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Donald Trump se tornou o primeiro presidente americano na História a enfrentar um impeachment duas vezes, quando a Câmara de Representantes aprovou nesta quarta-feira (13) o procedimento, acusando-o de incitar a invasão ao Capitólio, sede do Congresso, na semana passada.

O Senado não deve celebrar o julgamento antes de 20 de janeiro, quando o democrata Joe Biden assumirá a Presidência, o que significa que o magnata do setor imobiliário se livrará do risco de ter que deixar o cargo antecipadamente.

No entanto, ele encerrará seu mandato com desonra, e enfrentará depois o julgamento no Senado, e se for condenado, provavelmente será impedido de disputar a Presidência de novo em 2024.

"Donald Trump merecidamente se tornou o primeiro presidente da História americana com a mácula de enfrentar o impeachment duas vezes", disse o senador democrata Chuck Schumer, que se tornará líder da Câmara alta em uma semana.

Na Câmara de Representantes, a pergunta era apenas quantos republicanos haviam se unido à maioria democrata na votação por 232 a 197. Na contagem final, dez republicanos romperam com suas fileiras, inclusive a número três do partido na casa, Liz Cheney, filha do ex-vice-presidente Dick Cheney.

Com Washington sob tensão sete dias após o ataque ao Capitólio, Trump pediu calma.

"Insisto para que NÃO haja violência, NÃO sejam cometidos delitos e NÃO haja vandalismo de nenhum tipo. Isso não é o que eu defendo, nem tampouco o que os Estados Unidos defendem", afirmou em um comunicado emitido pela Casa Branca.

Pouco antes, a presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, acusou Trump de ter incitado uma "rebelião armada" ao pedir votos pela sua deposição.

"O presidente dos Estados Unidos incitou esta insurreição, esta rebelião armada", declarou a líder democrata antes da votação da acusação formal pelo ataque ao Capitólio que deixou cinco mortos e chocou o mundo.

"Deve partir. É um perigo claro e presente para a nação que todos amamos", disse ela em um Congresso entrincheirado.

A sete dias da posse de Joe Biden, Washington, sob um forte esquema de segurança, estava irreconhecível.

- Militares no Capitólio -

As imagens eram impactantes: dezenas de militares da reserva passaram a noite dentro do Congresso. Muitos dormiam no chão das salas e corredores.

Blocos de concreto separavam os cruzamentos principais do centro da cidade; enormes barreiras de metal cercavam prédios federais, incluindo a Casa Branca, e a Guarda Nacional estava por todos os lados.

Os debates na Câmara dos Representantes começaram às 9h locais (11h de Brasília) e a votação do impeachment, às 15h locais (17h de Brasília).

Seu resultado marcou a abertura formal do processo de impeachment contra o 45º presidente americano.

As intervenções dos congressistas foram enérgicas. Trump é um "tirano", lançou a democrata Ilhan Omar. "Não podemos virar a página sem fazer nada", disse ela.

A republicana Nancy Mace afirmou que o Congresso deveria exigir que o presidente fosse responsabilizado por suas ações, mas considerou irresponsável agir de "forma precipitada".

Havia nuances nos discursos dos republicanos. O líder desse bloco na Câmara, Kevin McCarthy, reconheceu que Trump tem "responsabilidade" pelos distúrbios, mas considerou um erro submetê-lo a um impeachment em um curto espaço de tempo. Em vez disso, propôs uma declaração de "censura", que na prática tem um efeito basicamente simbólico.

Cada vez mais isolado, o tempestuoso presidente tentou na terça-feira minimizar o procedimento contra ele, descrevendo-o como uma "continuação da maior caça às bruxas da história política".

Poucos dias antes de partir para sua residência em Mar-a-Lago, Flórida, onde sua nova vida como "ex-presidente" deve começar, o magnata republicano parecia cada vez mais desconectado do que está acontecendo na capital americana.

Nenhum representante de seu partido apoiou o impeachment anterior em 2019, e apenas um senador, Mitt Romney, votou para condená-lo. O presidente foi então absolvido da acusação de reter ajuda financeira para obrigar a Ucrânia a investigar uma suposta corrupção de seu adversário político Biden.

Mas desta vez, o cenário é diferente.

- Virar a página? -

Em um sinal do que pode preocupar Trump e seu possível futuro político, Mitch McConnell, líder da maioria republicana no Senado, disse a seus aliados, segundo reportagens do New York Times e da CNN, que via o "impeachment" favoravelmente, considerando que o julgamento tem fundamento e ajudaria o Partido Republicano a virar a página de Trump para sempre.

Em nota a seus colegas, McConnell afirmou nesta quarta que não tomou ainda uma decisão sobre o impeachment do presidente Donald Trump e não descarta votar a favor. "Pretendo ouvir os argumentos legais quando forem apresentados no Senado", disse.

Este estrategista inteligente, aliado altamente influente e crucial de Trump por quatro anos, pode ser a chave para o resultado desse processo histórico, porque poderia encorajar senadores republicanos a condenar o 45º presidente americano.

Os democratas assumirão o controle da Câmara alta em 20 de janeiro, mas precisarão convencer muitos republicanos para obter a maioria de dois terços necessária para a condenação.

De Álamo, no Texas, para onde viajou para comemorar a construção do muro na fronteira com o México, ele tentou mostrar uma imagem menos agressiva, pedindo "paz e calma".

O presidente não assumiu nenhuma responsabilidade pelo incidente violento no Capitólio, garantindo que seu discurso foi "totalmente adequado".

Seu vice-presidente, Mike Pence, se recusou a invocar a 25ª Emenda à Constituição, que permitiria declarar o republicano inapto para o cargo.

Apesar dessa rejeição, a Câmara de Representantes aprovou uma resolução simbólica pedindo que ele invocasse essa emenda.

Ainda contando com o apoio de alguns parlamentares, o presidente está mais isolado do que nunca após uma série de renúncias em seu governo.

Criticado por sua demora em enviar a Guarda Nacional na quarta-feira, o Pentágono destacou até 15.000 membros para a posse.

Inicialmente mobilizados para fornecer apoio logístico à polícia, seus integrantes começaram a portar armas na noite de terça-feira.

A exemplo da tensão que reina em Washington, o Airbnb anunciou o cancelamento e bloqueio das reservas em sua plataforma na capital federal durante a semana da posse do futuro presidente dos EUA e o Google anunciou que a partir de quinta-feira bloqueará toda publicidade política.

A Câmara de Representantes dos Estados Unidos pretende votar nesta quarta-feira (18) duas acusações contra Donald Trump, que está a um passo de virar o terceiro presidente dos Estados Unidos a enfrentar um julgamento político.

A Câmara, que tem maioria democrata, decidirá no fim da tarde, após uma sessão de seis horas, se aprova as acusações de "abuso de poder" e "obstrução ao trabalho do Congresso" contra o presidente.

"A Câmara de Representantes exercerá uma das atribuições mais solenes que a Constituição lhe concede, quando se reunir para aprovar dois artigos de acusação contra o presidente", declarou na terça-feira a líder democrata Nancy Pelosi em carta enviada aos congressistas de seu partido.

Em uma carta de mais de cinco páginas em tom raivoso, na qual considera "enganosas e absurdas" as acusações apresentadas contra ele, Trump se apresenta como uma vítima de uma "cruzada viciosa", acusa Pelosi de "minar a democracia" e adverte que "a história a julgará duramente".

Para o presidente, a votação na Câmara de Representantes "não é nada mais que uma tentativa de golpe de Estado ilegal e partidária", motivada pelo ressentimento. Ele acusou os democratas de incapacidade de aceitar o veredicto das urnas.

E afirma que sairá vitorioso do processo: "Não tenho dúvidas de que o povo americano a responsabilizará, junto com os democratas, nas eleições de 2020".

O impeachment divide a população: uma pesquisa CNN/SSR mostra que 45% dos americanos querem que Trump seja afastado do cargo (um percentual que sobe para 77% entre os eleitores democratas), enquanto 47% são contra.

Alguns congressistas democratas democratas moderados, eleitos em regiões favoráveis a Trump, afirmaram que pretendem aprovar o julgamento do presidente, mesmo sob o risco de perder eleitores.

Apenas dois dos 231 representantes democratas poderiam votar a favor de Trump, enquanto nenhum dos 197 deputados republicanos anunciou apoio ao processo de destituição.

Desta maneira há poucas dúvidas de que Trump será submetido a um julgamento político no Senado, algo que só aconteceu a dois de seus antecessores: Andrew Johnson em 1868 e Bill Clinton em 1998. O republicano Richard Nixon, envolvido no escândalo Watergate, preferiu renunciar em 1974 antes de sofrer o estigma.

O julgamento de Trump no Senado provavelmente acontecerá em janeiro. Por enquanto, nas condições políticas atuais, a previsão é de que o presidente seja absolvido na Câmara Alta: seriam necessários pelo menos 67 votos para afastá-lo do cargo, e os republicanos ocupam 53 dos 100 assentos.

O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, declarou na terça-feira que "a investigação apressada" dos democratas da Câmara, visando à destituição do presidente, é um fracasso e rejeitou a exigência democrata de convocar novas testemunhas.

"Não é tarefa do Senado procurar desesperadamente maneiras de condenar (o presidente). Isso dificilmente seria uma justiça imparcial", criticou McConnell.

- Riscos eleitorais -

Trump está convencido de que será beneficiado. No Twitter, ele destacou uma pesquisa recente do jornal USA Today que o aponta como vencedor das eleições de 2020 contra todos os possíveis candidatos democratas.

Consciente do risco eleitoral, Pelosi conteve durante muito tempo os pedidos de abertura de um processo de impeachment contra Trump.

Ela iniciou a investigação no fim de setembro, após a divulgação da denúncia de um funcionário não identificado sobre a suposta conduta inapropriada do presidente durante uma ligação telefônica em 25 de julho ao colega ucraniano, Volodimir Zelenski.

Várias testemunhas confirmaram ao Comitê Judicial da Câmara as pressões para obrigar Kiev a anunciar uma investigação por corrupção contra o ex-vice-presidente Joe Biden - possível rival de Trump em 2020 - e de seu filho Hunter.

Trump insiste que a conversa telefônica foi "perfeita". A Casa Branca se negou a cooperar com a investigação, que chamou de "inconstitucional", e proibiu que vários assessores prestassem depoimento.

Por este motivo, os democratas acusam Trump de abuso de poder para benefício pessoal e de obstrução do trabalho do Congresso.

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