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Letícia Cazarré fez uma live nas redes sociais para tirar dúvidas dos seguidores sobre as causas de seu burnout, um distúrbio emocional que causa sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico. O bate-papo rolou através do Instagram na última quinta-feira (28).

Grávida do sexto filho com o ator Juliano Cazarré, a influenciadora garantiu que o marido não foi uma das causas que levou ao seu desgaste emocional.

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"A culpa não é do Cazarré. Nunca conheci um homem que cuidasse tanto dos filhos e da esposa como esse daqui. Se eu tive burnout, não foi por causa dele, muito pelo contrário, com certeza ele aliviou demais meu peso e meus sintomas, mas é isso, pode acontecer com todo mundo e principalmente com quem está na situação que a gente está, que é ter um filho ou um parente com a saúde muito frágil durante muito tempo", explicou.

O último ano não foi nada fácil na casa de Letícia e Juliano. A filha caçula do casal, Maria Guilhermina, nasceu com uma cardiopatia rara e precisa de constante atenção e cuidados. A influenciadora completou dizendo que parou de dormir bem a noite depois que a pequena chegou: "É como se eu tivesse um recém-nascido que não cresce".

E continua: "Foram muitos altos e baixos, ela quase morreu algumas vezes. Imagina como é para uma mãe ver seu bebê quase morrer, é uma coisa indescritível".

Apesar disso, Letícia conta que não acha que os filhos sejam um peso em sua vida: "É claro que se eu tivesse só uma filha, minha carga ia ser menor, mas, por outro lado, eu não sinto um peso enorme cuidando dos meus filhos. Eu gosto dos meus filhos, não me arrependo de ter largado meu trabalho para aumentar e consolidar minha família. [...] [O burnout] foi resultado de um estresse contínuo, de uma preocupação contínua, de poucas horas de sono durante muito tempo e de uma alimentação que começou a ficar cada vez pior porque fui sentindo menos fome".

A startup mineira Way Minder realizou uma pesquisa com mais de 600 pessoas para avaliar a saúde mental e o bem estar emocional das pessoas no ambiente de trabalho. O resultado mostra altos índices de estresse e de burnout, causados pelo excesso de pressão e cansaço.

O levantamento conta com entrevistados de diversas áreas de atuação no mercado, mas os profissionais de RH, vendas, educação, liderança, administrativo e TI são os que apresentam maiores taxas de esgotamento profissional.

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Segundo a Way Minder, há um índice para definir a fase do burnout, de nulo (0 a 8), para baixo (19 a 32), moderado (33 a 49), alto (50 a 59) e grave (60 a 75). Os profissionais de RH, vendas, educação, liderança e administrativo estão na classificação moderada, com taxas que variam de 43 a 36,61.

“O burnout ser categorizado pela Organização Mundial da Saúde como doença ocupacional tem levado as empresas a ligarem o alerta sobre a qualidade emocional de seus colaboradores, com adoção de ações e ferramentas que possam contribuir com sua qualidade de vida e reduzir os impactos negativos que essa doença pode causar aos negócios”, declara Deivison Pedroza, co-fundador e CEO da Way Minder.

A startup lista alguns dos motivos que podem levar à exaustão dos profissionais, entre eles estão o envolvimento emocional intenso, problemas de comunicação, decisões erradas, perda de produtividade, aumento de ausências.

No segmento de lideranças, o C-Level está com as taxas mais elevadas, os cargos como CEO, diretor e sócio possuem uma pontuação de 44,41. Já a de gerentes e coordenadores, são 37,43 pontos, enquanto sub gerentes e supervisores possuem 39,47 pontos.

Dividindo os entrevistados por gerações, os trabalhadores nascidos entre 1990 e 2010 da área de liderança são os que apresentam maior índice de burnout, com a taxa de 41,8, seguido pelos nascidos entre 1960 e 1980, com um índice de 40,86, e os nascidos entre as década de 1940 e 1960, com 34,5.

“A situação de estresse tem efeitos negativos que atingem não apenas o indivíduo, mas também as pessoas que estão ao seu redor, toda a família e claro o ambiente de trabalho, com redução de performance. Diante desses dados alarmantes, é imprescindível que as empresas e os profissionais estejam cientes da importância de abordar a saúde mental e o bem-estar emocional de forma abrangente e eficaz”, completa Pedroza.

Aproximadamente um terço dos professores da educação básica sofre da síndrome de burnout, segundo estudo feito na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Salários defasados, violência nas escolas e pressão por resultados estão entre os fatores que contribuem para a aumentar o estresse no exercício da docência.

A pesquisa avaliou 397 professores, de vários Estados, de colégios públicos e privados. "Professor lida com violência física e verbal na escola, falta de estrutura, sofre pressão da gestão escolar e da exigência dos pais", diz Raphaela Gonçalves, que conduziu o levantamento durante o mestrado em Ciências da Saúde.

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Ela, que atua como professora e tem licenciatura em Biologia e Pedagogia, ainda destaca a falta de valorização. "A baixa remuneração exige carga horária cada vez maior para se manter financeiramente, fora o acúmulo de função, tendo um papel de psicólogo, de assistente social e na família", diz.

No estudo, foi distribuído entre professores um formulário online, com três questionários. Um deles era sobre a prevalência de burnout, com 25 perguntas de quatro dimensões: esgotamento pessoal (exaustão não relacionada a aspectos laborais); burnout relacionado ao trabalho (exaustão e frustração ligadas ao trabalho); burnout ligado aos alunos (influência da relação professor-aluno no entusiasmo profissional); burnout relacionado aos colegas (sentimentos frente à equipe com a qual o profissional lida).

Após perguntas sobre cada variável (por exemplo "sente-se exausto logo pela manhã quando pensa em mais um dia de trabalho?"), o professor assinalava a frequência com que se identificava com a frase. O segundo formulário era sobre satisfação no trabalho, com 66 perguntas. Entre os tópicos, salário, responsabilidades, colegas, condições de trabalho e reconhecimento. O outro questionário era sobre dados sociodemográficos. Em 32,75% dos participantes, havia sinais de burnout.

HOMENS E MULHERES. Segundo a pesquisa, a prevalência dos sintomas de esgotamento entre homens e mulheres era parecida. "Não teve um mais afetado que o outro. Mas, quando cruzamos os dados, vimos que fatores demográficos e a satisfação no trabalho afetavam esses grupos de maneira distinta", diz Raphaela.

Segundo o estudo, maiores salários conferem diminuição das chances de esgotamento pessoal entre homens. Já para mulheres, quanto maior o salário, maior o risco de esgotamento. "Para ganhar mais, ela tem de trabalhar mais, sofre mais cobrança. Em casa, ela continua trabalhando. Para mulher, fatores positivos no trabalho a deixam mais propensa ao burnout."

O mesmo vale para as mães. Quanto maior o número de filhos, a mulher tem mais risco de esgotamento pessoal. Já no homem, o número de filhos é inversamente proporcional ao risco de desenvolver o transtorno. "Provavelmente para o homem, filho traz mais satisfação. Não que a mulher não se sinta realizada com os filhos, mas é um trabalho a mais, uma responsabilidade além."

Outro ponto que chama a atenção foi a maior satisfação entre professores da rede pública. "Pode ter a ver com o fato de que professores da rede pública entendem sua função como propósito, meio de mudança. É um pouco diferente do professor na rede particular, que tem cobrança muito maior. Os pais, como pagam pelo ensino, estão muito mais presentes e exigem mais."

‘MEDO ABSURDO’. Foi justamente a baixa satisfação com o emprego numa escola particular que levou Vanessa Paula Teixeira, de 47 anos, ao quadro de burnout há quase dez anos. A pedagoga, que atua na área há 20 anos, antes lecionava para pessoas com deficiência (PcD), mas aceitou ir para a rede privada pelo salário ser mais alto. "Foi a pior coisa que fiz. Tudo que eu ganhava gastava em remédio", relembra.

Segundo Vanessa, o esgotamento estava atrelado a fatores como pressão psicológica por parte da gestão e dos pais, prazos incompatíveis, sobrecarga e assédio moral. "Não conseguia dormir. Porque dormir significava virar o outro dia", diz. "Começava a dar o horário de ir trabalhar, me dava uma falta de ar que parecia que eu ia morrer. Era um medo absurdo do horário de estar naquele lugar", relata Vanessa, que também diz ter emagrecido por falta de apetite. Ela buscou auxílio de psicólogo e de psiquiatra e tomou remédios. Após dois anos, a escola a demitiu quando ela voltou de licença, justamente por questões de saúde mental. Vanessa então deixou de lado a educação por alguns anos e depois retornou como professora infantil na rede pública. "Hoje vivo em outra realidade."

Segundo a neuropsicóloga Carolina Garcia, que estuda a saúde mental na docência, entre os sintomas do burnout estão o desejo de se afastar do trabalho, pensamentos negativos sobre sua atuação e mudança no comportamento alimentar e do sono. O tratamento deve ter acompanhamento psicológico e psiquiátrico e, em muitas situações, é necessário afastamento do trabalho, no mínimo, por seis meses. "É difícil se recuperar no mesmo ambiente que a gente acabou adoecendo", pondera.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

De acordo com o levantamento Employee Burnout: Causes and Cures, feito pela Gallup, 76% dos funcionários experimentam o Burnout, um transtorno de ansiedade com contexto exclusivamente laboral, ou seja, a causa do estresse é a relação com o trabalho. Ainda de acordo com a pesquisa, apenas reduzir as horas de trabalho não resolverá o esgotamento dos funcionários. 

O Burnout foi classificado pela Organização Mundial de Saúde como um fenômeno ocupacional e pode ser causado excesso de trabalho, não respeitar horários de entrada e saída do trabalho, isolamento e falta de integração entre os membros da equipe, prazos de entrega muito apertados, chefes abusivos, aumento da carga de trabalho sem recompensas claras, insegurança quanto a estabilidade no emprego, falta de clareza sobre os objetivos da equipe e empresa.

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O estudo realizado pela Gallup mostrou também que os principais fatores para o desenvolvimento do esgotamento dos funcionários são o tratamento injusto no trabalho, a carga de trabalho não gerenciável a comunicação pouco clara dos gerentes, a falta de suporte do gerente, pressão de tempo irracional.

Para a psicóloga Márcia Martins, a melhor prevenção contra o Burnout é a qualificação dos profissionais da gestão, incentivando a implementação de medidas que tornem o ambiente de trabalho mais leve e comunicativo. 

“A prevenção é orientar os líderes a observar as consultas quando precisamos cobrar algo de um profissional. A capacitação das lideranças, o fortalecimento da cultura organizacional, a promoção da diversidade e a implementação de uma cultura de feedbacks, também podem afastar o Burnout da empresa”, afirma.

Exaustão emocional, despersonalização e insatisfação intensa com o trabalho são alguns sintomas ligados à síndrome de burnout, que desde 1º de janeiro de 2022 passou a ser considerada doença ocupacional. Nem sempre o diagnóstico é fácil. Muitas vezes, os sintomas são confundidos com depressão ou ansiedade. Por isso, é necessário a opinião de um especialista.

"[a síndrome de burnout] é produzida a partir da relação entre a subjetividade da pessoa e os fatores estressores recorrentes do ambiente laboral, além de também ser atravessado pelas construções culturais estabelecidas coletivamente sobre a temática laboral", explica a psicóloga Bianca Barbosa Fonsêca.

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Sem conhecimento do burnout, a jornalista Marta* só tomou conhecimento do diagnóstico durante uma sessão de terapia. "Eu já estava com a síndrome há algum tempo e não sabia. Ao descobrir, já estava com os sintomas mais acentuados como: exaustão física e mental, sentia muita dor na cabeça e na nuca, insônia, desânimo, sentimentos de fracasso, insegurança, derrota e incompetência, dificuldade para me concentrar e pensamentos negativos", relatou à reportagem.

Com sintomas mais atenuados, a jornalista, além do tratamento terapêutico, procurou tratamento psiquiátrico e iniciou também o medicamentoso para sanar os sintomas. "Também procurei tratamento espiritual e tive que me afastar do trabalho para me tratar", ressalta.

Os reflexos da síndrome ainda marcam o vida pessoal e profissional de Marta*. Ao LeiaJá, ela aponta que tem dificuldade de concentração, ansiedade e dificuldade de se readaptar ao ambiente de trabalho, onde tenha que atuar sob pressão. “ Tenho muito receio de passar por tudo isso novamente e, por isso, inconscientemente, tenho me sabotado. Acredito na minha capacidade e competência na atuação como profissional de comunicação, mas sempre me cobro muito. Tudo que faço acho que tem que ter a aprovação e aval de uma ou duas pessoas, mesmo que eu não enxergue nenhum defeito ou falha”, expõe.

O ambiente de trabalho

Levar essa questão, provocada, muitas vezes, pelo ambiente corporativo até os gestores nem sempre é uma tarefa fácil. Falar sobre saúde mental, para alguns trabalhadores, gera medo, vergonha e receio de uma possível demissão.

“A saúde mental ainda é um tema tabu em muitas organizações, mas creio que, para mudar, a honestidade deve vir em primeiro lugar. O colaborador precisa se sentir confortável em ser honesto. E isso vem com a construção de um ambiente de trabalho bom e saudável”, aponta Gabriel Kessler, CGO da Diolog.

O medo, de acordo com Bianca Fonsêca, é um meio de analisar a situação e entender a melhor forma como se dará o diálogo entre o trabalhador e o gestor. "Após esse momento, poderá se entender singularmente como o profissional melhor pode movimentar-se para buscar o suporte necessário", salienta.

Questionados sobre a responsabilidade da empresa diante de colaboradores diagnosticados com síndrome de burnout, os especialista reforçam que os trabalhadores e trabalhadores devem ser priorizados pelas instituições e, esta última, responsabilizar-se ofertando suporte e mudança. 

"Os colaboradores devem ser a prioridade das organizações. Tendo isso em consideração, é fundamental entender quais as razões que levaram esse colaborador a ter uma síndrome como o burnout (...) muitos dos trabalhadores tem de pagar condução, por horas, para chegar ao trabalho, podem ter problemas familiares, dificuldades externas, algum tipo de transtorno no ambiente laboral pode ser a gota d'água para que o cansaço e o estresse se transformem em burnout. É fundamental, nesse contexto, que as empresas façam uma análise concreta da situação de cada colaborador e não uma análise transversal", argumenta Kessler.

Na análise da psicóloga, também se faz necessário responsabilizar a esfera política e coletiva "para perceber que o burnout é uma das expressões subjetivas em resposta às práticas neoliberais estabelecidas como a forma hegemônica de organização do trabalho".

Diante do diagnóstico, qual deve ser a postura da empresa?

Com o diagnóstico de síndrome de burnout e o diálogo estebelecido com a liderança da empresa é esperado, como aponta Bianca Fonsêca , que os primeiro cuidados adotados sejam o apoio institucionalizado à saúde do colaborador pelo tempo que for necessário, como também,  "a criação de um projeto de reestruturação das normas e cultura da empresa para a prevenção e redução de danos ligados ao burnout". 

O CGO da Diolog pontua, como estratégia a ser adotada pelo ambiente corporativo: "afastamento temporário, acompanhar o colaborador de perto, oferecer tratamento profissional, reavaliar atividades, entre outros".

Em caso de afastamento das atividade laborais, o trabalhador deve ser mantido no quadro de funcionários, ou seja, a demissão não deve ser cogitada. "Esse é um momento crucial para a empresa mostrar que apoia o colaborador em todos os momentos, inclusive nos mais delicados", alerta Gabriel Kessler.

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