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O maior evento literário da América Latina e um dos maiores do mundo, a tradicional Bienal do Livro de São Paulo, será totalmente online este ano. Prevista inicialmente para o final de outubro, o evento presencial acabou sendo adiado para 2022 por causa da pandemia do novo coronavírus. Mas, para não deixar de ocorrer neste ano de 2020, os organizadores do evento decidiram fazer uma edição especial, totalmente virtual.

Com isso, a 1ª Bienal Virtual do Livro de São Paulo será aberta nesta segunda-feira (7) e funcionará até o dia 13 de dezembro por meio do portal www.bienalvirtualsp.org.br, que vai dar acesso gratuito a toda a programação do evento, compra de livros e novidades do mercado editorial.

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O evento é realizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e, nesta edição, tem como tema Conectando Pessoas e Livros. Participam da bienal virtual mais de 100 expositores e 330 autores. A expectativa dos organizadores é receber 1 milhão de pessoas no portal, mais do que o evento presencial costumava atrair. Na edição passada, o evento presencial contou com um público de 663 mil pessoas.

Segundo Vitor Tavares, presidente da CBL, o evento virtual será mais democrático e diverso. “O que está nos deixando muito feliz é que será uma Bienal inclusiva. Qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo, poderá acessá-la”, disse ele, em entrevista à Agência Brasil.

“É uma experiência nova. Estamos muito ansiosos e esperançosos de que dará tudo certo e que vamos cumprir o papel de um bom editor que é colocar o que há de melhor, em termos de literatura, à disposição do nosso público leitor. Todo mundo poderá ter acesso e acreditamos que vamos acabar tendo muito mais pessoas participando das mesas dos debates, passeando pelas estantes virtuais e adquirindo os seus livros [do que acontecia presencialmente]”, disse Tavares.

As palestras poderão ser assistidas até o dia 13 de janeiro. Neste ano, as discussões terão como temas centrais o racismo e o empoderamento feminino. Os participantes poderão solicitar certificados de participação. Nomes como Verônica Oliveira, Mauricio de Sousa, Raphael Montes, Nara Bueno, Claudia Raia, Isabela Freitas, Leandro Karnal, Monja Cohen e Mário Sergio Cortella compõem os mais de 70 bate-papos previstos na programação do espaço chamado Arena Virtual. 

Já no Salão de Ideias haverá discussões de amplo interesse com escritores, pensadores e profissionais do mercado. Entre os autores estrangeiros, estão confirmados Sarah MacLean, Scarlett Peckham, Nic Stone e Gavin Roy. E para os profissionais do mundo editorial, haverá espaço garantido nas discussões que farão parte do Papo de Mercado.

“Serão 220 horas de programação rica em termo de autores, debates, e mesas falando de assuntos do nosso cotidiano e da nossa realidade. Não deixaremos também de ter os grandes lançamentos. Grandes editoras estarão participando virtualmente”, disse Tavares. “A própria ganhadora do prêmio Jabuti deste ano [com o livro de poemas Solo para Vialejo], Cida Pedrosa, já tem mesa confirmada”, acrescentou.

A Bienal também fará uma homenagem especial ao centenário da escritora Clarice Lispector. Quatro mesas vão abordar a obra e vida de Clarice e a percepção de sua literatura hoje em dia. O centenário da obra de Agatha Christie será também celebrado no evento.

O público infanto-juvenil não ficará de fora desta Bienal Virtual. O Espaço Mauricio de Sousa contará com palestras sobre livros e temas específicos para o público.

Durante o evento, acontecerá também a 2ª edição da Jornada Profissional, com rodadas de negócios entre players nacionais e internacionais. Esses encontros vão promover discussões sobre os panoramas atuais do setor e as perspectivas para o mercado editorial mundial.

Loja virtual

Além das palestras, o público terá acesso às lojas virtuais de cada editora participante. Acessando o portal, os visitantes vão poder conferir os lançamentos de seus autores favoritos e possíveis promoções, com entrega e preços sob responsabilidade das próprias editoras. Segundo os organizadores, a loja virtual terá a presença de 84 expositores entre editoras, livrarias e distribuidores e 22 autores independentes que também estarão com estandes virtuais.

A Bienal do Livro de São Paulo encerra sua 23ª edição na noite deste domingo (31), com um público maior do que o estimado pela Câmara Brasileira do Livro: 720 mil pessoas ante as 700 mil esperadas. Nesse sábado 30), quando os fãs da escritora Cassandra Clare surpreenderam a organização indo em peso e ao mesmo tempo, foi o mais tumultuado, e o maior pico de público de toda a edição da feira (20 mil pessoas) foi registrado nas duas primeiras horas daquele dia.

Da abertura, na sexta (22), ao domingo (24), 150 pessoas foram ao Anhembi. No entanto, o dia mais cheio foi nesse sábado, com 100 mil visitantes. A falta de um best-seller internacional voltado ao público juvenil ajudou a tornar a vista um pouco mais tranquila, apesar dos corredores cheios a partir do final da tarde. Somando o público de sexta, esse número salta para 180 mil. Os números foram informados pela organização na tarde deste domingo.

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Karine Pansa, presidente da Câmara Brasileira do Livro, destacou que pela primeira vez os visitantes participaram em massa da programação cultural. Segundo o Sesc, responsável por esta curadoria, 400 mil pessoas passaram pelos diversos espaços que receberam bate-papos entre escritores brasileiros e estrangeiros, shows musicais, peças de teatro, espetáculos de dança, contação de história, entre outras atividades. O Vale Cultura foi aceito na bilheteria e por algumas editoras, mas a organização ainda não mediu sua utilização.

A forte programação cultural foi o diferencial desta edição, que sofreu com os mesmos problemas de edições passadas: longas filas para tudo, sobretudo para usar o transporte gratuito entre o evento e a estação de metrô. No geral, as editoras registram crescimento no faturamento e no volume vendido. Muitas delas ofereceram bons descontos, principalmente neste último fim de semana.

O final de semana começa na Bienal Internacional do Livro de São Paulo com programação relacionada à cultura musical. Às 14h, no Salão de Ideias, Zuza Homem de Mello, Chico César e Cacá Machado conversam com o colunista do jornal O Estado de S.Paulo Humberto Werneck sobre a cultura musical brasileira. Em seguida, às 19h, na Praça da Palavra, o veterano do hip-hop Xis apresenta trabalhos de sucesso, como Us Mano e as Mina. Às 20h, no Anfiteatro, André Abujamra é O Sábio, com sua mistura de rock experimental e poesia. No mesmo horário, no Estande Edições Sesc, Carlos Calado, Arismar do Espírito Santo e Leia Freire conversam sobre a história do jazz.

Mais cedo, às 11h, na Arena Cultural, pesquisadores debatem: ler ou não ler adaptações de obras literárias? À tarde, às 16h, o escritor de quadrinhos americano David Mairowitz conversa com os brasileiros Marcello Quintanilha, Gabriel Bá e Fábio Moon com mediação do editor André Conti. Em seguida, às 17h, no Espaço Imaginário, o escritor de literatura infantil Ilan Brenman fala sobre sua produção literária.

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Também às 17h, no Anfiteatro, o diretor Norberto Presta e a coreógrafa Jussara Miller apresentam o espetáculo de dança Clariarce, inspirado no universo de Clarice Lispector.

A Praça de Histórias recebe às 18h o tradicional Sarau do Binho. Mais tarde, às 19h, a pesquisadora Lúcia Santaella discute o papel do livro e da leitura na sociedade contemporânea, na Escola do Livro.

Para encerrar a programação desta sexta-feira, Almino Affonso, Marcos Napolitano e Marcos Nobre discutem o ano de 1964 sob perspectiva.

Depois de passar por 50 cidades e apresentar o seu monólogo 242 ou 243 vezes (ele não lembra ao certo), o ator Charles Fricks volta a São Paulo para encenar O Filho Eterno, nesta quinta-feira, 28, às 20 h, no Anfiteatro da Bienal do Livro, no Anhembi.

A peça estreou no Rio em junho de 2011 - três anos depois, o ator continua a falar com paixão do monólogo que lhe rendeu diversos prêmios importantes, inclusive o Shell de melhor ator. Em uma conversa com o jornal O Estado de S.Paulo - para a qual ele interrompeu por alguns momentos a revisão do texto -, Fricks reafirma que gosta de interpretar esse texto exatamente por ele contar uma das histórias mais lindas que ele já viu.

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A peça é um monólogo adaptado por Bruno Lara Resende do romance de Cristovão Tezza. Lançado em 2007, O Filho Eterno levou todos os prêmios literários do Brasil e alçou, definitiva e merecidamente, o autor ao panteão da melhor literatura nacional. O livro conta a história de um escritor brasileiro nos anos 1980 que se depara com o nascimento de um filho com síndrome de Down - condições do próprio Tezza.

Com direção de Daniel Herz, a peça dura aproximadamente 80 minutos, nos quais a plateia fica exposta diante do personagem interpretado por Fricks, que faz uma autoanálise profunda sem nunca esbarrar na autopiedade. "As pessoas ficam impressionadas com ele justamente porque vivemos em uma época em que o politicamente correto é muito valorizado, e o personagem se coloca de forma muito corajosa, fala exatamente o que está pensando, sem nenhum grau de censura", diz Fricks, ressaltando que o politicamente correto deve ter espaço, mas essa atitude sincera do personagem atrai o público.

A Bienal do Livro ainda recebe outras duas peças de teatro ao longo da semana. No sábado, 30, às 13 h, Denise Stoklos apresenta sua leitura de Carta ao Pai, de Kafka, trazendo elementos da sociedade brasileira. No domingo, 31, às 20 h, encerramento da Bienal, será encenada A Hora Errada, peça com direção de Tomás Rezende e texto de Lourenço Mutarelli, sobre um casal que tem que lidar com uma nova ordem mundial numa sociedade distópica.

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