A quadrilha presa por explosão e roubo da empresa de valores Brinks tinha uma ligação criminosa com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Os detalhes da desarticulação do grupo, através da 'Operação Durga’, foram apresentados na manhã desta quarta-feira (2), seis meses após o crime. À frente do caso, o delegado João Gustavo Godoy também repassou a informação de que a quadrilha funcionava como uma empresa e financiou campanhas políticas na última eleição municipal. Os nomes dos políticos não foram divulgados.
Em Pernambuco, a quadrilha era liderada por Williames Aguiar da Silva, de 24 anos, que trabalhava como agente de segurança de trânsito e levava uma vida de luxo na capital pernambucana. O suspeito tinha diversos bens e imóveis e também tinha pretensão de se candidatar a um cargo político no próximo ano. "Na Páscoa ele alugou um caminhão para distribuir chocolates na comunidade, inclusive", afirmou o delegado do caso.
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Denominada ‘Durga’, a operação cumpriu seis mandados de prisão na Região Metropolitana, em Nova Odessa (SP) e em Natal (RN). Na operação, os agentes cumpriram também 17 mandados de busca e apreensão domiciliar, além de dois mandados de condução coercitiva, quando os suspeitos são levados para prestar depoimento.
A investigações só avançaram porque, de acordo com a polícia, um dos integrantes da quadrilha, que teve a identidade mantida em sigilo, repassou informações cruciais para a corporação. Godoy explicou que de posse das pistas, conseguiu descobrir que o grupo criminoso era sistematizado como uma empresa de terceirizados e contava com integrantes de vários estados.
Dos mandados de prisão cumpridos na terça, dois homens já estavam presos. Gleiso Silva da Hora, de 32 anos, e Rodrigo Andersos Gomes de Souza, de 35, preso no Rio Grande do Norte, também por um recente assalto a banco. A polícia também apreendeu quatro carros em Pernambuco com placas do Recife, de Natal e de São Paulo.
"O inquérito é robusto de provas que comprovam a participação dessas pessoas presas. É uma organização criminosa nacional e o braço pernambucano dessa quadrilha foi desarticulado", confirma o delegado João Godoy. A investigação ainda não foi encerrada e segue em andamento para que a polícia possa localizar os outros envolvidos no crime.
O integrante da quadrilha que cedeu informações de vital importância para a polícia não deve ser indiciado. Para o delegado, sem ele os trabalhos não avançariam em nenhum aspecto e por isso ele deve ser beneficiado pela Justiça com a 'Delação Premiada'. Para o procurador e coordenador do Gaeco, Ricardo Lapenda, o caso é inédito no estado e a decisão final sobre o futuro do delator será decidido pelo judiciário.
"Esse é um caso singular porque esse delator faz parte de uma quadrilha violenta com ligações com o PCC. A gente sabe que a pena para quem repassa esse tipo de informação seria a morte. Vamos negociar com ele e tudo será colocado no papel com equipes do Ministério Público de Pernambuco (MPPE)", concluiu Lapenda.
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