Tópicos | câncer de bexiga

O ator e modelo Paulo Zulu, de 59 anos, tem compartilhado em seu Instagram alguns depoimentos sobre como ele tem enfrentado um câncer de bexiga e seus aprendizados sobre a necessidade de levar uma vida saudável e realizar exames de rotina. Ele contou que já havia passado por um procedimento cirúrgico para retirada de um tumor cancerígeno na bexiga há dois anos e, em fevereiro deste ano, precisou passar por uma nova cirurgia.

A doença é o segundo tipo de câncer do sistema urinário mais comum no Brasil, ficando atrás somente do câncer de próstata, e tem maior incidência em homens, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Quem já teve câncer de bexiga uma vez tem mais chances de desenvolver a doença novamente, como foi o caso de Zulu.

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"Infelizmente, 30% a 40% dos pacientes já descobrem a doença no estágio avançado", diz o urologista Bruno Benigno, do Centro de Oncologia e Urologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Quando descoberto no início, as chances de cura são maiores, de cerca de 80% a 90%.

O que pode causar o câncer de bexiga e como prevenir?

A doença, segundo Alex Meller, urologista do Hospital Israelita Albert Einstein e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é multifatorial, mas o principal fator de risco é o tabagismo.

"Pessoas que trabalham na indústria química, com tintas ou solventes, e quem tem infecções urinárias de repetição também têm maior risco", diz Meller. "Quem tem exposição a derivados de petróleo há mais de 20 anos e quem já passou por sessões de radioterapia também", completa Benigno.

Outro grupo de risco são pacientes que usam sonda ou que tiveram processos inflamatórios graves na bexiga ou no sistema urinário, afirma Meller. Pessoas com mais de 55 anos e/ou e com casos de câncer na família, em especial o de bexiga, também têm mais chances de desenvolver a doença.

Para prevenir o câncer de bexiga, é importante fazer exames de check-up com frequência e eliminar os fatores de risco de forma geral. O diagnóstico precoce, assim como em todos os outros tipos de câncer, é fundamental para aumentar as chances de cura.

Exames de imagem, como ultrassom e tomografia, ou de urina, quando há a presença de sangue, podem indicar a possível existência da doença. A partir daí, é recomendado que seja feita uma endoscopia da bexiga com biópsia para confirmar se é de fato câncer e qual o tipo de tumor.

Sintomas e tratamento

Segundo Benigno, os principais sintomas do câncer de bexiga são o sangramento na urina e a dor ao urinar. No entanto, em muitos casos, o paciente é assintomático, por isso a importância de realizar exames com regularidade.

Existem diferentes tipos de câncer de bexiga e a avaliação do melhor tratamento deve ser feita caso a caso por um médico especialista. No entanto, de forma simplificada, em geral são dois casos: os avançados, em que o tumor já invadiu a bexiga por completo, e os iniciais, em que está localizado na parede do órgão.

"Se você detecta a doença no estágio mais superficial, geralmente é feito um tratamento mais localizado, com uma raspagem da bexiga para eliminar o tumor e então aplicamos uma vacina na bexiga que previne que o tumor volte", diz Meller. "Em alguns casos, também pode ser usada a quimioterapia dentro da bexiga", afirma Benigno.

A taxa de cura em casos assim é de 80% a 90% e o paciente só precisa fazer um acompanhamento posterior para prevenir o retorno da doença. A vacina indicada é a BCG, que está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas houve escassez no ano passado.

Já quando o tumor invade a bexiga, é preciso retirar o órgão por completo. "Dá para reconstruir a bexiga com um reservatório feito com a parede do intestino ou com a instalação de uma bolsa que fica no abdômen do paciente", explica Benigno. Nesse caso, a taxa de cura cai para 50%.

A Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo (SBU-SP) promove, durante todo este mês, a campanha Maio Vermelho para alerta e prevenção do câncer de bexiga. A iniciativa, feita nas redes sociais, visa orientar e conscientizar a população para que, caso os sintomas apareçam, a pessoa procure atendimento médico o quanto antes.

O mês foi escolhido por ser o mesmo período em que ocorre a mobilização contra o tabaco, já que o tabagismo está relacionado diretamente ao aparecimento da doença.

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De acordo com o urologista e membro da SBU-SP Fabrizio Messetti, a doença é agressiva e acomete tanto mulheres quanto homens, mas com incidência quatro vezes maior entre os homens.

O principal sintoma é o sangramento visível na urina. "Geralmente, é um sangramento que não dói, que não tem nenhum fator de causa e é um sangue vivo. Não que esse sangue seja exclusivamente o câncer de bexiga, mas pode se tratar de um", explicou.

Para obter o diagnóstico, a pessoa faz um exame de imagem, preferencialmente a tomografia abdominal com contraste, por meio do qual é possível identificar a maior parte dos tumores de bexiga. "Para evoluir um pouco no diagnóstico, fazemos a cistoscopia, que é uma câmera inserida no canal da uretra para olhar dentro da bexiga e identificar a lesão. Também fazemos biópsia", explicou o médico.

Tumor

Para ele, a chance de cura depende do estágio em que se descobre o tumor. Se ele for não invasivo, que não tenha atingido o músculo do órgão, as chances são bem mais altas, porque se tratado corretamente esse tipo de tumor não tende a evoluir. "O único problema é que esses tumores podem voltar, então temos que fazer o acompanhamento com exame de imagem e tomografia e cistoscopia", afirmou.

No caso dos tumores invasivos, a opção é fazer uma cirurgia radical, com a retirada de todo o órgão. "Nessa situação, a cura é por volta de 70% dos pacientes", disse Messetti. Em alguns casos, consegue-se, com um aparelho endoscópico, ressecar o tumor e, posteriormente, o indicado é fazer o tratamento com quimioterapia e radioterapia.

Ele destacou que o principal fator de risco para o aparecimento do câncer de bexiga é o tabagismo, sendo que 70% dos tumores ocorrem em pessoas que fumam. O paciente que fuma tem de três a cinco vezes mais chances de desenvolver a doença.

"Lógico que isso depende também da quantidade de cigarros que ele consome. Então, quando falamos de câncer de bexiga é importante também aderirmos às campanhas contra o tabagismo, estimulando a população a parar de fumar", declarou.

Cigarro

Massetti explicou que o cigarro tem vários componentes que induzem ao câncer. Depois que o indivíduo fuma e os carcinógenos caem na corrente sanguínea, eles passam pelo rim e são depositados na bexiga. "A parte interna da bexiga fica em contato íntimo com esses agentes cancerígenos por mais tempo, porque ficam armazenados até a pessoa urinar", acentuou.

Sabe-se, ainda, que esse o câncer de bexiga atinge principalmente pessoas na terceira idade, com aumento da incidência depois dos 50 anos, mas os mais acometidos são aqueles entre 65 e 70 anos, porque esses, provavelmente, ficaram por muito tempo em contato com esses cancerígenos que um dia evoluem para o câncer.

"Naqueles que não fumam pode haver uma parte genética que pode influenciar ou pode haver um problema de contaminação profissional em pessoas que trabalham em fábricas de componentes químicos, como tintas e petróleo. A recomendação é a de manter hábitos saudáveis e ter alimentação adequada", finalizou.

Desenvolvido para estimular o sistema imunológico a combater o câncer, um medicamento elaborado por cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pode ser importante no tratamento da Covid-19.

O imunoterápico OncoTherad, administrado em pacientes com tumores na bexiga que se contaminaram com o novo coronavírus, amenizou a inflamação desregulada nos pulmões e diminuiu o tempo médio de internação de 18 para 10 dias sem intubação.

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O estudo foi descrito em artigo publicado na revista e repositório científico internacional Social Science Research Network, mas ainda carece de revisão por outros especialistas.

Patenteado pela Unicamp, o medicamento imunoterápico é desenvolvido pela instituição desde 2007 para tratar câncer de bexiga em estado avançado. No organismo, o composto estimula o sistema imune a combater doenças infecciosas e tumores. 

A associação do OncoTherad, aplicada em conjunto com antibióticos e corticoides, tornou o tratamento eficaz contra a Covid-19. De acordo com o coordenador do estudo e professor do Instituto de Biologia da Unicamp, Wagner José Fávaro, o exemplo de um homem de 78 anos com câncer e Covid-19 foi o mais emblemático da pesquisa.

"Esse paciente chegou ao hospital com 50% do pulmão comprometido, febre de 38,3º C, dor de cabeça, falta de apetite, dificuldade para respirar e nível de oxigenação no sangue abaixo do normal", contou Fávaro em entrevista à agência de notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Fumante, o doente ficou com receio de ser entubado e os médicos optaram pelo uso de oxigênio por cateter intranasal e administração dos fármacos. "Após 72h de internação, os marcadores inflamatórios no sangue tinham diminuído, a saturação de oxigênio estava em 95%, a coriza e a febre, sumido. No sétimo dia, já sem o cateter intranasal, o nível de oxigênio no sangue atingiu 98%. No décimo dia, ele teve alta”, relata o pesquisador.

"O que chama a atenção é que indivíduos nessas condições tendem a piorar nos primeiros dias de internação por Covid-19. Mas todos que tratamos com esse protocolo – que consiste em administrar antibióticos e corticoides durante seis dias e o imunoterápico por duas semanas – apresentaram sinais de melhora desde o início", completa Fávaro.

Eficácia contra o tumor na bexiga

De acordo com os pesquisadores, o medicamento se mostra seguro desde a etapa inicial de testes. O atual programa está empenhado em atestar a eficácia do remédio contra o câncer de bexiga avançado.

"O estudo começou com 30 pacientes que já tinham sido submetidos sem sucesso aos tratamentos disponíveis no mercado. Mas temos recebido muitos pedidos de inclusão de novos participantes. Há poucas opções terapêuticas para esse tipo de tumor”, considera o especialista.

Dos envolvidos no estudo, todos foram indicados para a retirar a bexiga por meio de intervenção cirúrgica. Depois da aplicação do OncoTherad, em um tratamento iniciado há cerca de 24 meses, quase 80% dos pacientes foram curados do câncer. Ainda de acordo com Fávero, os outros 20% tiveram retorno de tumores menos agressivos e a lesão pôde ser retirada.

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