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A ideia de uma possível paralisação dos caminhoneiros por causa do aumento do preço dos combustíveis, decretado na semana passada pela Petrobras, ainda divide a categoria. O caminhoneiro autônomo Wanderlei Loureira Alves, o "Dedeco", disse em nota ao Broadcast Agro que "as divergências são muitas entre caminhoneiros e lideranças que são a favor de parar e os que são a favor de aumentar os fretes para suprir o aumento (dos combustíveis)".

Diante da cisão, o caminhoneiro autônomo afirma que "não vai se envolver" mais. Ele também critica caminhoneiros autônomos que continuam defendendo o governo de Jair Bolsonaro e recomenda às empresas de transporte comprarem mais caminhões "e não cederem às pressões dos autônomos, já que eles defendem tanto este governo".

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Outra fonte do setor confirma que a categoria, de fato, "está muito polarizada".

O presidente Jair Bolsonaro disse, neste sábado (12), que não conversou com os caminhoneiros sobre reajustes nos preços de combustíveis, mas afirmou estar ciente de que eles estão "chateados". "Peço a compreensão deles. Entendo que a partir de hoje (ontem) subiu, sim, R$ 0,90 o preço do diesel, mas hoje diminuiu R$ 0,60. Espero que na ponta aqui, na bomba, esse valor se faça presente", comentou ele sobre um Projeto de Lei Complementar (PLC), aprovado na sexta-feira pelo Congresso Nacional.

O chefe do Executivo disse torcer para que a categoria não se organize para fazer protestos contra o aumento dos combustíveis. No governo de Michel Temer, uma grande greve dos motoristas paralisou o País e fez com que o presidente buscasse recursos extraordinários para auxiliar os trabalhadores. "Tem muito caminhoneiro que... alguns falam em greve. Sei disso. Lamento. Espero que não haja", afirmou.

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Bolsonaro considerou também que há o pensamento entre alguns profissionais de que não é o ideal entrar em greve porque, com uma possível paralisação, o caminhão não pode sair de casa e o motorista não teria mais como honrar pagamentos, como o de combustíveis.

"Quer ver uma coisa? Você pega uma viagem daqui Brasília a São Paulo, mais ou menos mil quilômetros. Um caminhão grande gasta, a cada dois quilômetros, um litro de diesel. Então, ele gasta quinhentos litros para ir e quinhentos para voltar. Gasta mil litros de combustível. Se o aumento foi de R$ 900, o que não é verdade, então aumentou mais R$ 900", calculou.

"Realmente é insuportável isso que está acontecendo. Nós temos que ter sensibilidade", continuou.

Petrobras

Bolsonaro também afirmou que qualquer um pode ser trocado em seu governo, com exceção dele próprio e do vice-presidente Hamilton Mourão. "Todo mundo pode ser trocado", disse, quando questionado por jornalistas sobre se existia a possibilidade de mudar o comando da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, após o reajuste dos combustíveis anunciado esta semana. Bolsonaro falou com repórteres após participar de um evento para "filiação em massa" de pré-candidatos a deputados federais do PL.

Na sequência, no entanto, Bolsonaro voltou ao tema. "Ninguém falou em trocar (o presidente da Petrobras). Você perguntou se ele pode ser trocado. Qualquer um pode ser trocado no meu governo, menos eu e o vice-presidente da República, que têm mandato", disse.

O chefe do Executivo lembrou que, pelo cargo que ocupa, se considera o acionista majoritário da estatal, que também possui ações no mercado financeiro. "Então eu dou os meus palpites, minhas sugestões, diretamente ao presidente (da empresa) quando se faz necessário. Mas isso não é interferência. São sugestões apenas que eu faço", relatou.

O presidente também deu a entender que não conversou com o general Luna após a decisão do comandante da Petrobras de repassar o aumento dos custos dos combustíveis no mercado externo para o mercado doméstico. "Certas coisas não precisam comentar. Ele vai ligar para mim para perguntar 'está satisfeito com o reajuste?', Não vai. Ele sabe o que eu penso disso e o que qualquer brasileiro pensa disso", disse. "Agora, o brasileiro tem que entender que quem decide esse preço não é o presidente da República. É a Petrobras com os seus diretores e o seu Conselho", continuou.

Da mesma forma, Bolsonaro também descartou, mais uma vez, a possibilidade de mudar os preços dos combustíveis "na caneta". "Não existe isso. Se você efetuar uma medida dessa aí, explode. Quando você fala, o preço do combustível está atrelado ao valor do petróleo lá fora e ao dólar aqui dentro. Se você tomar certas medidas, você simplesmente causa um caos na economia", explicou. "Não adianta você reduzir na canetada em R$ 1 o preço do combustível se o dólar vai para R$ 7", acrescentou.

O chefe do Executivo disse ainda que o presidente da Petrobras está realizando investimentos a médio e longo prazo. "Estive com ele na Comperj, em Itaboraí (RJ). Estamos investindo em outras refinarias, pelo Brasil, para aumentar a sua produtividade", ressaltou. O presidente comentou que, para construir uma refinaria, além de ser uma obra demorada, é precisamos estimular a iniciativa privada para que parta para a construção de refinarias no Brasil. "Esse (processo) é longo, não é coisa rápida. É demorado", calculou.

Bolsonaro ilustrou, dizendo que há minirrefinarias no mundo e que a China, inclusive, tem expertise nessa área. Comentou ainda que tratou do tema com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e que recebeu como resposta que os projetos são possíveis, mas que podem levar de três a quatro anos para ser construídos.

Após os caminhoneiros ameaçarem uma paralisação e pedir ajuda da população para a causa, o ex-juiz e pré-candidato à presidência Sergio Moro (Podemos) afirmou que "as pessoas (caminhoneiros) que fazem o Brasil acontecer precisam ser levadas a sério".

"Se tudo é transportado em cima de mais de 2 milhões de caminhões, em um País continental, como se explica não ter uma política específica para o setor?", disse Moro, em sua conta no Twitter. Segundo ele, "mais uma vez, falta visão de longo prazo".

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A insatisfação dos caminhoneiros começou no dia 10 de março, quando a Petrobras anunciou reajustes de dois dígitos nos preços da gasolina, do diesel e do gás liquefeito de petróleo (GLP), mais conhecido como gás de cozinha. No caso da gasolina, o reajuste foi de 18,7% e do diesel de 24,9%.

Como parte das iniciativas para conter a insatisfação da população como um todo, principalmente com inflação alta, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que muda a cobrança do ICMS sobre o combustível, principal fonte de receita dos Estados. Agora, o combustível será cobrado sobre o litro do combustível, e não mais sobre o preço final do produto.

Em áudio enviado nesta sexta-feira, 11, aos caminhoneiros abrigados na Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), o diretor da entidade, Carlos Alberto Litti Dahmer, mostrou sua indignação com o aumento do preço de combustíveis anunciado ontem pela Petrobras e disse aos seus pares que "não dá pra ficar calado com esse abuso do preço do combustível". "Não podemos ficar de braços cruzados aceitando a um desmando desse tipo", disse e acrescentou: "A gente não pode se permitir não dar um grito de saída e aceitar isso calado como ovelha e boi manso. Precisamos fazer algum movimento".

No áudio, Dahmer não mencionou, em nenhum momento, a palavra greve, mas disse que a categoria precisa "fazer algum movimento". "Estou à disposição da luta, de que alguma coisa precisa ser feita, mas sozinho ninguém faz nada; precisamos ter mais participação e estou aberto e disposto a ouvir."

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Dahmer, que é caminhoneiro em Ijuí (RS), lembrou que, especialmente este ano, no Rio Grande do Sul, com a quebra de safra de grãos no Estado, "vai sobrar caminhão (para transportar os grãos), não vai ter mercado e muita gente vai sair da atividade, inclusive". Então, protestar contra o aumento dos preços dos combustíveis é, para ele, "uma questão de sobrevivência". "Os que ainda restam na atividade que se deem as mãos para sair do atoleiro da areia movediça. Tem que reagir", finalizou.

O primeiro-ministro canadiense, Justin Trudeau, criticou os protestos liderados por caminhoneiros contra as regras anticovid que paralisaram o centro de Ottawa e estimularam movimentos similares na França e Nova Zelândia.

A polícia canadense ameaçou na quarta-feira (9) prender os manifestantes que se uniram ao bloqueio da ponte Abassador, que liga Windsor e a cidade americana de Detroit, em solidariedade com centenas de caminhoneiros que bloqueiam há duas semanas a capital.

"Os bloqueios, as manifestações ilegais, são inaceitáveis e estão impactando negativamente os negócios e fábricas", declarou o primeiro-ministro, Justin Trudeau, na Câmara dos Comuns. "Temos que fazer de tudo para que isso acabe", completou.

"Não podemos terminar a pandemia com bloqueios (...) Precisamos encerrá-la com ciência. Precisamos encerrá-la com medidas de saúde pública", insistiu.

O chamado "Comboio da Liberdade" começou em janeiro no oeste do Canadá, conduzido por caminhoneiros que rejeitam a vacinação ou testes obrigatórios para cruzar a fronteira com os Estados Unidos. Mas o movimento virou um protesto mais amplo contra todas as medidas sanitárias aplicadas contra a covid-19.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que as autoridades americanas estão em "contato direto" com as agências de fronteira canadenses devido ao bloqueio da ponte e advertiu sobre o "risco para as cadeias de abastecimento" e a economia dos dois países.

Mais de 40.000 passageiros, turistas e caminhoneiros carregando mercadorias no valor de US$ 323 milhões cruzam a ponte diariamente.

Dezenas de câmaras de comércio e associações industriais no Canadá e nos Estados Unidos exigiram que a ponte fosse liberada.

"À medida que nossas economias emergem dos impactos da pandemia, não podemos permitir que nenhum grupo prejudique o comércio além-fronteiras", disseram.

- Imitadores -

Apesar das advertências, o protesto prossegue e virou inspiração no exterior, com movimentos similares na Nova Zelândia, Nova York ou França.

Nesta quinta-feira, no centro de Wellington, policiais e manifestantes antivacina se enfrentaram diante do Parlamento neozelandês. Mais de 10 pessoas foram detidas.

Na França, milhares de manifestantes inspirados pelos caminhoneiros canadenses planejam entrar em Paris na noite de sexta-feira, com alguns deles dispostos a seguir até Bruxelas na segunda-feira.

A polícia de Paris atuou nesta quinta-feira para impedir o protesto e anunciou a proibição dos chamados "comboios da liberdade", com a presença de agentes nas principais rodovias para que não sejam bloqueadas, além da ameaça de multas e detenções.

No berço do movimento, no centro de Ottawa, na noite de quarta-feira havia um clima de desafio e celebração.

"Não vamos a lugar nenhum", disse caminhoneiro John Deelstra, ao volante de seu veículo, estacionado no local desde o primeiro dia de protestos.

Lloyd Brubacher, caminhoneiro de Ontário, tem a mesma convicção. "Não vou a lugar nenhum", afirmou, disposto a "lutar até o fim".

"Esta é uma situação dramática que está afetando o bem-estar da relação do Canadá com os Estados Unidos e tem um grande impacto na forma como as empresas podem realizar suas operações", analisou Gilles Le Vasseur, professor da Universidade de Ottawa.

- "Bloqueio econômico ilegal" -

Quase 400 veículos permanecem estacionados diante do gabinete do primeiro-ministro canadense, em meio a churrascos, fogueiras e música.

Proibidos por lei de usar suas buzinas após as reclamações dos moradores, os manifestantes agora usam o barulho dos motores, o que enche o centro de Ottawa com fumaça de diesel.

O setor econômico está preocupado.

O presidente da Associação Canadense de Fabricantes de Automóveis, Brian Kingston, alertou que o bloqueio da ponte Ambassador está "ameaçando cadeias de suprimentos frágeis já sob pressão de escassez e atrasos relacionados à pandemia".

As autoridades afirmaram que 5.000 trabalhadores em Windsor foram enviados de volta para casa na terça-feira por causa do bloqueio e várias fábricas de montagem se preparavam para fechar por falta de peças.

Michelle Krebs, analista da Autotrader em Detroit, explicou que as montadoras norte-americanas dependem de entregas pontuais de peças por aquela ponte suspensa.

O setor automotivo, sublinhou, "é uma parte significativa da economia" e foi afetado no último ano.

O ministro canadense dos Transportes, Omar Alghabra, advertiu para "sérios perigos" por este "bloqueio econômico ilegal contra todos os canadenses".

As autoridades canadenses trabalhavam para tentar controlar o protesto de caminhoneiros contra as restrições impostas como parte do combate à pandemia, que paralisa a capital do país há vários dias e ameaça virar uma grande crise política para o primeiro-ministro Justin Trudeau, que exigiu o fim imediato da manifestação.

O prefeito de Ottawa, Jim Watson, pediu ao governo federal a nomeação de um mediador para dialogar com os manifestantes e alcançar uma maneira de desativar os protestos, que irritam os moradores com suas incessantes buzinas e a fumaça.

No domingo, Watson declarou estado de emergência na cidade ao afirmar que os protestos estavam "fora de controle". Na segunda-feira ele pediu reforços ao governo federal para conseguir o fim do que chamou de "cerco". Ele deseja o envio de 1.800 policiais adicionais.

De acordo com estimativas, entre 400 e 500 caminhões bloqueavam o centro da cidade.

"Isto tem que parar", afirmou o primeiro-ministro Justin Trudeau na segunda-feira em seu retorno à Câmara dos Comuns, após uma semana de isolamento por contágio da covid-19.

"Esta pandemia tem sido uma merda para todos os canadienses. Mas os canadenses sabem que a única saída é continuar escutando a ciência", declarou, irritado com os protestos.

A situação levou o Parlamento a convocar uma reunião urgente para debater os próximos passos.

"O governo federal responderá", prometeu Trudeau à noite.

As manifestações do "Comboio da Liberdade" começaram em 29 de janeiro no oeste do Canadá por parte de caminhoneiros enfurecidos com as exigências de vacinação impostas para quem atravessa a fronteira entre Estados Unidos e Canadá, mas aumentaram para protestos contra as restrições impostas pelo governo de Trudeau para frear a pandemia.

Entre as cidades que registraram manifestações no fim de semana estão Toronto, Winnipeg e Quebec.

Uma da porta-vozes dos manifestantes, Tamara Lich, afirmou na segunda-feira que os ativistas estão dispostos a negociar com o governo para buscar uma solução para a crise, mas insistiram que as restrições devem ser reduzidas.

"O que tentamos fazer agora é entrar em contato com todas as partes a nível federal, para conseguir organizar uma reunião", declarou em um evento transmitido no YouTube. "Para que possamos começar os diálogos e ver como podemos avançar, obter a suspensão das restrições e mandatos, restaurar os direitos e liberdades dos canadenses e ir para casa", completou.

Após as críticas por ter permitido o bloqueio do centro da capital, com lojas fechadas, a polícia de Ottawa anunciou no domingo novas medidas para controlar os protestos, com a proibição da entrega de combustível e mantimentos aos manifestantes.

Várias pessoas foram detidas ou multadas, e veículos foram apreendidos.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, reverteu nesta quarta-feira, 3, uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) que havia liberado a ocupação de rodovias federais por caminhoneiros grevistas. Os motoristas autônomos tinham conseguido, na noite desta terça-feira, 2, derrubar 11 das 29 liminares judiciais que impedem interdições de estradas, por meio de ação da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava). O governo, no entanto, recorreu ao STF e conseguiu suspender a determinação.

O presidente da Corte relembrou de recente decisão da ministra Carmém Lúcia, que manteve na segunda-feira, 1, a proibição do bloqueio de rodovias. Os dois ministros não acolheram a argumentação da Abrava, que defendeu que as liminares conquistadas pelo governo contra a greve seriam de competência da Justiça do Trabalho, e não da Justiça Federal - onde tramitam os processos.

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Fux também destacou os apontamentos feitos pela União, de que uma eventual ocupação de rodovias causaria grave risco de prejuízos econômicos generalizados. "Há, ademais, pelas mesmas razões, risco à ordem e à saúde públicas consistente na possibilidade de desabastecimento de gêneros alimentícios e outros de primeira necessidade nas diversas cidades do país pela obstrução das interligações entre áreas de produção e de consumo", afirmou o presidente da Corte.

Como mostrou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a decisão do TRF-1, agora suspensa, havia gerado expectativa nas entidades grevistas de que os atos às margens das estradas iriam se acentuar a partir desta quarta. Até o momento, o movimento tem fraca adesão.

A Abrava, o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) estão à frente da organização da paralisação. As principais reivindicações dos caminhoneiros são o cumprimento do piso mínimo do frete rodoviário, mudança na política de preço da Petrobras para combustíveis e o retorno da aposentadoria especial a partir de 25 anos de contribuição, entre outros mais de dez itens.

Mesmo com fraca adesão, caminhoneiros autônomos prometem manter a greve nacional iniciada na segunda-feira (1º) em protesto contra a alta de preços do óleo diesel. "Continuamos a paralisação até o governo apresentar alguma resposta às demandas da categoria. A adesão está boa, dentro do esperado e em vários Estados. Há poucos caminhões rodando nas rodovias", disse o presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Plínio Dias. A interrupção das atividades está concentrada, porém, entre autônomos, sem adesão dos celetistas e empresas transportadoras.

Balanço divulgado nesta terça pelo Ministério da Infraestrutura indicou que as rodovias federais e pontos logísticos estratégicos do País continuavam sem nenhuma ocorrência de bloqueio parcial ou total. Segundo o ministério, existia apenas um ponto de concentração no km 276 da BR-116/RJ (na rodovia Presidente Dutra), em Barra Mansa (RJ), sem bloqueio e sem abordagem a caminhoneiros que seguiam viagem.

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Diante da proibição de interdições e bloqueios nas estradas, a greve nacional está restrita a manifestações às margens das rodovias e para veículos estacionados em postos de combustíveis. O governo federal se antecipou aos atos e obteve 29 liminares judiciais proibindo bloqueios nas estradas e em pontos logísticos estratégicos de 20 Estados.

"O movimento segue aqui em Ijuí (RS), apesar do efeito das liminares", afirmou o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer.

No segundo dia de mobilização dos caminhoneiros, não há bloqueios em rodovias federais nem em pontos logísticos estratégicos, segundo anunciou o Ministério de Infraestrutura, no Twitter, com base em informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

De acordo com a pasta, a tentativa de bloqueio feita ontem (1º) na BR-116, no Rio de Janeiro, foi desfeita. “Ontem, cerca de 40 manifestantes aglomerados no km 276 da BR-116/RJ (Dutra), em Barra Mansa, tentaram interdição parcial da rodovia. A PRF interveio e retirou o grupo. Poucos ainda permanecem no local. A rodovia está sem bloqueio e sem abordagem a caminhoneiros que seguem viagem”, diz a nota do ministério.

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Na madrugada de ontem, a polícia dispersou uma manifestação no Porto de Santos. “O número de manifestantes presentes no Porto de Santos/SP diminuiu consideravelmente. A Polícia Militar de São Paulo e a Guarda Portuária ainda seguem oferecendo escolta para garantir a melhor segurança do fluxo de caminhões que acessam o porto”, informou na manhã de hoje o Ministério da Infraestrutura.

Segundo o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), uma das entidades que convocou a mobilização, a polícia agiu com violência e sem diálogo para desfazer o ato.

“Sem qualquer ilegalidade por parte dos manifestantes, o Governo usa da força de forma abusiva para desmobilizar articulação das paralisações dos caminhoneiros. Embora chamados a conversar, os policiais alegaram não ter o que conversar, não quiseram se identificar e imotivadamente atiraram bombas de gás nos manifestantes para impedir o movimento”, disse a entidade em sua página no Facebook, acompanhada de vários vídeos que mostram a manifestação na madrugada de ontem e bombas de efeito moral lançadas pela polícia.

A CNTRC disse que a manifestação dos caminhoneiros é contra a alta no preço dos combustíveis. Segundo a entidade, desde ontem ocorrem manifestações no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, além da Baixada Santista.

Procurada pela Agência Brasil, a PRF ainda não se manifestou sobre as denúncias da CNTRC.

A paralisação dos caminhoneiros autônomos e celetistas, prevista para iniciar nesta segunda-feira, está ocorrendo de forma pontual. Até o momento, grupos que apoiam o movimento promovem manifestações às margens das rodovias e em postos de combustíveis. Bloqueios em estradas e restrições de circulação de veículos de cargas que eram prometidos pela categoria a fim de repetir a greve histórica de maio de 2018 não se concretizaram. A interrupção das atividades está concentrada na categoria dos autônomos, sem adesão dos celetistas e empresas transportadoras, conforme representantes ouvidos pelo Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

As lideranças que estão à frente do movimento avaliam que a participação dos transportadores autônomos é "alta". "A categoria está entendendo e cruzando os braços. Vemos um volume muito baixo de caminhões rodando. Ninguém está aguentando mais a situação atual, por isso que estamos parando", disse o presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão.

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Segundo ele, há adesão ao movimento em vários Estados. Ele não soube mensurar o número de regiões e Estados em que há pontos de manifestação. Chorão, que foi uma das principais lideranças da greve de 2018, afirmou que o movimento seguirá por tempo indeterminado. "A ideia é que o governo tome alguma medida atendendo à categoria", apontou.

Na mesma linha, o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer, afirmou que o transportador autônomo não está na rodovia. "Quem está rodando nas estradas são as empresas, em número menor. 95% dos autônomos pararam. Estamos firmes e continuamos parados", afirmou Litti, que estava em ato no entrocamento das rodovias BR 285 com RS 242 em Ijuí (RS).

A Polícia Rodoviária Federal informou que o fluxo de veículos está normal em todas as rodovias federais. Segundo a PRF, na última sexta-feira foi iniciada pela instituição uma operação extra de monitoramento nas estradas em virtude do feriado prolongado de Finados, para qual reforçou policiamento e rondas ostensivas nas estradas. "Estamos de prontidão, com o monitoramento 24h das rodovias federais a fim de atuarmos com agilidade e eficiência caso haja mudança no quadro atual", disse a PRF, em nota encaminhada à reportagem.

O Ministério da Infraestrutura informou que às 9 horas desta segunda-feira não havia registro de nenhuma ocorrência de bloqueio parcial ou total em rodovias federais ou pontos logísticos estratégicos. Trata-se do boletim mais recente da pasta. Mais cedo, a pasta afirmou que identificava três pontos de concentração: às margens da BR-116/RJ (Dutra), na altura da Rodoviária de Barra Mansa (RJ); às margens da BR-101/RJ, na região de Rio Bonito (RJ); e às margens da BR-116/CE, na altura do município de Itaitinga (CE). Sem bloqueio e sem abordagem a caminhoneiros que seguem viagem.

A ausência de interdições em rodovias é atribuída pelas lideranças ao fato de o governo e as autoridades terem se antecipado aos atos e obtido liminares judiciais proibindo bloqueios nas estradas. Na noite da última sexta-feira, a Advocacia Geral da União conseguiu liminares judiciais para proibir interdições de trechos ou a totalidade de rodovias de pelo menos 4 Estados (Goiás, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul).

A Autoridade Portuária de Santos (SPA), responsável pelo Porto de Santos, e a CCR Nova Dutra, concessionária responsável pela rodovia que liga os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, também obtiveram decisões semelhantes. As decisões preveem multas de R$ 2 mil a R$ 100 milhões por dia para quem desrespeitar os chamados "interditos proibitórios".

Segundo Chorão, a Abrava está recorrendo judicialmente das decisões judiciais de interdito proibitório. "Não fomos notificados oficialmente sobre essas liminares. Estão falando que são 29 liminares. Sabíamos que o governo agiria desta maneira e orientamos a categoria a permanecer em casa e estacionados sem trabalhar até termos nova decisão", afirmou Chorão.

A Abrava e a CNTTL estão à frente do movimento com o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC). É a primeira vez que estas entidades estão juntas desde 2018. A insatisfação crescente com as promessas não cumpridas pelo presidente Jair Bolsonaro se tornou unanimidade na categoria - base eleitoral do presidente Jair Bolsonaro - e motivou a unificação da pauta após uma série de cisões.

As principais reivindicações dos caminhoneiros são o cumprimento do piso mínimo do frete rodoviário, mudança na política de preço da Petrobras para combustíveis e o retorno da aposentadoria especial a partir de 25 anos de contribuição, entre outros mais de 10 itens.

O Ministério da Infraestrutura divulgou, pelo WhatsApp, boletim atualizado das 6 horas, no qual informa que não há registro de nenhuma ocorrência de bloqueio parcial ou total em rodovias federais ou pontos logísticos estratégicos nesta segunda-feira (1º), dia no qual há expectativa de greve de caminhoneiros no País. O relatório tem como base informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública por meio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Segundo o comunicado, a PRF identifica três únicos pontos de concentração: às margens da BR-116/RJ (Dutra), na altura da Rodoviária de Barra Mansa (RJ); às margens da BR-101/RJ, na região de Rio Bonito (RJ); e às margens da BR-116/CE, na altura do município de Itaitinga (CE). Sem bloqueio e sem abordagem a caminhoneiros que seguem viagem.

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Pouco antes do fechamento deste texto, uma aglomeração em frente ao Porto de Capuab, no Espírito Santo, foi registrada, mas já foi dispersada por agentes da PRF.

Portos continuam operando dentro da normalidade. A situação no Porto de Santos está controlada e sem aglomerações no seu entorno desde as 2 horas.

Também não foi registrada nenhuma ocorrência em centros de distribuição de combustíveis. Movimentação normal.

Conforme o ministério, o efetivo da PRF se mantém em operação nos 26 Estados e Distrito Federal.

São 29 liminares na Justiça contra bloqueio de rodovias, refinarias e portos contemplando 20 Estados.

Nesta segunda-feira (1º), caminhoneiros prometem fazer uma paralisação em rodovias de alguns estados brasileiros. O presidente Jair Bolsonado chegou a anunciar um benefício que contemplaria 750 mil motoristas no valor de R$ 400, mas a categoria decidiu manter a greve.

Na ocasião, o presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, uma das principais lideranças do movimento de caminhoneiros do País, criticou a medida. "Eu acho que foi uma piada que ele (Bolsonaro) fez... ou será de verdade? Isso é uma piada de mau gosto. O caminhoneiro não quer esmola, quer dignidade, quer os compromissos que foram assumidos e que até hoje não saíram do papel", disse Landim.

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Na última quinta-feira (28) a Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e celetistas se reuniu, por meio de videoconferência, para tentar um diálogo, mas não houve acordo. O encontro não contou com a participação de representantes do governo.

Pernambuco

Em Pernambucano, a Justiça Federal entende desnecessária a ordem judicial para atuação dos órgãos policiais da União em vista da greve dos caminhoneiros. Nas ações propostas, com pedido de liminar, foram destacadas impedir e punir pessoas que venham a participar da mobilização.

De acordo com o magistrado plantonista da Justiça Federal em Pernambuco (JFPE), Allan Endry Veras Ferreira, está autorizado ao Poder Público (Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e demais órgãos competentes) "adotar as medidas necessárias e suficientes ao resguardo da ordem no entorno e, principalmente, à segurança dos pedestres, motoristas, passageiros e dos próprios participantes do movimento, que porventura venham a posicionar-se em locais inapropriados nas rodovias federais no Estado de Pernambuco, inclusive mediante o emprego da força pública, que impeça ou dificulte a livre circulação de veículos automotores ou que, de qualquer modo, cause prejuízo à segurança e à fluidez do trânsito nas aludidas rodovias".

Ainda segundo o juiz, "as rodovias federais são bens públicos de uso comum, sendo legítima a ação da União para garantir a livre circulação de bens, veículos e pessoas, porém, os órgãos da União exercem poder de polícia, e podem, com base na autoexecutoriedade de seus atos, empreender todas as medidas para garantir o regular trânsito em suas rodovias". As decisões de indeferimento foram emitidas na 6ª e 34ª Vara Federal.

*Com informações da assessoria

Representantes dos caminhoneiros reafirmam que na próxima segunda-feira (1º) irá acontecer a greve dos caminhoneiros em todo o Brasil. Na quinta-feira (28), por meio da reunião por videoconferência com a Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e celetistas, tentou-se um diálogo de entendimento do governo em relação à pauta desses trabalhadores.

Sem nada acertado entre o governo, que não teve nenhum representante participando da reunião, e os caminhoneiros, a categoria se organiza para paralisar as atividades no dia 1º de novembro, como forma de chamar atenção para as suas reivindicações, que incluem uma nova polítoca de preços dos combustíveis, a volta da aposentadoria especial concedida depois de 25 anos de contribuição previdenciária, e o piso mínimo de frete.

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Em videoconferência promovida pela frente parlamentar nesta quinta-feira (28), mais de 70 lideranças do setor trouxeram suas demandas aos parlamentares. Nereu Crispim (PSL), presidente da frente, afirma que já mandou  ofícios ao governo sobre o assunto e também levou a pauta aos presidentes do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) participou ontem de uma reunião com o Ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, para debater sobre as demandas. 

No entanto, o assessor executivo da CNTA não forneceu detalhes sobre as propostas que estariam sendo formuladas pela pasta, mas disse que algumas propostas apresentadas pela entidade serão acatadas pelo governo com direcionamento de Freitas.

A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) não identificou adesão de seus sindicatos e federações associados à greve marcada por entidades de caminhoneiros autônomos para a próxima segunda-feira, 1º. A informação foi dada nesta sexta-feira, 29, pelo assessor executivo da confederação, Marlon Maues, ao Broadcast Agro. Segundo ele, a confederação não orientará seus associados sobre aderir ou não ao movimento. "Quem faz greve é a categoria através de assembleias nos sindicatos. A CNTA chancela uma situação. Consultamos nossa base por meio das federações e não há relatos de aderência à paralisação", disse Maués.

Uma nota oficial com o posicionamento da entidade deve ser divulgada ainda nesta sexta-feira. "Associados entendem que uma greve seria muito prejudicial para a categoria dos autônomos e à sociedade neste momento. Todos reportaram estabilidade porque precisam trabalhar", afirmou Maues. A CNTA congrega 800 mil caminhoneiros e é considerada a entidade legal de representação dos interesses da categoria.

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Quanto às reivindicações dos autônomos, Maues disse que a CNTA entende que o foco principal da discussão deve ser o valor do frete e não baseada exclusivamente no preço do combustível. "Combustível é um insumo que vai compor o valor do frete. A discussão deve ser sobre o frete e o sistema que torna caminhoneiro refém do poder econômico sem participar da negociação", comentou, citando que a confederação trabalha em um sistema de contratação direta do frete. "A mudança no preço do combustível seria paliativa, enquanto no sistema do frete seria estrutural" avaliou.

A CNTA participou ontem de reunião no Ministério da Infraestrutura, convocada pelo ministro Tarcísio de Freitas. "A reunião foi muito positiva. O ministro está antenado às necessidades da categoria. Existe uma agenda positiva com novidades a serem desenvolvidas", relatou Maués. O assessor executivo da CNTA não forneceu detalhes sobre as propostas que estariam sendo formuladas pela pasta, mas disse que algumas propostas apresentadas pela entidade serão acatadas pelo governo com direcionamento de Freitas. "De forma eficaz, porque o governo precisa entregar algo mais sólido", avaliou Maués.

O presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, deputado Nereu Crispim (PSL-RS), pediu mais diálogo e entendimento do governo em relação à pauta desses trabalhadores.

A categoria se organiza para uma nova paralisação em 1º de novembro como forma de chamar atenção para suas reivindicações, que incluem uma nova política de preços dos combustíveis, a volta da aposentadoria especial – concedida depois de 25 anos de contribuições previdenciárias – e o piso mínimo de frete, que tem sido alvo de ações na Justiça.

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Em videoconferência promovida pela frente parlamentar nesta quinta-feira (28), mais de 70 lideranças do setor trouxeram suas demandas aos parlamentares. Segundo Crispim, a frente já mandou ofícios ao governo sobre o assunto e também levou a pauta aos presidentes do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

A expectativa de Nereu Crispim é que o governo, que não participou da reunião, ouça os caminhoneiros e não haja a paralisação. “Precisamos de entendimento, de conversação e de dar dignidade para essas pessoas, que não representam só a categoria, mas representam as famílias que estão pagando R$ 100 em um gás de cozinha”, afirmou.

Preço do diesel

Um dos pontos do debate foram os constantes aumentos do preço do diesel. Deputados e caminhoneiros criticaram a atual política de preços de combustíveis, que se baseia no valor do barril de petróleo no mercado internacional e do dólar. É a chamada Política de Paridade Internacional (PPI), em vigor desde o governo de Michel Temer (2016-2018).

De janeiro a setembro deste ano, os preços de revenda registraram aumentos de 28% no diesel, 32% na gasolina e 27% no GLP, segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep). A perspectiva é de manutenção dessa tendência de alta devido às flutuações no preço internacional do barril de petróleo.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados no último dia 13, a Petrobras defendeu as regras atuais. Segundo a empresa, a PPI garante o pleno abastecimento ao País.

Especialistas presentes na reunião desta quinta, porém, criticaram o modelo e defenderam a aprovação do Projeto de Lei 750/21, do deputado Nereu Crispim, que tributa a exportação do petróleo bruto, a fim de gerar investimentos em novas refinarias e permitir a redução dos tributos pagos pela população.

“Os consumidores, os caminhoneiros pagam altos impostos. As empresas têm alto lucro e exportam o petróleo bruto e não pagam impostos”, criticou o consultor legislativo aposentado da Câmara Paulo Cesar Lima.

Segundo ele, o modelo de exportar petróleo bruto faz com que o Brasil não invista em refinarias e que se criem monopólios regionais que, se privatizados, podem significar um aumento ainda maior de preços.

O secretário de Políticas Sociais e Acessibilidade da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer, acredita que o preço do combustível no Brasil pode ser balizado pelo custo do barril de petróleo produzido internamente, que gira em torno de 30 dólares.

Segundo Dahmer, investir em refinarias pode ser uma saída para aliviar os custos. “Hoje 70% da capacidade de refino não estão sendo feitas, para que esse nosso petróleo seja largado cru para fora do País e retorne no preço internacional de 84 dólares o barril.”

Problema mundial

O deputado Coronel Tadeu (PSL-SP), por outro lado, observou que a alta de preço de combustíveis e de alimentos “não é um privilégio do Brasil”. Todos os países do mundo, disse, lutam para sair o mais rápido possível da recessão.

“O que o governo federal podia fazer e já fez é reduzir o valor dos impostos federais. Resta agora que governadores façam a sua parte e abaixem a parte estadual de imposto que incorre no preço dos combustíveis”, declarou. “Aqui em São Paulo, por exemplo, temos 25% de alíquota sobre o preço dos combustíveis. Isso poderia significar uma redução de até R$ 1,50”, acrescentou Coronel Tadeu.

*Da Agência Câmara de Notícias

A Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Carga em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens-SP) e o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindicam-SP) ainda avaliam se irão aderir à paralisação nacional dos caminhoneiros prevista para ocorrer na próxima segunda-feira, 1º. A informação foi dada ao Broadcast Agro pelo presidente de ambas entidades, Norival de Almeida Silva Preto. "A decisão está vindo dos sindicatos que estão conversando com seu quadro associativo. A Fetrabens estará acompanhando e apoiando os sindicatos dentro do que pode ser feito", disse Preto. Segundo ele, a decisão no tocante à Fetrabens será da categoria.

No âmbito do Sindicam-SP, Preto informou que o sindicato não assinou o estado de greve e que aguarda posições dos associados sobre a ação e posicionamento da entidade. "Como cidadão, acho que passou da hora de fazer movimento. Acho que chegou a hora de dizer que tal dia será feito reajuste do frete e que só carregamos caminhão com valor do frete", afirmou.

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Transportadores rodoviários autônomos e celetistas afirmam que vão paralisar as atividades em 1º de novembro, caso o governo não atenda às reivindicações da categoria. O movimento é organizado pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) e pela Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava).

Preto avalia a pauta do movimento como "fracassada". "Essa pauta não resolve os problemas dos caminhoneiros", argumentou o presidente da Fetrabens-SP. Os pedidos dos caminhoneiros incluem cumprimento do piso mínimo do frete rodoviário, mudança na política de preço da Petrobras para combustíveis e aposentadoria especial a partir de 25 anos de contribuição, entre outros. "O problema não é diesel baixar ou subir. O que precisamos é fazer cumprir o frete. Precisávamos chegar dia 1º e não carregar nenhum caminhão abaixo de determinado valor", disse.

Mesmo sem concordar pessoalmente com o movimento, Preto disse considerar que o governo impôs um novo desafio com reajuste do preço dos combustíveis às vésperas da greve. "Não sei o que o governo está querendo. Precisávamos sentar com o governo, precisamos de frete e de opções para diminuir nosso custo", apontou. Sobre o auxílio caminhoneiro, anunciado na semana passada pelo governo federal, de R$ 400 para transportadores autônomos, Preto também criticou a proposta do Executivo. "Não estamos pedindo esmola. Ele (presidente) não está lá para colocar esmola para nós. Ele está lá para resolver o problema do transporte no País. Não estamos implorando, queremos oportunidade para continuar trabalhando", argumentou.

Ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta sexta-feira o auxílio de R$ 400 até o fim de 2022 para ajudar os caminhoneiros a suportarem o custo do aumento do diesel e voltou a falar de aumento no preço de combustíveis. "Sabemos que estamos na iminência de um mais um reajuste de combustíveis e, quando isso vai para o diesel, influencia diretamente na inflação. O caminhoneiro que transporta cargas pelo Brasil merece ter uma atenção da nossa parte. Foi decidido então um auxílio aos mesmos que custará menos de R$ 4 bilhões por ano, também previstos no orçamento", afirmou Bolsonaro, após encontro na sede do Ministério da Economia.

O presidente reconheceu que a Petrobras deve voltar a elevar os preços dos combustíveis nas refinarias nas próximas semanas.

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"Não temos bola de cristal, nós sabemos que aumentando o preço do petróleo lá fora e com a variação do dólar aqui dentro, um reajuste tem que ser cumprido em poucos dias pela Petrobras", acrescentou o presidente da República.

Bolsonaro ainda voltou a reclamar que tudo que acontece com a Petrobras é colocado como sua responsabilidade. "Indicamos presidente, mas não temos ascendência sobre ela. A Petrobras é auditada e fiscalizada por quase uma dezena de órgãos. Não existe da nossa parte um congelamento de preços, sabemos que as consequências (de um congelamento) são piores que o aumento de preços em si", concluiu.

Além de acertar um acordo para modificar a regra do teto de gastos (que condiciona a variação das despesas à inflação), o presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta, 21, a criação de um benefício para caminhoneiros - sem informar a fonte dos recursos. "Números serão apresentados nos próximos dias, vamos atender aos caminhoneiros autônomos. Em torno de 750 mil caminhoneiros receberão ajuda para compensar aumento do diesel", afirmou o presidente, em evento em Sertânia (PE).

Segundo apurou o Estadão/Broadcast com duas fontes do governo, a ajuda deve ser de R$ 400 a ser paga de dezembro de 2021 a dezembro de 2022. Embora Bolsonaro tenha citado o potencial de 750 mil beneficiários, a reportagem apurou que o público final ainda vai depender do número de caminhoneiros autônomos ativos no cadastro da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Esse número varia entre 700 mil e 850 mil.

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O custo estimado pelo governo com o programa é de cerca de R$ 4 bilhões. O valor final ainda vai depender de negociações com o Congresso Nacional e da disponibilidade no Orçamento.

A avaliação dentro do governo é de que o "auxílio diesel" é melhor do que uma alteração na política de preços da Petrobras, o que representaria, segundo uma fonte, "intervenção" na estatal. A ajuda não terá relação com o Auxílio Brasil, que também deve pagar R$ 400 até dezembro de 2022. Na área econômica, técnicos foram pegos de surpresa com o anúncio.

Desabastecimento

A defesa do auxílio diesel inclui o argumento de que os caminhoneiros são um elo importante da cadeia produtiva, e um peso excessivo dos combustíveis no bolso deles poderia gerar risco de desabastecimento.

No início da semana, a Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas notificou o governo e o Legislativo sobre suas reivindicações e o aviso de paralisação a partir de 1.º de novembro. O presidente da Frente, deputado federal Nereu Crispim (PSL-RS), disse ainda não ter sido informado oficialmente sobre o auxílio.

Crispim disse que, mesmo desconhecendo a medida, entende que os caminhoneiros não querem nenhum tipo de "auxílio esmola" e ressaltou: "Eles querem resolver a pauta que é ampla e passa pela política de preços para combustíveis da Petrobras".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A paralisação dos transportadores de combustíveis e de derivados de petróleo em Minas Gerais atinge 100% dos tanqueiros no Estado, segundo o presidente do Sindtanque-MG, Irani Gomes. As atividades foram interrompidas na madrugada desta quinta-feira (21) e cerca de 800 caminhões estão parados na região metropolitana de Belo Horizonte, sem nenhuma interdição de rodovias ou estacionamentos. São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo também aderiram à paralisação.

Os motivos do protesto, segundo o sindicato, são os altos custos dos combustíveis praticados pela Petrobras e o ICMS dos combustíveis em Minas Gerais. Durante a manifestação, dois caixões foram colocados na entrada da BR Distribuidora, em Betim (MG), para simbolizar a "morte do frete".

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O sindicato informou que a greve é por tempo indeterminado, até que haja negociações com os governos. "Estamos com os braços cruzados até que o governo se sensibilize e olhe para essa categoria", afirmou Irani Gomes. A Câmara dos Deputados aprovou um projeto para reduzir os preços dos combustíveis, mas o presidente do Sindtanque-MG não considera a solução eficaz. "Isso é apenas tampar o sol com a peneira", avaliou Gomes.

O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, uma das principais lideranças do movimento de caminhoneiros do País, criticou duramente as declarações feitas nesta quinta-feira (21) pelo presidente Jair Bolsonaro, de criar um "benefício" de R$ 400 por mês aos caminhoneiros, para compensar o aumento do diesel.

"Eu acho que foi uma piada que ele (Bolsonaro) fez... ou será de verdade? Isso é uma piada de mau gosto. O caminhoneiro não quer esmola, quer dignidade, quer os compromissos que foram assumidos e que até hoje não saíram do papel", disse Landim, conhecido entre os caminhoneiros como "Chorão".

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Wallace Landim tem trânsito dentro do governo e esteve presente em diversas reuniões com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, para tratar de medidas voltadas à categoria. O relacionamento institucional ocorreu durante um bom período e o governo, em outros momentos, conseguiu debelar movimentos de greve no setor. Agora, o tom é outro.

"Queremos algo concreto, não cortina de fumaça. A classe já deu 15 dias para o governo trazer algo concreto, mas isso não veio. Agradecemos pela piada do presidente, mas estamos num trabalho de unificação das pautas da categoria e a paralisação para o dia 1 de novembro está mantida, seguimos com a mobilização", comentou.

Os caminhoneiros se movimentam para fazer uma greve geral em 1 de novembro. A ameaça de falta de combustível e os sucessivos de preço promovidos pela Petrobras são as principais queixas do setor. "A gente vem num trabalho de tentar acreditar, fizemos várias reuniões, mas percebemos que nada saiu do papel e a categoria não suporta mais esperar. Não aguentamos mais, estamos na beira do abismo. Chega disso", disse o líder caminhoneiro da Abrava, que reúne cerca de 35 mil associados.

Um ministro da cúpula do governo afirmou que, de fato, a declaração feita por Bolsonaro de lançar uma "bolsa caminhoneiro", sem detalhar como isso seria feito e, principalmente, de onde sairia o dinheiro, foi uma ação extremamente mal recebida pelo setor e por todos agentes econômicos. "Números serão apresentados nos próximos dias, vamos atender aos caminhoneiros autônomos. Em torno de 750 mil caminhoneiros receberão ajuda para compensar aumento do diesel", afirmou o presidente, durante participação em um evento em Sertânia (PE).

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