Tópicos | Cabo Verde Airlines

"A Itália é linda, mas agora só quero voltar para casa", lamenta a microempreendedora recifense Welma Bezerra Lenhardt. Ela abdicou do tradicional Carnaval de Pernambuco para viver o sonho de viajar para o exterior, contudo tornou-se vítima dos impactos do novo coronavírus na aviação e está presa na província de Impéria, localizada no Norte do país mediterrâneo. Sem orientação das autoridades brasileiras e com dificuldades financeiras, ela busca formas de voltar para casa.

Moradora de Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife (RMR), a turista destaca que tem a passagem de volta marcada para este domingo (5). No entanto, conta que a companhia aérea Cabo Verde Airlines estipulou a previsão para o retorno das atividades só no dia 30 de junho e que o reembolso não foi autorizado pela empresa. Segundo a empreendedora, foi disponibilizado um "vale", válido apenas para viagens feitas com a própria companhia.

##RECOMENDA##

"O sonho virou pesadelo", avalia Welma/ Arquivo Pessoal

Desde o dia 14 de fevereiro em solo italiano, Welma tentou fazer contato com o consulado brasileiro em Milão, mas não obteve retorno. Sem orientações oficiais, preencheu o formulário online da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que objetiva registrar os brasileiros no exterior para coordenar os voos com as empresas aéreas. Porém não obteve nenhuma resposta e sente-se abandonada. “O governo podia juntar todos os brasileiros que estão nessas condições e juntar em um voo”, sugestiona.

Com o fim das economias, a recifense ressalta que está passando dificuldades para se manter e foi acolhida por uma família local composta por uma idosa, de 72 anos, e a filha, de 52. A turista relata que outros brasileiros passam por uma situação mais delicada e estão dormindo nas ruas ou aeroportos. "É revoltante saber que estamos ao Deus dará, o governo brasileiro tem que fazer algo por nós, se fossem os europeus que estivessem no Brasil, o país deles já tinha providenciado a volta", comparou inconformada.

Distante da neta e das três filhas, com 26, 21 e 20 anos, Welma diz-se preocupada, sobretudo com a mais velha que está grávida de seis meses. "O medo que aconteça algo com elas é terrível, não consigo dormir, pensando na minha família. Elas precisam de mim", confessou.

"O sonho virou pesadelo", avalia Welma/ Arquivo Pessoal

No site do consulado em Milão, é informado que, desde o dia 13 de março, a entidade funciona em regime de plantão, e que os brasileiros retidos no país devem entrar em contato através do assistencia.milao@itamaraty.gov.br.

As informações apontam que o consulado não dispõe de recursos para oferecer alojamento e alimentação a todos os brasileiros e que, nesse momento, não há previsão de programa para a repatriação. O órgão reforça que o reembolso integral das passagens canceladas é um direito garantido pelo Código de Defesa do Consumidor.

Para evitar mais reflexos negativos do novo coronavírus aos brasileiros na Itália, o consulado tenta auxiliá-los com apoio para comunicação em língua italiana, assistência para a pesquisa de rotas de retorno ao Brasil, assistência psicológica gratuita e orientação jurídica gratuita.

Procurada pela reportagem do LeiaJá, a Cabo Verde Airlines pontuou que no dia 17 de março foi anunciada a suspensão das viagens por, pelo menos, 30 dias. A companhia não soube informar quantos clientes brasileiros ainda não conseguiram voltar para casa, mas confirmou que eles vão receber o voucher que permite a remarcação do voo até março de 2021. A empresa frisou que mantém contato com o governo de Cabo Verde e representações diplomáticas que necessitem de apoio os regresso do seus cidadãos aos respectivos países.

Na última sexta-feira (20), o LeiaJá publicou uma reportagem relatando a situação de brasileiros que estão “presos” em Cabo Verde, na África, devido ao cancelamento de seus voos pela empresa aérea. Em nota enviada à nossa reportagem nesta terça (24), a Cabo Verde Airlines justificou que todos os voos comerciais foram proibidos pelo governo local e que a responsabilidade pela volta dos turistas seria agora do governo brasileiro.

“A Cabo Verde Airlines suspendeu a sua operação a partir de 18 de março de 2020 e por um período de 30 dias, na sequência da decisão do Governo de Cabo Verde de proibir voos comerciais de Portugal, outros países europeus com Covid-19 e dos EUA, Brasil, Senegal e Nigéria”, diz a nota.

##RECOMENDA##

Uma questão deixou dúvidas, já que um trecho da determinação do governo “excetua desta decisão voos de carga e de cidadãos em regresso de férias ou em serviço em Cabo Verde aos países de origem”. No entanto, segundo a Cabo Verde Airlines, estão autorizados apenas vôos de repatriamento “que têm de ser determinados pelas entidades governamentais dos próprios países”.

A Cabo Verde Airlines afirma ainda que “já expressou a sua disponibilidade para operar voos de repatriamentos” e “tem estado em contato com a Embaixada do Brasil em Cabo Verde, recomendando o contato com o Governo de Cabo Verde para que estes voos de repatriamento sejam possíveis”.

Ainda segundo a empresa, “ainda não foram estipulados voos de repatriamento para o Brasil”.

Confira a nota enviada pela companhia, na íntegra:

"Ao abrigo da Lei 13.188/2015 sobre o direito de resposta ou retificação do ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social, e respondendo à notícia publicada pelo jornalista Renato Feitosa, a Cabo Verde Airlines vem esclarecer o seguinte:

A Cabo Verde Airlines suspendeu a sua operação a partir de 18 de março de 2020 e por um período de 30 dias, na sequência da decisão do Governo de Cabo Verde de proibir voos comerciais de Portugal, outros países europeus com Covid-19 e dos EUA, Brasil, Senegal e Nigéria.

O Governo de Cabo Verde excetua desta decisão voos de carga e de cidadãos em regresso de férias ou em serviço em Cabo Verde aos países de origem.

A Cabo Verde Airlines lamenta a situação do grupo de 80 cidadãos brasileiros no Sal à espera de um voo de repatriamento.

Dada a proibição de voos comerciais de/para Cabo Verde de/para os países mencionados, os voos de repatriamento são da responsabilidade dos governos dos respetivos cidadãos, que poderão requerer estes voos de repatriamento a companhias aéreas terceiras.

A Cabo Verde Airlines já expressou a sua disponibilidade para operar voos de repatriamentos de forma a apoiar cidadãos no regresso aos seus países de origem.

A Cabo Verde Airlines não omitiu informação do jornalista Renato Feitosa, fornecendo-lhe inclusivamente o link para a decisão do Governo de Cabo Verde de banir conexões de voo com o país.

A Cabo Verde Airlines lamenta o tratamento dado pelo jornalista às respostas dadas às pelo VP para Sales & Marketing da CVA, Raul Andrade, e reforça, mais uma vez, a sua vontade de ajudar cidadãos estrangeiros a voltar aos seus países de origem.

A Cabo Verde Airlines lamenta que o jornalista não tenhareferido, conforme referido pelo VP para Sales & Marketing da CVA, Raul Andrade, em resposta às questões do jornalista, que a companhia aérea tem estado em contacto com a Embaixada do Brasil em Cabo Verde, recomendando o contacto com o Governo de Cabo Verde para que estes voos de repatriamento sejam possíveis.

A Cabo Verde Airlines lamenta que o jornalista não tenha referido, conforme referido pelo VP para Sales & Marketing da CVA, Raul Andrade, em resposta às questões do jornalista, que a companhia aérea mostrou disponibilidade para realizar voos humanitários, de repatriamento e de carga e outros voos especiais."

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando