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A Comissão de Direitos Humanos (CDH) marcou para a terça-feira (29) reunião para que Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, explique a nota técnica, elaborada pelo ministério, que não aprovou as Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do Paciente com Covid-19, recomendada pela Conitec. A reunião está marcada para às 14h e será realizada de forma semipresencial. O ministro confirmou presença. 

O requerimento para a realização da reunião é do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) que, na justificativa, declarou que a nota elaborada por técnicos do Ministério da Saúde (nº 2/2022-SCTIE/MS), vai contra as diretrizes da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), publicada em 2021. A audiência de Queiroga havia sido marcada inicialmente para o dia 9 de março, mas já foi adiada por duas vezes. 

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A diretriz citada é sobre o tratamento medicamentoso dos pacientes hospitalizados com Covid-19, em que a Conitec não recomenda o uso de hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina.  Além disso, Randolfe também pede esclarecimento ao Ministro da Saúde sobre a afirmação de que as vacinas tinham menos eficácia que a hidroxicloroquina no tratamento da Covid, contrariando evidências científicas. 

 “A decisão de rejeitar a Conitec parece uma tentativa de esconder as provas dos desvios de conduta dos agentes públicos negacionistas, protegendo-os da devida responsabilização cível, criminal e de improbidade administrativa. Por isso, é importante que esta Comissão convoque Marcelo Queiroga, para que, perante o Congresso e a sociedade brasileira, explique as responsabilidades e consequências administrativas e criminais decorrentes da emissão da Nota Técnica negacionista e anticonstitucional”, justificou Randolfe. 

O Ministro da Saúde, segundo Randolfe, também deve prestar esclarecimentos sobre o atraso da vacinação infantil contra Covid no país, mesmo depois da  aprovação da Anvisa.  Por Ana Paula Marques, com supervisão de Patrícia Oliveira. 

*Da Agência Senado

O Hospital das Clínicas da Unicamp confirmou caso de hepatite medicamentosa relacionada ao uso dos medicamentos do “kit covid”, azitromicina, hidroxicloroquina e ivermectina. O paciente diagnosticado terá que realizar transplante de fígado e mais quatro casos já apareceram em outras cidades desde o início das pesquisas.

O paciente identificado é morador de Indaiatuba, tem cerca de 50 anos e após três meses de contrair Covid-19, apresentou a pele e os olhos amarelados. Ao chegar ao Hospital das Clínicas, disse ter feito uso dos três medicamentes do “kid covid”, zinco e vitamina D.

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Em entrevista a EPTV, Ilka Boin, professora e médica da unidade de transplante hepático do HC, explicou o caso.

"Ele chegou com uma síndrome de doença hepática pós-Covid. Mas quando analisamos, vimos que não se enquadrava muito bem na síndrome. Tinha alterações específicas e analisamos a biópsia. Era, na verdade, uma hepatite medicamentosa que causou a destruição dos dutos biliares, e o paciente tinha usado somente, nos últimos quatro meses, remédios do kit Covid”.

O paciente quase foi submetido a cirurgia de emergência, mas não foi necessário. Porém, terá que passar por um transplante de fígado. Segundo a médica, outras duas pessoas faleceram antes dos estudos clínicos serem concluídos ou transplantes de fígado serem realizados.

Ao pontuar a falta de suporte social, testagem em massa e monitoramento adequado diante da infecção que segue ativa na Região Metropolitana do Recife (RMR), a vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Bernadete Perez, critica as decisões do Governo de Pernambuco no combate à Covid-19. Para a especialista, a variação diária de casos mostra que não há quadro epidemiológico possível para prosseguir com as reaberturas.

"A vigilância do estado se satisfez em contar casos e óbitos. Uma forma omissa na relação com o território", destaca a sanitarista ao acrescentar que a ausência de um plano nacional de resposta à pandemia dificultou o controle da doença. "Essas pessoas que morrem todos os dias têm virado praticamente uma 'paisagem', como se a gente tivesse que conviver com isso como normal [...] a pandemia não está controlada", lamenta em entrevista ao LeiaJá.

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De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Pernambuco (SES), emitido nessa quarta (2), Pernambuco já soma 7.656 óbitos e 128.724 pessoas infectadas. Mesmo com a queda dos índices, Perez explica que "a sustentação de curva ainda é alta em número de casos e óbitos. Com variação muito grande e a gravidade de uma interiorização da pandemia, sem equipamentos de saúde suficientes".

Lockdown frouxo

Instituído em cinco municípios do Grande Recife no dia 16 de maio, o lockdown até surtiu efeito inicial, mas foi tardio e breve, na visão da médica. "O prazo ideal era quando a gente tivesse por duas semanas uma queda importante e sustentada, com o número de óbitos quase chegando a zero. 40 mortes em 24h ainda é altíssimo", indica e conclui que não houve estratégia das autoridades para operacionalizar o fechamento total nas periferias. "Você coloca no colo das pessoas a possibilidade de proteção que elas não têm necessariamente. A tempestade é a mesma, mas nossos barcos são diferentes", avalia. 

Com o fim da quarentena rígida, após 15 dias do fechamento, Pernambuco registrou 1.023 novos casos e 67 óbitos só no dia 31 de maio. Na ocasião, as notificações atingiam 2.807 vítimas fatais e 34.450 casos confirmados. Com a economia estagnada, o Governo não suportou à pressão e deu início a terceira fase da flexibilização, no dia 15 de junho. A etapa marcou a autorização de funcionamento para varejos de bairro, salões de beleza e coleta de produtos em shoppings.

Médicos na cadeia

No primeiro dia da reabertura, o estado confirmou mais 246 casos, e alcançou o total de 45.507 infectados e 3.886 mortes. "A flexibilização foi completamente equivocada. Todas as etapas foram precipitadas, sem nenhuma sustentabilidade do quadro epidemiológico que a gente tinha, como ainda não temos [...] a gente não tem como progredir com flexibilização. Pelo contrário", reprova Perez, que aconselha o fechamento de setores não essenciais.

No início das notificações em Pernambuco, ainda em março, a médica juntou-se a outros especialistas e criou a Rede Solidária em Defesa da Vida (Rede Sol), com o objetivo de apoiar o Estado na tomada de decisões mediante dados científicos. No entanto, um movimento negacionista de profissionais da saúde atrapalhou a conscientização dos pernambucanos ao receitar supostas curas sem eficácia comprovada, como a Hidroxicloroquina, Azitromicina e Ivermectina.

"É uma vergonha. A gente discute isso em um plano político. Todos os estudos mostraram uma mortalidade maior na população que usa cloroquina. Esses médicos tinham que ser punidos criminalmente. Não é uma disputa de narrativa científica por que não tem nenhum estudo que sustente esse tipo de prescrição", dispara.

O medo da Covid-19 culminou na busca pela cura milagrosa e fez certos medicamentos sumirem das farmácias. Embora ainda não exista vacina ou tratamento comprovado cientificamente que seja eficaz contra a infecção, a sensação de incapacidade por parte da população intensificou a cultura da automedicação.

A docente do departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Sueli Moreira, alerta sobre as consequências de tomar remédios sem prescrição ou acompanhamento. Além dos efeitos adversos, "os sintomas podem ser mascarados, levando à confusão nos diagnósticos e retardando a definição correta do tratamento", explica.

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O consumo indiscriminado também pode gerar outras doenças e agravar o quadro clínico, como a especialista exemplifica: "o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) pode levar a complicações renais [...] no caso de antibióticos temos sérios riscos como a piora da infecção, que favorece a resistência bacteriana”.

 Outra questão a ser considerada são as interações entre substâncias, ou seja, a mistura de remédios. "Alguns medicamentos podem interferir na ação de outros e implicar em alterações de exames", esclarece. O conselheiro do Conselho Federal de Farmácia e chefe do departamento de farmácia do Hospital das Clínicas do Recife, Arimatea Filho, também fez um alerta para o consumo sem acompanhamento médico.

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O próprio armazenamento inadequado pode trazer danos. Fora o risco de trocar os medicamentos e tomá-los fora da validade, crianças e idosos podem fazer uso por engano. "O medicamento pode representar um risco baixo para o adulto, mas para o idoso o mesmo medicamento pode ter relação de risco X benefício desfavorável", complementou.

Sem certeza da beneficie, hidroxicloroquina foi estocada

Incentivados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), antes mesmo do protocolo apresentado nesta quarta-feira (20), algumas pessoas já estocavam caixas de hidroxicloroquina em casa sem saber que podem ser vítimas de uma arritmia cardíaca.

Mesmo sem a eficácia comprovada contra a Covid-19, outras duas substâncias entraram no rol das supostas curas da doença. Assim, o antibiótico azitromicina e o antiparasita ivermectina tornaram-se escassos devido ao aumento da procura. Tal cenário dificultou ainda mais a condição dos pacientes que cumpriam tratamento com as substâncias sob recomendação médica.

"Pacientes que respondem bem ao tratamento vivem com poucos sintomas e são acompanhados frequentemente por reumatologistas, que avaliam os riscos", especificou Moreira sobre a prescrição da hidroxicloroquina. O remédio é recomendado contra o Lupus Eritematoso Sistêmico e, a interrupção do tratamento pode resultar na piora renal e de sintomas como a artrite. Em um quadro mais grave, o paciente luta pela vida após ser internado na UTI, concluiu.

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