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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta sexta-feira, 15, que a reforma tributária deve ser votada ainda nesta data no plenário da Casa, após apreciação da medida provisória da subvenção do ICMS. O alagoano disse que serão encontradas saídas alternativas aos pontos considerados sensíveis entre Câmara e Senado.

Dentre os pontos polêmicos, Lira citou a criação de uma Cide (Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico) para tributar produtos concorrentes aos produzidos na Zona Franca de Manaus. Essa alteração encontrou oposição de deputados de Estados do Sul e do Sudeste e deve ser levada a voto em plenário por meio de um destaque.

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O alagoano também mencionou os trechos incluídos pelo Senado que preveem que o presidente do Comitê Gestor do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços, que vai unificar ICMS e ISS) seja sabatinado pelo Senado e que atribui aos senadores a definição de alíquotas de tributação que incidem sobre os combustíveis.

Nos últimos dias, Lira tem se reunido com o relator da reforma, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e líderes partidários para buscar um texto de consenso e, assim, evitar que a matéria precise voltar para análise dos senadores.

O presidente da Câmara quer promulgar a reforma ainda este ano.

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), divulgou uma carta aos governadores e deputados federais do país para ressaltar a importância da manutenção dos incentivos para as indústrias automobilísticas instaladas no Nordeste. Ponto da Reforma Tributária, a manutenção da iniciativa até 2032 é uma política para redução da desigualdade regional, pois promove uma diminuição da carga tributária aos estados que têm recursos inferiores. A governadora ainda reforça que a mesma defesa foi feita em carta conjunta pelos governadores que compõem o Consórcio Nordeste, no qual ela também é integrante. A Reforma Tributária será votada na Câmara dos Deputados.

“Manter os incentivos à indústria automobilística até 2032 é uma política de superação à desigualdade regional, um dos mais graves problemas do País. Sem mexer em estruturas como essa, as desigualdades persistem e o Nordeste, que é parte da solução, continuará escanteado”, diz a governadora Raquel Lyra através de um trecho da carta.

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Em Pernambuco, o Polo Automotivo da Stellantis, em Goiana, na Zona da Mata Norte, representa uma grande geração de empregos no Estado, com crescimento médio de 5,6% ao ano. Ao todo, a cadeia automotiva em Pernambuco, considerando a planta da Stellantis e os fornecedores, são aproximadamente 60 mil empregos gerados (somando diretos e indiretos). Atualmente, 38 fornecedores fazem parte da cadeia. A Stellantis já anunciou investimentos em torno de R$ 18 bilhões, sendo R$ 11 bilhões para a instalação da indústria. No momento, a companhia está no ciclo de R$ 7 bilhões, a ser concluído até 2025.

Além disso, o Polo Automotivo revolucionou a pauta de exportações do Estado. A partir de 2017, o complexo exportou R$ 736,5 milhões e se tornou líder das exportações estaduais, uma importante contribuição dessa indústria para acelerar as transformações da economia pernambucana. Por isso, a instalação da planta automotiva significa um importante movimento de desconcentração territorial da indústria automotiva e de autopeças no país, garantindo competitividade para o setor fora do eixo Sul-Sudeste.

“O fato é que Pernambuco tem hoje uma das mais modernas plantas automobilísticas da América Latina justamente porque foi concedido o incentivo, e quem trabalhava na safra da cana de açúcar, por exemplo, teve a chance de ver seus filhos entrarem num emprego na indústria automobilística”, registrou a governadora em mais um trecho da carta.

A gestora já realizou importantes encontros em defesa da continuidade dos incentivos às indústrias automobilísticas no Nordeste ao longo do seu primeiro ano de gestão. Em junho, ela visitou a planta de Goiana ao lado do presidente Lula e reforçou o desenvolvimento econômico alcançado com a presença do empreendimento. A governadora também já esteve em Brasília em reuniões sobre o tema com senadores no Senado Federal e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, além de já ter recebido o presidente da Stellantis para América do Sul, Antonio Filosa, no Palácio do Campo das Princesas.

*Da Assessoria de Imprensa

A Câmara dos Deputados aprovou nessa quarta-feira (13), por 351 votos contra 102, a urgência do projeto de lei que altera o Novo Ensino Médio instituído durante o governo de Michel Temer, em 2017. Com isso, o projeto pode ser votado na próxima semana no Plenário da Casa. 

A aprovação dessa urgência promoveu uma reviravolta na tramitação dessa matéria porque o governo havia retirado o caráter de urgência do projeto na última segunda-feira (11), argumentando que a medida precisava de mais tempos para ser debatida. A expectativa era de que o tema ficasse para 2024. 

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Enviada pelo governo federal em outubro deste ano, a matéria está sendo relatada pelo ex-ministro da Educação de Temer, o deputado Mendonça Filho (União-PE). A decisão do governo de alterar as regras do ensino médio ocorreu após pressão de entidades, estudantes, professores e especialistas para revogação das mudanças no currículo aprovadas durante o governo Temer.

Na votação da urgência na noite dessa quarta-feira, a liderança do governo encaminhou pelo voto favorável, já os blocos do PT/PCdoB/PV e do PSOL/Rede encaminharam contra a urgência. Ainda assim, cinco parlamentares do PT votaram a favor de acelerar a tramitação do PL relatado pelo deputado Mendonça. Os demais partidos e blocos partidários votaram a favor da urgência.

O deputado Idilvan Alencar (PDT-CE) criticou o texto alterado na Câmara, argumentando que ele desfigurou o projeto enviado pelo Executivo para modificar o Novo Ensino Médio. 

“O relatório que querem votar daqui a pouco, às pressas, reduz a carga horária da Base Nacional Comum e traz o notório saber como muito forte. Notório saber é desrespeito ao professor. Não é qualquer um que pode ir para a sala de aula, não. É preciso ter uma formação. Ele também retira a obrigatoriedade do espanhol — uma pauta que eu não aceito —, assim como da sociologia, educação física, filosofia, arte”, lamentou.

O projeto original enviado pelo Executivo retomava a carga horária de 2,4 mil horas de formação geral básica das 3 mil horas totais. O Novo Ensino Médio fixou essa formação básica em 1,8 mil horas. O substitutivo do Mendonça fixou em 2,1 mil horas, com 300 horas de conteúdos que relacionem os conteúdos da Base Nacional Comum Curricular com a formação técnica profissional.  

Além disso, o projeto do Executivo retirou a previsão de permitir a contratação de profissionais sem licenciatura, desde que sejam reconhecidos com notório saber sobre a disciplina. O substitutivo do Mendonça reintroduziu a possibilidade de contratar profissionais com notório saber na área de formação profissional e técnica.  

O relator Mendonça Filho, durante a votação, agradeceu apoio do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e do colégio de líderes da Casa, por terem aceitado votar a urgência do PL.

"Precisamos de uma decisão para sinalizar para os estudantes, para as redes estaduais, para os secretários estaduais de educação, que respondem por 84% da oferta de vagas no ensino médio público brasileiro, para essa gente que quer ter acesso ao mercado de trabalho, quer melhorar a renda. E é por isso que eu peço a todos aqui que têm compromisso com o futuro da educação que possamos abandonar o velho ensino médio”, destacou. 

Repercussão

O substituto do Mendonça vem sofrendo críticas dos membros da Campanha Nacional pelo Direito à Educação que consideram que o texto retoma as normas do projeto do governo Temer. A organização reúne sindicatos, movimentos sociais, estudantis e comunitários.

O professor Daniel Cara, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), lamentou a aprovação da urgência e defendeu que o texto aumenta as desigualdades entre os ensinos público e privado no Brasil. 

“Mendonça praticamente reeditou a Medida Provisória do Temer fazendo uma falsa determinação de 2,1 mil horas. Na prática, são 2,1 mil horas de formação geral básica, mas 300 horas podem ser feitas dentro dos itinerários formativos. Ou seja, voltam as 1,8 mil horas de formação básica”, destacou.   

Sobre a reintrodução do notório saber como suficiente para contratação de professores, Daniel diz que a medida coloca pessoas que não foram preparados para serem professores.  

“O objetivo é diminuir a pressão, que hoje as redes públicas enfrentam, para contratação de professores via concurso. Esse é o interesse econômico por trás da reforma. É descaracterizar a profissão de docentes para que qualquer um seja professor”, destacou.  

Por outro lado, o Todos Pela Educação avaliou que o substituto do Mendonça traz avanços em relação ao texto do governo federal, apesar de ponderar que precisa de melhorias. A Organização Não Governamental  (ONG) informa que é financiada apenas por recursos privados.

A ONG concordou em aumentar as horas para a educação profissional e técnica. “É um movimento correto no sentido de não fragilizar a busca por maior integração da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) com o Ensino Médio regular, um dos pilares da essência da reforma”, destacou.

A organização também é favorável à possibilidade de contratar profissionais sem formação própria de professor, argumentando que a proposta original do Executivo “dificultaria sobremaneira a ampliação da educação profissional e tecnológica”. 

A reportagem procurou a liderança do governo na Câmara e o Ministério da Educação para comentarem o assunto, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira, 12, em votação simbólica, o projeto de lei que cria um incentivo financeiro a 2,5 milhões de estudantes de baixa renda do ensino médio. Em alteração feita de última hora, após acordo costurado com as lideranças da Casa, o relator, deputado Pedro Uczai (PT-SC), incluiu no texto a autorização para que o governo use até R$ 13 bilhões dos superávits do Fundo Social, ligado ao pré-sal, para bancar a iniciativa.

O valor é mais que o dobro do previsto inicialmente, de R$ 6 bilhões, e seria suficiente para financiar dois anos da medida, segundo o relator. O texto agora segue para o Senado Federal.

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Uczai afirmou ao Estadão/Broadcast que há o entendimento, por parte da consultoria legislativa, de que a inclusão desse trecho na proposta dispensaria a aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLP) que destina até R$ 6 bilhões desse mesmo fundo ao novo programa, fora do teto de gastos. Esse PLP teve o aval do Senado no início desse mês, mas ainda aguarda a análise da Câmara.

Ou seja, seria uma estratégia para acelerar a tramitação do tema, uma vez que o Congresso entra em recesso no próximo dia 22. Técnicos da equipe econômica, no entanto, afirmaram que, por essa redação, as transferências do Fundo Social ficariam sujeitas ao teto e às regras do novo arcabouço fiscal. E que seria, sim, necessária a aprovação de um PLP para realizar a excepcionalização do teto.

Pelo projeto, os valores serão transferidos a um fundo privado, que será gerido pela Caixa Econômica Federal, responsável pelo repasse aos estudantes. Devido a pressões do Congresso, o relator retirou a possibilidade de o governo realizar aportes via ações de estatais e receitas obtidas com leilões do pré-sal - que constavam da Medida Provisória editada pelo Planalto e que foram classificadas como contabilidade criativa por economistas.

Por outro lado, Uczai viabilizou outra fonte de recursos, que viria das "sobras" de fundos garantidores. Dentre eles, fundos ligados ao antigo Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) e ao Desenrola, o programa de renegociação de dívidas do governo federal, que ainda não teve a adesão esperada.

O Desenrola, porém, já usa as sobras de outro programa: o Pronampe, que financia micro e pequenas empresas com garantias da União. Há dúvidas, portanto, de quais seriam os valores disponíveis.

Saques x poupança

O projeto aprovado pela Câmara autoriza o governo a direcionar a maior parte da verba do programa a saques imediatos, reservando apenas um terço a aportes na poupança de longo prazo - que só poderá ser sacada após a conclusão da etapa escolar.

Trata-se de uma mudança de diretriz em relação ao texto original, da deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que não tinha o formato de bolsa mensal. A proposta de 2021 permitia somente saques anuais, limitados a 40% dos valores aportados, e retinha o restante até o fim do terceiro ano, como forma de reduzir as elevadas taxas de evasão no País.

A nova redação suscitou críticas entre técnicos do governo envolvidos com o programa, que veem um formato assistencialista e de curto prazo, de olho na eleição municipal de 2024.

O relator, porém, negou qualquer tipo de viés eleitoral e defendeu os ajustes no texto: "Se você vê programas (de combate à evasão no ensino médio) no Brasil e no mundo, quem só fez poupança não teve o impacto esperado. O mundo real, da dificuldade dos pobres de irem para a escola, muitas vezes passando fome, se deslocando de um local ao outro... Se não tem um auxílio mensal, a evasão, antes de concluir o ano, é muito alta".

O diretor-executivo do Todos Pela Educação, Olavo Nogueira Filho, avalia a combinação entre transferências mensais e poupança como positiva, mas sugere uma recalibragem na divisão. "Considerando que um dos principais objetivos diz respeito ao incentivo para a conclusão do ensino médio, seria coerente que o montante destinado a esse aspecto fosse, no mínimo, equivalente ao dos repasses recorrentes ou muito próximo disso", afirma.

Nogueira também propõe que estudantes da faixa de extrema pobreza recebam repasses maiores do que o valor universal previsto para todos os alunos do CadÚnico.

O projeto de lei não define os montantes que serão distribuídos aos estudantes, mas traz cifras de referência: segundo o relator, seria possível pagar R$ 200 mensais, nos dez meses do ano letivo, mediante confirmação da matrícula, mais um aporte anual de R$ 1 mil, direcionado à poupança, que só seria resgatado após a conclusão do ensino médio. A definição desses montantes será feita por meio de portaria.

Os pagamentos serão condicionados a quatro pré-requisitos principais: matrícula nos respectivos anos; frequência escolar mínima (era de 75%, mas passou para 80% nas negociações dentro da Câmara); aprovação nos anos letivos; e realização de avaliações periódicas como o Enem e o Saeb.

Além dos alunos do ensino médio, também serão contemplados os estudantes do EJA (Educação de Jovens e Adultos), que tenham de 19 a 24 anos.

A Câmara dos Deputados rejeitou texto do Senado e aprovou nesta quarta-feira (6) projeto de lei que cria o chamado Protocolo “Não é Não” a fim de prevenir o constrangimento e a violência contra a mulher em ambientes nos quais sejam vendidas bebidas alcoólicas, como casas noturnas, boates e casas de espetáculos musicais em locais fechados ou shows. A matéria será enviada à sanção presidencial.

De autoria da deputada Maria do Rosário (PT-RS) e outros, o Projeto de Lei 3/23 deixa de fora das regras do projeto os eventos em cultos ou outros locais de natureza religiosa.

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O texto a ser enviado à Presidência da República é um substitutivo da deputada Renata Abreu (Pode-SP) e determina ainda que o protocolo deverá ser seguido pela organização esportiva responsável pela organização de competições, conforme a Lei Geral do Esporte (Lei 14.597/23).

A autora considera a proposta superior à legislação existente em outros países pelo caráter preventivo de violência nos bares, eventos e restaurantes. "Esse projeto nasceu de algo muito difícil para nós como mulheres, como foi a violência contra uma mulher por parte de um jogador brasileiro de futebol e a Espanha conseguiu proteger aquela mulher", lamentou Maria do Rosário. "A proposta envolve setor privado e setor público, criando uma cultura de prevenção à violência para que toda mulher, de qualquer idade, possa frequentar um lugar sabendo que todas as pessoas lhe devem respeito acima de tudo", afirmou.

Deveres
Como deveres desses estabelecimentos, o texto estabelece que na sua equipe haja pelo menos uma pessoa qualificada para atender ao protocolo e a manutenção, em locais visíveis, de informação sobre como acioná-lo, assim como dos telefones da Polícia Militar e da Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180).

O constrangimento é definido pelo texto como qualquer insistência, física ou verbal, sofrida pela mulher depois de manifestar a sua discordância com a interação.

Já a violência é caracterizada como o uso da força, resultando em lesão, morte e dano psicológico, entre outros, conforme a legislação penal.

No caso de constrangimento, os estabelecimentos poderão adotar ações que julgarem cabíveis para preservar a dignidade e a integridade física e psicológica da denunciante e para subsidiar a atuação dos órgãos de saúde e de segurança pública eventualmente acionados.

Além disso, poderão retirar o ofensor do estabelecimento e impedir o seu reingresso até o término das atividades.

A todo caso, poderão criar um código próprio, a ser divulgado nos sanitários femininos, para que as mulheres possam alertar os funcionários sobre a necessidade de ajuda.

Violência
Quanto às situações de violência, esses estabelecimentos deverão:
- proteger a mulher e dar-lhe apoio;
- afastar a vítima do agressor, inclusive do seu alcance visual, facultando a ela acompanhamento de pessoa de sua escolha;
- colaborar para a identificação das possíveis testemunhas do fato;
- solicitar o comparecimento da Polícia Militar ou do agente público competente; e
- isolar o local específico onde existam vestígios da violência, até a chegada da Polícia Militar ou do agente público competente.

Caso o local disponha de sistema de câmeras de segurança, deverá ser garantido o acesso às imagens pela Polícia Civil, pela perícia oficial e pelos diretamente envolvidos, preservando as imagens por um mínimo de 30 dias.

Direitos
O PL 3/23 lista ainda direitos da mulher no âmbito dessa prevenção, a serem observados pelo estabelecimento, como ser prontamente protegida pela equipe do local para relatar o constrangimento ou violência; ser informada sobre os seus direitos; ser imediatamente afastada e protegida do agressor; e ter respeitadas as suas decisões em relação às medidas de apoio previstas.

Caberá à mulher definir se sofreu constrangimento ou violência e, se ela decidir deixar o local, deverá ser acompanhada até o seu transporte.

Princípios
Dentro do Protocolo “Não é Não”, o substitutivo de Renata Abreu determina a observância de quatro princípios:
- respeito ao relato da vítima sobre o constrangimento ou violência sofrida;
- preservação da dignidade, da honra, da intimidade e da integridade física e psicológica da vítima;
- celeridade no cumprimento do protocolo; e
- articulação de esforços públicos e privados para o enfrentamento ao constrangimento e à violência.

Quanto a essa articulação de esforços, o texto prevê que o poder público promoverá campanhas educativas sobre o protocolo e ações de formação periódica para conscientização sobre o mesmo e para sua implementação. Essas ações serão voltadas aos empreendedores e trabalhadores dos estabelecimentos.

Selo
O PL 3/23 cria também o Selo “Não é Não” – Mulheres Seguras, a ser concedido pelo poder público a qualquer outro estabelecimento comercial não abrangido pela obrigatoriedade de cumprimento do protocolo.

Vinculada ao selo, deverá ser divulgada uma lista dos locais que o possuírem, classificados como local seguro para mulheres.

Penalidades
O descumprimento, total ou parcial, do Protocolo “Não é Não” implicará em advertência e em outras penalidades previstas em lei. Já para as empresas que tiverem o selo, elas o perderão e também serão excluídas da lista de “Local Seguro para Mulheres”.

*Agência Câmara de Notícias

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 5, o projeto de lei que institui uma política nacional de linguagem simples em órgãos públicos. Nele, foi incluída a proibição do uso de linguagem neutra. Pelo texto, "novas formas de flexão de gênero e número das palavras da língua portuguesa", como "todes", não poderão ser usadas em comunicações com a população. A proposta, agora, será analisada pelo Senado.

O projeto de 2019, de autoria de Erika Kokay (PT-DF), foi aprovado com o substitutivo do relator Pedro Campos (PSB-PE). Ele não tratava sobre a utilização da linguagem neutra na administração pública. Após a aprovação do texto, os deputados aprovaram a emenda de Junio Amaral (PL-MG) sobre o tema.

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"A recente linguagem neutra, usada ideologicamente, não se enquadra na finalidade de uma linguagem simples, clara e objetiva", diz Amaral na justificativa da emenda.

A linguagem neutra, também conhecida como linguagem não-binária, tem por objetivo adaptar a Língua Portuguesa com o uso de expressões que não marquem gênero (masculino e feminino) para que mais pessoas se sintam representadas ao falar e se expressar.

Artigos femininos e masculinos são trocados por "x" e "e", em alguns casos. Assim, palavras como "amigo" vira "amigue", "namorado" torna-se "namorade", entre outras variações. Há também o termo "elu", usado para se referir a qualquer pessoa, independentemente do gênero.

Desde o início do governo Lula, há o emprego da linguagem neutra em reuniões e cerimônias oficiais. Logo em janeiro, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, saudou o público em um evento com um "boa tarde a todos, todas e todes".

Nas redes sociais, Junio Amaral se referiu à linguagem neutra como "aberração linguística" e comemorou a aprovação da emenda. "Em um projeto da esquerda que versa sobre 'linguagem simples', incluímos uma emenda que acabou jogando contra eles, vitória do Brasil. Ficamos felizes, mas nem TODES", escreveu.

Nesta quarta-feira, 6, Erika Kokay, autora do projeto, afirmou que a emenda aprovada "agride a democracia". "Primeiro porque nada tinha a ver com o projeto que votávamos, que instituía a comunicação simples em documentos oficiais para garantir transparência e cidadania. Outra agressão é uma incontrolável transfobia. Excluir a população trans e não-binária da língua portuguesa não é ignorância. É parte de um projeto violento, que não quer mudar o país que mais mata a população LGBTQUIAP+ do mundo", afirmou no X (antigo Twitter).

Projeto trata sobre linguagem simples em comunicações de órgãos públicos

O projeto de lei propõe que a linguagem simples reúna "o conjunto de práticas, instrumentos e sinais usados para transmitir informações de maneira simples e objetiva, a fim de facilitar a compreensão de textos".

A proposta define que as comunicações em linguagem simples são as que "as ideias, as palavras, as frases e a estrutura são organizadas para que o leitor encontre facilmente o que procura, compreenda o que encontrou e utilize a informação". Se o público do texto for a comunidade indígena, o texto sugere que seja feita a tradução correspondente ao idioma do destinatário.

Há ainda a recomendação para que, sempre que for possível, documentos oficiais tenham uma versão em linguagem simples, além da original.

Se a proposta se tornar lei, a administração pública precisará seguir as seguintes técnicas, além de seguir o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp):

- redigir frases curtas e em ordem direta;

- organizar o texto para que as informações mais importantes apareçam primeiro;

- desenvolver uma ideia por parágrafo;

- usar sinônimos de termos técnicos e de jargões ou explicá-los no próprio texto;

- evitar palavras estrangeiras que não sejam de uso corrente;

- organizar o texto de forma esquemática quando couber, com o uso de listas, tabelas e gráficos.

Se a proposta for aprovada no Senado, órgãos e entidades da administração pública direta e indireta deverão definir, em até 90 dias após a publicação da lei, um responsável pelo tratamento da linguagem simples. Municípios com até 50 mil habitantes ficam isentos de aplicar a norma caso tenham que aumentar despesas.

O ex-ministro da Fazenda Pedro Malan disse nesta quarta-feira, 6, que as eleições de 2024, quando serão escolhidos 5.568 prefeitos e mais de 58 mil vereadores, vai redesenhar o mapa dos pesos relativos dos principais políticos do Brasil. Isso, de acordo com ele, vai ser determinante na escolha de dois cargos que são fundamentais na República: os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. "Um é o terceiro na linha sucessória e o outro é o quarto", lembrou.

"Isso desmanchará imediatamente o processo que vem tendo lugar desde o começo deste ano, que é sucessão de Arthur Lira à Presidência da Câmara. Ele não poderá ser eleito e já deve estar pensando em seu futuro, em ser ministro de alguma coisa no atual governo, e já tem quatro candidatos estabelecidos lá e conhecidos. Cada um deles gostaria de ter o apoio do governo, já que o PT, tendo apenas 13% dos votos no Congresso, dificilmente fará uma tentativa de eleger um presidente da Câmara para chamar de seu. Vai apoiar alguém", analisou Malan.

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Para ele, o processo de negociações começará de maneira mais intensa a partir do resultado das eleições de 2024 e esse cenário passará a ser acompanhado com lupa pela imprensa e pelos agentes econômicos, que por obrigação de ofício tentarão formar suas expectativas sobre os custos de eventos futuros.

Em seguida, de acordo com o ex-ministro, assim que forem eleitos os presidentes da Câmara e do Senado e formadas as comissões parlamentares, em março de 2025, serão iniciadas também imediatamente as negociações para a eleição presidencial de 2026.

"E os termos do debate e o estágio em que se encontrará a economia naquele momento serão fundamentais. Eu gostaria que estivéssemos discutindo uma agenda eu fosse para além de 2026, mas temos que chegar até lá. Mas acho que nesse processo de ter que chegar até lá nós tivemos algumas coisas positivas na área macroeconômica, como o regime de taxa de câmbio flutuante e que vem servindo bem o País", disse, acrescentando não conhecer alguém que tenha aventado a mudar a taxa de câmbio flutuante no Brasil.

Ele citou também como outra linha de defesa a adoção de metas de inflação, que não são do Banco Central, e sim de uma decisão política de cada governo, que pode estabelecer qual a melhor meta e ao BC cabe correr atrás.

"O governo se reserva ao direito de definir a meta porque tem dois ministros no Conselho Monetário. Outra coisa positiva que conseguimos foi a independência operacional do BC. Eu nunca gostei do termo independência porque quem define a meta é o governo. O BC só operacionaliza a meta através das decisões que toma", disse.

A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira (5), regime de urgência ao projeto de lei que proíbe a utilização de cerol ou produto semelhante em fios ou linhas de pipas ou papagaios. Com essa medida, a proposta pode ser colocada na pauta de votação do plenário a qualquer momento.

De autoria da ex-deputada Nilda Gondim, a iniciativa considera cerol "a mistura de pó de vidro ou material análogo (moído ou triturado) com a adição de cola de madeira ou outra substância glutinosa, passada na linha de 'pipa ou papagaio' para torná-la aguda e cortante".

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A medida tem por objetivo evitar acidentes, pois o material cortante "é capaz de provocar lesões, mutilações ou pior ainda, causar a morte".

De acordo com a medida, os mais vulneráveis são os motociclistas e os ciclistas.

O texto prevê penas de acordo ao determinado na legislação penal brasileira para os infratores.

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, disse que irá processar o deputado Marcos Pollon (PL-MS) por associá-lo ao Comando Vermelho. A fala aconteceu em uma audiência na Câmara dos Deputados repleta de trocas de provocações e ataques entre Silvio, parlamentares petistas e da oposição, composta por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Para o chefe da pasta, Pollon fez uma "insinuação criminosa". O congressista questionou se Silvio teria ligação com o a organização criminosa antes ou depois de entrar no governo. O ministro foi à Casa prestar esclarecimentos sobre a participação de Luciane Barbosa Farias, "a dama do tráfico de Amazonas", em um evento promovido pela pasta, em novembro.

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"O senhor como advogado, tinha relações anteriores com o Comando Vermelho ou essas relações só se derem depois da sua posse como ministro?", perguntou Pollon. "Vossa Excelência faz uma pergunta que insinua uma vinculação minha como advogado ao Comando Vermelho. O que o senhor está fazendo agora, o senhor está fazendo uma insinuação caluniosa e difamatória", respondeu Almeida.

Pollon prosseguiu com a pergunta, o que motivou Silvio a seguir com a ideia de processá-lo. "Uma vez que o senhor fez esse tipo de pergunta, sendo um advogado experiente, sabe muito bem que esse tipo de pergunta traz embutida um tipo de insinuação que é criminosa. E eu vou tomar as providências cabíveis porque o senhor não pode fazer isso com um ministro de Estado e um pai de família como eu sou", concluiu o ministro.

Bia Kicis (PL-DF), presidente da Comissão de Fiscalização e Controle, que realizou a audiência com o ministro, defendeu o questionamento de Pollon. "Nós temos imunidade parlamentar para perguntar. Somos absolutamente imunes. Aqueles que querem relativizar a nossa imunidade, nós iremos nos unir contra isso. Aqui não houve cometimento de crime algum", afirmou.

A audiência na Câmara desta terça-feira, 5, atendeu a 14 diferentes requerimentos parlamentares e pedem esclarecimentos sobre a participação Luciane Barbosa Farias em evento promovido pelo ministério. Luciane é casada com Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, condenado a 31 anos de prisão.

Durante anos, ele figurou como o "número um" na lista de foragidos da polícia amazonense. Em 2018, a denúncia do Ministério Público que resultou em sua condenação o descreveu como indivíduo de "altíssima periculosidade, com desprezo à vida alheia, ostentador de poder econômico do tráfico de drogas e não indulgente para com devedores".

Ela esteve em Brasília ao longo deste ano, foi recebida duas vezes no ministério da Justiça e Segurança Pública, caso revelado pelo Estadão, e participou do IV Encontro Nacional de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura, evento promovido pelo ministério dos Direitos Humanos. Luciane teve, passagens para Brasília pagas pela pasta.

O ministro defendeu que a ida a indicação e a supervisão dos convidados do encontro cabia ao Estado do Amazonas. Ele também disse que não houve irregularidades por parte da pasta, que a emissão da passagem atendia aos filtros existentes no ministério e que ela não tinha condenação àquele momento. Por fim, Almeida sustentou que nem ele e nem ninguém próximo a ele teve ligação com Luciane. "Nunca vi e nunca me reuni, nem eu, nem meus secretários, nem meus assessores diretos", disse.

Essa foi não foi a única troca de provocações entre o ministro e os deputados bolsonaristas. Mesmo no início da sessão, Silvio ironizou um pedido de impeachment feito contra ele. Ele chamou de uma peça de "quinta categoria. "Trata-se de um pedido que é absolutamente constrangedor", afirmou.

O documento produzido por deputados bolsonaristas foi endereçado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Silvio pontuou que quem avalia um pedido de impeachment de um ministro de Estado, segundo a lei do impeachment, é o Supremo Tribunal Federal (STF). "É uma peça jurídica de quinta categoria e que se fosse a prova da OAB, a pessoa que o fez não passaria", disse.

Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, perguntou se o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, seria um "negro fake" ou "negro trans", falando da autoafirmação racial de Dino e novamente falou da da participação "dama do tráfico" em evento promovido pela pasta.

"É necessário que observemos o princípio da moralidade, inclusive quando pensamos nas pessoas que trabalham conosco. Eu não acho que está de acordo com o princípio da moralidade empregar miliciano no gabinete, fazer homenagem a miliciano, levar drogas no avião da FAB, eu acho que tudo isso também deve ser de acordo com o princípio da moralidade", respondeu Silvio.

A discussão voltou para a questão racial. "O que me intrigou muito, em que pese o tema do convite, é que o deputado venha me perguntar sobre questões raciais e quero saber qual o motivo dessa pergunta, dirigida a mim. Acho muito estranha. Deve ter algum motivo para que essa pergunta tenha sido a mim dirigida. O deputado deveria ter mais respeito a essa questão e não tem a menor respeito à questão racial, pelos negros brasileiros", disse o ministro. "O Lula tem?", retrucou Eduardo. "O senhor não está me respeitando. Eu só peço que o senhor me respeite.", devolveu Silvio.

O bate-boca mais intenso aconteceu entre Silvio e o deputado Kim Kataguiri (PL-SP). O parlamentar perguntou sobre a ida de Luciane a um evento promovido pela pasta, sobre o enfrentamento ao crime organizado e o contingenciamento do governo Lula no campo da Saúde e Educação. Silvio afirmou que Kim fez as perguntas com a finalidade de chamar atenção nas redes sociais.

"O senhor vai recortar esse vídeo e dizer que venceu um debate que o senhor nunca se propôs a fazer", afirmou. Para o ministro, o Movimento Brasil Livre (MBL), grupo o qual Kim faz parte, é responsável "pela deterioração do debate público no Brasil" e a "desestabilização da democracia brasileira". A presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, Bia Kicis (PL-DF), interrompeu o ministro e disse que ele estava apenas prosseguindo em ataques ao parlamentar. "A senhora está me interrompendo", reclamou Silvio. "Eu estou interrompendo porque o senhor passou da sua resposta para o ataque ao parlamentar e ao grupo político. O senhor é o ministro de toda a população.", disse Kicis.

Kim respondeu dizendo que o ministro fez um "chilique". "Não entendo esse desespero por parte do ministro e deputados da base do governo. Vossa excelência está convidado a assinar o meu canal", provocou. "Todas as perguntas incômodas ao ministério não foram respondidas porque Vossa Excelência não possui as respostas."

O deputado Kim Kataguiri (União-SP) protocolou, nesta sexta-feira (1º), um projeto de lei contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que responsabiliza jornais, revistas e portais jornalísticos por declarações de seus entrevistados contra terceiros se houver "indícios concretos" de que a informação é falsa.

O texto, que tem a coautoria do deputado Mendonça Filho (União-PE), diz que as empresas jornalísticas "não podem ser responsabilizadas civilmente por fala de entrevistado, mesmo se à época da publicação havia indícios concretos da falsidade de imputação e se o veículo deixou de observar o dever de cuidado na verificação da veracidade dos fatos".

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"A decisão do STF é o pior retrocesso para a liberdade de expressão da história da Nova República. Ela fere de morte o jornalismo investigativo e cria uma blindagem ainda maior para a elite política corrupta do nosso País", disse Kataguiri. "Não podemos entrar para o rol de países que não respeitam a liberdade de imprensa."

Os parlamentares ainda pretendem coletar assinaturas para elaborar um projeto de emenda à Constituição (PEC) que também trate do tema. Para isso, eles precisarão coletar 71, ou seja, 1/3, das assinaturas da Câmara.

"Com todo respeito aos ministros, acho que é um gravíssimo equívoco", disse Mendonça Filho. "Não vai ser cerceando a liberdade de expressão e da imprensa que vai se combater o ódio da extrema esquerda e direita. É um remédio que vai virar veneno contra a democracia."

Como mostrou o Estadão, associações de imprensa temem que o entendimento comprometa entrevistas ao vivo e especialistas projetam que a tese fixada pelos ministros poderá estimular a autocensura nas redações.

O julgamento do tema foi concluído em agosto, no plenário virtual do STF, mas a tese ainda não havia sido definida. Os ministros decidiram que os veículos da imprensa podem ser punidos na esfera cível, por danos morais e materiais, mas apenas se ficar provado que não checaram as informações divulgadas.

A tese tem repercussão geral, ou seja, funcionará como diretriz para todos os juízes e tribunais do País.

A proposição de Kim Kataguiri e Mendonça Filho faz parte de mais uma das empreitadas do Congresso Nacional contra decisões recentes do STF. Assim acontece em questões polêmicas como aborto, legalização de drogas e o marco temporal.

O relógio marcava 0h39 da madrugada desta quinta-feira, 30, e já era feriado em Brasília quando a Câmara dos Deputados aprovou um pacote de projetos que acelera o envio de verbas a redutos eleitorais e diminui o controle sobre licitações de prefeituras. As propostas são criticadas por especialistas, que apontam riscos de desvios, falta de transparência e até formação de cartéis.

Um dos projetos, apresentado pelo deputado Otto Alencar Filho (PSD-BA), permite que prefeituras embarquem em licitações de outros municípios comprando os mesmos produtos dos mesmos fornecedores sem abrir uma nova licitação.

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O modelo é chamado de ata de registro de preços e serve apenas para compras recorrentes de coisas comuns, como copos descartáveis, materiais de limpeza e alimentos, mas já foi adotado em compras com suspeitas de irregularidades, como asfalto do orçamento secreto, kits de robótica com indícios de superfaturamento e bistecas nunca entregues em aldeias indígenas.

No total, foram aprovados quatro projetos apensados em uma única proposta, o que acontece normalmente quando propostas sobre o mesmo tema são apresentadas. O pacote foi aprovado com 307 votos favoráveis, 27 contrários e uma abstenção.

O relator, deputado Elmar Nascimento (União-BA), não estava mais na Câmara e quem leu o parecer foi o deputado Domingos Sávio (PL-MG). O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também havia deixado o local antes da deliberação. A maioria dos deputados votou remotamente, pelo celular. No momento da aprovação, a quantidade de deputados presentes no plenário não passava de 50.

"Nós não sabemos o que estamos votando. Eu não posso nem ser contra, nem a favor, porque nós não sabemos", disse a deputada Julia Zanatta (PL-SC), que votou contra. O deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB) votou a favor e admitiu que foi "convencido" por líderes partidários que o projeto era bom, mas criticou a votação relâmpago na madrugada. "Precisamos ter previsibilidade e saber o que estamos votando", disse.

O bloco da Maioria, que reúne os partidos com o maior número de parlamentares, não orientou a votação. "Vou seguir a maioria e vou embora. A Maioria foi embora, presidente", disse o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), provocando risos entre os colegas. Ele votou contra.

Projeto cria repasse antecipado antes da realização de obras em municípios

O pacote deve facilitar o envio de verbas federais, incluindo as emendas parlamentares, para prefeituras em 2024, ano de eleições municipais. Prefeitos pressionam congressistas por envio mais rápido de dinheiro e entregas antes da disputa.

Outro projeto do pacote aprovado, de autoria da senadora Tereza Cristina (PP-MS), cria um regime simplificado para o envio de recursos federais a municípios que assinam convênios para receber a verba e fazer as obras.

Com a proposta, se o projeto custar até R$ 1,5 milhão, o dinheiro vai cair de uma só vez, de forma antecipada, e só depois a prefeitura vai executar o serviço. Antes, o pagamento era feito em parcelas e dependia do andamento da obra, o que gerava um controle maior, mas também reclamações de prefeitos e parlamentares em função da demora.

Além disso, se a obra custar menos do que o repasse enviado pelo governo federal, a prefeitura não terá mais que devolver o restante e poderá usar a sobra para ampliar o projeto. Por exemplo, se planejou pavimentar 20 ruas, poderá asfaltar mais cinco.

O modelo é uma resposta ao uso da Emenda Pix, revelada pelo Estadão, que também envolve o repasse direto de recursos para prefeituras, mas não é fiscalizada e tem provocado críticas de especialistas e órgãos de controle.

O regime simplificado prevê transferência direta e antecipada, mas ainda mantém a fiscalização federal com exigências técnicas como plano de trabalho, licenciamento ambiental e relatórios de acompanhamento, o que não acontece com a Emenda Pix.

A adesão à Emenda Pix cresceu e pode atingir R$ 12 bilhões em 2024, ano de eleição municipal, mas o uso tem incomodado alguns parlamentares, pois os prefeitos podem fazer o que quiser com o dinheiro e muitos não gastam conforme a indicação do congressista.

Proposta autoriza propostas sigilosas em licitações acima de R$ 1,5 milhão

O mesmo projeto abre uma brecha para diminuição da transparência em licitações e até a formação de cartéis. Em licitações com valores acima de R$ 1,5 milhão, empresas vão oferecer propostas de forma sigilosa para obras de engenharia, assistência técnica e serviços de limpeza urbana.

Nesse formato, chamado de modo de disputa fechado, as propostas de quem está interessado em vencer a licitação só são conhecidas no momento da divulgação e da abertura de todos os lances apresentados - o que pode facilitar a formação de conluios entre empreiteiras. O modelo já existe, mas o projeto diz que, nas compras acima de R$ 1,5 milhão, essa vai ser a regra.

Para o procurador de Justiça e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, o pacote traz preocupações no momento em que o valor das emendas parlamentares aumenta e a fiscalização diminui. "Os ingredientes do projeto nos mostram que a situação é gravíssima e, se tiver problema em uma licitação, o vício vai contaminar as licitações que embarcarem na mesma contratação", disse. "Não se elimina a burocracia desrespeitando o patrimônio público. O projeto pode gerar uma concentração de mercado, que é nociva e vai na contração do próprio princípio da licitação."

O relator do pacote, Elmar Nascimento (União-BA), afirmou no parecer que a proposta gera maior rapidez e eficiência nas compras e contratações por parte dos municípios. Agora, o texto dependerá de sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Precisamos acabar com esse negócio de obra inacabada no Brasil e de perder dinheiro público porque não se consegue concluir uma licitação adequada", disse o deputado Domingos Sávio (PL-MG).

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos aprovou nessa quarta-feira, 29, o relatório final sem o nome do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Marco Edson Gonçalves Dias, o G Dias.

Com a decisão, a CPI sugeriu o indiciamento de 135 pessoas. Dessas, apenas três estavam em cargos de chefia: o coronel Marcelo Casimiro, que chefiava o 1º Comando de Policiamento Regional (CPR); o delegado Fernando Souza de Oliveira e a coronel Cíntia Queiroz de Castro, da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSPDF). O documento será enviado ao Ministério Público.

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Os outros 132 nomes são DE bolsonaristas acusados de financiarem os atos golpistas ou de terem participado dos ataques no dia 8 de janeiro, como a extremista Ana Priscila Azevedo.

O nome de G Dias estava inicialmente no relatório do deputado Hermeto (MDB), mas foi retirado após articulação do presidente da CPI, o deputado Chico Vigilante (PT). Quatro deputados votaram a favor do requerimento, e três optaram por manter o general na lista de indiciados.

Por outro lado, Vigilante atuou para barrar tentativa de seus aliados de incluir no relatório o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus ex-ministros.

O deputado distrital Gabriel Magno (PT) apresentou requerimentos para que a CPI sugerisse o indiciamento do ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres, do governador Ibaneis Rocha (MDB) e de membros da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) - que, inclusive, estão presos em decorrência dos atos -, mas Vigilante foi taxativo ao dizer que só seria possível excluir nomes no texto, e não incluir.

O relatório final foi aprovado por seis votos a um - o único dissidente foi o deputado Fábio Felix (PSOL), que chegou a elaborar um relatório paralelo com os nomes de Bolsonaro, Torres e Augusto Heleno, por exemplo, mas não teve apoio.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, foi exonerado, a pedido, do cargo, conforme Decreto publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira, 30. No entanto, a saída deve ser temporária. Sabino deve reassumir seu mandato de deputado federal para apresentar emendas de seu interesse à Lei Orçamentária Anual de 2024.

A prática é comum entre ministros que têm mandato parlamentar. Na semana passada, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também pediu exoneração do cargo, reassumiu sem mandato de senador para ordenação de emendas parlamentares e dois dias depois voltou ao ministério.

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A edição desta quinta-feira do DOU traz ainda decreto que designa Carlos Henrique Menezes Sobral para exercer o cargo substituto do ministro do Turismo no período de 30 de novembro a 3 de dezembro, período em que Sabino deve ficar fora da pasta.

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (29) o projeto de lei que torna o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, feriado nacional. O texto já tinha sido aprovado pelo Senado e, agora, vai à sanção presidencial. Pelo projeto, a data será chamada Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

Foram 286 votos a favor, 121 contra e duas abstenções. Atualmente, a data é feriado em seis estados - Mato Grosso, Rio de Janeiro, Alagoas, Amazonas, Amapá e São Paulo – e em mais de 1.000 cidades por meio de leis municipais e estaduais.

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A data é uma homenagem a Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, morto em 1695, e símbolo de resistência contra a escravidão.

“Zumbi dos Palmares foi um homem que conseguiu manter a chama viva, ardente em nossos corações, nas nossas veias, nas nossas almas, que fez com que esse Brasil pudesse reconhecê-lo como herói da pátria brasileira. Não herói dos negros, é herói da pátria brasileira. Não é apenas um feriado qualquer, é uma história do Brasil”, disse a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que falou em nome da bancada governista.

A relatora Reginete Bispo (PT-RS) disse que a data servirá para aumentar os esforços de combate ao racismo e de promoção da igualdade racial. "Talvez pareça a muitos uma iniciativa menor, meramente simbólica. Mas não o é. Porque símbolos são importantes. São datas alusivas ao que o país considera mais relevante em sua história", disse.

Para os deputados contrários, a declaração de feriado prejudica setores da economia e a data deve ser estipulada por assembleias estaduais e municipais, como é atualmente. "No mês de novembro já temos muitos feriados, isso teria de ser decisão das câmaras municipais", argumentou o deputado Professor Paulo Fernando (Republicanos-DF).

Desde 2003, as escolas passaram a ser obrigadas a incluir o ensino de história e cultura afro-brasileira no currículo. Em 2011, a então presidente Dilma Rousseff oficializou o 20 de novembro como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

"Vitória Expressiva"

À Agência Brasil, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, celebrou a aprovação do projeto. Para ela, simboliza a importância da luta dos movimentos negros para a história do Brasil.

"É uma vitória expressiva e simbólica para o povo brasileiro. As datas comemorativas e feriados nacionais guardam e revelam valores que são importantes para uma nação, e ter o Dia da Consciência Negra uma data de luta dos movimentos negros, tendo sua vitória reconhecida, é de grande valor para a construção da memória deste país".

O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) sobre os ataques do dia 8 de janeiro pede o indiciamento de 136 pessoas, mas apenas quatro autoridades, entre elas o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Marco Edson Gonçalves Dias, o G Dias.

O texto do relator deputado Hermeto (MDB) poupou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus ex-ministros Anderson Torres, Braga Netto e Augusto Heleno - todos eles com pedidos de indiciamentos pela CPMI do Congresso Nacional que tratou do mesmo assunto. O governador Ibaneis Rocha (MDB), que foi alertado sobre risco de ataques também não foi indiciado. O relatório sequer se debruça sobre a conduta do gestor.

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O texto também poupa membros da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) que, inclusive, estão presos em razão dos ataques golpistas. Hermeto sugeriu o indiciamento apenas do coronel Marcelo Casimiro, que chefiava o 1º Comando de Policiamento Regional (CPR), além da coronel Cíntia Queiroz de Castro e do delegado Fernando de Souza Oliveira, que eram da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSPDF).

Hermeto é subtenente da PMDF e atuou para aliviar a culpa dos agentes. No próprio relatório, ele aproveita para pedir aumenta salarial dos policiais. "O salário do Policial Militar do Distrito Federal há anos vem sofrendo perda do poder de compra. Uma boa remuneração é fundamental para a motivação profissional", afirma o relator, ao também pleitear a equiparação dos salários da Polícia Civil do DF com a Polícia Federal.

O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-comandante do Comando Militar do Planalto (CMP), e o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-braço direito de Bolsonaro, também se safaram.

O relatório será votado nesta quarta-feira, 29. A CPI da CLDF é composta por sete membros, incluindo o relator, deputado Hermeto, e o presidente Chico Vigilante (PT), que demonstra apoio ao texto, mas tenta retirar o nome de G Dias dos pedidos de indiciamento. Para que o texto seja aprovado, é necessária o voto de pelo menos quatro integrantes.

A oposição já dá como certa a aprovação do relatório, uma vez que a CPI tem maioria governista. O deputado Fábio Felix (PSOL), contudo, elaborou um texto paralelo que pede o indiciamento de Bolsonaro, dos militares Mauro Cid, Jean Lawand Júnior, Gustavo Dutra, Augusto Heleno, Carlos José Penteado e Carlos Feitosa, e da cúpula da PMDF, como Fábio Augusto Vieira, Klepter Rosa Gonçalves, Jorge Eduardo Barreto Naime, Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, Flávio Silvestre de Alencar e Rafael Pereira Martins.

"O relator deixou o andar de cima do bolsonarismo de fora do relatório. Lamento que ele não tenha tido a coragem de enfrentar os grandes interesses e que tenha fingido que o golpe não teve mentores intelectuais e estimuladores nas instituições brasileiras", afirmou Felix.

O deputado distrital Gabriel Magno (PT) também criticou o texto final de Hermeto. Ele foi um integrante ativo na CPI, mas não faz parte do time titular e, portato, não tem poder de voto sobre o relatório. "É inadmissível não constar o chefe da organização golpista, o ex-presidente Bolsonaro, os generais bolsonaristas que atacaram a democracia, o alto comando da PM e o governador que tirou uma soneca enquanto os golpistas atacavam os prédios da República", disparou ele.

O Ministério da Agricultura instalou na tarde desta terça-feira, 28, a Câmara Temática AgroCarbono Sustentável. O colegiado funcionará como um órgão de consulta do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, na temática de mercado de carbono e métricas de carbono para a agropecuária. "Frango carbono zero, café carbono zero, carne bovina carbono zero estão na nossa mão. Depende do governo fazer funcionar com agenda centralizada e protocolos (padronizados) pela Embrapa", disse o assessor especial do ministro da Agricultura, Carlos Ernesto Augustin, no ato de instalação do colegiado na sede da pasta.

A câmara será presidida pelo assessor especial do ministro, José Angelo Mazzillo Junior. Segundo Augustin, Fávaro receberá representantes das câmaras temáticas todas as terças-feiras. O colegiado terá quatro grupos de trabalho: taxonomia do agro, carbono e metrificação do agro, rastreabilidade e certificação e atração de investidores. Além da de carbono, o ministério conta com outros 37 colegiados temáticos e setoriais.

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A presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Silvia Massruhá, defendeu uma agenda sistêmica e organizada para a temática do carbono. "Temos protocolos de baixo carbono desde 2018. Temos a calculadora de carbono e temos responsabilidade de gerar as métricas. Essa temática tem que ter sustentabilidade para manter a articulação", afirmou Silvia na instalação da câmara.

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou, na quarta-feira (22),um projeto de lei (PL) que classifica a doença diabetes mellitus tipo 1 como uma deficiência. Por ter sido votada em caráter conclusivo, em que o projeto é apenas analisado pelas comissões designadas para analisá-lo, a proposta segue para apreciação do Senado.

A ideia do projeto é dar visibilidade aos portadores da enfermidade. "O País não conta com uma política pública estruturada", diz a justificativa da proposta.

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O Ministério da Saúde considera diabetes mellitus uma síndrome metabólica causada pela ausência insulina no organismo e pela incapacidade desse hormônio exercer de maneira satisfatória seus efeitos no corpo humano. A doença tem por característica altos níveis de açúcar no sangue de forma permanente.

De acordo com os autores do projeto de lei, deputados Flávia Morais (PDT-GO) e Dr. Zacharias Calil (União-GO), a iniciativa tenta minimizar variadas complicações da doença. Quando não tratada, a diabetes pode causar perda da visão, complicações renais crônicas, amputações, cardiopatias, além de transtornos alimentares e quadros depressivos. Os parlamentares ainda afirmam no texto que "menos de 25% dos pacientes apresentam controle adequado da doença".

Segundo os deputados, aprovação do projeto de lei pode colocar o Brasil entre os países que seguem a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) na classificação da doença. A instituição internacional define deficiência como doença que causa desigualdade, em razão de problemas no corpo, impõe limitações para atividades, gerando desafios e restringe na execução de tarefas diárias normais.

Durante sessão deliberativa, deputados salientaram que as pessoas insulinodependentes não podem prestar concurso público que exija atividades físicas ou exerce atividade na iniciativa privada que envolvam diretamente máquinas e equipamentos veiculares.

Um projeto de lei que obriga os motoristas do transporte privado a possuírem dinheiro para troco nas corridas tramita na Câmara dos Deputados. A proposta prevê que, ao transportarem passageiros, eles disponham de dinheiro em espécie para devolver ao consumidor, caso o serviço seja pago também em espécie.

A punição prevista no PL 4126/23 é de que a corrida seja gratuita caso o motorista não seja capaz de oferecer o troco. O projeto é de autoria do deputado Marcos Soares (União-RJ) e já tramita em caráter conclusivo nas comissões de Viação e Transportes; de Defesa do Consumidor; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Caso ele seja aprovado nas três, segue para o Senado sem precisar passar pelo Plenário.

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A medida abarca motoristas de transporte privado no geral, incluindo os que fazem as corridas utilizando aplicativos. Se aprovada, ela altera a Política Nacional de Mobilidade Urbana, adicionando as diretrizes específicas referente à disponibilidade de troco.

O deputado Marcos Soares, autor do projeto, justifica que ele deve combater o que chamou de práticas abusivas contra o consumidor que, "não raras as vezes", passa pela situação que o texto descreve como "constrangimento desnecessário".

 

A Câmara aprovou, nessa terça-feira (21), um requerimento de urgência para acelerar a tramitação do projeto de lei que torna o Dia da Consciência Negra feriado nacional. Foram 303 votos a favor, 115 contra e duas abstenções. Agora, o mérito da proposta poderá ser analisado pelos deputados nas próximas sessões do plenário, sem precisar passar antes por comissões. O projeto foi aprovado pelo Senado em 2021.

O PL e o Novo foram os únicos partidos que orientaram seus parlamentares a rejeitar o requerimento de urgência. Nesta segunda-feira (19), integrantes da bancada negra, criada recentemente, pediram ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que desse prioridade ao projeto que unifica o feriado do Dia da Consciência Negra em todo o País - hoje, o 20 de novembro é feriado em apenas seis Estados.

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Coordenador-geral da bancada negra, o deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB) afirmou ontem, em entrevista coletiva, que o grupo "não é da esquerda nem da direita". Ele também ressaltou que a direção da bancada é formada por políticos de todas as matizes ideológicas, do PT ao PL e do União Brasil ao PSOL. O grupo tem feito reuniões com uma série de autoridades em Brasília para tratar da questão racial e quer um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O deputado do União foi eleito por aclamação ontem para coordenar a bancada por um período de um ano. As vice-coordenadoras serão as deputadas Benedita da Silva (PT-RJ), Silvia Cristina (PL-RO) e Taliria Petrone (PSOL-RJ). A eleição ocorrerá sempre no dia 20 de novembro de cada ano. Segundo Damião Feliciano, a intenção da bancada, ao ter lugar no Colégio de Líderes da Câmara, é ter resultados concretos na redução das desigualdades raciais e no combate ao preconceito.

"Se a gente fizer uma lei por ano que melhore a questão da igualdade racial, estamos satisfeitos. Se forem duas leis, melhor ainda", disse Feliciano. "Queremos resultado, transformação. É uma política não só de resgate da História, mas de justiça", emendou. "A bancada negra não é da esquerda nem da direita", afirmou, ao apresentar Silvia Cristina como representante da direita e Taliria Petrone e Benedita da Silva, da esquerda.

"Não temos nenhuma preocupação com divergências, porque a gente não vai divergir entre nós, vamos incluir a todos em um projeto de País", respondeu o líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA), ao ser questionado sobre possíveis discordâncias internas devido às diferenças ideológicas.

Brito foi o relator do projeto de resolução que criou a bancada negra. "É ter a total consciência de que brancos e pretos são iguais. Queremos a igualdade, homens e mulheres negros estão sub-representados na política, e nós vamos mudar isso a partir dessa bancada negra", declarou o líder do PSD.

Taliria Petrone, por sua vez, disse que não há democracia possível quando parte da população "não cabe" nela. "Não é um detalhe para a democracia brasileira a gente ter agora uma bancada negra institucionalmente representando a Câmara", afirmou a deputada, que foi autora do projeto de resolução em conjunto com Damião Feliciano. "Isso é histórico, é o reconhecimento deste Parlamento de que há racismo no Brasil, mas, mais do que isso, um anúncio de que este Parlamento está pronto para atender as demandas da população negra", acrescentou.

A criação da bancada negra foi aprovada no último dia 1º pelo plenário da Câmara. Na ocasião, o único partido contrário foi o Novo. O PL liberou seus parlamentares para votar como quisessem e todas as outras siglas orientaram seus deputados a apoiar o projeto. Nos moldes da bancada feminina, o grupo tem assento no Colégio de Líderes e direito a cinco minutos semanais de fala na tribuna. Não há aumento de gastos da casa legislativa.

São 31 deputados que se autodeclaram pretos e 91 que se identificam com a cor parda. O cálculo é de que a bancada negra, com cerca de 130 integrantes, corresponde a aproximadamente 24% dos 513 parlamentares da Câmara.

Ao argumentar no plenário a favor da criação da bancada negra, em 1º de novembro, Antonio Brito disse que o movimento era coerente com uma emenda constitucional aprovada pelo Congresso em 2021 que determinou que os votos dados a candidaturas de mulheres ou negros nas eleições realizadas de 2022 a 2030 contarão em dobro para fins de distribuição dos recursos dos fundos eleitoral e partidário entre os partidos.

"Esse gesto não é contra ninguém, é a favor de todos nós. Esse gesto é a demonstração de que nós não podemos só ver pretos e pretas para ter fundo eleitoral de partido, nem para PEC de anistia para partido que não cumpre. Nós queremos ver pretos e pretas compondo esta Casa e honrando o nosso País", declarou Brito, na ocasião, em referência a uma proposta que avançou na Câmara este ano para anistiar partidos que não cumpriram a destinação mínima de recursos dos fundos eleitoral e partidário para candidaturas de negros e mulheres.

Uma audiência pública organizada por três comissões da Câmara dos Deputados vai ouvir o ministro da Educação, Camilo Santana, na próxima quarta-feira, 22. Os parlamentares pedem esclarecimentos sobre a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os cortes no orçamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares.

Santana atende a 14 requerimentos feitos por diversos deputados das comissões de Educação; de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; e de Fiscalização Financeira e Controle.

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Três dos parlamentares pedem esclarecimentos sobre a prova do Enem que foi aplicada início do mês, e gerou polêmicas. Os autores da solicitação, deputados Zucco (Republicanos-RS), Capitão Alberto Neto (PL-AM) e Evair Vieira de Melo (PP-ES), consideram que houve politização das provas e discriminação do setor agropecuário.

Tanto na prova de Ciências Humanas, como na de Ciências da Natureza e Matemática, questões relacionadas ao agronegócio cobraram conhecimentos sobre pesticidas e as consequências do desmatamento dos alunos. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) chegou a pedir a anulação de três questões, por, segundo os parlamentares, apresentarem críticas ao setor com "cunho ideológico e sem critério científico e acadêmico".

Uma delas tratou sobre fatores negativos do agronegócio no Cerrado, utilizando o termo "superexploração dos trabalhadores" e citando os efeitos negativos de agrotóxicos. As outras falavam da nova corrida espacial financiada por bilionários e o avanço da produção de soja e as consequências para o desmatamento da Floresta Amazônica.

Há também solicitações dos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO), que questionam o ministro sobre bloqueios e cortes no orçamento da Capes. Como mostrado pelo Estadão, o governo Lula bloqueou R$ 116 milhões previstos para a organização em 2023.

Outro deputado do PL, Junio Amaral (PL-MG) quer que Santana dê mais informações sobre o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares e as políticas de alfabetização do Governo.

Também são temas que deverão ser tratados pelo ministro, por solicitações do deputado Evair Vieira de Melo:

- Limitação de novos cursos de medicina apenas onde faltam médicos;

- Suspensão por 60 dias da implementação do novo Ensino Médio;

- Inclusão do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Comissão Nacional de Educação do Campo;

- Criação de curso de medicina exclusivo para assentados do MST em universidades federais.

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