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Dois meses depois de ter o nome mencionado pelo pai e presidente Jair Bolsonaro (PSL) como o próximo embaixador do Brasil nos Estados Unidos (EUA), Eduardo Bolsonaro (PSL) ainda não teve a indicação oficializada. O clima no Senado, segundo apurou o LeiaJá, não é dos mais receptivos diante desta possibilidade e o governo tem tentado driblar essa resistência.

Na próxima semana, Eduardo deve viajar com o pai para Nova York, onde Bolsonaro fará o discurso de abertura da assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) na terça-feira (24). A expectativa, de acordo com informações de bastidores, era de que após essa viagem o presidente formalizasse a indicação, contudo, ainda não há confirmações quanto a intenção do presidente.

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Um fato que pode postergar mais a oficialização é a estremecida na liderança do governo no Senado, atualmente ocupada pelo senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). Bezerra colocou o cargo à disposição de Bolsonaro depois que ele foi alvo, nessa quinta-feira (19), de mandados de buscas e apreensão da Polícia Federal em investigação sobre pagamento de propinas a partir de contratos em obras federais no Nordeste.   

O clima na Casa Alta, de acordo com o senador Humberto Costa (PT-PE), é de incertezas para indicação, uma vez que membros de partidos aliados ao presidente já se colocaram contra Eduardo Bolsonaro como representante do Brasil em Washington.

“Há uma campanha forte. O que temos visto é que o presidente do Senado, os líderes do governo têm trabalhado fortemente pela candidatura dele [a embaixador]. No entanto, não existe uma certeza de que vão aprovar. Há uma dissidência forte dentro da própria base do governo, vários partidos independentes que não aceitam a ideia e é por isso que o governo está no jogo forte de toma lá dá cá”, observou o petista. 

Na avaliação de Humberto, “Bolsonaro vai sair enfraquecido” com a indicação. “Se ele não mandar a indicação é um sinal de fraqueza, se ele mandar e for derrotado é uma derrota com todas as letras e se ele mandar e ganhar, vai ganhar com pelo menos 30 votos contra. Ninguém, normalmente, vota lá contra indicados a embaixador e cônsul”, considerou. 

Apesar disso, o próprio Eduardo disse recentemente que estava otimista e o pai não recuaria diante da nomeação para a embaixada brasileira nos EUA. “Acredito que se (a sabatina) fosse hoje, eu conseguiria a aprovação. Estou confiante. Eu não contei os votos, mas meu instinto, meu faro, e a conversa que estou tendo com os senadores têm sido positiva, inclusive de senadores que não declararam votos, aqueles neutros e indecisos”, chegou a afirmar em entrevista no último dia 10.

Atuação de Eduardo na Câmara e foco na campanha

Em julho, quando foi anunciado pelo pai, Eduardo iniciou uma movimentação de intensas articulações, mas e, neste período, como vem sendo a atuação dele como deputado federal? 

De acordo com o site da Câmara foram realizadas 31 reuniões plenárias, entre ordinárias e extraordinárias, desde 11 de julho, quando o pai anunciou que o nomearia embaixador do país em Washington. Além de um mês de recesso parlamentar. Neste período, ele não registrou presença em apenas três sessões extraordinárias e, apesar de em muitas delas estar presente, deixou de votar em 14 itens [entre requerimentos e destaques].

Os números mostram a presença maciça de Eduardo no plenário. Entretanto, no fim do mês de agosto, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) chegou a chamar Eduardo de “deputado fantasma” e a afirmar que o parlamentar, ao invés de participar das votações e discussões na Câmara, estava preocupado apenas em angariar votos favoráveis dos senadores e nas articulações da sua eventual campanha de embaixador do Brasil nos EUA. Na ocasião, o filho do presidente rebateu. 

O LeiaJá ouviu outros deputados federais sobre o assunto que confirmaram, apesar da presença, que Eduardo tem investido na campanha pela aprovação do seu nome. 

Em reserva, um parlamentar que tem apoiado as propostas do governo Bolsonaro, disse que, “de fato, Eduardo deu uma mergulhada nas articulações para embaixada”, apesar do seu mandato ser proativo, inclusive nas comissões da Casa.

“Justiça seja feita a situação dele é difícil. Por ele ser filho, quando ele fala, de certa forma fala o presidente da República. Está trabalhando bem, mas o sentimento que permeia no congresso é que foi um erro ser indicado”, avaliou o deputado federal. 

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