região é resultado de uma ação civil que o Ministério Público Federal ajuizou em 2011 contra as rés, por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (órgão do MPF em São Paulo). Em março daquele ano, o apresentador João Batista proferiu declarações preconceituosas contra os ateus durante a veiculação de um programa da Igreja no canal.

Na ocasião, Batista associou o ateísmo à prática de crimes. “Só quem acredita em Deus pode chegar para frente. Quem não acredita em Deus pode ir para bem longe de mim, porque a pessoa chega para esse lado, a pessoa que não acredita em Deus, ela é perigosa. Ela mata, rouba e destrói. O ser humano que não acredita em Deus atrapalha qualquer um. Mas quem acredita em Deus está perto da felicidade”, afirmou o apresentador.

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Segundo o acórdão, a Igreja Internacional da Graça de Deus deverá fazer duas inserções, de dois minutos e meio cada, em seus programas na Rede TV!, com retratações ao conteúdo veiculado e esclarecimentos quanto à diversidade religiosa e à liberdade de escolha de crença no país. As peças devem ser veiculadas entre 6h e 22h, durante os programas da Igreja, cabendo à União, por meio do Ministério das Comunicações, fiscalizar a adequação do conteúdo aos parâmetros definidos na ordem judicial.

Na decisão, o TRF3 acolheu os argumentos do MPF e destacou que a conduta da emissora e da Igreja contraria a Constituição Federal, que garante a inviolabilidade de consciência e de crença e a livre manifestação do pensamento, desde que respeitados os valores éticos e sociais nos programas de TV. “Ao veicular declarações ofensivas aos cidadãos ateus, a Igreja Internacional da Graça de Deus e a Rede TV! (TV Ômega), com a conivência da União, desrespeitaram a pessoa humana no que se refere ao direito de escolha de sua crença, inclusive o direito de não possuir crença”, escreveu a desembargadora Mônica Nobre, autora do acórdão.

A ordem do TRF3 foi proferida a partir de um recurso do MPF e anula a decisão da Justiça Federal em primeira instância, que, em 2012, determinou o arquivamento a ação. Apesar do teor ofensivo, a 6º Vara Federal Cível de São Paulo havia considerado que a declaração não representa uma crítica direta aos ateus e que a exigência de retratação significaria um retorno aos “tempos inquisitoriais”, uma medida “como aquela a que Galileu foi submetido para abjurar conhecimento científico”.

O acórdão do TRF3, publicado em outubro, prevê multa diária no valor de R$ 1 mil em caso de desrespeito à decisão. Até o momento, o MPF não foi informado de nenhuma providência adotada pelas rés para o cumprimento da medida.

Da assessoria do MPF

Assessora de imprensa da Câmara de Vereadores de Antônio Prado (RS), a relações públicas Renata Helena Ghiggi teve seu emprego ameaçado por ser ateia e manifestar sua descrença entre conhecidos e na internet.

Na sessão de 4 de fevereiro, o vereador Alex Dotti (PMDB) solicitou a exoneração e substituição da servidora alegando que ela "faz questão de colocar nas redes sociais e falar aos quatro ventos que Deus não existe". Prosseguindo nas justificativas, sustentou que "Antônio Prado é uma cidade de fé" e que "quem não acredita em Deus, pode não acreditar, mas não deve divulgar representando uma entidade como a Câmara".

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O presidente da casa, Valdicir Viali (PTB), manteve Renata no cargo, mas a polêmica continua nas redes sociais, com manifestações favoráveis e contrárias à funcionária. A assessora, que durante o ano passado havia retirado um crucifixo do plenário e visto a peça ser recolocada pelos vereadores, diz que, por ser laico, o Estado não pode ostentar símbolos religiosos em suas instituições.

"Eu sou ateia, não escondo isso de ninguém e gosto de questionar", ressalta Renata, afirmando que, assim como os crentes postam mensagens falando de Deus, também tem o direito de expressar suas convicções. "Eu nunca agredi quem pensa diferente de mim e não estou obrigando ninguém a ser ateu, mas entendo que a Câmara deve ser laica e não representar uma das religiões", afirma.

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