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A Procuradoria-Geral da República (PGR) recomendou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública que sejam estabelecidas punições, com gradação de responsabilidade, para casos de policiais que deixem de usar ou usem inadequadamente câmeras corporais. "O uso indevido das câmeras sem a devida sanção dificilmente acarretará a efetividade de sua implementação", alerta o Ministério Público Federal.

O órgão sugere ainda que a implementação de câmeras corporais pelos órgãos de segurança dos Estados seja um critério obrigatório para o repasse de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública e do Fundo Penitenciário Nacional - verbas que abastecem as Secretarias de Segurança Pública do o País.

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Ofício

As indicações constam de ofício encaminhado à pasta pela coordenadora da Câmara de Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional, Elizeta Ramos. O documento narra sugestões elaboradas pelo Grupo de Trabalho Interinstitucional Contra o Racismo na Atividade Policial.

O Ministério está em fase de transição. Em breve, quem assumirá a pasta é o ministro Ricardo Lewandowski, que escolheu o procurador-geral de Justiça Mário Luiz Sarrubbo para o posto de Secretário Nacional de Segurança Pública. Nesse ínterim, o órgão abriu uma consulta pública sobre proposta de portaria que trata da Diretriz Nacional sobre Câmeras Corporais em Segurança Pública.

Na lista de sugestões à Justiça, o Ministério Público Federal argumenta que o acionamento das câmeras sem possibilidade de escolha pelo policial é "uma medida muito mais eficaz para a redução da letalidade policial e para a transparência e prevenção da corrupção". "Recomenda-se que essa modalidade seja a única cabível, sobretudo em caso de policiamento ostensivo", diz o texto.

Armazenamento

A Procuradoria também fez sugestões quanto ao período pelo qual os registros das câmeras deve ser armazenados. O rascunho da portaria submetida à consulta pública previa um intervalo de 90 dias, mas o MPF defende a ampliação do prazo.

Argumenta que, no caso de investigações em curso, ele deve corresponder, no mínimo, à duração do inquérito e eventual processo judicial. Também é proposto um intervalo de cinco anos para gravações de ocorrências com resultado morte e lesão corporal grave.

Politizado desde a campanha eleitoral de 2022, o debate sobre a adoção das câmeras nos uniformes das PMs ganhou um novo capítulo no início do ano. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que não iria investir recursos públicos na instalação de mais câmeras nas fardas e alegou que esse tipo de equipamento não protege o cidadão.

Na sequência, o Ministério da Justiça - que, ao longo do primeiro ano sob Dino, não conseguiu cumprir a promessa de aumentar repasses do Fundo Nacional de Segurança Pública para Estados que implantassem a medida - anunciou "diretrizes nacionais" para o uso de câmeras.

Na última segunda-feira, 22, Tarcísio, porém, afirmou que avalia a possibilidade de adquirir mais câmeras corporais para os policiais militares do Estado, relacionando o investimento ao programa estadual de segurança pública "Muralha Paulista".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República receberá reforços com o objetivo de garantir a integridade das instalações presidenciais, como o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada e a Granja do Torto. O reforço está previsto em uma portaria de 2017, mas só começou a ser implementado em 2022, no que é visto pelo próprio gabinete como um atraso que pode ter prejudicado a proteção dos espaços durante os atos golpistas de 8 de Janeiro.

Foram anunciadas na última segunda-feira, 27, medidas que incluem a instalação de 708 novas câmeras de segurança nos ambientes, o que representa um aumento de 1026% no atual sistema, que conta com 69 equipamentos para o monitoramento de seis instalações: os palácios do Planalto, da Alvorada e do Jaburu, além do Pavilhão de Metas, da Granja do Torto e anexos.

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O general Roberto Peixoto, secretário de Segurança Presidencial do GSI, comentou que as câmeras poderiam ter servido para melhores averiguações dos ataques de 8 de Janeiro, se não houvesse atraso na instalação.

Também está prevista a instalação de vidros blindados no térreo do Palácio do Planalto, mas a mudança depende da aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), já que os vidros mais escuros mudam a cor da fachada do prédio histórico. A medida também visa proteger o prédio de cenas como as vistas nos atos antidemocráticos de janeiro.

Outras medidas de segurança anunciadas são a instalação de pinos hidráulicos na base da rampa do Palácio da Alvorada para impedir a passagem de carros, novos painéis para que os seguranças acompanhem as imagens das câmeras de segurança, além de novas guaritas com detectores de metal e raio-x na entrada dos prédios.

Atualmente, a segurança do presidente e de sua família é feita por um efetivo diário de 310 militares do GSI e do Comando Militar do Planalto.

O anúncio dos equipamentos foi feito poucos meses depois do decreto de reestruturação no órgão. Neste ano, o GSI e a Polícia Federal passaram por um embate sobre a segurança do presidente da República. As mudanças no gabinete foram decretadas em agosto, e incluem o desmembramento da Secretaria de Segurança Presidencial em dois departamentos: um totalmente dedicado à segurança presidencial, e, o outro, com atribuições como a coordenação de viagens, eventos e cerimonial.

O governo dos Estados Unidos está doando 400 câmeras corporais ao Brasil, por intermédio do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Segundo a assessoria de imprensa da embaixada norte-americana, o donativo permitirá às forças de segurança pública brasileiras avaliar vantagens e inconvenientes do uso dos aparelhos, enquanto o país desenvolve seu próprio projeto nacional de emprego da tecnologia.

Também será doado um programa de computador (software) de gerenciamento das imagens e vão treinar servidores públicos para operar o sistema. De acordo com a embaixada, somados, câmeras, software e treinamento equivalem a uma transferência de aproximadamente US$ 1 milhão - pouco mais de R$ 4,86 milhões pelo câmbio desta terça-feira (8).

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Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que as câmeras já estão em território brasileiro, na embaixada, que está concluindo os últimos procedimentos burocráticos necessários à entrega dos equipamentos. A expectativa é que os aparelhos sejam liberados até o fim de dezembro.

PRF

Duzentas câmeras serão repassadas à Polícia Rodoviária Federal (PRF), que as empregará no chamado Projeto Estratégico Bodycams (do inglês, câmeras corporais). Desde março deste ano, a corporação vem realizando estudos e testes para acoplar as filmadoras no uniforme de parte de seu efetivo.

Segundo a PRF, o uso das câmeras corporais “visa ampliar e manter a segurança dos agentes rodoviários e das pessoas abordadas nas rodovias federais, aprimorando as práticas da instituição na prestação de serviços à sociedade”.

Em maio deste ano, durante evento para apresentar o projeto estratégico a jornalistas, o diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, citou o episódio em que o sergipano Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, foi morto por asfixia, por policiais rodoviários federais, em Umbaúba (SE), um ano antes.

“Os fatos ocorridos foram traumáticos para nós [PRF] e isso desencadeou algumas recomendações, sobre orientação do próprio ministro da Justiça Flávio Dino”, disse Antônio Fernando sobre a importância das bodycams. “Entendemos o projeto das câmeras corporais como um passo fundamental para o futuro da PRF, por ser esse um instrumento de garantia, não só para a sociedade, mas, na visão da PRF, fundamental para a segurança do próprio policial.”

Consultada pela Agência Brasil, a PRF informou que, por conta da doação norte-americana, a equipe responsável pelo projeto estratégico pretende antecipar algumas das atividades que já estavam previstas para ocorrer no âmbito da preparação do processo licitatório para a futura compra de câmeras.

Ainda segundo a PRF, a gestão e o armazenamento das imagens registradas pelas 200 câmeras doadas por intermédio do Escritório de Assuntos de Aplicação da Lei Internacional de Narcóticos, do Departamento de Estado norte-americano, ficarão sob responsabilidade da empresa fornecedora dos equipamentos – cujo nome não foi confirmado. Já a instalação das câmeras nos uniformes, a coleta e o recebimento das imagens serão de responsabilidade da própria PRF.

Bahia

O Ministério da Justiça e Segurança Pública repassará as 200 câmeras ao governo da Bahia, que também já vinha tocando seu próprio projeto de compra e instalação de câmaras corporais nos uniformes de parte dos policiais estaduais.

Segundo a pasta, a entrega de parte da doação norte-americana à Secretaria da Segurança Pública da Bahia se dará por meio de um acordo de cooperação técnica, no âmbito do Projeto Nacional de Câmeras Corporais.

A elaboração do projeto nacional está a cargo das secretarias de Segurança Pública (Senasp) e de Acesso à Justiça (Saju), do ministério, com a participação de representantes da PRF. A proposta do ministério é estabelecer diretrizes a serem observadas pelas forças policiais e unidades federativas que adotarem a tecnologia.

Em junho de 2020, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), estabeleceu limites à realização de operações policiais em favelas da cidade do Rio de Janeiro durante a pandemia de covid-19. Um ano e meio depois, o plenário da Corte definiu o alcance da decisão liminar de Fachin, determinando, entre outros pontos, que o governo fluminense deveria apresentar, em até 90 dias, um plano visando à redução da letalidade policial e o controle de violações de direitos humanos.

Entre as medidas a serem adotadas estava a instalação, em até 180 dias, de equipamentos de GPS e de sistemas de gravação de áudio e vídeo nas viaturas policiais e nas fardas dos agentes de segurança – iniciativa que, já na época, estava prevista em lei estadual.

No mês passado, quando a morte de um miliciano desencadeou uma série de ataques a veículos, durante os quais criminosos incendiaram ao menos 35 ônibus na zona oeste do Rio de Janeiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, declarou que estender a decisão do STF para as forças de segurança federais era um “obstáculo momentaneamente intransponível” à atuação da Polícia Federal, da Força Nacional e da Força Nacional nas comunidades cariocas.

“Este é um obstáculo intransponível que não temos como atender, neste momento”, disse Dino, ao explicar que, devido a um questionamento do Ministério Público Federal (MPF), foi forçado a rever o plano de enviar a Força Nacional para auxiliar as polícias estaduais em ações nas favelas, concentrando a ação do efetivo da tropa federativa em áreas de competência federal.

Segundo Dino, a atual gestão federal está decidida a adquirir câmeras de vídeo para os uniformes policiais e só não o fez ainda porque o ministério ainda não decidiu qual tecnologia empregar. “Vamos comprá-las. Isso já está decidido desde o começo do governo. Uma missão nossa já foi à China, outra foi aos Estados Unidos, e fizemos, há cerca de 15 dias, uma reunião com todas as policias estaduais discutindo câmeras”, destacou Dino.

“Mas colocar a câmara no uniforme é a parte fácil do processo. O fundamental é saber para onde estas imagens irão? Quais os critérios normativos? Quais os critérios de análise destas imagens e, sobretudo, quais as ferramentas analisarão estas imagens? Porque, evidentemente, não há um policial [apto a analisar as imagens] para cada policial que está na rua. E se as filmagens ficarem em um arquivo morto, isso não fará nenhum sentido”, ponderou o ministro, defendendo uma resolução que se aplique a todo o país.

“Não posso pensar só nas nossas forças. Tenho que pensar de modo coordenado segundo a lógica do Sistema Único de Segurança Pública. As polícias estaduais estão sob autoridade dos governadores. Não adianta eu baixar uma portaria e dizer que a polícia estadual do Amapá vai cumpri-la, porque isso vai depender da decisão do governador”, finalizou o ministro.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF), com apoio da Polícia Militar do Paraná (PMPR), recuperou, na noite dessa terça-feira (19), um veículo que havia sido roubado minutos antes ao lado da sede da Polícia Federal em Foz do Iguaçu/PR. Na ação, foram recuperados outros dois carros e uma arma de fogo usados no assalto e presos três assaltantes.

Por volta das 18h30, equipes da PRF receberam informações de que um veículo roubado circulava nas proximidades da delegacia da PRF. Um policial rodoviário federal de folga, que estava na região, viu o carro e deu ordem de parada aos ocupantes. Os homens saíram correndo, entraram em outros dois carros que estavam próximos e fugiram.

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Outras equipes PRF realizaram buscas na região e encontraram os dois carros que estavam envolvidos no assalto e prenderam três assaltantes, no Parque Presidente. Equipes da PM-PR prestaram auxílio na captura dos criminosos.

Dentro de um dos carros, os policiais encontraram uma arma calibre 12 e cinco cartuchos. Os ocupantes haviam abandonado os veículos ao verem viaturas policiais circulando em sua busca.

Imagens de uma câmera de segurança mostram o momento em que a vítima foi roubada pelos quatro criminosos, no cruzamento das avenidas Paraná e José Maria de Brito, centro de Foz do Iguaçu.

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Ao menos um terço das mortes de civis registradas na Operação Escudo envolveu policiais militares que não usavam câmeras corporais. Em seis dos 16 casos, não há imagens dos equipamentos, segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo. As bodycams, que começaram a ser implementadas há três anos, estão presentes em metade dos batalhões no Estado. Entre eles, a Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), um dos batalhões de elite da PM.

Conforme dados oficiais, a Operação Escudo, deflagrada no fim de julho após o assassinato do policial da Rota Patrick Reis, reúne cerca de 600 policiais, de diferentes batalhões. A ação policial teve início no Guarujá, no litoral paulista, e depois se estendeu para Santos e Caraguatatuba, onde policiais foram alvo de disparos na última semana. A previsão é de que a operação dure pelo menos um mês.

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A secretaria afirma que, das 16 mortes por intervenção policial confirmadas oficialmente até aqui, dez tiveram envolvimento de agentes que usavam câmeras corporais. A pasta diz ter enviado imagens de sete desses casos para averiguação de órgãos de controle.

Logo após o início da Operação Escudo, que já é a mais letal do Estado pelo menos desde 2006, moradores relataram indícios de execuções por parte da Polícia Militar. Como mostrou o Estadão, uma família relata que uma das vítimas foi morta dentro de casa em Santos. Outra diz que um vendedor ambulante foi executado com nove tiros.

Diante dos relatos, a Defensoria Pública do Estado pediu, na última semana, o "fim imediato" da operação. Cobrou também o uso de câmeras corporais no uniforme de todos os PMs e civis envolvidos na operação. Os equipamentos passaram a ser uma demanda central para apurar as circunstâncias das mortes.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) afirmou que "já começou a receber as imagens das câmeras corporais dos agentes que atuaram no âmbito da Operação Escudo". O órgão não especificou quando o envio começou ou quais das 16 mortes por intervenção policial as gravações retratam.

"Os promotores designados pela Procuradoria-Geral de Justiça para apurar os desdobramentos da intervenção na Baixada Santista aguardam o envio de outros dados solicitados à corporação, que vem colaborando para o esclarecimento dos fatos", afirmou, em nota, o Ministério Público do Estado.

Já a Ouvidoria das Polícias do Estado, que tem tido papel central na coleta de denúncias de agressão, tortura e execução pela população, disse que ainda não recebeu as imagens. Na última semana, o órgão relatou que a Secretaria da Segurança dificultou o acesso a boletins de ocorrência. A pasta nega.

Rota foi um dos primeiros batalhões a adotar câmeras em SP

A instalação do Programa Olho Vivo foi montada em fases. "Começou em agosto de 2020, com o anúncio do então governador João Doria (então no PSDB). Naquele momento, pouco mais de 500 câmeras foram distribuídas, mas eram câmeras que a polícia já tinha", lembra Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Em fevereiro do ano seguinte, o governo fechou contrato com a Axon, atual fornecedora, e expandiu o programa para 15 batalhões. "Um deles foi a Rota", diz a pesquisadora. Desde então, policiais do grupo de elite da PM passaram a contar com os equipamentos.

A pesquisadora destaca que o Estado foi pioneiro em adotar a gravação ininterrupta das imagens - em outros locais, a captação costuma ocorrer apenas quando o sistema é acionado por um agente ou uma central. O objetivo era depender menos de aspectos subjetivos.

"O policial só pode retirar a câmera quando vai se alimentar ou quando vai ao banheiro. De resto, ele tem de usar o tempo todo", disse Samira. "Não tem nenhum tipo de desculpa para que a Rota não utilizasse."

A pesquisadora afirma que a Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas), que também participa da Operação Escudo, é outro batalhão que recebeu os equipamentos. A Secretaria da Segurança Pública não informou, porém, quantos dos agentes atuando no Guarujá usaram as COPs durante as incursões.

Atualmente, 63 batalhões (quase metade do total) usam as COPs. Como reflexo disso, as mortes decorrentes da intervenção de agentes em serviço caíram 62,7% entre 2019 e 2022, segundo estudo recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Unicef (fundo da ONU para a infância).

Em batalhões que já possuem a tecnologia, a queda chegou a 76,2%, mais do que o dobro da redução observada no resto da corporação (33,3%). Mais de 10 mil câmeras corporais já foram adquiridas pelo governo, segundo balanço mais recente.

O circuito de vigilância de uma casa na Rua Doutor Silva Filho, no bairro de Tejipió, na Zona Oeste do Recife, registrou o momento em que uma família é abordada e tem o carro levado por três criminosos. As imagens mostram a pressa do motorista  para retirar o filho antes do veículo ser levado.

A abordagem ocorreu por volta das 16h, quando um carro branco emparelha no que estava ocupado pela família. Dois criminosos armados descem e retiram o condutor e a mulher do banco de passageiros. Ela fica com as mãos para cima durante toda ação.

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Ameaçado por um revólver, o marido abre a porta traseira e retira o filho de cinco anos antes dos criminosos embarcarem e levarem o carro. Um terceiro envolvido também foge no veículo que o grupo havia chegado.

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A Polícia Civil informou que a ocorrência foi denunciada na Delegacia de Jardim São Paulo, também na Zona Oeste. As autoridades também confirmaram as idades do casal. O homem tem 41 anos e a esposa, 37. As investigações foram iniciadas e seguem até elucidação dos fatos.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apresentou, nesta quinta-feira (25), projeto para implementar o uso de câmeras corporais nos uniformes dos policiais.  O Projeto Estratégico Bodycams prevê que a partir de abril de 2024 cerca de 6 mil agentes utilizem os equipamentos, aproximadamente metade da força policial. Os testes práticos começam em novembro, em projeto coordenado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. 

Estudos apontam que o uso da tecnologia diminui em mais de 50% a letalidade policial, além de reduzir pela metade as reclamações sobre a conduta de policiais. 

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O Secretário de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Marivaldo Pereira, afirma que as câmeras são instrumentos importantes para evitar casos como o de Genivaldo de Jesus, morto, há um ano, durante abordagem de policiais rodoviários, em Sergipe. Genivaldo não resistiu à abordagem policial, quando foi trancado em uma viatura, utilizada como uma espécie de câmara de gás.

"E eu acredito que poderia ter evitado situações com a do Genivaldo, sem dúvida alguma. Por isso, que essa é uma política muito simbólica. Para a gente, é um episódio extremamente lamentável. A dor daquela família é algo indescritível. Nosso desejo é que isso nunca mais se repita no âmbito da Polícia Rodoviária Federal ou de qualquer outra polícia", afirma.  Em janeiro deste ano, o Ministério Público Federal recomendou que a PRF fizesse uso das câmeras. A ideia surgiu exatamente após o assassinato de Genivaldo de Jesus Santos. 

Caso Genivaldo

Em abril, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a prisão dos dois policiais rodoviários federais acusados pela morte de Genivaldo de Jesus Santos por asfixiamento em uma viatura da corporação, em maio de 2022. 

Os ministros da Sexta Turma do tribunal decidiram manter a prisão preventiva por entenderam que os policiais agiram com força desproporcional e contrariamente às normas internas. Além disso, os magistrados consideraram que a vítima tinha problemas mentais e não ofereceu resistência à abordagem.

Em janeiro, a Justiça de Sergipe determinou que os agentes da PRF envolvidos no caso sejam submetidos a júri popular pelos crimes de tortura e homicídio triplamente qualificado.  Imagens veiculadas na internet mostram a ação policial que deixou a vítima presa em uma viatura esfumaçada. O homem se debate com as pernas para fora enquanto um policial rodoviário mantém a tampa do porta-malas abaixada, impedindo o homem de sair ou respirar. Genilvado teria sido parado pelos agentes por trafegar de moto sem capacete.

Cinco meses após ser suspenso, o edital para a instalação de 20 mil câmeras e tecnologia de reconhecimento facial na cidade de São Paulo foi retomado pela Prefeitura. O conteúdo do programa Smart Sampa foi parcialmente modificado após uma série de críticas por determinar o emprego de instrumentos para identificar a cor de pele e a "vadiagem", assim como o número de equipamentos com biometria facial dobrou de 500 para mil. O resultado do pregão é previsto para 23 de maio.

O uso de reconhecimento facial é contestado em diferentes partes do País e no exterior, principalmente pelo o que organizações chamam de uma violação a direitos individuais e também pelo histórico de falsos positivos, principalmente envolvendo pessoas negras. O custo anual estimado de todo o programa é de R$ 70 milhões anuais, mas será selecionada a empresa que fizer a menor oferta.

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A tramitação do edital foi liberada no fim de abril pelo Tribunal de Contas do Município (TCM). A gestão Ricardo Nunes (MDB) tem argumentado que o programa dará mais agilidade ao atendimento de ocorrências pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) e outros órgãos de segurança, inclusive estaduais.

O total de 20 mil é programado para ser alcançado até 2024, às vésperas das eleições municipais, nas quais Nunes deve buscar a reeleição. A instalação está no Programa de Metas da Prefeitura, que cumpriu apenas 13 das então 77 metas até o ano passado.

Do total, 2,5 mil câmeras serão distribuídas pelo centro, região que vive um aumento de casos de furtos e roubos. O programa inclui também 3 mil unidades com capacidade de leitura de placas, além de modelos com outras funcionalidades.

A previsão é de que a central de monitoramento do Smart Sampa seja provisoriamente instalada na sede da Prefeitura, no Viaduto do Chá. Posteriormente, os planos da gestão Nunes é transferir o espaço para o Palácio dos Correios, no Vale do Anhangabaú, cuja proposta de concessão por 100 anos está em negociação com a União. O programa irá operar com uma série de bancos de dados, inclusive de órgãos de segurança estaduais e federais.

A instalação das câmeras será feita de forma paulatina. Nos primeiros dois meses, por exemplo, serão 200 novos equipamentos do tipo na cidade. O edital prevê que aos 200 equipamentos cheguem a cada uma das subprefeituras da cidade, principalmente no entorno de equipamentos municipais, como escolas, parques e unidades de saúde, e áreas de grande circulação.

O edital também prevê a integração do sistema a 20 mil câmeras privadas instaladas na cidade, de concessionárias, empresas e da população em geral. No caso do reconhecimento facial, está previsto que as imagens de rostos possam ser arquivadas, com data, horário e endereço, inclusive com a detecção de faces parcialmente cobertas (como por óculos e barba, por exemplo). Outra funcionalidade é o rastreamento de pessoas consideradas suspeitas, com o monitoramento de movimentos e atividades, a partir de diferentes tipos de características, como cor da roupa e forma física.

Após as críticas, o edital passou a incluir dois novos anexos, com uma política de segurança da informação e um relatório sobre o impacto de proteção de dados. Segundo a Prefeitura, a intenção é "eliminar dúvidas existentes, suprimir possíveis riscos, garantir a segurança dos dados e apresentar diretrizes éticas para assegurar equidade e imparcialidade, evitando qualquer possível discriminação, preconceito ou violação dos direitos individuais no uso da tecnologia".

O Município destacou que, diferentemente de outras cidades, adotará um protocolo mais rígido de aplicação de reconhecimento facial. Dessa forma, apenas detecções com 90% de paridade serão consideradas, enquanto as demais serão automaticamente descartadas. Além disso, há a promessa que todos os alertas serão analisados por um agente treinado e capacitado.

O programa é inspirado em exemplos dos Estados Unidos, como Chicago e Dallas. No Brasil e no exterior, há diversos casos de pessoas inocentes erroneamente detidas após erros em sistemas de reconhecimento facial, o que motivou o banimento da tecnologia em algumas cidades, com o São Francisco e Portland.

Introduzida no País especialmente para a Copa do Mundo, a Olimpíada e outros eventos de grande porte há quase uma década, o reconhecimento facial está em uma segunda onda de difusão nos últimos três anos. Incentivos do governo Jair Bolsonaro (PL), o fortalecimento da segurança pública na agenda política, esforços de empresas do setor e até a pandemia da covid-19 estão entre os motivos apontados por especialistas ouvidos pelo Estadão.

Parte dos especialistas em direito digital e organizações entrevistadas pelo Estadão após o lançamento do programa defenderam o banimento da tecnologia no País. Também há aqueles que defendem a aplicação responsável da biometria facial, chamam as críticas de "ludismo" e citam que em caso de eventuais problemas, deve haver o aprimoramento e não a suspensão do uso. Propostas semelhantes foram suspensas nos últimos anos pela Justiça de São Paulo, como uma aplicada no Metrô paulistano e da concessionária da Linha 4-Amarela, que tinha o viés comercial.

O governo conseguiu identificar um dos militares que aparecem nas imagens das câmeras de segurança ajudando invasores no dia 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. José Eduardo Natale de Paula Pereira era major do Exército e cumpria a função de coordenador de segurança de instalações dos palácios presidenciais. Segundo informações, ele estava trabalhando no Palácio do Planalto naquele domingo.

Em 2020, ainda na gestão do então ministro general Augusto Heleno, Pereira foi nomeado para um posto no Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Ele chegou a acompanhar a comitiva do então presidente, Jair Bolsonaro (PL), em viagens durante o período de campanha eleitoral, em 2022.

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Ainda em janeiro de 2023, no início das investigações sobre os ataques do dia 8, Pereira chegou a ser ouvido na Polícia Federal, como testemunha. Ele deverá ser chamado novamente para responder pelas imagens recentes, que foram divulgadas pela CNN Brasil.

As câmeras captaram o momento em que o então major caminha por um corredor e cumprimenta alguns invasores com apertos de mão. Ele entra por uma porta, seguido de alguns golpistas, e sai minutos depois distribuindo garrafas de água.

A Sony anunciou a ZV-E1, uma câmera de lente intercambiável com um sensor de imagem full-frame de 35 mm de alto desempenho. O novo dispositivo está no topo de câmeras Vlog da empresa. O anúncio foi na última quarta-feira (29).

Segundo a marca, a câmera tem unidade de processamento IA (inteligência artificial) dedicada, e possui compatibilidade com mais de setenta lentes Sony E-mount. O dispositivo de lente intercambiável full frame é o mais compacto e leve do mercado.

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“O ZV-E1 foi projetado para fornecer uma ferramenta de criação premium para criadores de vídeo que desejam elevar seu conteúdo”, afirmou Yang Cheng, vice-presidente de soluções de imagem da Sony Electronics Inc, ao exaltar as qualidades do novo produto.

“Estamos constantemente ouvindo o feedback de nossos clientes, pressionando para inovar para atender às suas demandas. Levamos todas as informações em consideração ao desenvolver esta nova câmera - com recursos de vídeo mais sofisticados, uma experiência de usuário simplificada e um design extremamente compacto, a ZV-E1 oferece uma maneira totalmente nova para os criadores de hoje criarem conteúdo de vídeo de alto nível”, continuou.

Com a promessa de 4K a 120fps numa atualização futura, o novo modelo atinge o máximo de 4K a 60fps com 4:2:2 e 10 bits. Com bons recursos para fotos e gravações com pouca luz, o dispositivo tem microfone automático para detectar falas enquanto estiver em movimento. A câmera também possui um anel de zoom dedicado ao redor do obturador e controles para ajustar com facilidade a profundidade de campo e foco.

Há também uma nova proporção do Cinemascope, que coloca barras pretas ao redor do quadro 16:9, e assim, criará uma imagem 21:9 sem necessidade de edição. O conjunto inclui ainda recursos de software da Sony como o reconhecimento facial por inteligência artificial que ajuda no enquadramento de várias pessoas em foco e estabilizador.

Seu lançamento está marcado para maio desse ano, com preço de US$ 2.199, aproximadamente R$ 11.300, somente o corpo, porém, a versão acompanhada de uma lente zoom F4.5-5.6 de 28-60 mm custará US$ 2.499, aproximadamente R$ 12.800.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva vai destinar maior parcela de recursos federais da Segurança Pública para Estados e Municípios que adotarem o uso de câmeras corporais nas polícias militares e guardas civis. O próprio governo petista vai pôr o equipamento nos uniformes de forças policiais da União: Polícia Rodoviária Federal (PRF), Força Nacional de Segurança Pública e Polícia Penal Federal.

Alvo de críticas dos bolsonaristas durante a campanha eleitoral de 2022, o projeto a ser adotado pelo governo do PT foi criado em São Paulo durante a gestão de João Doria, então no PSDB. As câmeras nos uniformes devem se tornar, segundo o governo federal, um "eixo estruturante" da gestão de Lula na Segurança Pública. A administração petista pretende estabelecer uma marca na área e combater a imagem de que o partido daria pouca atenção ao combate ao crime.

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Ao Estadão, o secretário de Acesso à Justiça, Marivaldo Pereira, disse que o exemplo paulista está sendo usado como modelo e que a pasta está negociando um suporte do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para alavancar a medida nos Estados e injetar recursos, além do Fundo Nacional de Segurança Pública (FUSP). O dinheiro do Fundo, que tem objetivo de apoiar projetos na área de Segurança Pública, é oriundo de loterias. O valor de R$1 bilhão é dividido em dois blocos: 50% para os Estados, e 50% para o Ministério distribuir como quiser.

O governo já anunciou que vai "premiar" os Estados que adotam câmeras na hora de fazer a distribuição dos recursos. A ideia agora é também beneficiar prefeituras que adotarem as câmeras nas suas Guardas Civis Metropolitanas. Segundo Marivaldo, as conversas com os Estados já começaram. Por ora, só Santa Catarina e São Paulo adotaram a medida. Bahia, Rio e Ceará também decidiram seguir esse caminho, mas ainda há resistências.

"Ainda há resistência, mas ela é menor hoje do que era antes. São dois os motivos. O primeiro é o custo e o segundo é um pensamento de que só contempla um contexto, que é a fiscalização da ação policial. Mas o nosso entendimento é que as câmeras protegem a ação do bom policial", disse Tadeu Alencar, secretário Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça. A expectativa do Palácio do Planalto é que em cinco meses já seja possível abrir uma licitação e definir a tecnologia que será usada nas corporações federais.

Em São Paulo, as câmeras gravam ininterruptamente o turno de 12 horas de trabalho dos policiais. As imagens são armazenadas remotamente e servem para o controle de procedimentos operacionais-padrão da PM, além de comprovar a integridade da ação policial, impedindo, por exemplo, que policiais em horário de serviço façam segurança particular.

No modelo paulista o PM não tem controle sobre a gravação, ao contrário do que acontece em outros lugares, como Santa Catarina, o que permite ao policial acionar o equipamento só quando lhe interessa. O modelo paulista de adoção do equipamento provocou aumento de 24% do número de apreensões de armas e de 102% dos registros de casos de violência doméstica, além de crescimento de 78% dos casos de porte de drogas. Houve redução do número de PMs mortos e de pessoas mortas em tiroteio pela PM.

"É importante a continuidade da política em São Paulo e sua expansão para outros Estados. Esse programa não tem lado político. Ele apenas contempla quem quer ver a polícia funcionando direito", afirmou coronel José Vicente da Silva Filho. Para ele, é preciso que, ao induzir a adoação do programa de câmeras, o governo defina o programa. "É preciso ter procedimentos operacionais e práticas que tornem a polícia mais transparente. É preciso que o equipamento possa gravar as imagens por 12 horas e a licitação deve ser não de compra de equipamento, mas de prestação do serviço, pois a tecnologia evolui muito rápido", afirmou.

O cientista político Leandro Piquet afirmou que o programa atende ao cidadão e aos policiais. Além disso, as câmeras interagem com o sistema de treinamento e controle da PM. Para ele, são necessários mecanismos internos para garantir a qualidade do serviço. Piquet foi um dos responsáveis pelo estudo a respeito das câmeras feito pelo Centro de Ciência Aplicada em Segurança Pública da Fundação Getulio Vargas (FGV), a pedido da PM. Ele acompanhou a evolução da criminalidade em áreas de companhias antes e depois da adoção das Câmeras Operacionais Portáteis (COP) e a comparou com os dados de unidades que nunca usaram o equipamento, demonstrando a efetivdade do programa.

Sob o argumento de aumentar a segurança dos alunos e combater a evasão, escolas públicas começaram a instalar equipamentos de reconhecimento facial, à semelhança do que já ocorre em aeroportos e outras áreas de grande circulação. A iniciativa ainda é incipiente, mas já chegou a redes de ensino em cidades da Bahia, de Santa Catarina, do Rio e outros Estados. Apesar das promessas de eficiência contra a prática de "matar aulas", especialistas alertam sobre os riscos.

Levantamento elaborado pela InternetLab - centro independente que pesquisa ações nas áreas de tecnologia, direitos e políticas públicas - apontou que ao menos 15 cidades, em todas as regiões do País, já usam a tecnologia. O grupo mapeou utilização de sistemas de reconhecimento facial em escolas de cidades de Bahia, Ceará, Goiás, Minas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Pernambuco e Tocantins.

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Segundo o trabalho, quase todas as iniciativas partem dos municípios, "por meio de contratos públicos firmados com empresas nacionais que oferecem serviços de tecnologia". A exceção é o Estado de Tocantins, que investiu no recurso para a capital, Palmas.

Um dos exemplos vem de Angra dos Reis, na Costa Verde, no sul fluminense. Lá, a rede municipal retomou as atividades no início de fevereiro, quando passou a cadastrar os rostos de todos os alunos. A partir daí, para ingressarem nas unidades de ensino, precisam fazer check-in em um equipamento de reconhecimento facial.

Ao Estadão, a Secretaria de Educação, Juventude e Inovação informou ter investido R$ 1,17 milhão na implementação do sistema. Ao todo, 89 escolas compõem a rede de Angra.

O reconhecimento facial deverá atingir 17,3 mil alunos do ensino fundamental e da educação de jovens e adultos. Segundo a pasta, o sistema visa a combater a ausência das aulas e a evasão escolar. "Os estudantes são cadastrados no equipamento que chamamos de 'coletor de imagens' e diariamente se reportam a ele para cômputo de sua chegada. Caso o estudante não registre sua frequência até o fim do período de tolerância, o equipamento emite mensagem SMS para o telefone do responsável que está cadastrado no sistema, informando a ausência", diz o secretário de Educação, Paulo Fortunato. A reportagem questionou o Ministério da Educação, que não soube informar sobre o assunto.

Preocupação

Mas a ausência de estudos prévios em casos de cidades que adotaram a tecnologia é criticada por Bárbara Simão, coordenadora da área de Privacidade e Vigilância do InternetLab. "A falta de estudos demonstra que é uma aposta, sem um respaldo técnico que aponte porque o reconhecimento facial é melhor do que outras possibilidades para sanar os problemas apresentados", afirma a pesquisadora. "Seria importante que o poder público fizesse essa avaliação de impacto de antemão. O que a gente percebe não é que o poder público está mal intencionado ao usar essa tecnologia. Acho que é um desconhecimento em relação a esses riscos que apresenta", diz.

O InternetLab alerta que "tecnologias de reconhecimento facial não são imunes a erros e falhas significativas". "Há diversos estudos que pontuam como são menos precisas quando o público-alvo da ferramenta são pessoas não pertencentes ao gênero masculino ou não brancas, uma vez que são treinadas por meio de bancos de dados fracos em termos de diversidade de gênero, raça e registros culturais".

Já para Luiz Felipe Ribeiro, pesquisador especializado em computação visual e simulações interativas em tempo real do Instituto Tércio Pacitti da UFRJ e favorável ao sistema, isso deve se tornar uma tendência. "Em outros países, como Estados Unidos e Israel, já é bastante difundido principalmente pela questão da segurança", afirma. "Mas há algumas discussões que devem ser consideradas, como a salvaguarda desses sistemas, como eles estão sendo tratados à luz da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e, no caso das escolas, à luz do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)", diz.

Por isso, deve-se ter a segurança como prioridade. "Imagine um banco de dados com crianças, com identificação delas, nomes, rostos. Eventual vazamento disso seria gravíssimo", alerta ele. "Esses sistemas, ainda mais quando se fala de crianças, devem ser extremamente seguros."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A internação de dependentes químicos - voluntária, involuntária ou compulsoriamente - e a instalação de câmeras com reconhecimento facial na fachada de prédios e residências na região central são algumas medidas que o governo estadual e o poder municipal devem apresentar nesta terça (24) para o tratamento e monitoramento dos usuários de drogas da Cracolândia.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) discutiram o projeto nesta segunda (23), no Palácio dos Bandeirantes. Para facilitar a internação, o pacote prevê a revitalização do núcleo judicial do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), mantido pelo governo estadual no Bom Retiro, região central da cidade.

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Juiz e promotor vão atuar no espaço para tratar principalmente dos casos de internação compulsória, aquela sem o aval do paciente, mas definida pela Justiça.

Outra modalidade prevista no plano é a internação involuntária, aquela em que o consentimento de um familiar e a assinatura de um médico são suficientes para a hospitalização, sem a necessidade da anuência do próprio usuário de drogas. A medida, prevista em lei, foi defendida pelo prefeito de São Paulo, no início do mês, para usuários de drogas há mais de cinco anos.

Programas

Os poderes municipal e estadual, em parceria com o Poder Judiciário, pretendem implantar os programas da Justiça Terapêutica, instrumento da Lei Antidrogas que permite que pessoas flagradas pela polícia com pequenas quantidades de drogas ou que tenham praticado delitos leves não sejam processadas criminalmente desde que concordem com o tratamento para a dependência química.

Com isso, os boletins de ocorrência serão mais simples. "Em vez de encarcerá-lo, a intenção é encaminhá-lo para tratamento, interrompendo o ciclo de reincidência", afirma Alexis Vargas, secretário executivo de Projetos Estratégicos da Prefeitura.

"Nos casos em que o médico decida pela internação, ela será utilizada".

O foco na internação dos usuários representa uma nova fase de atuação do governo na Cracolândia, após a sequência de ações policiais em 2022.

O vice-governador Felicio Ramuth (PSD) será responsável por coordenar as ações e pela interlocução entre os poderes municipal e estadual. Além da internação, o pacote de medidas pretende instalar câmeras com reconhecimento facial em locais públicos e nas fachadas de edifícios e residências. Serão cerca de 300 equipamentos com o recurso de reconhecimento facial. A informação sobre as câmeras foi divulgada inicialmente pelo jornal Folha de S. Paulo.

Eficácia

Especialistas divergem sobre eficácia da internação involuntária e compulsória. Alguns defendem que ela seja uma das etapas do tratamento, quando outras abordagens não derem o resultado esperado ou nos momentos de crises do paciente. Essa linha aposta na abstinência da droga.

Críticos do modelo apontam os traumas das internações e o risco de uma recaída posterior. Eles defendem um tratamento multidisciplinar, com acompanhamento médico ambulatorial, ações assistenciais e políticas de reinserção social para que o dependente reconstrua sua vida com meios de subsistência e apoio para se manter longe do vício.

Um dos principais interlocutores do governo de São Paulo no planejamento das novas ações na Cracolândia é o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O especialista defende o cumprimento da Lei n.º 10.216, de 2001, que prevê que as prerrogativas do médico e do magistrado para a determinação da internação.

"Para isso, o dependente químico deve ser avaliado por uma equipe médica, que vai definir o tratamento adequado. Caso ele não queira a internação, mas seja constatado que não possui domínio sobre sua condição psicológica e física no momento, inclusive com risco à própria vida, o juiz pode determinar a internação", diz Laranjeira, que também é diretor da Unidade de Pesquisa de Álcool e Drogas (Uniad) da Unifesp.

A universidade apresentou no fim do ano passado o Levantamento de Cenas de Uso em Capitais (Leluca) que abrange dados de São Paulo, Fortaleza e Brasília. De acordo com o estudo, que vem sendo citado com frequência por Nunes, o porcentual de chegada de novos frequentadores em 2021 foi o menor da série histórica (20,2%).

Por outro lado, a pesquisa mostrou um aumento na prevalência de usuários antigos (57,4% há pelo menos cinco anos e 39,2% estão na cena há 10 anos ou mais). Esse é o foco das ações do novo pacote de medidas, conforme a gestão municipal.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um estudo ainda mantido em sigilo pela Polícia Militar de São Paulo coloca em xeque uma das mais polêmicas promessas do governador eleito, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O trabalho concluiu que o programa de câmeras instaladas nos policiais militares, que Tarcísio e os bolsonaristas querem rever, provocou um aumento de 24% do número de apreensões de armas e de 102% dos registros de casos de violência doméstica, além de crescimento de 78% dos casos de porte de drogas.

Ou seja, o equipamento aumentou a efetividade da PM no combate aos agressores de mulheres, além de tornar mais difícil a vida de outros criminosos. Ocorrências que costumavam ser subnotificadas passaram a ser registradas pela polícia. É como se a corporação tivesse adotado a política de tolerância zero contra o crime. Houve ainda queda do número de policiais mortos em serviço e de 57% dos casos de pessoas mortas em decorrência da ação policial.

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As conclusões do estudo potencialmente esvaziam o discurso adotado na campanha eleitoral pelo governador eleito e pelo seu futuro secretário da Segurança Pública, o deputado federal reeleito e capitão Guilherme Muraro Derrite (PL) - de que as câmeras inibiriam, diminuiriam e constrangeriam os policiais durante o trabalho. A revisão do programa enfrenta resistência na cúpula das forças de segurança do Estado.

O estudo foi encomendado pelo comando da PM ao Centro de Ciência Aplicada em Segurança Pública da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ele acompanhou a evolução da criminalidade em áreas de companhias antes e depois da adoção das Câmeras Operacionais Portáteis (COP) e a comparou com os dados de unidades que nunca usaram o equipamento, entre junho de 2021 e julho de 2022.

"Além de violência doméstica, houve aumento no volume de notificações de ocorrências de baixo potencial ofensivo, como furtos, discussões, brigas, agressão e ameaça, mas não em ocorrências de roubos, homicídios, drogas e acidentes de trânsito", diz o estudo, concluído em outubro deste ano.

Segundo os dados dos boletins da PM, cada uma das 179 unidades policiais que trabalham com as câmeras registrou um aumento de 28 registros de crimes, em média, por companhia, por bimestre, o que equivale uma acréscimo de 12% de variação em comparação com a evolução do grupo sem câmera. Foi entre os PMs com as câmeras que se verificou o aumento dos boletins de violência doméstica - em média, 9 casos a mais feitos em cada companhia policial.

Esses foram os dados que convenceram o governador Rodrigo Garcia (PSDB) a manter o projeto como está. Ele chegou a levantar dúvidas sobre a medida até que visitou o quartel das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) e conversou com coronéis que demonstraram como o programa estava tornando a PM mais eficiente no combate ao crime e fornecendo aos tribunais provas irrefutáveis da conduta policial.

Mortes

O estudo é assinado pelos professores Joana Monteiro (FGV), Leandro Piquet (USP), Eduardo Fagundes (FGV) e Julia Guerra (FGV). Ele usa a econometria e mostra que as companhias que tiveram câmeras instaladas tinham em média 0,42 mortes provocadas por policial a cada bimestre, e as sem câmera, 0,31 casos. Em média, o número de mortes decorrentes de intervenção policial foi reduzido em 57% em relação à média do período anterior às câmeras. "Isso significa que 104 mortes foram evitadas nos primeiros 14 meses de introdução das câmeras, considerando apenas a região metropolitana da capital", afirma o estudo.

O resultado para as lesões corporais provocadas em ações da polícia teve uma queda de 63% no total de casos. E isso não aconteceu porque a polícia deixou de agir. É o que sugere a pesquisa, pois os dados da criminalidade e da produtividade das Polícias Civil e Militar mostram que os números de prisões em flagrante em geral e de casos de tráfico de drogas permaneceram sem alteração relevante, ao contrário do que alegavam os bolsonaristas. De acordo com os autores do estudo, os resultados "não sugerem que a redução do uso da força possa ser explicada por redução do esforço policial".

Razões

Se não foi a Polícia Militar que parou de trabalhar, nem os totais de crimes graves, como o feminicídio ou estupro aumentaram e inexistem evidências de que o comportamento dos suspeitos com a polícia tenha melhorado com as câmeras, por que, então, caíram os casos de uso de força pela PM? Essa pergunta foi feita pelos pesquisadores da FGV.

Várias hipóteses foram testadas, e a resposta dos pesquisadores foi de que "a existência de mecanismos de supervisão e o aprimoramento de protocolos, pode estar por trás da redução expressiva do uso da força". Segundo contam os professores, "as imagens produzidas pelas câmeras nos uniformes podem ser analisadas pela cadeia de comando do policial, de modo que ele pode ser responsabilizado pelo não cumprimento dos protocolos".

As câmeras da PM não precisam ser acionadas manualmente e gravam todo o turno policial. "O uso das câmeras induziu os policiais a reportarem melhor o que ocorre durante as ocorrências", concluiu o estudo. Já no Rio, onde a PM testou um modelo em que a câmera precisa ser ligada pelo policial, menos de 10% dos agentes acionaram o equipamento em um mês de patrulhamento.

Além de reduzir o uso excessivo da força, a iniciativa paulista quis aperfeiçoar as provas coletadas em ocorrências e possibilitar o uso das imagens em treinamentos de técnicas policiais, além de aumentar a transparência e a legitimidade da PM. Em 2020, 585 câmeras foram distribuídas para 3 batalhões. Em 2021, a PM adquiriu 2,5 mil câmeras para 18 batalhões. Hoje, 66 batalhões usam as câmeras.

Ao todo, foram oito anos de pesquisas e de troca de experiências com polícias de Nova York, Los Angeles, Londres, Berlim e Bogotá. Pesquisa DataFolha mostrou que o apoio da população às câmeras é de 90%.

Durante a campanha eleitoral, a declaração de Derrite de que o programa existe para vigiar os policiais causou mal-estar no comando da PM. Ex-secretário Nacional de Segurança, o coronel José Vicente da Silva afirmou que só os maus policiais são contra o programa.

Para ele, as câmeras fazem parte do "amadurecimento da estratégia policial da prevenção, que se opõe ao conceito retrógrado da estratégia do confronto e da repressão como prioridade política". Esta, segundo ele, além de "privilegiar as forças especiais e operações sistemáticas, se opõe ao fortalecimento da polícia territorial, que opera com mais eficiência fatores e condições da maioria dos crimes e desordens".

O governo de São Paulo anunciou nesta quarta-feira, 24, que vai investir R$ 5,4 milhões ao mês para instalar 3 mil câmeras em viaturas da Polícia Militar. O objetivo é que os equipamentos, que leem caracteres - de placas de veículos, por exemplo -, ajudem na identificação de criminosos e carros roubados. O sistema deve passar a operar no primeiro semestre do ano que vem e, por ora, será instalado em viaturas da capital e da Região Metropolitana.

A instalação das câmaras faz parte do programa Detecta, que, segundo o governo, conta com 8,4 mil leitores de placas em pelo menos 4,4 mil pontos de todo o Estado. Essa nova fase chama-se "Detecta Móvel". O sistema integra bancos de dados das polícias e imagens de câmeras de diversos órgãos.

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Conforme o governo estadual, a licitação do "Detecta Móvel" deve ser publicada entre 5 e 9 de setembro deste ano, na modalidade de pregão eletrônico. Trata-se da contratação do serviço, não propriamente do equipamento, conforme explicou o governador, Rodrigo Garcia (PSDB). Os R$ 5,4 milhões mensais servem para bancar a solução tecnológica - que inclui câmeras, software e tablets, por exemplo. O contrato será de 30 meses.

As câmeras, conforme o governo estadual, são capazes de reconhecer e alertar a um policial sobre um veículo roubado que esteja circulando. Elas são conectadas à internet, com acesso ao banco de dados do Detecta - onde estão as informações de veículos de interesse. Segundo Garcia, haverá um "backup dentro de cada uma dessas viaturas", caso esteja em área sem serviço de internet.

O novo sistema também ajudará a diferenciar entregadores de aplicativo falsos, disse o governador. Conforme mostrou o Estadão, a empresa iFood assinou um acordo de cooperação com a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) para o desenvolver uma solução tecnológica que integra o cadastro com o sistema público e agiliza a identificação dos motoqueiros cadastrados durante operações policiais.

O candidato do PT ao governo do Estado de São Paulo, Fernando Haddad, promete em seu plano de governo divulgado nesta segunda-feira (22) ampliar a adoção de câmeras em uniformes de policiais, uma política adotada pelo governo João Doria (PSDB), de quem o petista é crítico. O petista fala ainda em criar uma disciplina sobre racismo estrutural nas escolas de formação das polícias.

A ideia também é "revisar protocolos" de abordagem policial referente ao porte e consumo em flagrante de drogas, "buscando diminuir os casos de violência policial, abordagens truculentas e mortes evitáveis, em especial da perseguição da juventude negra e periférica".

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Integrante dos debates para o programa de governo de Haddad, o ex-governador e candidato ao Senado Márcio França (PSB) chegou a criticar o uso das câmeras em agentes da Polícia Militar quando ainda se colocava como pré-candidato ao governo estadual. França defendeu que o equipamento não ficasse o tempo todo ligado. À época, ele dizia acreditar ter mais potencial do que Haddad para atrair o voto bolsonarista em razão da rejeição que os apoiadores do presidente têm ao PT.

No texto divulgado nesta segunda-feira, Haddad promete "reindustrializar" o Estado, com foco em uma agenda de desenvolvimento sustentável, e diz que irá "construir esforços para a instituição de uma renda básica de cidadania" em São Paulo.

Em mobilidade, uma das principais bandeiras do petista é a criação do Bilhete Único Metropolitano, para integrar os transportes municipais e estadual com bilhete único nas regiões metropolitanas e unificação das tarifas. O ex-prefeito de São Paulo também diz que irá revisar o funcionamento do Sistema Top - segundo o texto do plano petista, a operação foi concedida à empresa privada sem licitação pública.

Entre os programas sociais, Haddad propõe programas de moradia, como aluguel social e auxílio aluguel para famílias em situação de rua. Também prevê a criação do plano de assistência estudantil, com a criação de auxílio financeiro a jovens e o bom prato estudantil.

O petista quer a recriação do programa De Braços Abertos, que havia sido implementado quando Haddad esteve à frente da Prefeitura de São Paulo. O programa abrigava usuários da cracolândia em hotéis no centro e abria vagas de empregos para os cadastrados. Nesta segunda-feira, 22, durante sabatina promovida pelo Estadão, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) chamou o programa de "bolsa crack". "Os traficantes agradeciam o dinheiro do 'bolsa crack' porque aumentou o comércio de drogas no centro da cidade de São Paulo com o dinheiro público", afirmou o tucano.

A ex-ministra do Meio Ambiente e candidata a deputada pela Rede, Marina Silva, participou do lançamento do plano de governo. Haddad queria que Marina fosse sua parceira de chapa, como candidata a vice-governadora, mas a ex-ministra preferiu disputar uma vaga para a Câmara. Apesar do apoio a Haddad, Marina não se reaproximou do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem foi aliada. Haddad costuma agradecer as contribuições de Marina para a formulação do seu programa de governo, que coloca a questão ambiental e de promoção de desenvolvimento sustentável como norte em boa parte de suas promessas.

Com 148 páginas, o plano de governo é baseado em quatro premissas: combate às desigualdades sociais e regionais; sustentabilidade; recuperação da capacidade de planejamento do estado e fomento à inovação na gestão, nos serviços públicos e no setor produtivo.

Dentro dessa base, o documento é organizado em sete eixos. O primeiro é o programa emergencial de combate à fome e à miséria, que inclui criação de um fundo emergencial para distribuição de cestas de alimentos, leite e voucher para compra de alimentos saudáveis, que sejam integrados aos programas federais de distribuição de renda. Ainda no combate à pobreza, Haddad promete retomar obras paradas como forma de geração de emprego e criação de oportunidades, de maneira emergencial.

O segundo ponto trata da proteção da vida. É onde entram tanto política para redução da espera para atendimento no Sistema Único de Saúde, por exemplo, como a questão de segurança.

O programa lançado nesta segunda-feira, 22, pelo petista fala em investir em "inteligência, investigação e tecnologia policial" para combater a violência. "Adotar câmeras em uniformes de todo o efetivo operacional da Polícia Militar. O uso até o fim do ano será restrito a 33 dos 120 batalhões, com cerca de 10 mil câmeras. Dados oficiais mostraram queda de 85% da letalidade policial nos batalhões que adotaram as câmeras. Ao mesmo tempo, os policiais ganham proteção. Ano passado registrou-se o menor número de policiais mortos em anos. Em casos de litígio, os PMs ainda terão a seu dispor provas técnicas que asseguram que sua ação foi lícita", diz o plano.

Ainda sobre segurança, Haddad promete estabelecer um piso estadual para cada uma das forças policiais e "restruturar e valorizar" a carreira, além de lançar um programa de apoio às famílias dos policiais e criar um programa de saúde mental para a corporação.

Há a promessa de criação de um programa estadual de redução de mortes da população negra e, para promoção do que chama de "cultura de paz e prevenção", de criação de uma disciplina sobre racismo estrutural nas escolas de formação das polícias. A questão racial e de inclusão de minorias perpassa todo o texto do plano de governo de Haddad.

O nome de Doria é sempre relacionado ao atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), seu adversário na disputa atual. Garcia tenta se descolar do padrinho político, que saiu da cadeira com alto índice de rejeição em São Paulo. Durante todo o texto, no entanto, o PT faz referência à gestão "Doria/Garcia" para fazer críticas ao atual governador e a políticas estabelecidas por Doria.

No terceiro eixo, o candidato do PT fala em um Estado que "forma e transforma", para desenhar políticas de educação, cultura e esporte. O petista promete criar o "cartão permanência", para estimular a permanência de estudantes de baixa renda no ensino médio, para complementação de renda familiar. Para jovens de baixa renda nas universidades, o petista prevê auxílio financeiro. Haddad também fala em criar 200 mil novas vagas públicas em ensino médio de nível profissional e técnico.

No eixo de produção, trabalho e renda, o petista promete reindustrializar São Paulo com indústria de alta tecnologia, utilizar o poder de compra estatal para induzir investimento verde e combater a guerra fiscal entre Estados. Ele também sugere criar um programa de fomento a startups verdes, por exemplo. Sobre políticas de transferência de renda, Haddad diz que irá "construir esforços" para a instituição da Renda Básica de Cidadania.

O programa tem ainda eixo de igualdade de direitos, no qual trata de políticas para minorias, e promete criar secretarias estaduais de Direitos Humanos, de Políticas para Promoção da Igualdade Racial e de Políticas para as Mulheres, por exemplo. Ele também promete ampliar o número de Delegacias de Defesa da Mulher.

O penúltimo eixo detalha políticas de sustentabilidade e fala em gerar um "superávit verde" no Estado e trata dos programas habitacionais, além de mais informações sobre os planos de mobilidade. O último pilar do texto aborda a gestão "inovadora e participativa" no Estado, no qual trata de ampliação da participação social, inclusão digital e da abertura de dados estaduais.

"A equipe responsável pela formulação do programa de governo, que contou com a participação dos diferentes partidos da coalizão Vamos Juntos por São Paulo, encontrou-se com mais de 500 especialistas, realizou 8 seminários temáticos, com a participação presencial de mais de 3,5 mil pessoas e o acompanhamento de mais de 20 mil pessoas pelas redes sociais", escreve Emídio de Souza, coordenador do plano de governo de Haddad, no texto introdutório. O petista diz ainda que o grupo recebeu "quase 2 mil propostas por meio da plataforma colaborativa Fala SP", além de mais de 300 documentos enviados por diferentes organizações.

Com 202 vítimas entre janeiro e junho deste ano, as Polícias Civil e Militar de São Paulo chegaram ao menor índice de letalidade para o primeiro semestre desde 2005, quando o índice foi de 178. Quando observadas apenas as mortes decorrentes de operações ou agentes em serviço e desconsideradas as ocorrências envolvendo de folga, foram 133 registros, o menor total da série histórica iniciada em 2001.

O total de vítimas da letalidade policial neste primeiro semestre representa uma queda de 41,1% quando comparada com o mesmo período do ano passado e de 60,7% em relação ao número de vítimas registrado entre janeiro e junho do ano anterior. Em 2020, foram 514 mortes relatadas, o maior número da série.

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Uma das medidas por trás da diminuição desses números é a implementação de câmeras corporais nas fardas pelo programa Olho Vivo. Instaurada no começo do ano pelo governador João Doria (PSDB), a iniciativa já funciona em 58 batalhões do Estado, com 8,1 mil equipamentos. A expectativa é de que até o fim do próximo mês este total chegue a mais de 10 mil.

QUEDA

"As câmeras têm uma responsabilidade por trás desse número, por ser um programa importante, especificamente para os batalhões que reduziram a letalidade mais do que outros. Mas é importante a gente destacar que essa queda é anterior à implementação dos equipamentos e começa uns meses antes", aponta Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Uma mudança institucional, segundo ela, começou a reverberar após uma operação em Paraisópolis ter resultado na morte de 9 pessoas em 2019. Naquela época, houve uma série de protestos pela capital paulista e um desconforto entre Doria e o comandante da PM, o coronel Marcelo Vieira Salles, que em março do ano seguinte deixou o cargo.

Porta-voz da Polícia Militar, o major Rodrigo Fernandes Cabral explica que essas mudanças começaram a ser adotadas já em maio de 2020 e vão além da implementação das câmeras corporais que, segundo ele, ajudam também a diminuir a desobediência civil. "Essa redução (das mortes) vem de um forte trabalho de gestão do comando da instituição, que começou com o coronel (Fernando) Alencar (de Medeiros) e teve como primeira missão a Comissão de Mitigação de Não Conformidades", aponta.

ANÁLISE

O grupo implementado há dois anos é responsável por analisar todas as ocorrências de morte em operações policiais e, como o nome sugere, verificar o que poderia ter sido feito de diferente ou não durante a ocorrência. Além do trabalho em grupo com as equipes, também é feita uma análise individual para os agentes, que avalia do desempenho em zonas de perigo à saúde mental de cada um.

"Nós optamos em treinar bem os policiais e fazer com que obedeçam orientações e protocolos. Às vezes, a morte ou lesão é pela falta de técnica", diz o major Cabral, apontando que "muitas vezes o policial é absolvido no Tribunal do Júri, mas é demitido da PM".

TASER

Outro ponto que Cabral considera fundamental é priorizar o uso dos "tasers", armas de eletrochoque, em vez das armas de fogo. Hoje, esses equipamentos não letais são usados cerca de 50 vezes por mês. Antes, era uma média de quatro a cinco, segundo o major. "Salvar vidas custa caro", diz, apontando que o preço médio para cada pistola Glock da Polícia Militar é de R$ 800, ante R$ 6 mil dos tasers.

Para Samira, essa virada de chave em São Paulo pode servir de exemplo para outros lugares. "A grande mensagem é mostrar que se o comando da polícia estiver disposto a reduzir a letalidade, consegue. Vimos isso no Estado inteiro, e nem todas as cidades têm equipes com câmeras corporais."

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A tensão aumentou nesta quarta-feira entre o Irã e as potências ocidentais, depois que a república islâmica desligou câmeras de vigilância instaladas em instalações nucleares e que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) condenou o país por falta de cooperação.

O texto apresentado por Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha é o primeiro a dirigir uma crítica ao Irã desde junho de 2020 e foi aprovado enquanto as negociações para retomar o acordo nuclear de 2015 se encontram estagnadas.

Trinta membros aprovaram a resolução e tanto a Rússia quanto a China votaram contra, segundo dois diplomatas. Índia, Líbia e Paquistão se abstiveram.

A resolução insta o Irã a "cooperar" com a agência nuclear da ONU, que lamentou em um recente informe a ausência das explicações "tecnicamente confiáveis" sobre os vestígios de urânio enriquecido encontrados em três usinas nucleares não declaradas.

França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos voltaram à carga à noite, pedindo que Teerã "respeite suas obrigações legais e coopere com a AIEA para esclarecer e resolver totalmente essas questões, sem prazos adicionais".

Israel saudou a medida, que considerou "um primeiro e necessário passo para o objetivo de que o Irã cumpra suas obrigações de salvaguardas nucleares".

O Irã anunciou um pouco antes o desligamento de algumas câmeras de vigilância, afirmando que as mesmas estavam ligadas como "um gesto de boa vontade", e não por "obrigação", como acreditava a AIEA. "A partir de hoje, as autoridades competentes foram instruídas a desligar o Monitor de Enriquecimento (Olem) e as câmeras do medidor de fluxo do organismo", informou a autoridade nuclear iraniana.

O documento não especifica quantas câmeras foram desligadas, embora garanta que “mais de 80% das câmeras existentes no organismo funcionam em aplicação do acordo de salvaguardas e continuarão funcionando”.

- Sem atividades ocultas -

O chefe da organização nuclear iraniana, Mohammad Eslami, afirmou que seu país "não tem atividades nucleares ocultas ou não documentadas, nem locais não declarados", segundo a agência de notícias estatal Irna. "Esses documentos falsos buscam manter a pressão máxima" sobre o Irã, acrescentou, referindo-se às sanções econômicas que Washington voltou a impor quando o então presidente Donald Trump abandonou o acordo nuclear entre o Irã e as potências mundiais, em 2018.

"Essa decisão recente de três países europeus e dos Estados Unidos ao apresentarem um projeto de resolução contra o Irã é política", criticou Eslami, ressaltando que "o Irã teve uma cooperação máxima com a AIEA".

burs/dwo/dv/js/eg/lb

Um procedimento para investigar a necessidade de uso de câmeras de vídeo corporais por policiais rodoviários federais no exercício da função de policiamento extensivo foi aberto pelo procurador da República Flávio Matias, coordenador do Controle Externo da Atividade Policial em Sergipe. O objetivo é que o Ministério Público Federal acompanhe as abordagens da Polícia Rodoviária Federal que ocasionarem vítimas ou demandarem controle externo policial.

A investigação foi instaurada após a morte de Genivaldo de Jesus Santos na cidade de Umbaúba, em Sergipe. O homem foi trancado no porta-malas de uma viatura, transformado em uma "câmara de gás" pelos agentes da PRF.

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Martias disse que esse foi o segundo caso envolvendo agressões por policiais rodoviários federais contra pessoas abordadas em Umbaúba (SE), tornando necessário analisar o uso de câmeras de vídeo corporais.

Segundo o procurador, a medida se mostra ainda mais necessário devido ao teor da primeira nota divulgada à imprensa pela PRF a respeito da morte de Genivaldo de Jesus, "na qual foram prestadas informações posteriormente contrariadas pelas gravações realizadas por pessoas que presenciaram a trágica abordagem, somente depois vindo a PRF a mudar de postura e a recriminar os graves atos praticados por seus agentes nesse caso concreto".

Em um segundo momento, quatro dias após a morte de Genivaldo, a PRF se posicionou afirmando que ‘assiste com indignação os fatos ocorridos’ e que não compactua com as medidas adotadas durante a abordagem, nem com ‘qualquer afronta aos direitos humanos’.

A partir da instauração da investigação, foram enviados ofícios às Secretarias de Segurança Pública dos 26 Estados e do Distrito Federal, requisitando informações sobre uso de câmeras de vídeo corporais. As secretarias têm prazo de 15 dias para responder o ofício. Aquelas que forem favoráveis à medida proposta, devem encaminhar ao MPF cópias dos estudos técnicos e do termo de referência que subsidiam a decisão de adotar câmeras de vídeo corporais pelos policiais que atuam na atividade de policiamento ostensivo.

Mais de 1,6 mil policiais militares de nove batalhões do Rio de Janeiro passarão a utilizar câmeras em suas fardas a partir desta segunda-feira (30). A implementação do monitoramento ocorre menos de uma semana após uma operação que reuniu três forças policiais acabar com saldo de pelo menos 23 mortos na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha zona norte da capital. Com o passar do tempo, as câmeras deverão constar nos uniformes de 21,5 mil agentes.

Segundo o secretário de Estado de Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Pires, o uso do equipamento servirá para proteção do próprio PM. "Hoje (segunda) a gente inicia um momento diferenciado na Polícia Militar, dos órgãos de segurança pública. A gente começa a instalar um equipamento de proteção para os policiais militares, de garantia de sua integridade, da garantia de uma prestação de serviço de qualidade", disse o comandante da PM, ao lado do governador do Rio, Cláudio Castro (PL).

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De acordo com Pires, o equipamento "não vem para punir ou vigiar ninguém", ainda que, ele admite, deverá causar mudanças nas abordagens. "Evidentemente, trará mudanças no comportamento do policial militar e da própria sociedade".

Dizendo reiteradas vezes que o uso das câmeras servirá para proteger o policial, o coronel destacou ainda que "o equipamento que vai demonstrar e comprovar a excelência do serviço prestado pela Polícia Militar do Rio de Janeiro".

O governador Cláudio Castro, por sua vez, declarou que as câmeras de segurança fazem parte do investimento do governo em segurança pública e defendeu a atuação da Polícia Militar. "Segurança Pública não é fácil fazer. A gente ouve por aí muito especialista disso, especialista daquilo, nós respeitamos demais a academia, respeitamos demais àqueles que se devotam a estudar, mas entre a teoria e a prática da segurança pública, o que está em meio a isso são vidas. Essas vidas são o motivo da Polícia Militar existir", sustentou.

A lei que determina o uso de câmeras acopladas ao uniforme dos policiais foi sancionada pelo governador Cláudio Castro em junho do ano passado, mas ela nada mais é do que um adendo à outra, que surgiu há 13 anos.

Em 2009, um Projeto de Lei estabeleceu a instalação de câmeras de vídeo e de áudio nas viaturas da Polícia Militar. À época, um dos artigos citava também que "o Estado deverá adotar equipamentos que registrem as operações policiais nas comunidades e em eventos de grande público."

A operação iniciada nesta segunda começou com duas semanas de atraso, mas a empresa responsável pelo fornecimento do equipamento atrasou a entrega. A instalação faz parte do Programa Estadual de Transparência em Ações de Segurança Pública e Defesa Civil, que busca fiscalizar a atuação dos agentes.

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