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O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, restabeleceu a prisão preventiva do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão foi tomada na quarta-feira (10) e determina que o pecuarista, atualmente em prisão domiciliar, se apresente à Polícia Federal em 23 de agosto.

Bumlai, de 71 anos, é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e por crimes financeiros no emblemático empréstimo de R$ 12 milhões da Schahin para o PT em 2004. Ele havia sido custodiado preventivamente, por ordem de Moro, em novembro de 2015, na Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato.

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O pecuarista foi interrogado por Moro em maio deste ano.

O Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba pediu ao juiz federal Sérgio Moro a condenação do pecuarista José Carlos Bumlai por lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e corrupção na ação sobre o empréstimo de R$ 12 milhões concedido pelo Banco Schahin, em 2004 - o valor foi repassado ao PT. Os procuradores solicitaram a condenação de mais oito investigados na Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato, e cobraram solidariamente a devolução de R$ 53,5 milhões aos cofres públicos.

Também são acusados Salim Schahin, Milton Schahin e Fernando Schahin, por corrupção ativa -; os ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada, por corrupção passiva; o operador de propinas Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, também por corrupção passiva; e o filho do pecuarista, Maurício Bumlai, indiciado por lavagem de dinheiro. Respondem também por lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição financeira o empresário Salim e Maurício.

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Os procuradores pediram atenuante a Bumlai, por ter mais de 70 anos de idade e por ter confessado os crimes. Em dezembro do ano passado, ele, que é amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o valor do empréstimo foi repassado ao PT. Na ocasião, Bumlai apontou os nomes de dois ex-tesoureiros do partido, Delúbio Soares e Vaccari, como envolvidos no negócio. Em troca, o Grupo Schahin teria sido contemplado com um contrato de US$ 1,6 bilhão para operar um navio-sonda.

"A conduta social de Bumlai deve ser valorada de forma extremamente negativa, dado que para a consecução das ilicitudes por ele perpetradas valia-se do nome do então presidente da República", afirmam os procuradores no pedido.

Bumlai foi preso preventivamente em 24 de novembro do ano passado. Após descobrir um câncer, recebeu autorização para se tratar em um hospital. A força-tarefa requereu a Moro que seja mantida a prisão, "determinando-se seu imediato recolhimento em estabelecimento prisional, uma vez concluído o tratamento médico".

Defesas

A advogada de Bumlai, Daniella Meggiolaro, disse que vai sustentar a versão de que ele não cometeu nenhum crime. "Ele não foi corrompido porque não é agente público. Atribuem a ele corrupção passiva. Isso é surreal, não se beneficiou desse dinheiro. Como pode cometer gestão fraudulenta se nunca foi gestor de banco?", questionou Daniella.

Luiz Flávio Borges D’Urso, advogado de Vaccari, informou que a defesa vai "reagir", "demonstrando que não procedem as acusações". As defesas de Zelada e Baiano não atenderam e os demais advogados não foram localizados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez um depoimento secreto à Operação Lava Jato. Investigadores quiriam saber do pecuarista se ele participou da aquisição do terreno e das obras da sede do Instituo Lula, em São Paulo. As perguntas da força-tarefa a Bumlai envolveram também a empreiteira Odebrecht.

O conteúdo do novo depoimento do amigo de Lula está sendo mantido sob sigilo pelo juiz Sérgio Moro, a pedido da Polícia Federal, "para preservar a eficácia das investigações".

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Bumlai foi preso na Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato, em 24 de novembro do ano passado. Em março deste ano, Moro autorizou prisão domiciliar por três meses - monitorado com tornozeleira eletrônica -, para o amigo do ex-presidente. O pecuarista, de 71 anos, foi diagnosticado com câncer na bexiga.

O conteúdo secreto do novo depoimento de Bumlai não tem relação com o emblemático empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin - valor tomado pelo pecuarista em outubro de 2004 e que teria sido destinado ao PT. A dívida é alvo de ação penal na qual Bumlai é réu por corrupção e gestão fraudulenta (Lei do Colarinho Branco). O Mauricio Bumlai, filho do pecuarista, também é acusado no caso.

Em despacho anexado aos autos em 20 de junho, o juiz Moro afirmou que o sigilo não prejudica as defesas no processo sobre o empréstimo de R$ 12 milhões, pois os fatos descritos no novo depoimento "não dizem respeito à ação penal".

"A autoridade policial anexou novo termo de depoimento prestado por José Carlos Bumlai, cujo conteúdo requereu fosse mantido em sigilo, à exceção da defesa do próprio investigado, para preservar a eficácia das investigações. Mantenho, assim, sigilo nível 2 sobre a documentação, já que talvez necessário para não prejudicar as investigações a serem realizadas", determinou Moro.

O magistrado ordenou o acesso exclusivo à defesa de Bumlai sobre o depoimento, "evidentemente sem prejuízo do acesso pelo Ministério Público Federal". "Considerando que este inquérito já instrui a ação penal, deverá a autoridade policial prosseguir nas investigações pendentes, sobre fatos ainda não denunciados, em novos inquéritos, encerrando este a fim de evitar confusão", decidiu Moro.

Sítio

Bumlai também é peça-chave na investigação sobre o Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), que seria de Lula, segundo suspeita a Lava Jato, mas registrado em nome de amigos. O imóvel passou por ampla reforma em 2011 que envolveu Bumlai, Odebrecht e a OAS - outra empreiteira do cartel que fatiava obras e pagava propinas milionárias na Petrobrás.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que Bumlai não fechou acordo de delação premiada, mas tem buscado adotar uma postura colaborativa com as investigações da Lava Jato.

O Instituto Lula, por meio de sua assessoria de imprensa, tem negado qualquer irregularidade.

O juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, autorizou prisão domiciliar por três meses - monitorado com tornozeleira eletrônica -, para o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula. Diagnosticado com câncer na bexiga, Bumlai, de 71 anos, está preso desde 24 de novembro de 2015, alvo da Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato.

A Polícia Federal e a Procuradoria da República atribuem a Bumlai os crimes de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta pelo empréstimo de R$ 12 milhões que tomou em outubro de 2004 junto ao Banco Schahin. O dinheiro, segundo o próprio pecuarista, foi destinado ao PT. Em troca, o Grupo Schahin fechou contrato sem licitação de US$ 1,6 bilhão para operar navio sonda da Petrobras.

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Ao comunicar o juiz Moro que Bumlai tem câncer na bexiga, a defesa pediu revogação do decreto de prisão preventiva do amigo de Lula. O juiz da Lava Jato considerou a 'elevada idade e o acometimento de doença grave' para autorizar transferência do pecuarista que, atualmente, aguarda julgamento no Complexo Médico de Pinhais, nos arredores de Curitiba, base da Lava Jato.

"O tratamento envolveria ressecção do tumor e a submissão à terapia intravesical através de BCG, com aplicações semanais", anotou o juiz. "A defesa argumenta que o acusado tem elevada idade e que a manutenção dele em estabelecimento prisional pode afetar a eficiência do tratamento. Juntou laudos médicos para amparar o requerimento', registrou Sérgio Moro.

O Ministério Público Federal se manifestou pela autorização de intervenção cirúrgica e o tratamento, 'mas que não há demonstração da incompatibilidade deles com a prisão preventiva, sendo possível autorizar a internação hospitalar durante o período do procedimento curativo'.

Para o juiz Moro, no entanto, 'a prudência recomenda, para evitar que o recolhimento ao cárcere comprometa de qualquer forma o êxito dos cuidados médicos recomendados, a concessão a ele de tratamento mais leniente, enquanto durar o tratamento'.

"Não é o caso de revogação da preventiva, mas é pertinente a concessão do benefício da prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, enquanto durar o tratamento e até nova deliberação do Juízo", decidiu Moro.

O consultor Antonio Mamo Trevisan, amigo do ex-presidente Lula, foi ouvido nesta segunda-feira (14) pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato. Convocado como testemunha de defesa do pecuarista José Carlos Bumlai, ele lembrou de como conheceu o amigo em comum, falou sobre encontros sociais na Granja do Torto e disse que não trataram de política ou negócios.

"Conheci o José Carlos Bumlai em 2003, na instalação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social na Presidência da República, o Conselhão, éramos membros", respondeu Toninho à defesa de Bumlai.

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O advogado do pecuarista quis saber de Trevisan se ele esteve "com José Carlos Bumlai na residência do então presidente Lula".

"Nós (Trevisan e Bumlai) participamos juntos de uma ONG chamada Ação Fome Zero. Essa ONG cuidava da merenda escolar no Brasil", afirmou Trevisan. Segundo ele, o País serve 40 milhões de merenda todos os dias e ele disse ter ficado "entusiasmo com a possibilidade em apoiar os conselhos de alimentação escolar nos 5 mil e poucos municípios" brasileiros.

"Porque esses conselhos foram criados mas os seus membros não tinham o conhecimento de como fazer para receber os recursos da merende escolar, que ia para as prefeituras e de que maneira seria distribuído."

"Ao criar esta ONG, contei com o apoio forte de José Carlos Bumlai", disse Trevisan. "Anualmente, durante os 10 anos que essa ONG existiu, nós encerramos em 2013, fazia-se uma premiação para o prefeito melhor gestor da merenda escolar. Isso era feito em Brasília, com a presença do presidente Lula", contou ao juiz.

O processo envolve a atuação de Bumlai em favor do Grupo Schahin em contrato de operação de navio-sonda, fechado com a Petrobrás.

"Bumlai ajudou muito nesse período. Em duas ocasiões o presidente Lula ao final da premiação nos convidou para jantar, comer um petisco na casa dele, lá na Granja do Torto, acho que foi 2004, talvez 2005."

Questionado sobre qual era o assunto nesses encontros, Trevisan respondeu: "Só amenidades. O presidente gostava de falar de futebol, de jogar um jogo chamado mexe mexe, que eu nunca consegui aprender, e ele adora esse jogo".

"Nessas reuniões falávamos de churrasco, de futebol e desse jogo, durante uma, duas horas e íamos embora. Nunca de tratar de nenhum tema de negócio, de política."

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, por escrito, nesta quinta-feira, 10, que seu amigo José Carlos Bumlai - preso desde dia 24 de novembro na Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato - é um "homem de bem, honesto e pai de família exemplar, tendo-o na mais alta conta". A declaração de Lula foi juntada pela defesa de Bumlai em documento que pede a desistência do depoimento do petista como sua testemunha de defesa.

O depoimento do petista está marcado para a próxima segunda-feira, 14, por videoconferência, mas poderá ser cancelado se a Justiça aceitar o pedido de desistência. O ex-presidente foi intimado a comparecer à Justiça Federal, em São Paulo.

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A declaração de Lula é dividida em cinco itens. Um deles entra no mérito do motivo da prisão do amigo. O pecuarista é acusado de ter tomado empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões em outubro de 2004 junto ao Banco Schahin - em troca, o Grupo Schahin foi contratado para operar sondas na Petrobras ao preço de US$ 1,6 bilhão, em 2009, no Governo Lula.

"Jamais tive conhecimento de eventual interesse do Sr. Bumlai em negócios relativos a sondas de prospecção de petróleo, seja através do Grupo Schahin, seja de outros, assim como jamais manifestei a quem quer que fosse que esse assunto pudesse causar-lhe problemas ou pedi ajuda para "protegê-lo" de um mal cuja existência desconheço", afirma o ex-presidente em documento assinado de próprio punho.

Bumlai responde ação penal por corrupção, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.

No ofício ao juiz federal Sérgio Moro, os advogados do amigo de Lula juntaram um depoimento que o petista prestou à Polícia Federal, em Brasília, em dezembro de 2015.

"José Carlos Costa Marques Bumlai, por seus advogados, nos autos da ação penal em epígrafe, vem à presença de V. Exa. desistir da oitiva de Luiz Inácio Lula da Silva, bem como requerer a juntada do termo de depoimento prestado por ele à Polícia Federal (doc. nº 1) e da declaração prestada por escrito (doc. nº 2), tendo em vista que o teor desses documentos representa o conteúdo de prova que se pretendia produzir com tal testemunho."

O criminalista Arnaldo Malheiros Filho, que defende o pecuarista José Carlos Bumlai, afirmou que o empresário, para atender à família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é amigo, cedeu um engenheiro e um arquiteto para a reforma no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP).

A propriedade é frequentada pelo ex-presidente e seus familiares e está sob investigação pelo Ministério Público por ser possível propriedade oculta do ex-presidente.

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Bumlai foi preso em novembro do ano passado durante a Operação Passe Livre, 21ª etapa da Lava Jato. Em 2004, o pecuarista tomou um empréstimo de R$ 12 milhões no Banco Schahin considerado suspeito.

Em denúncia contra Bumlai e outros 10 investigados, em dezembro passado, a Procuradoria da República afirmou que o empréstimo foi fraudulento e teria sido "pago" ao Grupo Schahin por meio de um contrato de US$ 1,6 bilhão de operação do navio-sonda Vitoria 10.000, da Petrobrás. Em depoimento, Bumlai declarou que os R$ 12 milhões foram destinados ao PT. O empresário foi denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro pela força-tarefa da Lava Jato.

Nesta sexta-feira, o ex-presidente Lula afirmou ao Supremo Tribunal Federal que foi seu amigo Bumlai que realizou as obras no sítio em Atibaia.

Estado - Lula alega no Supremo que José Carlos Bumlai fez a reforma do sítio de Atibaia. É verdade?

Arnaldo Malheiros Filho - Para atender à família de Lula, Bumlai pediu a seus filhos que cedessem um engenheiro e um arquiteto que estavam trabalhando na Usina São Fernando (de propriedade do pecuarista).

Estado - Por que José Carlos Bumlai se empenhou na reforma, segundo depoimentos da investigação do Ministério Público?

Arnaldo Malheiros Filho - Para atender à família, embora nunca tenha falado com Lula sobre o assunto.

Estado - Quanto Bumlai gastou no sítio?

Arnaldo Malheiros Filho - Muito pouco, porque não deu certo e os profissionais foram logo dispensados. Só agora, pela imprensa, Bumlai soube que a Odebrecht assumiu a obra, sem qualquer participação dele.

Estado - Bumlai quis presentear o amigo?

Arnaldo Malheiros Filho - Sim.

Estado - A estratégia de Lula conflita com a versão de Bumlai. O seu cliente estuda fazer delação?

Arnaldo Malheiros Filho - Jamais, até este momento, cogitou disso.

Luiz Inácio Lula da Silva admitiu em ação apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), na sexta-feira (26), que foi seu amigo José Carlos Bumlai - preso pela Operação Lava Jato - que realizou as obras no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), investigado pelo Ministério Público por ser possível propriedade oculta do ex-presidente. Segundo ele, o imóvel foi comprado pelo amigo e ex-prefeito de Campinas Jacó Bittar (PT), em 2010, para que as duas famílias pudesse "conviver" e para que ele pudesse "acomodar objetos" recebidos do "povo brasileiro" durante seus dois mandatos.

"O ‘Sítio Santa Bárbara’ foi prospectado pelo Sr. Jacó Bittar (amigo do Autor e de sua família mais de 40 anos) no ano de 2010, quando ele tinha o interesse de adquirir um local que pudesse servir para que sua família pudesse conviver com a família do Autor - após este deixar a Presidência dar República - além de outros amigos", informa a ação cível ordinária, protocolada ontem, 26, no STF.

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"Havia, ainda, a preocupação de Jacó Bittar de oferecer à família do autor um local onde pudesse acomodar objetos que o Autor havia recebido o povo brasileiro durante os dois mandatos de Presidente da República."

A peça é assinada pelos advogados dos escritórios Teixeira, Martins & Advogados - do compadre de Lula Roberto Teixeira - e Nilo Batista e Advogados Associados, defensores do ex-presidente.

"A compra das propriedades imobiliárias em questão envolve apenas particulares. Da mesma forma, eventuais reformas que tenham sido realizadas nessa propriedades também envolveram apenas particulares."

A Lava Jato e o Ministério Público paulista investigam a compra do sítio em 2010, pelo valor declarado de R$ 1,5 milhão, e a reforma realizada no local, em 2011. Há a suspeita de que duas empreiteiras envolvidas no esquema de cartel e corrupção na Petrobras - Odebrecht e OAS - tenham participado da obra, como compensação por contratos na estatal. O pecuarista e amigo de Lula, José Carlos Bumlai, também é investigado.

O imóvel está registrado em nome de Fernando Bittar, filho de Jacó, e Jonas Suassuna - ambos são sócios de um dos filhos de Lula.

No documento encaminhado ontem (26) ao STF, a defesa de Lula admite que Bumlai realizou as obras, mas negou participação das empreiteiras e relação com a Petrobras.

"Jacó Bittar, em virtude de doença, transferiu ao filho Fernando Bittar os recursos de suas aplicações pessoais para adquirir a propriedade. Como o valor não era suficiente para a compra integral do sítio (duas matrículas), Fernando celebrou um contrato particular de compra e venda com o antigo proprietário e tentou, no interregno até a escritura definitiva, vender uma outra propriedade, no município de Manduri (SP)."

Segundo a defesa, como a venda não foi realizada, "Fernando convidou o seu sócio, Jonas Suassuna, a participar da compra, o que foi aceito por este último."

Conhecimento

"O Autor somente soube que Fernando Bittar e Suassuna haviam adquirido o "Sítio Santa Bárbara" em 13 de janeiro de 2011, após ter deixado o cargo de presidente da República", informa a defesa de Lula.

O ex-presidente, que admitiu frequentar o local, disse que a primeira vez que esteve no local foi no dia 15 de janeiro de 2011.

"Todos os recursos utilizados na compra da propriedade são da titularidade da família Bittar e de Jonas Suassuna e foram pagos em cheques administrativos.

Reforma

Conta a defesa que quando foi adquirido por Fernando Bittar e Jonas Suassuna, o sítio tinha apenas dois quartos e instalações com alguma precariedade.

"Foram realizadas reformas com o objetivo de permitir que os proprietários e a família do Autor pudessem conviver no local e, ainda, que fosse possível acomodar, como já dito, os objetos que o Autor ganhou do povo brasileiro durante a Presidência da República."

Lula informou à Justiça que "tomou conhecimento de que a reforma foi oferecida pelo Sr. José Carlos Bumlai, amigo da família, enquanto Fernando Bittar comentava sobre a necessidade de algumas adaptações no local". "Depois, diante de algumas dificuldades técnicas, a obra foi concluída por uma empresa cerca de 50 km do "Sítio Santa Bárbara"."

Para a defesa, como se vê, não há qualquer ato ilícito

"O Autor e sua família não são proprietários de fato ou de direito de qualquer dos bens imóveis acima referidos."

Em nota, o Instituo Lula negou neste sábado, 27, que a defesa tenha pedido para que as investigações fossem suspensas. "Os advogados do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ingressaram ontem (26/02), perante o Supremo Tribunal Federal, com ação originária que tem por objetivo que a Corte defina se as investigações a respeito do ‘Sítio Santa Bárbara’, em Atibaia, e do apartamento 164-A, no Edifício Solaris, no Guarujá, ambos no Estado de São Paulo (SP), devem ser conduzidas pelo Ministério Público do Estado de São Paulo ou pelo Ministério Público Federal, através da "Força Tarefa Lava Jato", lotada em Curitiba (PR)", informa a notícia publicada no site do Instituto Lula.

O Instituto Lula negou que o ex-presidente tenha pedido "a paralisação das investigações, mas apenas para que a Corte defina qual Ministério Público deve conduzi-las, a fim de evitar a permanência do que a lei chama de ‘conflito de atribuições’.

O juiz Sérgio Moro marcou para 14 de março depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como testemunha de defesa do pecuarista José Carlos Bumlai - réu em ação penal por corrupção e gestão fraudulenta de instituição financeira.

Bumlai e Lula são amigos desde 2002. O pecuarista foi preso em novembro em um dos desdobramentos da Lava Jato. Lula vai depor por videoconferência, ou seja, ele não vai ficar frente a frente com Moro.

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Bumlai admitiu à Polícia Federal ter tomado um empréstimo de R$ 12 milhões, em outubro de 2004, no Banco Schahin. Ele afirmou que o destinatário do dinheiro foi o PT.

A força-tarefa da Operação Lava Jato afirma que, em troca do "socorro" financeiro para o PT, o Grupo Schahin foi beneficiado com um contrato, sem licitação, de um navio-sonda da Petrobras.

A Polícia Federal (PF) vai realizar nesta quinta-feira (14) em Curitiba uma acareação entre o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e o pecuarista José Carlos Bumlai. A acareação está prevista para as 14 horas e será realizada na Superintendência da PF.

Fernando Baiano foi detido na sétima fase da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Ele foi condenado pelo juiz federal Sergio Moro a 16 anos de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O empresário é apontado como um dos operadores do esquema de superfaturamento de contratos da Petrobras e pagamento de propina a partidos e agentes políticos.

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Já Bumlai foi preso no dia 24 de novembro do ano passado na Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato, em Brasília. Ele foi acusado pelos delatores da Operação Lava Jato de ter recebido propinas para intermediar negócios com a Petrobras.

O empresário e pecuarista José Carlos Bumlai confirmou à Polícia Federal ter atendido a um pedido do lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, um dos delatores da Operação Lava Jato. A solicitação de intermediação era para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desse uma palestra no Centro de Estudos Avançados de Angola a convite do general angolano João Baptista de Matos, empresário do setor da mineração.

O lobista já afirmara à Procuradoria-Geral da República ter pedido a Bumlai, preso desde o dia 24 de novembro, que intermediasse tal convite para o ex-presidente ir ao evento no país africano, em julho de 2011.

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O interrogatório de Bumlai, o terceiro, ocorreu no dia 21 de dezembro. A Polícia Federal indagou reiteradamente se Bumlai havia tratado de "questões comerciais ou políticas com Luiz Inácio Lula da Silva". O pecuarista respondeu que "não", mas acrescentou que "muitas pessoas encaminhavam demandas via e-mail ao Instituto Lula e que, na ausência de respostas, solicitavam ao reinterrogando, na medida do possível, que fizesse contato junto ao Instituto para viabilizar ao menos a apreciação dos pedidos".

Fernando Baiano havia relatado uma viagem com Bumlai para Angola, em 2011. O lobista declarou à Procuradoria que o general João Baptista de Matos, que seria então presidente do Instituto de Estudos Angolanos, pretendia realizar um seminário em comemoração aos 10 anos da entidade. Matos, segundo Fernando Baiano, "desejava que o palestrante principal fosse o ex-presidente Lula".

Segundo o lobista, a viagem ocorreu com a presença de "uma comitiva de empresários brasileiros" da Queiroz Galvão, Odebrecht, Andrade Gutierrez e OAS. Baiano disse que também participou desse seminário, mas viajou a partir de Zurique, na Suíça.

'Suíte'

Fernando Baiano afirmou que o general angolano desejava falar com Lula sobre negócios na área de mineração, onde o militar tem investimentos. "O general Baptista queria estar pessoalmente com Lula para tratar da Vale do Rio Doce em negócios em Angola; que o general Baptista tinha uma sociedade em uma mina de minério de ferro com a Vale do Rio Doce em Angola e ele queria uma maior atenção da empresa para o tema; que então Bumlai marcou para o presidente Lula receber o general Baptista na suíte dele, o que realmente ocorreu."

Bumlai é o pivô do polêmico empréstimo de R$ 12 milhões concedido a ele pelo Banco Schahin. Ele é acusado por corrupção e gestão fraudulenta.

Fernando Baiano está preso em regime de prisão domiciliar sob monitoramento de tornozeleira eletrônica. O lobista foi condenado em um dos processos que responde na 13.ª Vara Federal de Curitiba, onde correm os processos da Lava Jato.

Procurado, o Instituto Lula ainda não havia respondido à reportagem até a conclusão desta edição. A entidade vem afirmando que não vai comentar os depoimentos e que o ex-presidente nunca esteve envolvido em negócios com o pecuarista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal lançou 18 vezes o nome do ex-presidente Lula no termo do novo interrogatório do empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do petista desde 2002. O interrogatório é o terceiro em série a que foi submetido Bumlai desde que a PF o prendeu dia 24 de novembro na Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato que investiga o emblemático empréstimo de R$ 12 milhões tomado pelo pecuarista junto ao Banco Schahin, em outubro de 2004 - o real destinatário do dinheiro foi o PT, segundo Bumlai. O inquérito é dirigido pelo delegado da PF Filipe Hille Pace.

Um longo trecho do interrogatório, realizado na segunda-feira (21), é dedicado às relações do pecuarista com Lula, que teve seu nome registrado 18 vezes no termo. O Instituto Lula, criado pelo ex-presidente quando deixou o Palácio do Planalto, no início de 2003, foi citado três vezes.

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A linha de questionamentos da PF a Bumlai revela que os investigadores buscam algum indício de envolvimento do ex-presidente e do PT nos negócios do pecuarista. Em todas as vezes em que a PF o indagou sobre Lula, o prisioneiro blindou o ex-presidente - como já o fizera nos relatos anteriores.

Sobre o capítulo Schahin, o pecuarista disse que o empréstimo foi negociado na presença do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares - mais tarde réu e condenado no processo do Mensalão. A PF também questionou Bumlai sobre e-mail dele para o secretário da Embaixada do Catar em Brasília, em fevereiro de 2014, em que o pecuarista demonstra empenho em agendar uma reunião com o ex-presidente.

Indagado sobre se a presença de Delúbio Soares na sede do Banco Schahin representava para o reinterrogando o interesse de Luiz Inácio Lula da Silva na realização do empréstimo, disse que não. "Na verdade, sua (Delúbio) presença traduzia o interesse do Partido dos Trabalhadores."

Que indagado 'se está tentando proteger figuras públicas de responsabilidade no episódio, tais como o ex-presidente da República e outros dirigentes do Partido dos Trabalhadores, tais como seu presidente à época José Genoíno, respondeu que não está tentando proteger ninguém’.

Que indagado ‘se se sentiria constrangido em não atender a uma solicitação do então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, disse, em suas palavras: "que solicitação ele poderia me fazer? Ele não precisava de mim para nada. Acho que ele não me pediria nada. Ele tinha as pessoas de confiança dele. Eu não era uma pessoa assim."

Que indagado ‘se seria uma pessoa de confiança de Luiz Inácio Lula da Silva, disse acreditar que sim, exceto em assuntos relativos a negócios’.

Que indagado ‘se, em verdade, o suposto constrangimento que sofreu não advinha do fato de que o pedido para que o reinterrogando tomasse o empréstimo em prol do Partido dos Trabalhadores teria partido do então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva ou de outros dirigentes da agremiação política, respondeu negativamente’.

Que indagado ‘se realmente nunca tratou de questões comerciais ou políticas com Luiz Inácio Lula da Silva, respondeu que não’.

Que perguntado ‘se exercia funções de secretário de Luiz Inácio Lula da Silva disse que não’.

Que perguntado ‘sobre a forma de comunicação que mantinha com Luiz Inácio Lula da Silva disse que entrava em contato através do número de sua esposa’.

Que ‘pelo que o reinterrogando sabe Luiz Inácio Lula da Silva nunca possuiu um número de celular próprio’.

Que ‘durante os anos de 2014 e 2015, não repassou qualquer demanda de interessados em solicitar reuniões, palestras e outros pleitos a Luiz Inácio Lula da Silva’.

Que ‘indagado novamente se confirma que nunca tratou de assuntos comerciais ou políticos com Luiz Inácio Lula da Silva respondeu que, além do caso narrado acima (e-mail da Embaixada do Catar), não se recorda de outros episódios, contudo, gostaria de esclarecer que não possui relações comerciais com Lula’.

Que ‘indagado qual o motivo que a autoridade policial tem para acreditar na versão dos fatos dado pelo reinterrogando se ele continua a omitir e mentir sobre fatos relevantes para a investigação, respondeu que o caso anterior (EMbaixada do Catar) reflete a necessidade de elucidação de fatos que chegam ao conhecimento das autoridades com o avançar das investigações’.

Que ‘gostaria de afirmar que não existirão tantos outros fatos a serem elucidados’.

Que ‘considerando que, no entender da autoridade policial, o reinterrogando faltou com a verdade ao afirmar que nunca tratara de assuntos comerciais e políticos com Luiz Inácio Lula da Silva, indagado se confirma que nunca conversou com o ex-presidente sobre o problema que enfrentava com a Schahin, disse que nunca conversou sobre este tema com ele’.

Que ‘indagado se mantém sua última afirmação, uma vez que lhe foi demandado que dissesse se tem certeza sobre o fato de que nunca tratou de seu empréstimo com Lula, disse que acredita e que tem quase certeza de que nunca tratou deste tema com o ex-presidente’.

O Instituto Lula não comentou.

A Polícia Federal apreendeu com a família do pecuarista José Carlos Bumlai um e-mail enviado por uma pessoa ainda não identificada solicitando R$ 650 mil para fugir do Ministério Público Federal e da polícia. O autor solicitou a ajuda ao amigo do ex-presidente Lula denunciado criminalmente na segunda-feira, 14, pela força-tarefa da Operação Lava Jato, por temer ser alvo das investigações do Caso Sanasa - maior escândalo de corrupção da prefeitura de Campinas, no interior de São Paulo, envolvendo contratos da área de saneamento e pelo menos duas construtoras alvos da Lava Jato.

O autor do e-mail usou uma conta de um sobrinho e chama o pecuarista de "Zé Carlos". "Estou escrevendo á você em forma de carta simples pra não chamar a atenção de terceiros, temo estar sendo vigiado e monitorado pelo MP (Ministério Público) e pela Policia Civil de São Paulo, por esse motivo eu não telefonei nem tenho como tratar do restante do assunto pessoalmente", abre a mensagem.

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"Por favor, providencie com máxima urgência possível, o montante de seiscentos e cinquenta mil reais, em dinheiro, a ser entregue em data, local e horário que eu vou informar posteriormente", pede o emissário. "Não posso tratar aqui de detalhes nem citar nomes evitando que haja maiores complicações á todos nós caso essa correspondência seja desviada, violada ou extraviada de seu destinatário final."

Bumlai - preso desde o dia 24 de novembro, em Curitiba, pela Operação Lava Jato - é suspeito de ser o elo entre a empreiteira Constran e o esquema de corrupção e fraudes em licitação na prefeitura de Campinas, que levou à condenação por 20 anos de prisão da ex-mulher do prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos (PDT), o Dr Hélio, e o ex-vice-prefeito Demétrio Vilagra (PT), na semana passada.

Pelo menos dois contratos milionários da Constran - comprada em 2010, pela UTC - com a empresa municipal de saneamento de Campinas, a Sanasa, teriam envolvido a atuação de Bumlai com o pagamento de propinas que variavam de 5% a 7% - um esquema similar ao descoberto na Petrobras, a partir de 2014, pela Lava Jato.

No e-mail, anexado ao pedido de prisão do pecuarista, o autor informa que está em Osasco, na Grande São Paulo. "Onde o prefeito daqui que é do PT esta nos dando um apoio até que as coisas se acalmem em Campinas." "Com a decretação de prisão preventiva da Sra. Rosely e do Sr. Demétrio as coisas podem piorarem pois o cerco esta se fechando e precisamos nos blindar antes que as coisas tomem dimensões incalculáveis e fujam ao nosso controle", completa.

A ex-primeira-dama, apontada como chefe da quadrilha, e o ex-vice-prefeito do PT foram condenados pela Justiça, em Campinas. Em 2011, eles chegaram a serem presos preventivamente a pedido da Promotoria.

"Bumlai negou, ao ser ouvido, ter prestado qualquer tipo de assistência a qualquer investigado no Caso Sanasa, no qual apurasse pagamento de vantagem indevida em contratações no Município de Campinas. Nada obstante sua alegação, documento também apreendido em seu escritório em Campo Grande/MS revela que um dos investigados no caso, furtando-se de identificar-se, encontrava-se foragido e temendo estar sendo monitorado pelas autoridades locais, solicitou a José Carlos Bumlai, a quem se referia como 'meu amigo', o valor de R$ 650 mil em espécie para finalidade não identificada. A se depreender do contexto da mensagem, o valor destinar-se-ia para fins ilícitos."

Lula

Em outubro de 2011, o juiz do Caso Sanasa, Nelson Augusto Bernardes, da 3ª Vara Criminal em Campinas, indeferiu o pedido de prisão de Bumlai feito pelos promotores.

O nome de Bumlai foi mencionado também em interceptação telefônica de um diálogo entre um advogado e o delator do Caso Sanasa. Relatório do Gaeco destaca que, em 26 de abril, Aquino conversa com o advogado após reunião com um homem chamado de Ítalo Barione.

"De acordo com Luiz Aquino, Ítalo Barione estaria colhendo informações, a pedido do próprio José Carlos Bumlai, para viabilizar a formalização, junto ao Ministério Público, de delação premiada em favor dele", informa o documento. "Aquino relata que Bumlai teria intenção de proteger Lula." Um resumo da conversa, nos autos da promotoria: "Aquino diz que Bumlai quer fazer acordo e 'o que ele puder fazer para proteger Lula, tudo bem'".

Para os promotores, "o teor do diálogo é totalmente pertinente". Eles falam das relações de Bumlai e Lula. "O empresário talvez tivesse a preocupação de não propiciar uma exposição negativa em razão da amizade de ambos."

A possibilidade de uma delação por parte do pecuarista para "proteger Lula" integrou o pedido de prisão dos promotores. Sua defesa negou, na época, a intenção, classificada de mentira.

Na decisão do juiz, em 2011, sobre o pedido de prisão de Bumlai, Bernardes apontou a necessidade de apurações mais aprofundadas sobre seu envolvimento.

Na terça-feira da semana passada, o juiz da 3ª Vara Criminal, em Campinas, condenou no processo do Casa Sanasa a ex-primeira-dama, o ex-vice-prefeito e outros réus, entre eles outro alvo da Lava Jato: ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini. Ele foi condenado a 8 anos de reclusão pelo crime de corrupção ativa.

Bernardes, juiz do Caso Sanasa, comunicou oficialmente o juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, em Curitiba, responsável pelos processos em primeira estância da Lava Jato.

Em depoimento de mais de 6 horas à Polícia Federal, o empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, confessou a farsa dos embriões na operação fraudulenta para quitar o empréstimo de R$ 12 milhões com o Banco Schahin destinado ao PT. "Confessa que nunca houve a entrega de quaisquer embriões para as fazendas do Grupo Schahin", declarou Bumlai nesta segunda-feira, 14.

O amigo de Lula está preso em Curitiba desde 24 de novembro, quando foi capturado na Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato. Bumlai é o protagonista de uma transação financeira que se transformou em um pesadelo para o PT. Em troca da concessão dos R$ 12 milhões, o Grupo Schahin ganhou um contrato de US$ 1,6 bilhão para operar o navio-sonda Vitoria 10000, da Petrobrás. Segundo Bumlai, o dinheiro foi repassado para o PT.

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O amigo de Lula havia declarado em um primeiro momento que uma operação de dação de "embriões de gado de elite" para agropecuárias do Grupo Schahin foi a saída para quitação formal do empréstimo de R$ 12 milhões realizado em 2004.

No depoimento desta segunda, ele revelou a farsa. "Acreditava que com a assinatura do contrato (com a Petrobrás) a Schahin quitaria sua dívida; que, passado mais um tempo, o interrogando foi procurado por um advogado da Schahin, cujo nome não se lembra, para articular uma forma de quitar a dívida; que o advogado esclareceu que havia necessidade em se simular uma operação que envolvesse bens móveis; que os únicos bens móveis que o interrogando poderia fornecer seriam embriões bovinos", declarou.

"Toda a materialização da operação de venda de embriões foi executada pela Schahin, competindo ao interrogando apenas a emissão das notas fiscais, por causa da localidade dos embriões - Campo Grande/MS; que a operação envolvendo os embriões não demandava o pagamento de ICMS; que dentre os papéis produzidos para a quitação da dívida, recorda-se da existência de um instrumento de confissão de dívida de cerca de sessenta milhões de reais; que tal documento causou estranheza ao interrogando; que este documento foi encaminhado pelo advogado da Schahin ao advogado do interrogando que não tinha ciência de que toda a operação de quitação do empréstimo era simulada."

A Polícia Federal indiciou o pecuarista José Carlos Bumlai, suposto amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso como alvo central da 21ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Passe Livre, pela prática dos crimes de corrupção passiva e gestão fraudulenta.

"Considerando-os, uma vez que consistem em robusto corpo probatório, buscou-se reforçar, a partir dos resultados preliminares da execução dos mandados de busca e apreensão e outras medidas de polícia judiciária, as provas acerca dos fatos criminosos aparentemente cometidos por José Carlos Costa Marques Bumlai para quitar o empréstimo tomado junto ao Banco Schahin", escreve o delegado da PF Filipe Hille Pace, da equipe da Lava Jato, em Curitiba.

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Bumlai foi preso preventivamente no dia 24 de novembro acusado de tomar um empréstimo de R$ 12 milhões como o Banco Schahin, em 2004, "o qual possivelmente tinha como beneficiário final o Partido dos Trabalhadores".

"Para tanto, praticou diversas manobras ilícitas em conluio com os gestores de instituições financeiras do Grupo Schahin - o banco e a securitizadora -, consistentes, dentre outras, em produção de diversos documentos ideologicamente falsos, os quais propiciaram vantagens ao próprio grupo e seus dirigentes, bem como a José Carlos Bumlai, uma vez que foi possível quitar, de maneira indevida, o empréstimo tomado inicialmente em 2004", informa despacho de indiciamento da PF.

Para tentar regularizar o empréstimo nunca quitado legalmente, Bumlai teria simulado a dação de embriões de gado nobre para fazendas do Grupo Schahin. "Bumlai sustenta, ainda assim, que a versão dos colaboradores e testemunhas envolvidos nesta apuração é inverídica, alegando que possui todos os documentos que atestam a venda dos embriões bovinos para as fazendas do Grupo Schahin", registra a PF, que foi obrigada pela Justiça a ouvir o pecuarista, a pedido da defesa.

"Os documentos supostamente comprobatórios da venda dos embriões e consequente quitação do empréstimo contêm inconsistências que dão robustez ao corpo probatório já produzido de que se trataram de operações simuladas", registra o delegado.

A Schahin foi compensada com um contrato de US$ 1,3 bilhão com a Petrobras, assinado em 2009, para operação do navio-sonda Vitoria 10.000. Bumlai e o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, teriam atuado para dirigir essa contratação. Pelo menos três delatores, entre eles o próprio Fernando Baiano e um dos donos do Grupo Schahin confirmaram a fraude.

Investigadores da Operação Lava Jato consideram suspeitos negócios feitos entre o BTG Pactual, de André Esteves, e os filhos do pecuarista e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai, preso na última terça-feira. As informações fazem parte de material enviado pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba à Procuradoria-Geral da República (PGR), após a prisão de Esteves, e fazem parte do pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para converter a prisão temporária do banqueiro em prisão preventiva (sem prazo para expirar).

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, registra que o Banco BTG Pactual participou de transações "altamente improváveis e escassamente explicáveis" com empresas dos filhos de Bumlai. Na primeira, a instituição teria participado de reestruturação financeira de uma usina chamada São Fernando Açúcar e Álcool, que pertencia aos filhos do pecuarista em 2012. A empresa, no entanto, entrou em recuperação judicial no ano seguinte.

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Também em 2012, uma empresa do grupo financeiro do banco, a BTG Pactual Serviços Financeiros, comprou por R$ 195 milhões uma fazenda dos filhos de Bumlai. O negócio é considerado suspeito pela Receita Federal.

Os investigadores veem o crescimento de indícios contra Esteves em duas frentes: na acusação de que ele era o polo financeiro da oferta de vantagens indevidas para tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, e nos indicativos sobre os interesses do banqueiro que seriam afetados por eventual delação premiada.

África

A informação de que o BTG Pactual está sob investigação no Tribunal de Contas da União por irregularidades na aquisição de ativos da Petrobras na África por preço inferior ao de avaliação, em 2013, também foi repassada para a PGR pela força-tarefa de Curitiba. A diferença entre o preço pago e o valor de avaliação foi confirmada pelo ex-gerente da área internacional da estatal, Fernando José Cunha, ouvido no Paraná.

Para os investigadores, as informações ressaltam que Esteves não tem interesse que venham à tona delações premiadas sobre esses assuntos. Em depoimento depois de preso, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo, admitiu saber de negócios de Esteves na África. Os investigadores acreditam que tanto Cerveró como Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras, tinham inicialmente um acordo para omitir em depoimentos da Lava Jato informações sobre irregularidades nos negócios do BTG Pactual na África.

A troca de bandeira de postos de combustíveis é mais uma das operações tidas como suspeitas nas investigações sobre Esteves. O objetivo seria dissociar o banco BTG da empresa BTG Alpha Partners, que tinha como sócia a DVBR Derivados do Brasil, beneficiada por um contrato com a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.

Procurado, o advogado de Bumlai, Arnaldo Malheiros, disse não ter conhecimento das menções feitas pelos investigadores aos negócios da família do pecuarista. Por isso, explicou, não se pronunciaria.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O empresário Salim Schahin, um dos donos do Grupo Schahin, afirmou em sua delação premiada que o pecuarista José Carlos Bumlai levou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares a reunião na sede da empresa durante as tratativas para empréstimo de R$ 12 milhões, concedido em 2004, que teria como destino final os cofres do PT. Todo negócio estaria "abençoado" pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele nega.

A operação de empréstimo, um dos motivos que levaram Bumlai para a cadeia nesta terça-feira (24), foi revelada pelo delator Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras. Ele relatou em outubro aos procuradores da força-tarefa que Bumlai, juntamente com o operador de propinas do PMDB Fernando Baiano, teria dirigido um contrato da estatal de R$ 1,3 bilhão - para operação do navio-sonda Vitoria 10.000 - como compensação a uma dívida de "R$ 60 milhões" do PT com a Schahin.

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Telefonema. O empresário confirma a contratação como pagamento pelo empréstimo nunca pago feito pelo pecuarista amigo de Lula.

Alvo da Lava Jato, Salim contou o que sabia no início do mês e relatou que o então ministro José Dirceu ligou pessoalmente para ele. "Em meados de 2004, José Carlos Bumlai foi trazido ao Banco Schahin pelo então executivo do banco Sandro Tordin, buscando tomar um financiamento de R$ 12 milhões", disse Salim em depoimento.

"Na ocasião foi apresentado um pedido de empréstimo, alegando-se, inclusive, que se tratava de um pedido do Partido dos Trabalhadores e ele, José Carlos Bumlai, tomaria o empréstimo em nome do partido, pois havia uma necessidade do PT que precisava ser resolvida de maneira urgente", registra a força-tarefa.

Em 2004, o PT participaria das primeiras disputas eleitorais nos municípios, após a eleição de Lula como presidente, em 2002. "O empréstimo foi concedido porque abriria oportunidade de retorno em negócios para o grupo empresarial junto ao governo."

"Dias depois foi realizada uma nova reunião na sede do Banco Schahin", conta Salim. "Como novidade, Bumlai veio acompanhado de Delúbio Soares." A presença do ex-tesoureiro do PT - que foi condenado em 2012 no processo do mensalão - "trouxe um pouco de mais de conforto", disse Schahin. "Tendo em conta que ele, diferentemente de Bumlai, tinha relação direta com o PT." No novo encontro, o empresário afirmou que Bumlai e Delúbio insistiram na necessidade de urgência no empréstimo.

Schahin conta que, nesse segundo encontro, Bumlai e Delúbio informaram que como "evidência adicional", a Casa Civil procuraria um dos acionistas do Banco Schahin. "Dias depois o depoente (Salim Schahin) recebeu um telefonema de José Dirceu. A conversa tratou de amenidades não abordando a operação de Bumlai, mas a mensagem estava entendida." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ontem a notícia da prisão do empresário José Carlos Bumlai pela Polícia Federal em mais uma ação da Operação Lava Jato abalou as estruturas da política nacional. O fato caiu como uma bomba e pode ter desdobramentos futuros que colocariam em risco a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Bumlai, após a primeira-dama Marisa Letícia e a "primeira-amante" Rosemary Noronha, era uma espécie de "primeiro-amigo" do ex-presidente que tinha acesso livre ao Palácio do Planalto, como se fosse a terceira personalidade mais importante da República e consequentemente um profundo conhecedor dos meandros do governo Lula no período de 2003 a 2010.

O empresário ganhou as manchetes nacionais após o depoimento do lobista Fernando Baiano, que afirmou ter repassado R$ 2 milhões em propina ao "primeiro-amigo". De acordo com Baiano, o valor seria para quitar uma dívida imobiliária de uma nora do ex-presidente Lula. Já o banqueiro Salim Schain disse ter perdoado uma dívida de R$ 12 milhões que Bumlai contraiu com o seu banco após o "primeiro-amigo" intermediar um contrato do seu grupo empresarial com a Petrobras no valor de R$ 1,6 bilhão.

O fato é que nunca antes na história deste país, como gostava de falar o ex-presidente no período em que governava o Brasil e ostentava índices estratosféricos de popularidade, os escândalos de corrupção chegaram tão perto de Lula. Logo ele que parecia que inimputável. Apesar do juiz Sérgio Moro dizer que as investigações não atingem o ex-presidente, na verdade é só questão de tempo desenrolar o novelo para chegar em Lula.

As versões difundidas na época do mensalão de que Lula não sabia de nada estão pra lá de superadas e cada vez mais difícil de serem utilizadas novamente quando Lula for de fato envolvido completamente na Operação Lava Jato. Lula caminha para ter um fim extremamente melancólico, podendo deixar de ser o operário que virou presidente para o presidente que virou presidiário.

CPI - Nesta quarta-feira acontecerá mais uma reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito que está investigando as faculdades irregulares do estado.O presidente da CPI, o deputado Rodrigo Novaes (PSD), ouvirá os representantes das faculdades FUNESO, FAEXPE, IEDUC, CENP, FACIG, instituições essas que estão sendo acusadas de oferecerem aulas sem o devido reconhecimento do MEC. Serão ouvidos também alunos dessas faculdades. Na última reunião, o diretor geral da faculdade FUNESO, Célio da Costa Silva, recebeu ordem de prisão após mentir em seu depoimento. A reunião acontecerá no Plenarinho III, às 17 horas.

Festa - A prefeita Debora Almeida (PSB) já começa os preparativos para a Festa de Reis que irá movimentar o turismo religioso em São Bento do Una. A comemoração da festa de Reis vai do dia 28 de dezembro até do dia 6 de janeiro. Consta na programação a Bodega Cultural (dia 4/jan) com homenagem a banda que marcou época na cidade e região, o Quinteto da Saudade; no dia seguinte é a vez da Missa dos Filhos Ausentes, momento de encontro dos são bentenses que moram fora da cidade e por fim, no dia 6, a 178º procissão do Bom Jesus dos Pobres Aflitos que na última edição (2014) reuniu mais de 20 mil pessoas. O trajeto inicia e termina na Igreja Matriz, com a celebração da Santa Missa da Epifania.

Araripina - O prefeito Alexandre Arraes (PSB) anunciou na última sexta-feira a construção de três creches no município, cada equipamento custará R$ 1,9 milhão, totalizando R$ 5,7 milhões em investimentos. As creches ficarão no bairro de Alto do Adelino e nos distritos de Gergelim e de Nascente. Alexandre acredita que o investimento na educação básica será fundamental para o desenvolvimento social da cidade.

Congresso - Pernambuco será a sede do XXVIII Congresso de Tribunais de Contas do Brasil que acontecerá de 1º a 4 de dezembro, no centro de convenções do Hotel Sheraton, na Reserva do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho. Com o tema “Governança Pública e Combate à Corrupção: o que a sociedade espera dos Tribunais de Contas?”, o evento vai reunir especialistas em controle externo, gestão pública e dados abertos, além de autoridades dos três poderes da República e representantes da sociedade civil.

RÁPIDAS

Flávio Gadelha - O ex-prefeito de Abreu e Lima Flávio Gadelha (PMDB) teve suas contas de 2007 aprovadas. Flávio governou a cidade entre 2005 e 2012 e é o primeiro prefeito da história do município a ter todas as suas contas aprovadas. Agora o ex-gestor se prepara para disputar novamente a prefeitura nas eleições do ano que vem.

Emendas - O deputado federal Ricardo Teobaldo (PTB) apresentou três emendas ao Orçamento Geral da União no valor de R$ 300 milhões para duplicação da PE-090 (trecho Carpina-Limoeiro-Surubim-Toritama) e da PE-050 (Vitória de Santo Antão – Limoeiro). O percurso a ser duplicado, caso os recursos sejam liberados, é de aproximadamente 140 km.

Inocente quer saber - O governo federal vai mesmo adiar o reajuste do salário mínimo?

Uma operação fictícia de dação de "embriões de gado de elite" para agropecuárias do Grupo Schahin foi a forma de simular a quitação formal do empréstimo de R$ 12 milhões concedido, em 2004, pelo banco do grupo ao pecuarista José Carlos Bumlai, alvo central da Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato deflagrada nesta terça-feira, 24. O dinheiro, que nunca foi devolvido para a Schahin, teria abastecido os cofres do PT e de campanhas do partido, entre elas a reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, suspeita a força-tarefa da Operação Lava Jato.

A delação de um dos donos da Grupo, Salim Schahin e de executivos foi decisiva para as descobertas da Lava Jato. "Em meados de 2004, José Carlos Bumlai foi trazido ao Banco Schahin por Sandro Tordin um executivo do Banco na época, buscando tomar um financiamento de R$ 12 milhões de reais", contou Salim, que disse que estavam presentes ele, Tordim, outros dois donos do grupo, Carlos Eduardo Schahin e Milton Schahin, além de Bumlai.

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"Lhe foi relatado posteriormente que na ocasião foi apresentado um pedido de empréstimo, alegando-se, inclusive, que se tratava de um pedido do Partido dos Trabalhadores e ele, José Carlos Bumlai, tomaria o empréstimo em nome do Partido, pois havia uma necessidade do PT que precisava ser resolvida de maneira urgente", registra a força-tarefa, em delação de Salim.

"O empréstimo foi concedido porque abriria oportunidade de retorno em negócios para o grupo empresarial junto ao governo. Em uma das reuniões participou Delúbio Soares de Castro, tesoureiro do Partido dos Trabalhadores. Segundo ele, de maneira cifrada, foi sinalizado pelo então Ministro da Casa Civil José Dirceu de Oliveira e Silva que o empréstimo a José Carlos Bumlai seria destinado ao referido partido político. O empréstimo não foi pago no vencimento e foi sucessivamente renovado."

O dono da Schahin afirmou em sua delação que chegou a receber visita de Delúbio Soares e de Marcos Valério, o operador de propinas do caso mensalão, para tratarem da quitação do empréstimo de R$ 12 milhões, mas a questão não foi resolvida.

Gado falso

A solução encontrada foi a operação fictícia com os embriões de gado. "Para quitar o empréstimo, o Banco Schahin, em 27 de dezembro de 2005, concedeu três empréstimos à empresa Agro Caieiras Participações, outra empresa de José Carlos Bumlai."

Os valores destinaram-se à quitação do empréstimo anterior. Os novos empréstimos não foram pagos. O Banco Schahin transferiu o crédito para a Companhia Securitizadora do Grupo Schahin, no montante acumulado de R$ 21.267.675,99.

As revelações de Salim Schahin confirmaram aquilo que havia sido apontado por dois delatores da Lava Jato, o ex-gerente Eduardo Musa e o operador de propinas do PMDB Fernando Soares, o Fernando Baiano. O valor de R$ 12 milhões dado a Bumlai em 2004 foi pago com um contrato de operação do navio-sonda Vitoria 10.000, dirigido irregularmente para a Schahin.

"Para resolver o problema, o colaborador (Salim) procurou João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT, preso pela Lava Jato) no ano de 2006 e solicitou auxílio político para que Schahin fosse contratada pela Petrobras para operar o navio-sonda Vitoria 10000. A negociação teria sido bem sucedida, sendo convencionado que a contratação da Schahin levaria à quitação do empréstimo", sustenta o MPF, em seu pedido de prisão.

"Para a quitação formal do empréstimo, foi simulada a sua quitação com a dação em pagamento de 'embriões de gado de elite' para Agropecuárias vinculadas ao Grupo Schahin no montante da dívida repactuada de doze milhões de reais. Os embriões não existiam de fato."

"Dessa forma, durante o ano de 2009, de forma vinculada à assinatura do contrato com a Petrobras, houve a quitação formal do débito de Bumlai junto ao Banco Schahin com uma simulação de dação de pagamento envolvendo notas promissórias relacionadas a um negócio de venda de embriões de José Carlos Bumlai às Fazendas de propriedade da família Schahin. Participaram da 'quitação' o filho de Bumlai, Mauricio, e sua esposa, Cristiane Dodero Bumlai. O fato é que, como 'quitação' pelo empréstimo, a Schahin foi contratada para operação da Sonda Vitória 10.000."

O MPF anexou ao pedido de prisão contratos de 27 de janeiro de 2009, através do qual José Carlos Costa Bumlai vendeu embriões às empresas Agropecuária Alto do Turiaçu Ltda. por R$ 7.680.000,00 e Agropecuária Maranhense S/A - Agromasa por R$ 4.320.000,00, juntamente com notas promissórias em favor de José Carlos Bumlai e endossadas para a Schahin Securitizadora. Na mesma ocasião, a Schahin Securitizadora aceita as notas promissórias para quitação da dívida.

Garantia precária

O juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, afirmou em sua decisão de prisão de Bumlai que "alguns fatos chamam a atenção". "O empréstimo inicial foi concedido com garantia precária, mera nota promissória do devedor, o que é incomum para contratos de vulto, de cerca de R$ 12 milhões de reais."

Outro ponto é que entre outubro de 2004 e janeiro de 2009 "não houve qualquer pagamento, ainda assim o Banco Schahin e seus sucessores não se dispuseram a promover a execução forçada da dívida, omissão bastante incomum para qualquer instituição financeira". "O empréstimo, ao final, restou quitado pelos mesmos doze milhões de reais, ou seja, sem qualquer juro, algo também bastante incomum para qualquer instituição financeira." A "quitação do empréstimo" ocorreu um dia antes da celebração do contrato de operação do navio-sonda Vitoria 10000, entre a Petrobras e a Schahin.

"Essas circunstâncias, concessão de empréstimos sem garantia, sem amortização parcial e total durante anos e igualmente sem cobrança ou execução, reforçam as características fraudulentas, já afirmadas pelo próprio dirigente do Grupo Schahin, de todas as operações", escreveu Moro.

Na decisão que mandou prender o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e suspeito de intermediar propinas envolvendo contrato de navio-sonda da Petrobras, o juiz Sérgio Moro ressaltou que não há nenhuma prova contra o ex-presidente petista no empréstimo de R$ 12 milhões do banco Schahin ao pecuarista que - segundo os investigadores e com base em delações dos próprios executivos do banco - teria sido para repassar dinheiro ao PT.

"Não há nenhuma prova de que o ex-Presidente da República estivesse de fato envolvido nesses ilícitos, mas o comportamento recorrente do investigado José Carlos Bumlai levanta o natural receio de que o mesmo nome seja de alguma maneira, mas indevidamente, invocado para obstruir ou para interferir na investigação ou na instrução", aponta o magistrado na decisão.

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Moro ainda faz referência às delações premiadas do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, na qual ele cita que o pecuarista teria utilizado várias vezes o nome do ex-presidente para intermediar em negócios. De acordo com o juiz, Bumlai "teria se servido, por mais de uma vez e de maneira indevida, do nome e autoridade do ex-presidente da República para obter benefícios".

Além do magistrado, o procurador da República, Carlos Fernando dos Santos, disse, em entrevista na sede da PF, em Curitiba, que não é possível calcular o envolvimento de Lula nas operações financeiras. "Havia o uso do nome do ex-presidente, mas até o momento, em nossos levantamentos não houve alguma intercessão, apenas ouvimos nos depoimentos que as ordens vinham de cima", comentou.

'Episódios criminosos'

Ao mesmo tempo em que aponta a falta de provas do envolvimento do ex-presidente, o juiz da Lava Jato destaca o papel decisivo do pecuarista em "episódios criminosos" envolvendo o PT.

"João Carlos Bumlai se insere totalmente nesse quadro, pois as provas indicam que disponibilizou seu nome e suas empresas para viabilizar de maneira fraudulenta recursos a partido político, com todos os danos decorrentes à democracia, e, posteriormente, envolveu-se na utilização de contrato público de empresa estatal para obter vantagem indevida para si e para outrem", escreveu.

Prisão cautelar

Sérgio Moro considerou a prisão do pecuarista José Carlos Bumlai, alvo central da Operação Passe Livre, deflagrada nesta terça-feira, 24, necessária dentro de um contexto de corrupção sistêmica e profunda.

"Excepcional no presente caso não é a prisão cautelar, mas o grau de deterioração da coisa pública revelada pelos processos na Operação Lava Jato, com prejuízos já assumidos de cerca de seis bilhões de reais somente pela Petrobras e a possibilidade, segundo investigações em curso no Supremo Tribunal Federal, de que os desvios tenham sido utilizados para pagamento de propina a dezenas de parlamentares, comprometendo a própria qualidade de nossa democracia", escreveu Moro, em sua decisão de prisão de Bumlai.

"Embora as prisões cautelares decretadas no âmbito da Operação Lava Jato recebam pontualmente críticas, o fato é que, se a corrupção é sistêmica e profunda, impõe-se a prisão preventiva para debelá-la, sob pena de agravamento progressivo do quadro criminoso", diz Moro, em decisão do dia 19.

"Se os custos do enfrentamento hoje são grandes, certamente serão maiores no futuro. O país já paga, atualmente, um preço elevado, com várias autoridades públicas denunciadas ou investigadas em esquemas de corrupção, minando a confiança na regra da lei e na democracia."

Para o juiz da Lava Jato, a liberdade de Bumlai representaria um "risco à ordem pública". A força-tarefa da Lava Jato avança na comprovação de que partidos e políticos se valeram do esquema sistematizado de corrupção no governo.

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