Tópicos | bancada ruralista

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) declarou apoio à reforma tributária na noite desta quinta-feira, 6, após pleitos do setor serem atendidos pelo relator do texto, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Formada por 300 deputados, a bancada ruralista divulgou nota oficial para defender a aprovação da proposta, depois de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-PB), pautar a votação em primeiro turno. Um requerimento do PL para adiar a deliberação foi rejeitado no plenário por 357 votos a 133, com 3 abstenções.

"O diálogo construído nos últimos 120 dias trouxe convergências e os pontos sinalizados pelo setor agropecuário foram atendidos por completo e presentes no texto em análise no Plenário. Desta forma, atendidos os anseios e preocupações do setor, ficam, os membros da FPA, seguros do posicionamento favorável à Reforma Tributária em prol dos produtores rurais do Brasil", diz a nota da FPA.

##RECOMENDA##

"Este é o primeiro passo da Reforma Tributária. Portanto, ainda poderemos incluir qualquer melhoria necessária para o setor durante a tramitação. A bancada sempre usou do diálogo para a construção de pontes e de um país mais justo e igualitário e assim seguiremos, pelo bem de cada cidadão brasileiro e do acesso junto à alimentos de qualidade", afirma a bancada ruralista em outro trecho do documento.

Após uma reunião com Lira e membros da FPA nesta tarde, Aguinaldo decidiu determinar uma redução de 60% na alíquota do tributo que será cobrado sobre produtos agropecuários, conforme antecipou o Broadcast Agro. Dessa forma, a alíquota para o setor será 40% da alíquota padrão do imposto sobre consumo.

Além disso, o relator elevou de R$ 2 milhões para R$ 3,6 milhões o limite de faturamento para que produtores rurais tenham isenção tributária, uma espécie de "Simples do agro", com direito a crédito presumido. O parecer também estabelece que o IPVA não incidirá sobre aeronaves e máquinas agrícolas.

A presença do vice-presidente Geraldo Alckmin e de ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na feira nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) incomodou integrantes da bancada ruralista no Congresso. O Planalto tenta melhorar o diálogo com o grupo. Na próxima terça-feira, 16, Alckmin estará em um almoço promovido pela bancada em Brasília - mas, ao prestigiar o evento do MST, no momento em que invasões de terras voltam a ocorrer no País, alargou ainda mais esse distanciamento.

O segundo vice-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) na Câmara, deputado Evair de Melo (PP-ES), já fala em rompimento. "O governo arrancou a ponte com o agro e não tem mais diálogo", afirmou. "É a fotografia que nós precisávamos para poder provar o envolvimento do governo com o MST nessas invasões de terra", complementou, sobre a foto de Alckmin ao lado do coordenador do MST, João Pedro Stédile, durante o evento. Somente durante o chamado 'Abril Vermelho', o movimento invadiu ao menos 13 fazendas.

##RECOMENDA##

Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e outros membros do primeiro escalão do governo viraram estrelas do evento, no Parque da Água Branca, região oeste de São Paulo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se tornou garoto propaganda de um pacote de fubá, um dia após o secretário executivo da pasta e indicado de Lula para o Banco Central, Gabriel Galípolo, visitar o local. Também já passaram pela feira os ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).

O aceno do governo ocorre no momento em que o Congresso está prestes a instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as invasões do MST. Integrantes da oposição, incluindo parlamentares que fazem parte da cúpula da bancada ruralista, prometem apontar responsabilidade do governo nos atos ilegais.

"O governo dá sinais absolutamente contraditórios e tem vivido uma certa esquizofrenia com o agro. Dá uma no cravo e outra na ferradura, mas vai ter que se definir", disse o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), vice-presidente da frente da agropecuária na Câmara.

A bancada do agronegócio acumula uma série de desentendimentos com o governo, após invasões promovidas pelo MST no campo, críticas à Agrishow, a maior feira do setor no País, e discursos do próprio presidente. Na última quinta-feira, 11, Lula fez menção à Agrishow e disse que "alguns fascistas de São Paulo" não quiseram a presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, no evento.

Ruralistas também não gostaram da presença de Stédile na comitiva de Lula na China e de o movimento integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão.

Numa tentativa de atenuar a crise, Carlos Fávaro, que disse ter sido "desconvidado" da Agrishow, se reuniu com os parlamentares da bancada ruralista na semana passada e prometeu um aporte de R$ 200 milhões do Orçamento da União para reforçar o Plano Safra, principal linha de financiamento do setor, ainda neste ano e diminuir o impacto da taxa de juros no programa.

Manifestantes que protestam contra a derrota de Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial de domingo, 30, realizam atos em 15 trechos de rodovias no Estado do Rio de Janeiro, segundo balanço divulgado pela assessoria de imprensa da Polícia Rodoviária Federal no Rio às 18h54 desta segunda-feira, 31.

Um dos protestos começou às 17h20 em um acesso à ponte Rio-Niterói, no Rio de Janeiro, sentido Niterói. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), cerca de dez manifestantes interditam parcialmente o trânsito. Agentes da PRF estão no local tentando liberar o tráfego.

##RECOMENDA##

Outros pontos ocorrem em rodovias. Na Presidente Dutra (como se chama a BR-116 no trecho entre os municípios do Rio e de São Paulo), no km 197, em Queimados (município da Baixada Fluminense), cerca de 20 pessoas interditam totalmente a pista no sentido São Paulo. Segundo a PRF, o trânsito está sendo desviado por dentro de um posto de combustíveis. Agentes da polícia negociam a liberação do trânsito.

Na mesma rodovia, no km 184, em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense), cerca de 300 manifestantes interditaram uma faixa no sentido São Paulo às 14h15 desta segunda-feira e totalmente, em ambos os sentidos, às 14h50. Houve um princípio de incêndio, debelado pelo Corpo de Bombeiros. Agentes da PRF estão no local, segundo a assessoria de imprensa.

Também na Dutra, no km 276, em Barra Mansa, cerca de 100 manifestantes interditaram totalmente o trânsito de caminhões e alguns outros veículos - carros de passeio e ônibus com idosos, crianças e portadores de necessidades especiais estão sendo autorizados a trafegar. O ato começou às 23h30 do domingo, e agentes da PRF estão no local.

Na mesma rodovia, no km 264, também em Barra Mansa, os dois sentidos foram totalmente fechados às 12h35 por dois veículos de carga que estacionaram atravessados na pista. A PRF foi ao local e o trânsito foi liberado às 15h.

Ainda na Dutra, no km 263, em Volta Redonda, cerca de 20 manifestantes interditaram totalmente a via, por volta das 15h40. Às 18h30 não havia informações atualizadas.

Em outra parte da BR-116, na rodovia Rio-Teresópolis, no km 76, em Teresópolis, cerca de 50 manifestantes interditaram parcialmente a via nos dois sentidos, a partir das 10h46. Caminhões foram barrados, mas veículos de passeio e ônibus tiveram autorização para seguir viagem. Objetos foram incendiados na pista.

Na BR-101, no trecho identificado como rodovia Rio-Santos, no km 392, em Itaguaí, ativistas interditaram os dois sentidos a partir das 14h57. Às 18h30, a PRF não tinha informações atualizadas.

Também na BR-101, no km 415, em Mangaratiba, cerca de 50 manifestantes interditaram totalmente a via nos dois sentidos, às 18h.

Na mesma rodovia, no km 486, em Angra dos Reis, cerca de 50 manifestantes interditaram parcialmente os dois sentidos às 9h44. Às 18h30 a interdição continuava e havia congestionamento de 3,5 quilômetros.

Também na BR-101, no km 530, em Paraty, cerca de 50 manifestantes interditaram totalmente a via às 18h, causando um quilômetro de congestionamento.

Em outro trecho da BR 101, no km 70, em Campos dos Goytacazes, aproximadamente 60 manifestantes interditaram a via totalmente nos dois sentidos, às 16h20. Pneus foram espalhados na pista.

Na BR-040, no km 119, em Duque de Caxias, 40 manifestantes interditam parcialmente a via e causam congestionamento de 1 quilômetro, desde as 16h50.

Na mesma rodovia, no km 61,5, em Petrópolis, desde as 14h20 há concentração de manifestantes no posto de combustíveis Capivari, sem impacto ao trânsito.

Na rodovia BR-356, na altura do km 50, em Itaperuna, dez manifestantes interditaram parcialmente os dois sentidos, a partir das 15h50. Às 18h30 a PRF não tinha informações atualizadas.

Na rodovia BR-465, no km 14, em Seropédica, sete motoristas de caminhão se concentraram a partir das 14h15, sem impacto ao trânsito.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou uma possível aproximação com a bancada ruralista no Congresso Nacional. Nesta terça (20), Lula disse que em um eventual governo tende a trabalhar alinhado à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

"Acho que a bancada ruralista é muito respeitada. É uma bancada grande. Terei de conversar com ela como converso com a bancada do PT ou a do PSDB, ou seja, não escolho ideologicamente as pessoas para conversar quando tenho um assunto para resolver. É assim que tem de agir um presidente da República", afirmou o ex-presidente em entrevista ao Canal Rural.

##RECOMENDA##

Uma das maiores e mais articuladas bancadas do Congresso, com 280 parlamentares, a FPA é considerada importante base de sustentação do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Hoje, Lula já conta com apoio formalizado de dois parlamentares ligados à frente: o senador licenciado Carlos Fávaro (PSD-MT) e o deputado federal e ex-ministro da Agricultura do governo Dilma, Neri Geller (PP-MT), que é vice-presidente da FPA.

Nos bastidores, diante da liderança de Lula nas pesquisas de intenção de voto, deputados ruralistas e bolsonaristas vêm manifestando a aliados do ex-presidente a intenção de compor um eventual governo petista, segundo interlocutores ouvidos pelo Broadcast Político . Outros se movimentam no sentido de diminuir o tom das críticas ao ex-presidente e buscar uma conciliação como provável base governista, enquanto continuam na campanha para reeleição de Bolsonaro. Parte deles alega que trabalha em "nome do setor", estando disposta a dialogar com o Executivo, independentemente de quem assuma a Presidência.

A bancada evangélica da Câmara dos Deputados votou majoritariamente a favor da PEC do voto impresso, com muitos deles contrariando a indicação do próprio partido. Ao todo, foram 76% dos parlamentares evangélicos apoiando a proposta, que foi derrotada na última terça-feira (10). 

Segundo levantamento do O Globo, dos 93 deputados que se declaram evangélicos, 71 votaram a favor da PEC. 28 deputados deste grupo foram de encontro ao que foi orientado pelos seus partidos, que haviam orientado votação contrária à proposta. 

##RECOMENDA##

O Republicanos, ligado à Igreja Universal, foi o partido que mais apoiou a proposta, com 17 votos. Ainda conforme levantamento, dos 229 votos favoráveis, a bancada ruralista, que conta com 232 deputados, foi responsável por endossar a PEC com 120 votos.

Para que o projeto seguisse tramitando na Câmara, seriam necessários 308 votos a favor. 

As cobranças do presidente Jair Bolsonaro pelo apoio da bancada ruralista ao deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), seu candidato à presidência da Câmara, desagradaram a integrantes da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA). Para parlamentares do grupo, Bolsonaro erra ao atribuir os resultados do setor apenas ao governo e ao usar esse argumento para exigir adesão ao seu candidato na eleição do Legislativo.

"É um erro ingênuo do governo. A FPA não é partido, isso é um erro político", disse o líder da bancada, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), ao Estadão/Broadcast. Moreira foi um dos que declararam apoio ao correligionário Baleia Rossi (MDB-SP), candidato do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

##RECOMENDA##

Em conversa com apoiadores na segunda-feira (11), Bolsonaro afirmou que o campo "nunca teve um tratamento tão justo e honesto" quanto em seu governo. Segundo ele, o agronegócio está "bombando" e, por isso, parlamentares da bancada deveriam apoiar o candidato do governo. "Alguns parlamentares do campo, ao invés de apoiar o nosso candidato, estão apoiando outro candidato. Eu não entendo", disse o presidente, na portal do Palácio da Alvorada.

O presidente voltou ao assunto nesta terça (12), com uma nova cobrança pública e argumentou que Lira permitirá o avanço da reforma agrária e da regularização fundiária. "Se fizer a regularização fundiária nós vamos saber de quem é o CPF daquela pessoa daquela terra que desmatou ou pegou fogo, e o atual presidente da Câmara ainda não permitiu que isso fosse votado", disse Bolsonaro. Uma medida provisória sobre o tema enfrentou resistência de parlamentares e foi apelidada de MP da Grilagem. Sem acordo para votação, o texto perdeu a validade no ano passado.

O líder da bancada ruralista rebateu os argumentos de Bolsonaro e criticou o fato de o chefe do Executivo usar políticas de governo para cobrar apoio numa eleição interna da Câmara. "O sucesso do agro tem a participação do governo, com o brilhantismo da ministra (da Agricultura) Tereza Cristina e também com a atuação da Frente, mas quem merece os aplausos é sua excelência, o produtor rural", declarou Moreira. Para ele, as bandeiras são convergentes e a disputa no Legislativo não pode se transformar numa disputa entre Maia e Bolsonaro.

'Chantagem'

Para o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), que faz parte da FPA, o que Bolsonaro faz é "chantagem". "A bancada é suprapartidária e independente. Qualquer tentativa de torná-la submissa a qualquer liderança política gerará sentimento de corpo contra essa liderança", disse o parlamentar.

A FPA tem 241 deputados. Entre os integrantes, estão tanto aliados de Baleia quanto de Lira - os dois, inclusive, fazem parte da bancada ruralista.

Aliado de Lira e um dos vice-presidentes do grupo, o deputado Evair de Melo (Progressistas-ES) negou que haja qualquer crise com o governo por causa das declarações do presidente. "Não tem apoio formal da frente, isso não é um assunto para a bancada tratar, por isso, não tem crise instalada", afirmou. Melo disse, no entanto, que a maioria dos deputados na bancada já apoia o candidato de seu partido.

O deputado Sérgio Souza (MDB-PR), que assumirá a presidência da bancada a partir do dia 22 no lugar de Moreira, também minimizou as cobranças do presidente. "É o estilo de Bolsonaro. Ele fala o que pensa. Não há um racha dentro da FPA, um afastamento do governo, não há. As pautas do governo e da FPA são praticamente as mesmas", disse Souza. Segundo ele, a preocupação do grupo é que tanto Baleia quanto Lira se comprometam em votar projetos defendidos pelos ruralistas. "Temos um papel de ter uma pauta, defendemos essa pauta e vamos cobrar dos candidatos o compromisso com isso", afirmou.

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), declarou apoio ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara. Baleia é candidato do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com quem o líder da bancada ruralista teve atritos durante a gestão.

"Baleia é extremamente qualificado para o diálogo com qualquer partido, o que é imprescindível para levar à frente as pautas que o País precisa. E isso em nada tem a ver com apoio a pautas da esquerda como muitos dizem", escreveu Moreira no Twitter. Partidos de oposição, inclusive o PT, anunciaram apoio a Baleia, mas exigem a análise de um processo de impeachment contra o presidente da República, Jair Bolsonaro.

##RECOMENDA##

Ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o deputado afirmou que o apoio a Baleia não é feito em nome da bancada, mas que a frente vai exigir do candidato o compromisso com pautas nas quais não houve abertura com Rodrigo Maia. "É ruim uma disputa para a Câmara ficar na questão rasa se é a favor do Rodrigo Maia ou a favor do Bolsonaro. Não tenho compromisso com Maia, eu quero as pautas."

A prioridade da bancada, afirmou Alceu Moreira, é a reforma tributária. Uma das propostas em discussão no Congresso foi apresentada por Baleia Rossi. Além disso, a frente dos ruralistas vai cobrar a votação de projetos do setor, entre eles a regularização fundiária. O projeto da regularização fundiária foi um dos temas de atrito entre Maia e o líder da bancada ruralista.

No ano passado, Moreira criticou o projeto de lei que autoriza o registro de até seis módulos fiscais, bancado pelo presidente da Casa. A proposta está parada no Congresso. A bancada defendia uma medida mais flexível, com limitação maior. Para Alceu Moreira, Maia exerceu uma "ditadura da minoria" no comando da Câmara.

A FPA tem 241 deputados. Entre os integrantes, estão aliados de Arthur Lira (PP-AL), que também disputa o comando Câmara, e Baleia - os dois, inclusive, fazem parte da bancada. Por isso, a frente não deve oficializar apoio a nenhum dos candidatos, apesar de reivindicar pautas ao próximo presidente da Câmara.

Polêmica sobre impeachment

Neste domingo, 10, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), fez críticas a Baleia por "fechar a possibilidade" de impeachment do presidente Jair Bolsonaro em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. "Perderá votos no PT", publicou a parlamentar.

O candidato do MDB logo agiu para amenizar a tensão afirmando que cumprirá compromissos com a oposição, mas que não é possível "antecipar juízos".

Próximo ao presidente Jair Bolsonaro, o líder da bancada ruralista reforçou que o bloco em torno de Baleia Rossi não pode assumir um compromisso a favor do impeachment. "O PT tem direito a se expressar, mas isso não quer dizer eleger um presidente da Câmara para cassar o Bolsonaro. Jamais teria isso."

Aliada de Jair Bolsonaro desde a campanha eleitoral, a Frente Parlamentar da Agricultura, a chamada bancada ruralista, vai endurecer a relação com o governo. Os motivos são a redução de recursos previstos para a área no Orçamento do ano que vem e a falta de apoio a projetos no Congresso considerados prioritários para o setor.

"Seremos muito mais exigentes no trato com o governo. A bancada dá sustentação política e tem de ter o respeito que merece. Certamente, vamos subir o volume da nossa voz para exigir do governo decisões que defendemos", disse ao Estadão/Broadcast, plataforma de notícias em tempo real da Agência Estado, o presidente da frente parlamentar, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS). "Isso já começa com o Orçamento", afirmou Moreira.

##RECOMENDA##

Com 247 deputados e 40 senadores, a bancada ruralista foi um dos pilares da eleição de Bolsonaro. Ainda no primeiro turno da disputa, Tereza Cristina (DEM-MS), deputada e líder da frente parlamentar na época, entregou uma carta de apoio ao então candidato. Três meses depois, ela foi nomeada ministra da Agricultura, por indicação do grupo.

Para Moreira, sucessor de Tereza no comanda da bancada, é inaceitável a redução de recursos para o Ministério da Agricultura no ano que vem após todo o respaldo dado pelo setor ao governo. Só na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) o corte é de quase metade do que foi destinado em 2019 - a proposta orçamentária do governo destina R$ 1,982 bilhão à estatal no próximo ano, redução de R$ 1,732 bilhão sobre o valor aprovado para este ano, de R$ 3,634 bilhões.

"Ou eu apoio o governo, estou no seu campo de construção, faço crítica e busco soluções internas, ou saio para rua e faço o discurso da oposição. Vou continuar apoiando, mas vamos ter claramente opiniões críticas em relação a vários temas", disse Moreira.

Não é a primeira vez que o deputado demonstra insatisfação com o Palácio do Planalto. Em outubro, O Estado de S. Paulo flagrou Moreira em uma conversa ríspida com o líder do governo na Câmara, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), no plenário da Casa. Na ocasião, o emedebista cobrava do articulador político de Bolsonaro o pagamento de emendas parlamentares.

O afastamento do grupo em relação a Bolsonaro também tem como pano de fundo o ritmo lento que projetos de interesse do setor agropecuário tiveram no Congresso neste ano.

Relator do projeto de lei sobre licenciamento ambiental, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) disse que falta apoio da área política do governo às pautas do agronegócio. "A maior bancada suprapartidária, representante do principal segmento do setor produtivo do País, é tratada pelos articuladores do governo com desprezo e descaso", afirmou o parlamentar. A medida é considerada importante para o setor por levar mais segurança jurídica a proprietários de terra.

'Bala' e 'bíblia'

Desde o início do governo, Bolsonaro escolheu as bancadas temáticas como seu principal canal de comunicação com o Congresso, excluindo legendas e dirigentes partidários das negociações. Além dos ruralistas, a chamada "bancada da bala" é outra que também se diz insatisfeita com a relação com o Executivo.

"Estamos no coro dos insatisfeitos, embora continuamos a apoiar o governo", disse o presidente da Frente Parlamentar da Segurança Pública, deputado Capitão Augusto (PL-SP). "O pessoal está se considerando desprestigiado", afirmou.

Segundo o deputado, a bancada não foi recebida uma só vez por Bolsonaro ao longo do ano. Ele afirmou ainda que não houve consulta prévia aos parlamentares antes do envio de projetos de interesse do setor ao Congresso, como o que amplia a porte e a posse de armas no País.

O parlamentar também reclama de falta de articulação do Executivo na defesa do pacote anticrime, desidratado na Câmara, e da tentativa de se manter o antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no guarda-chuva do Ministério da Justiça. Durante a análise da medida provisória que reestruturou o governo, o órgão de controle foi transferido para a Economia, com respaldo do Palácio do Planalto.

A terceira ponta no tripé de sustentação de Bolsonaro no Congresso Nacional, a bancada evangélica, porém, se considera satisfeita com o Palácio do Planalto. "Não temos nada do que reclamar no relacionamento com o governo", disse o presidente da frente, o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM).

Segundo ele, seu grupo foi recebido diversas vezes por Bolsonaro e, apesar de pautas de costumes também não terem avançado, não houve retrocessos nesta área. "O governo não investiu para tentar implantar no Brasil, como os governos de esquerda, ideologia de gênero", afirmou Câmara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) protocolaram emendas à reforma tributária (PEC 45) que tramita na Câmara dos Deputados para evitar o aumento da tributação do setor com a mudança do sistema. A intenção da bancada ruralista é evitar aumento da carga tributária para o setor com simplificação dos impostos prevista pela medida, segundo o vice-presidente da FPA, deputado Sérgio Souza (MDB-PR).

"Sabemos que o setor do agro não pode ser tributado além do que já é e Hildo Rocha nos garantiu que isso não ocorrerá. De qualquer forma temos receio", disse o deputado Arnaldo Jardim (CDD-SP), membro da FPA.

##RECOMENDA##

A bancada se reuniu nesta terça-feira com o presidente da Comissão Especial que analisa a proposta de emenda constitucional 45/19 na Câmara, o deputado Hildo Rocha (MDB-MA).

Os deputados sinalizaram que há uma tendência de a bancada apoiar essa reforma que tramita na Câmara dos Deputados de autoria do deputado Baleia Rossi (MDB-SP). Atualmente, são discutidos no Congresso dois projetos de reforma tributária. Um tramita no Senado. O outro é a PEC 45, de autoria de Rossi (MDB-SP) e do economista Bernard Appy. Na última semana, os governadores entregaram ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma proposta de reforma tributária elaborada pelos Estados, que terá a forma de emenda à PEC 45.

Ainda há a expectativa de que o governo envie um terceiro texto próprio sobre o sistema tributário. O presidente da comissão, Hildo Rocha, no entanto, já descarta essa possibilidade.

Uma das ideias de reforma em estudo pelo governo era a criação de um imposto semelhante à antiga CPMF, o que levou à queda do secretário especial da Receita, Marcos Cintra.

Sobre a demanda dos ruralistas, Rocha afirmou que a proposta já contempla os pedidos e que a ideia é não onerar investimentos nem exportações e apenas simplificar a tributação.

Integrantes da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) estão, nesta terça-feira, 11, fazendo uma força-tarefa em prol da aprovação do PLN 4, projeto de lei do Congresso que trata do crédito suplementar de R$ 248 milhões para despesas da União. A não aprovação da matéria pelo Congresso deve inviabilizar o lançamento do Plano Safra 2019/20 que estava previsto para a quarta-feira, 12.

Os deputados da bancada estiveram reunidos nesta terça com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, debatendo o tema.

##RECOMENDA##

Ao deixar o encontro, os parlamentares partiram para se encontrar com suas respectivas lideranças partidárias para discutir a aprovação do projeto.

Os deputados ruralistas devem ainda se reunir com a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP). Paralelamente, membros da FPA também foram buscar a equipe econômica do governo, no Ministério da Economia.

A sessão da Comissão Mista de Orçamento (CMO) onde o PLN 4 deve ser votado foi aberta pela manhã, mas suspensa logo em seguida para uma tentativa de acordo.

O líder da minoria no Congresso, Carlos Zarattini (PT-SP), afirmou que a oposição concorda em votar o crédito desde que o governo se comprometa com investimentos na ordem de R$ 10 bilhões para o programa Minha Casa, Minha Vida, universidades e outras áreas.

Durante encontro com o presidente eleito Jair Bolsonaro, a bancada ruralista indicou hoje (7) a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), 64 anos, para ser a ministra da Agricultura. Se confirmada, ela será a primeira mulher escolhida por Bolsonaro para integrar o governo que começa em 2019. O deputado federal Nelson Marquezelli (PTB-SP) confirmou a sugestão.

A indicação foi feita por um grupo de 20 integrantes da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), em reunião no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde funciona o gabinete de transição de governo. A bancada ruralista no Congresso Nacional reúne aproximadamente 260 parlamentares.

##RECOMENDA##

Engenheira agrônoma e empresária, Tereza Cristina é presidente da FPA e tem uma longa trajetória no setor. Ela foi secretária de Desenvolvimento Agrário da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul durante o governo de André Puccinelli (MDB).

Neste ano, Tereza Cristina foi uma das lideranças que defenderam a aprovação do Projeto de Lei 6.299, que flexibiliza as regras para fiscalização e aplicação de agrotóxicos no país.

Durante a campanha e depois de eleito, Bolsonaro fez várias defesas do agronegócio e dos investimentos no campo. Ele chegou a anunciar a fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, mas depois afirmou que pensa em manter as pastas separadas, como estão atualmente.

Ontem (6) o presidente eleito disse que as negociações para a escolha do nome para o Ministério da Agricultura era uma dos mais avançadas e que poderia ser divulgada ainda nesta semana.

Jair Bolsonaro já confirmou os nomes de Paulo Guedes, para Economia; Sergio Moro, para Justiça; Onyx Lorenzoni, para Casa Civil; Marcos Pontes, para Ciência e Tecnologia; e o general Augusto Heleno, para o Gabinete de Segurança Institucional.

A derrubada de todos os vetos presidenciais à lei que criou o programa de parcelamento de dívidas de produtores com o Funrural pegou de surpresa até a bancada ruralista. Um dia depois da votação, a área econômica ainda calculava o tamanho do prejuízo - que não se restringe ao perdão concedido aos devedores.

Com o desconto integral em multas e juros, o governo abre mão de R$ 15 bilhões dos R$ 17 bilhões devidos pelos produtores pessoas físicas ao Funrural, que funciona como uma espécie de contribuição previdenciária do setor. Os R$ 2 bilhões que ainda restam poderão ser compensados com créditos tributários. Há ainda perda de arrecadação futura com a cobrança menor sobre os produtores pessoas jurídicas.

##RECOMENDA##

Incluindo o programa de parcelamento para micro e pequenas empresas, que também teve o veto derrubado na terça-feira, o prejuízo estimado apenas para 2018 é de R$ 10 bilhões pelo lado da arrecadação e de outros R$ 3 bilhões para o Tesouro Nacional. Mas a União não será a única prejudicada. Estados e municípios também perdem receitas com a decisão do Congresso de restabelecer a isenção tributária sobre os ganhos obtidos pelos produtores com os descontos na dívida. Há impacto também sobre o déficit da Previdência.

O governo precisará apontar as receitas que compensarão as renúncias com o Funrural este ano. A área econômica do governo ainda conta com a possibilidade de que o Tribunal de Contas da União (TCU) solicite a suspensão das mudanças até que essa indicação seja feita pelo governo. Ainda não está definido se haverá uma provocação formal à corte de contas para que ela se manifeste.

As receitas da União para 2019, cuja previsão terá que ser refeita para contemplar as perdas previstas diante da "nova cara" do Refis do Funrural, estão sendo ainda reavaliadas.

Outras concessões feitas pelo Congresso e que não estavam nos planos no governo são os descontos e prazos para a renegociação de dívidas de agricultores familiares e de produtores, inclusive com bancos públicos, como o BNDES.

Congresso

Nessa quarta-feira, 4, negociadores do governo ainda tentavam decifrar os motivos por trás da estratégia adotada pelo presidente do Congresso Nacional, senador Eunício Oliveira (MDB-CE). A ele é creditada a manobra que colocou todos os vetos para apreciação em bloco pelo plenário. Aliado do PT no Ceará, seu reduto eleitoral, Eunício tentará um novo mandato em 2018.

O acordo feito com o Planalto era de que os vetos a 24 artigos da lei seriam apreciados um a um - os destaques inclusive foram apresentados pelos parlamentares da base e da oposição. Mas Eunício acabou atropelando todos os destaques e pautou o veto integral de uma vez.

"Eu queria até saber (o que motivou a decisão), Eunício votou como ele quis", afirmou a presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputada Tereza Cristina (DEM-MS). O resultado foi a derrubada total do veto com o apoio de 360 deputados e 50 senadores - uma vitória "esmagadora", na visão da bancada ruralista.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, mesmo com posição contrária da área econômica, o Planalto deu sinal verde para a derrubada do veto ao desconto de 100% nas multas e à redução da alíquota cobrada do produtor rural pessoa jurídica de 2,5% para 1,7%. Um gesto à bancada ruralista, uma das mais poderosas no Congresso Nacional, que vinha usando a negociação dessas dívidas como moeda de troca em votações importantes, como a da reforma da Previdência - que acabou engavetada pelo governo federal.

Apesar de surpreendida pela lista de benesses conquistadas na terça pela bancada ruralista, Tereza Cristina afirmou ser provável que os produtores sigam questionando a dívida remanescente na Justiça. O pleito é para que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida pelo perdão total dos débitos passados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Projeto de Lei 6642/2016 do Deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), que versa sobre o trabalho rural, vem causando polêmica devido a alguns artigos que poderiam retirar direitos e fragilizar os trabalhadores do campo. O LeiaJá ouviu especialistas em direito do trabalho para explicar o que muda para o trabalhador caso o texto seja aprovado.

O projeto modifica a lei 5889/73, que regulamenta o trabalho rural no Brasil, e um dos pontos polêmicos que ganhou repercussão foi a definição de trabalhador rural presente no seu artigo 3º. Segundo especialistas, tal definição permitiria que os trabalhadores rurais deixem de receber salários e possam trabalhar em troca, por exemplo, de comida e moradia.

##RECOMENDA##

Remuneração de qualquer espécie

“Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural ou agroindustrial, sob a dependência e subordinação deste e mediante salário ou remuneração de qualquer espécie”, diz o projeto. Para a professora, Mestre e Doutora em Direito Trabalhista Isabele Moraes D’Angelo, este trecho abre precedente para que os empregadores possam deixar de pagar o salário dos trabalhadores e remunerá-los de maneira precária. “O trabalho rural, assim como o doméstico, é um resquício das senzalas, de quando os trabalhadores não tinham formação para o mercado e continuaram nesse tipo de atividade. Este artigo permite que o trabalhador não tenha nem mesmo o salário e seja pago com qualquer coisa, que trabalhe até por comida para sobreviver”, analisa.

O professor de Direito e Processo do Trabalho Paulo Rodrigo Oliveira, que também é Presidente da Subcomissão de Direito do Trabalho da OAB de Paulista - PE, também afirma que este trecho fere os direitos dos trabalhadores e que servem a interesses de patrões e da classe política ligada ao agronegócio. “Na minha opinião como docente, isso vai ferir demais os direitos desses trabalhadores que têm pouca informação. O deputado é um ruralista e faz o projeto para atender os seus interesses”, diz o professor.

Descanso semanal e venda de férias

O projeto determina que o trabalhador tem direito a um dia de descanso a cada seis dias de trabalho. No entanto, o segundo parágrafo do artigo oitavo diz que “A fim de possibilitar melhor convívio familiar e social, o trabalhador rural que desenvolva sua atividade laboral em local distinto de sua residência poderá, mediante solicitação e sujeito à concordância do empregador, usufruir dos descansos semanais remunerados em uma única vez, desde que o período trabalhado consecutivamente não ultrapasse 18 (dezoito) dias”.

Para o professor Paulo Rodrigo, esta medida também é ruim por alongar muito o período de trabalho sem pausa e, para ele, “O trabalhador rural, em sua esmagadora maioria de origem humilde e com dificuldade no acesso das informações, sofrerá maior desgaste físico e mental em decorrência do árduo trabalho, em benefício do lucro dos grandes latifundiários”.

O quinto parágrafo do artigo 5º diz: “Ao trabalhador rural, residente no local de trabalho, fica assegurado o direito de venda integral das férias regulares, desde que previsto em acordo coletivo ou individual sem prejuízo dos proventos regulamentares de suas férias, mediante concordância do empregador”. Para o professor Paulo, este trecho “Fere de morte” as normas que protegem o trabalhador rural no sentido de garantir condições salubres de trabalho e coibir abusos dos patrões.

Ampliação da jornada de trabalho e horas extras

O projeto prevê intervalos para descanso e alimentação em jornadas superiores a seis horas consecutivas. No entanto, há um parágrafo determinando que “Em caso de necessidade imperiosa ou na ocorrência de situações emergenciais peculiares, ainda que previsíveis, o período mínimo de descanso intrajornada poderá ser alterado, devendo a diferença ser compensada em período de descanso subsequente à cessação do motivo que lhe deu causa”.

Já o artigo 7º determina que “Admite-se a prorrogação da jornada diária de trabalho por até 4 (quatro) horas ante necessidade imperiosa ou em face de motivo de força maior, causas acidentais, ou ainda para atender a realização ou conclusão de serviços inadiáveis, ou cuja inexecução possa acarretar prejuízos manifestos. condições climáticas adversas como períodos de chuva, frio ou de seca prolongados, previsão oficial de chuvas ou geadas, bem como o combate às pragas que exijam medida urgente, além de outras situações emergenciais peculiares” e “Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em qualquer outro dia”. 

Na opinião da professora Isabele Moraes D’Angelo, estas medidas que permitem a ampliação da carga horária e a compensação de horas extras com folgas são artifícios para fazer com que os empregadores possam explorar a mão de obra por um custo ainda mais baixo e por mais tempo.

”Como compensar e fiscalizar compensação de banco de horas com folga se isso acontece em lugares afastados? O patrão vai dizer que vai dar folga e descanso mas vai ficar por isso mesmo e o trabalhador sem receber o pagamento pelas horas extras. Na cidade o sindicato pode bater em cima, mas no campo quem vai ver?”, questiona a professora.

Ainda de acordo com Isabele, essa medida trará um aumento no número de doenças, acidentes de trabalho e casos de trabalho análogo à escravidão. “O PL prevê que a jornada possa chegar a até 12 horas e a maioria dos acidentes acontecem por fadiga, a condição é precária demais e o empregador poderá aumentar por uma força maior não especificada, essas normas não poderiam passar de jeito nenhum pois aumentará muito o número de acidentes e doenças do trabalho”.

Acidentes de trajeto

Há um ponto do projeto que versa sobre acidentes no trajeto dos trabalhadores de casa ao local de trabalho e determina que “Os acidentes de trajeto não ocorridos em veículos do empregador, seja ele próprio da vítima ou transporte público, não são de responsabilidade da empresa”. 

A professora Isabele afirma que “Pela Previdência Social, que abrange o trabalhador rural, o empregador tem responsabilidade com os empregados no campo também em caso de acidentes de trajeto com qualquer tipo de transporte, além do tempo de deslocamento estar incluso na carga horária de trabalho diário desses trabalhadores. Esse projeto de lei tira essas garantias e no trabalho rural os meios são muito inseguros. O empregado acidentado que não conseguir mais exercer atividades que exigem muito do corpo no campo vai virar peso morto para o empregador, será demitido. Esse projeto ataca, também, a Previdência Social”. 

‘Usos e costumes’ 

Alguns artigos do projeto determinam que determinadas normas sejam atendidas de acordo com os “usos e costumes da região”. De acordo com a professora Isabele, isso significa que as condições e estruturas do local de trabalho, como moradia, alimentação ou transporte possam ter uma qualidade baixa devido ao meio rústico do ambiente campesino. 

“No meio rural, as de alimentação, moradia, saneamento e outros aspectos são piores do que no meio urbano. A aprovação desse projeto com este tipo de ressalva faria com que o empregador pudesse ofertar condições de trabalho de péssima qualidade por ser o ‘uso da região’ rural e isso abre um precedente extremamente negativo para o trabalhador”, explica ela.

Terceirização irrestrita no meio rural

O artigo 27º diz que “É facultado ao empregador rural a contratação com pessoas físicas ou jurídicas para execução de sua atividade fim, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta”.

Para Isabele, assim como no meio urbano, a terceirização sem restrições à atividade-fim é um problema, porém com um agravante, pois na opinião dela “A armadilha nesse artigo de terceirização é dizer que o trabalhador não é seu empregado mas sim alguém que aluga a terra, ou então terceirizar, quarteirizar, ou colocar capatazes como responsáveis pelos trabalhadores para que não apareçam como empregadores e fique mais fácil de escapar da responsabilização na Justiça”.

Negociado sobre o legislado

Vários trechos do projeto determinam normas a cumprir que podem, no entanto, perder a obrigatoriedade em caso de decisão distinta constar em convenções coletivas ou acordos de trabalho entre trabalhadores e empregadores, colocando negociações acima da legislação. O mesmo acontece de forma semelhante na reforma trabalhista para os trabalhadores urbanos, que será votada no Senado Federal.

Para o professor Paulo Rodrigo Oliveira, esta questão retira as proteções legais que existem atualmente e acaba com conquistas históricas em nome do lucro dos latifundiários Na opinião dele, se o projeto for aprovado, “Será consagrada uma frase utilizada pelos advogados: o encontro do pescoço do trabalhador com a foice”.

Já a professora Isabele Moraes D’Angelo afirma que o que é garantido pelo Direito do Trabalho aos empregados no campo é “a condição mínima para a sobrevivência” e questiona se “Vamos tirar isso em nome do lucro do patrão”.

Constitucionalidade

Para o professor Paulo Rodrigo, “Esse projeto é inconstitucional e só atende os interesses dos proprietários de terras e empregadores que exploram essas atividades”.

Para a Mestre e Doutora em Direito Trabalhista Isabele Moraes D’Angelo, esse projeto não poderia, de forma alguma existir pois em sua opinião de especialista, professora e pesquisadora, ele “Está praticamente legitimando o trabalho escravo e é claramente inconstitucional, pois o artigo quinto da constituição - cláusulas pétreas, que não podem mudar de forma alguma - estão sendo mudadas através de leis ordinárias e isso é um escândalo. Os direitos que esse projeto pretende retirar são supraconstitucionais, têm que estar garantidos até se trocarmos de constituição, pois preservam a dignidade humana dos trabalhadores. Esse é um problema que deve preocupar a todos nós como cidadãos e não somente aos trabalhadores rurais”. 

Confira o Projeto de Lei na íntegra.

LeiaJá também 

--> Em seminário no Recife, PDT debate reforma trabalhista

--> Comissão aprova texto-base da reforma da Previdência

--> Senador diz que reforma trabalhista irá retomar empregos

--> “As reformas não passam no Senado”, prevê Humberto Costa

A bancada ruralista ganhou força no Senado com a eleição do deputado Ronaldo Caiado (DEM), eleito por Goiás, e a previsão é de um aumento no contingente atual de parlamentes ligados ao agronegócio na Câmara. Mas o reforço é observado com cautela pelos ruralistas, que registraram perdas no quadro de líderes que não foram reeleitos.

Entre as principais baixas está o ex-ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes (PSD), que não conseguiu votos suficientes para se reeleger deputado pelo Paraná. Outra baixa entre as lideranças ruralistas foi Moreira Mendes (PSD-RO), ex-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA). Mendes é deputado na atual legislatura, cujo mandato termina em janeiro, e disputou uma vaga no Senado por Rondônia. Com apenas 25,94% dos votos válidos para o Senado, ele não foi eleito e ficará sem posto no Congresso Nacional.

##RECOMENDA##

Os ruralistas também perderam Abelardo Lupion (DEM-PR), que decidiu não disputar a reeleição, após seis mandatos. Já o paulista Junji Abe (PSD) perdeu nas urnas e também não volta para a Câmara. O mesmo ocorreu com Giovanni Queiroz (PDT-PA), que está no quinto mandato consecutivo.

Os ruralistas afirmam que a bancada atual é formada por 139 parlamentares e pode ser ampliada com outros 124 novos deputados ligados de alguma forma ao agronegócio e que foram eleitos no último domingo (5), o que transformaria a bancada em um grupo de 263 membros - ou seja, 51,3% dos 513 da Câmara. O número diverge do mapeamento que está sendo feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que calcula a bancada atual em 130 deputados, podendo chegar a 160 membros na legislatura que assume em 2015. "Acho que o nosso número está um pouco exagerado", reconhece o atual presidente da FPA, Luís Carlos Heinze (PP-RS).

Reeleito como o deputado mais votado pelo Rio Grande do Sul, com cerca de 162 mil confirmações nas urnas, Heinze pondera que o aumento de deputados não é sinônimo de qualidade. "Eu não conheço muitos desses que foram eleitos", diz. "Não importa crescer e não ter qualidade. Até porque, tem uns 40 ou 50 que realmente fazem o trabalho", afirma.

O presidente da FPA lamenta a perda de nomes de peso, mas minimiza as baixas. Ele afirma que a bancada continua com um "bom time, sem problemas". "Os assuntos vão continuar", diz.

Heinze cita como prioridade para a bancada, a partir de 2015, a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe retirar do presidente da República o poder de demarcar reservas indígenas, passando a atribuição para o Congresso. Os ruralistas querem, ainda, uma redefinição do que é trabalho escravo e propostas para reduzir impostos de alimentos, máquinas e equipamentos usados no campo.

Os nove vetos que a presidente Dilma Rousseff impôs ao texto do Código Florestal aprovado no final do mês passado pelo Congresso Nacional, que constam da lei publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União (DOU), anulam as principais conquistas obtidas pela bancada ruralista durante as discussões do tema na comissão mista especial do Congresso Nacional que analisou a matéria.

Os benefícios aos médios produtores rurais na recuperação das matas nas margens dos rios, o plantio de árvores frutíferas na recomposição das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e a possibilidade de regularização da situação relativa às autuações antes de junho de 2008, a partir da adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), foram eliminados na nova legislação.

##RECOMENDA##

A presidente Dilma anulou um dos pontos mais comemorados pelos ruralistas, que foi a redução para 15 metros da obrigatoriedade de recomposição florestal em propriedades com áreas entre 4 a 15 módulos nos rios com até 10 metros de largura. O governo retomou a proposta original, que prevê a faixa de recuperação das matas de acordo com o tamanho das propriedades, observando o mínimo de 20 metros e máximo de 100 metros contados da borda da calha do leito regular dos rios.

A presidente Dilma Rousseff também vetou a exclusão da obrigatoriedade de reflorestamento nas margens dos reservatórios artificiais de água que não decorram de barramento ou represamento de cursos d'água e impediu que o cômputo das Áreas de Preservação Permanente no cálculo do porcentual da Reserva Legal do imóvel ficasse restrito a 50% da área do imóvel nas regiões fora da Amazônia, onde o limite permitido é de 80%.

Outra proposta vetada é a que garantia o uso das áreas consolidadas, pois limitava a exigência de recomposição a 25% da área total do imóvel no caso dos proprietários que até junho de 2008 detinham até 10 módulos fiscais fora da Amazônia Legal.

Deu início, nesta terça-feira, na Câmara dos Deputados, a votação do Código Florestal que determina como será a exploração das terras e a preservação das áreas verdes no país. O Código já havia sido aprovado na Câmara em maio de 2011 e, em dezembro, pelo Senado, quando recebeu 21 alterações.

Essas mudanças levaram hoje os parlamentares a tentarem entrar em comum acordo, apesar de até o início desta noite não haver ainda um consenso entre os partidos. Se o Código for aprovado, logo em seguida, passará à sanção presidencial.

##RECOMENDA##

Para o líder do Governo na Câmera, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o importante é trabalhar sobre o mérito do projeto. Mas o líder do PV na Câmera, deputado Sarney Filho (MA), apresentou um documento pedindo a destituição do relator do Código, deputado Paulo Piau (PMBD-MG), solicitando a nomeação de outro relator, pois a maioria dos políticos que defendem o Código criticam o relatório de Piau porque considerarem as modificações promovidas pelo PMDB "favoráveis a bancada ruralista", em detrimento da preservação ambiental.

Entre as alterações do Código, Piau quer a mudança no texto do Senado que obriga os produtores rurais a recompor entre 15m e 100m das chamadas Áreas de Proteção Ambiental (APPs). Ele sugere que o tamanho das faixas de proteção seja determinado a posteriori, por lei ou medida provisória.

O fato é que a alteração funcionará como anistia para produtores desmatarem. Diante disso, a bancada ruralista chegou a sugerir que os percentuais de preservação sejam mantidos (os 20% remanescentes, não incluindo as áreas de preservação permanente) e que o governo elabore regulamentações para resolver problemas pontuais. Dos debates acerca do tema, a principal polêmica gira em torno da área de terra que será permitida ou proibida o desmate, ao tipo de produtor que poderá fazê-lo, à restauração das florestas derrubadas e à punição para quem já desmatou.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando