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Uma campanha iniciada pelo empresário bolsonarista Italo Marsili pede que fãs do ideólogo Olavo de Carvalho, falecido na segunda-feira (24), enviem relatos de conversões ao catolicismo ou “retorno à esperança” que tenham acontecido por influência do "filósofo". O intuito é reunir as histórias para montar um pedido de canonização de Carvalho pelo seu serviço em prol da fé. Marsili considera que o legado olavista terá mais impacto de forma póstuma, crença que Olavo também teve em vida. 

“O Espírito Santo, sem dúvida, utilizou a vida do professor Olavo para tocar as nossas. Uma multidão de almas voltou para a Fé e para a Igreja através dele. Almas grandes e menores, famosos e anônimos, sacerdotes e leigos", escreveu o empresário. 

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Nas redes sociais, Silvio Grimaldo, suposto gerente administrativo do guru de Jair Bolsonaro (PL), deu suporte à campanha, pedindo que atendam ao pedido de Marsili. Nos comentários, é possível ver uma legião de bolsonaristas e apoiadores de Olavo de Carvalho, que foi um catalisador da campanha presidencial em 2018 e após a vitória, apoiando a causa e relatando o aprendizado com os cursos do escritor. 

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Obra póstuma 

Nas redes sociais, Silvio Grimaldo divulgou o próximo livro de Olavo no Instagram poucas horas depois da confirmação de sua morte. “Hoje chegaram na Vide (a editora do guru), coincidentemente, as provas do próximo livro do Olavo. Ele deixou outros preparados. Olavo ainda tem muito a ensinar”, escreveu, publicando em sequência trechos do livro a ser lançado. 

Ao mesmo tempo que lamentam nas redes sociais a morte do escritor Olavo de Carvalho, seus principais discípulos já se posicionam para disputar o espólio ideológico deixado pelo guru bolsonarista. 

A filha primogênita de Olavo, Heloísa de Carvalho, e autora do livro “Meu pai, o guru do presidente: a face ainda oculta de Olavo de Carvalho”, acredita que o legado ideológico do pai será alvo de uma disputa intensa entre olavistas, que perderam um líder e precisaram de novas “rotas” de sobrevivência. Heloísa rompeu laços com o pai há anos e protagonizou episódios de embate direto com as opiniões e carreira de Olavo. 

À Folha de São Paulo, a filha citou discípulos como Bernardo Küster, que tem um canal no Youtube, Paulo Briguet, que é editor do site Brasil sem Medo, o cineasta Mauro Ventura, assistente de direção do documentário "Jardim das Aflições", sobre Olavo, e o irmão, Luiz de Carvalho. 

Para a advogada, Olavo construiu um movimento que orbitava em torno dele, controlava tudo de perto e não dava espaço a questionamentos, por isso os rachas internos não vinham à tona. 

Heloísa afirma que, até hoje, o bolsonarismo se manteve indissociável dos ideais do olavismo. “Se ele não tivesse morrido agora, não pularia fora da canoa jamais. Olavo sabia que o bolsonarismo era o último marco da sua trajetória”, sacramenta. 

Com a morte do guru, porém, já não se sabe se as correntes funcionarão de forma tão simbiótica. “Agora muitos podres (do olavismo) surgirão. É só aguardar. Daqui a pouco as baixarias se tornarão públicas”.  

Longe da pompa do Vaticano, próximo ao mar da Bahia, milhares de devotos de Santa Dulce dos Pobres celebram neste domingo (20) uma semana desde a sua canonização, convencidos de que a primeira santa do país continua fazendo milagres.

Entre os fiéis católicos, sobretudo os de Salvador, existe consenso de que Maria Rita Lopes Pontes era a "santa dos pobres" muito antes de o Vaticano reconhecer a intercessão em dois milagres: ter contido a hemorragia de uma mulher após um parto e ter devolvido a visão de um homem que ficou cego por 14 anos.

"A gente sempre soube que ela era Santa Dulce dos Pobres. Não porque as pessoas a vejam agora como santa, mas, pela obra que ela construiu, para a gente ela sempre foi santa", disse à AFP Creusa Costa, uma senhora de 59 anos que decora com flores uma estátua da religiosa na entrada de seu santuário em Salvador.

Desde que foi canonizada, em 13 de outubro, os visitantes se multiplicaram no local de homenagens. Fiéis de todo Brasil chegam para fazer orações onde Irmã Dulce rezava, para tirar fotos do hábito branco e azul ou para "conversar" com ela no salão onde foi sepultada, sob una réplica de cerâmica de seu pequeno corpo descansando sob uma proteção de vidro.

Irmã Dulce entregou sua vida à ajuda aos necessitados e, com um notável instinto empreendedor, desenvolveu uma obra social na Bahia, onde nasceu e fundou vários hospitais de caridade e uma rede de apoio social que dirigiu até a sua morte em 1992, aos 77 anos.

"Ela está no céu, mas está cuidando mais da gente do que quando estava aqui", garante Maria Silva de Oliveira, voluntária das obras sociais que desistiu de viajar ao Vaticano após uma indigestão que garante ter sido "uma mensagem da Irmã Dulce".

- Seu rosto até no panetone -

Uma semana após a cerimônia oficial em Roma, milhares de fiéis se concentraram desde cedo neste domingo nos arredores da Arena Fonte Nova para assistir a uma missa e a espetáculos musicais e teatrais organizados pela Arquidiocese de Salvador em sua homenagem.

Nos pontos turísticos da cidade - incluindo seu santuário -, seu rosto aparece estampado em letreiros, camisetas, guarda-chuvas, terços, copos, e até em papéis de panetone. Fitas coloridas de Nosso Senhor do Bonfim também são vendidas agora com o nome da "Santa Dulce dos Pobres".

"Estamos em estado de graça" desde que o papa Francisco oficializou sua condição de santa, ressalta Creusa.

O presidente Jair Bolsonaro, que não compareceu ao Vaticano, tampouco participou das comemorações em Salvador em razão de sua viagem oficial à Ásia.

- Milagres não oficiais -

Nascida em 1914, o "anjo bom da Bahia" era membro das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

Além dos dois milagres oficialmente reconhecidos pela Igreja Católica, não é difícil encontrar outros brasileiros que a atribuam algum milagre: desde a cura inexplicável de um problema de saúde, um novo trabalho ou até coisas mais simples, como o e-mail de confirmação com as entradas para a missa no estádio neste domingo.

Ronaldo Dos Santos Nascimento, de 25 anos, exibe uma estatueta de Irmã Dulce em uma mão e na outra a ficha médica que comprova seu "milagre": a dissolução misteriosa de um cálculo renal que precisava de cirurgia.

"Os médicos falaram que foi uma graça. Hoje eu não sinto mais nada", afirma o jovem, que reitera emocionado: "para nós ela era santa há muito tempo".

A cantora Márcia Fellipe gerou revolta ao opinar sobre a canonização de Irmã Dulce, nesse domingo (13), no Instagram. A voz do hit "Aqui Ó Pro Meu Ex" criticou em uma postagem da Rede Globo a cerimômia do Vaticano que reconheceu Irmã Dulce como a primeira santa brasileira. 

"Ajudar ao próximo sim! Mais [sic] não faz de nenhum ser humano ser 'Santa'. Santo só o Senhor Jesus Cristo. Não se deixem enganar. Leiam a Bíblia", escreveu Márcia, deixando nos comentários o capítulo e versículo do apóstolo João. Em seguida à mensagem, a artista foi bastante criticada pelos internautas. "Que comentário péssimo. [...] Vai cantar tua música e pronto... pare de julgar os outros. Beijos de luz!", comentou um dos usuários da rede social.

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Após a repercussão do que havia dito, Márcia Fellipe se pronunciou. Ela entrou ao vivo no seu perfil do Instagram para esclarecer o imbróglio. "Eu só vim aqui pedir desculpa para não ofender ninguém e muito menos a Irmã Dulce, que ela sim é um exemplo a ser seguido como ser humano", explicou, mas deixou claro que a sua mensagem envolvendo Santa Dulce dos Pobres foi baseada nos ensinamentos bíblicos.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, falou sobre a canonização de Irmã Dulce.

Qual a importância, sobretudo para as comunidades de Salvador, da canonização de Irmã Dulce?

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Para muitos, falar de um santo ou uma santa parecia uma referência a quem morou na Europa e em séculos passados, já que a maioria dos santos conhecidos tem essas características. De repente, a comunidade baiana está descobrindo que os santos não são seres angelicais, distantes, mas pessoas próximas, que muitos conheceram ou das quais se ouve diariamente testemunhos. Tenho certeza de que, a partir da canonização de Irmã Dulce dos Pobres, será mais fácil explicar a todos que santidade não é um privilégio de poucos ou de pessoas especiais, mas está ao alcance de todos, e é obrigação de todos buscar a santidade.

Quais são os valores de vida de Irmã Dulce que mais devem ser lembrados pelos católicos?

Sua simplicidade, seu foco em Jesus Cristo, sua capacidade de vê-lo no necessitado e a capacidade que teve de esquecer-se de si mesma para responder às necessidades que se apresentavam e se multiplicavam a sua frente.

Podemos afirmar que o Brasil terá ainda muito mais santos?

Em 1991, João Paulo II disse que "o Brasil precisa de santos". Começou, então, uma corrida em torno de tais modelos; abriram-se dezenas de processos e, com surpresa, se percebeu que o que nunca faltou no Brasil foi a presença de pessoas extraordinárias - de verdadeiros santos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Às 10h34 (5h34 no horário de Brasília) deste domingo, 13, o papa Francisco oficialmente fez de Irmã Dulce, a Santa Dulce dos Pobres, a 37ª personalidade brasileira canonizada pela Igreja Católica. Ela é a primeira mulher nascida no País a se tornar santa.

A cerimônia, na Praça São Pedro, no Vaticano, reuniu, segundo a guarda local, cerca de 50 mil pessoas e fez outros quatro novos santos: um teólogo inglês, uma freira italiana, uma freira indiana e uma catequista suíça.

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"Em honra da Santíssima Trindade, pela exaltação da fé católica e para incremento da vida cristã, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, e Nossa, depois de refletir por muito tempo, ter invocado a ajuda divina e ouvido a opinião de irmãos bispos, declaramos e definimos santos os beatos John Henry Newman, Giuseppina Vannini, Maria Thresia Chiramel Mankidiyan, Dulce Lopes Pontes (Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes) e Marguerite Bays, e os inscrevemos no registro dos santos, estabelecendo que em toda a Igreja eles sejam devotamente honrados entre os santos", afirmou o papa, no momento solene.

O público aplaudiu fervorosamente.

Foi visível o número de brasileiros entre os fiéis. Bandeiras do País e trajes verde e amarelo podiam ser notados em todas as partes da praça.

Agraciados pelos milagres de Irmã Dulce presentes no Vaticano

Em um dos momentos mais emocionantes da cerimônia, foi exibida uma relíquia de Irmã Dulce: um pedaço de osso de sua costela, impregnado em uma pedra de ametista.

O músico José Maurício, considerado curado milagrosamente por graça de Santa Dulce, estava presente. Foi a recuperação de sua cegueira o milagre decisivo para a canonização da santa brasileira. Na homilia, o papa destacou o fato de que dos cinco novos santos, três eram freiras. "Invocamos como intercessores", referiu-se aos novos santos. "Mostram-no que a vida religiosa é um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo."

Já o primeiro milagre de Irmã Dulce ocorreu em 2001, quando a sergipana Claudia Santos, hoje com 50 anos, enfrentava uma grave hemorragia após o parto do segundo filho e chegou a ficar em coma, com insuficiência renal. Após a equipe médica usar todos os recursos que poderia, a recomendação foi que se preparassem para a morte.

"Estou aqui desde as 20 horas de ontem. Eu não poderia deixar de vir. A emoção é muito grande de relembrar tudo aquilo que passou, hoje a minha fé é muito maior", afirmou à reportagem. "Depois do que passei, vi que nós realmente não somos nada."

Claudia começou a melhorar de forma milagrosa com a visita do padre José Almir de Menezes, devoto de Dulce. Ela compareceu ao Santuário Irmã Dulce, em Salvador, usando como pingente a santinha que recebeu do religioso durante as orações.

O milagre foi oficializado pelo Vaticano em 2011, dez anos após a recuperação de Claudia.

"Foi uma bênção de Deus, agradeço primeiramente a Deus e pela intercessão de Irmã Dulce. Não era nem para eu estar aqui, ela é minha santinha", afirmou.

Comitiva de autoridades brasileiras

A comitiva de autoridades brasileiras foi acomodada à esquerda do altar, em espaço reservado para convidados não religiosos. O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB); os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP); da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ); o governador da Bahia, Rui Costa (PT); e o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), estavam entre os presentes.

Além dos políticos brasileiros, participaram da cerimônia o presidente da Itália, Sergio Mattarella, o príncipe Charles, do Reino Unido, além de autoridades da Índia, da China, da Irlanda e da Suíça.

Antes da missa, o padre brasileiro Antonio Maria, o sanfoneiro cearense Waldonys e a cantora baiana Margareth Menezes tocaram e cantaram a música oficial da canonização da freira brasileira.

Na hagiografia de Irmã Dulce consolidada pelo Vaticano, ela passa a ser apresentada como alguém que "desde a infância, se destacou por uma grande sensibilidade para com os pobres e necessitados".

"Sua caridade era maternal, carinhosa", diz o texto, impresso no livreto da canonização. "A sua dedicação aos pobres tinha uma raiz sobrenatural e do Alto recebia forças e recursos para dar vida a uma maravilhosa atividade de serviços aos últimos."

O documento ainda afirma que, quando a freira morreu, já gozava de "grande fama de santidade".

Biografia

Nascida em 26 de maio de 1914 em Salvador, Irmã Dulce foi batizada Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes. Era filha de um dentista e professor da Universidade Federal da Bahia, Augusto, e uma dona de casa, Dulce. Perdeu a mãe aos 7 anos e, por isso, decidiu homenageá-la, adotando seu nome na vida religiosa, aos 19 anos - quando ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

Sua vocação para ajudar os mais necessitados se tornou pública na adolescência. Aos 13 anos, ela começou a acolher doentes e moradores de rua em sua casa. O centro de atendimento informal acabou conhecido como "a portaria de São Francisco".

Logo depois de assumir o hábito, tornou-se professora de uma escola mantida por sua congregação. Por formação, Dulce era normalista, oficial de farmácia e auxiliar de serviço social. Deu aulas principalmente de Geografia e História.

Criou um movimento operário cristão e, um pouco mais tarde, fundou a organização que existe até hoje, com destaque para o atendimento a doentes.

Irmã Dulce também gostava de artes, principalmente música. Em 1948, fundou o Cine Teatro Roma, palco de shows de grandes nomes da MPB, como Roberto Carlos e Raul Seixas. A religiosa ainda criaria cinemas em Salvador.

Ainda em vida, recebeu o apelido de "o anjo bom da Bahia". "Miséria é a falta de amor entre os homens", dizia a freira.

Em 1988, ela foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz.

"O amor supera todos os obstáculos, todos os sacrifícios. Por mais que fizermos, tudo é pouco diante do que Deus faz por nós", é outra de suas frases famosas.

Seus últimos 30 anos de vida foram especialmente difíceis por conta de um enfisema pulmonar, que reduziu sua capacidade respiratória em 70%. Irmã Dulce chegou a pesar apenas 38 quilos.

Canonização

Na história contemporânea da Igreja, é o terceiro caso mais rápido de canonização: Irmã Dulce se tornou santa 27 anos depois de sua morte. O papa João Paulo II foi canonizado nove anos após a morte; já Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), 19 anos depois.

O processo de canonização de Irmã Dulce foi iniciado em janeiro de 2000. Na ocasião, seus restos mortais que estavam na Igreja da Conceição da Praia, em Salvador, foram transferidos para a Capela do Convento Santo Antônio, na sede das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), na mesma cidade.

Em abril de 2009, o papa Bento XVI reconheceu suas virtudes heroicas. Irmã Dulce passou a ser considerada então venerável.

Em outubro de 2010, a Congregação para a Causas dos Santos atestou a autenticidade do primeiro milagre atribuído à religiosa - orações para ela, em 2001, teriam interrompido hemorragia de 18 horas de uma parturiente, em Sergipe. Em 22 de maio de 2011, Irmã Dulce foi beatificada em missa presidida pelo cardeal dom Geraldo Majella Agnelo, em Salvador.

Neste ano de 2019, veio o reconhecimento do segundo milagre: a cura de uma cegueira causada por glaucoma, em 2014. Em 14 de maio, papa Francisco anunciou que Irmã Dulce seria canonizada.

Mas o maior milagre de Irmã Dulce tem muito mais de árduo trabalho humano do que de forças divinas. Em 1959, a freira fundou uma instituição filantrópica em Salvador. A Osid é hoje um complexo composto de 17 núcleos, com uma gama de serviços gratuitos que vão de escola de ensino integral a hospital com tratamento de câncer. O centro médico atende a 2 mil pessoas por dia.

Anualmente, são realizados ali 2 milhões de procedimentos, com 12 mil cirurgias e 18 mil internações. Tudo de graça. O complexo realiza 3,5 milhões de atendimentos por ano.

O primeiro requisito para uma pessoa, religiosa ou leiga, virar santa católica, como ocorre com a freira baiana Irmã Dulce, que será canonizada hoje pelo papa Francisco, em Roma, é o clamor popular em torno de sua existência. Um candidato a santo tem de ter alguma vinculação com a condição de ser venerado por alguma característica ou comportamento, religioso ou social, que o torne diferente entre fiéis e atraia devoção.

A partir daí, o processo de consolidação da imagem pública religiosa, que termina com a aprovação papal, depende formalmente de três condições básicas a serem consideradas pelo Vaticano: martirização, comprovação de milagres ou, ainda, decreto do papa.

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"É o caso do português São Nuno de Santa Maria", explica o frei carmelita Evaldo Xavier, um especialista em Direito Canônico. São Nuno também era carmelita e morreu aos 71 anos em 1431. Ele foi beatificado por decreto em 1918. A canonização, porém, só aconteceu quase um século depois, em 2009, pelo papa Bento XVI. "Nesses casos, o papa dispensa a comprovação de milagres", afirma o frei. No Brasil, é o caso também de São José de Anchieta, jesuíta espanhol que morreu em 1597, canonizado como Apóstolo do Brasil em 2014 pelo papa Francisco. Anchieta, enviado ao Brasil quando tinha apenas 19 anos, foi declarado santo por ter uma vida dedicada à evangelização.

Pode-se ainda ser santo também por ter sido um mártir em função da fé, quando igualmente são dispensados milagres, prossegue frei Xavier. A Igreja tem casos recentes, de 2017, de reconhecimento de mártires como os padres André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, além do leigo Mateus Moreira, todos assassinados por soldados holandeses no século 17 no interior do Rio Grande do Norte. Com eles há ainda um grupo de 27 pessoas, homens, mulheres e crianças, todos tornados santos pelo mesmo motivo. São os Mártires de Cunhaú e Uruaçu. No caso do último dia 2, a menina cearense Benigna, de 12 anos, que sofreu abuso sexual no Crato, no interior do Estado, foi também beatificada pelo Vaticano como mártir.

Milagres

Por fim, um santo pode passar a existir formalmente para os fiéis católicos pela comprovação de milagres. Com um caso comprovado, torna-se beato. Para a canonização e posterior declaração de santidade, porém, é preciso a comprovação de um segundo milagre: é o caso de Santa Dulce dos Pobres. "Esse caso de Irmã Dulce foi muito rápido. Há santos que demoram séculos", argumenta o frei.

Na relação de comprovações exigidas pelo Vaticano para a declaração de santidade por milagres, examinadas por historiadores e especialistas em Direito Canônico, segundo o frei Xavier, há também a necessidade de os documentos serem redigidos em latim. "É a língua oficial da Igreja", diz.

O rol de santos, beatos, veneráveis e servos de Deus, pessoas destacadas pela fé na Igreja, é longo. O Brasil tem 36 santos, 37 com Dulce dos Pobres, além de uma lista de 52 beatos, outros 15 na condição de veneráveis, ou seja, com virtudes heroicas reconhecidas em processos na Igreja. E mais 68 pessoas têm processos abertos na Congregação (Servos de Deus). No grupo de santos mártires do RN havia mulheres e crianças, uma preocupação da Igreja com a família, diz dom Jaime Vieira Rocha, arcebispo de Natal, encarregado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de chefiar a Congregação Para a Causa dos Santos no Brasil.

Entrevista: 'O papa tem favorecido canonizações'

Dom Jaime Vieira Rocha, arcebispo de Natal, encarregado da Congregação Para a Causa dos Santos no Brasil, da Conferência Nacional dos Bispos (CNBB), destaca a "celeridade" na canonização de Santa Dulce dos Pobres. "Ela fica em terceiro lugar, atrás apenas de Madre Teresa e de São João Paulo II", lembra.

A quem se encaminha o pedido para ser santo?

Há uma Congregação de Roma, o Dicastério para a Causa dos Santos. É a referência para a qual devemos nos voltar e pedir assessoria e orientação, para aí encaminhar e instaurar os processos de beatificação e canonização na Igreja.

Quais as etapas?

Um exemplo: aqui em Natal temos um padre muito santo desde o século 19, padre João Maria, que morreu no século 20. Ele já é tido como santo de Natal. A partir daí, a Igreja precisa preparar o processo de sua futura beatificação e ele já passa a ser, para a Igreja onde viveu, onde está sendo registrada a piedade popular, a devoção ao milagre, um Servo de Cristo. Abre-se então o processo para beatificação. Iniciado o processo na Congregação, em Roma, ele vai ser visto como "venerável". Aí o processo passa a ser de investigação, pesquisa e comprovação de milagres, virtudes heroicas, até ser beatificado. É preciso comprovar um milagre para ser beato. Depois, com outro, pode ter a graça da proclamação de santo.

É o caso de Irmã Dulce?

Atualmente, estamos muito voltados para esta realidade, que nos eleva para uma transcendência para a dimensão da fé, do povo de Deus, da vida da Igreja, porque temos a graça e a alegria da canonização da Santa Dulce dos Pobres. É muito importante porque a Irmã Dulce passou por essas etapas. O primeiro milagre, que serviu para a beatificação; o segundo, que serviu para a canonização. No mundo, o papa Francisco tem favorecido a canonização e beatificação de santos... canonizou Anchieta, dom Oscar Romero.

Olhando os tempos da Igreja, o processo ficou mais rápido?

Nesse caso, uma das peculiaridades é justamente a celeridade do processo. Ela ficou em terceiro lugar na história das canonizações e beatificações, com apenas 27 anos de estudos depois da morte, atrás apenas de São João Paulo II, 9 anos depois da morte, e Santa Teresa de Calcutá, 19 anos. É muito louvável.

Canonização e turismo

Desde que o papa Francisco anunciou, em maio, a canonização de Irmã Dulce, Salvador, onde a freira nasceu, viu crescer o turismo em espaços que marcaram a vida da religiosa. Foi no Largo de Roma, na Cidade Baixa, que a freira construiu sua vida. Lá estão as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), instituição que faz atendimento gratuito de saúde, e o Santuário de Dulce dos Pobres.

De maio até agora, o número de visitas explodiu. "A gente recebia cinco ônibus, de repente são 12, 18 - tudo sem avisar", diz Rosa Brito, coordenadora de Turismo Religioso da Osid. O aumento de visitantes levou a Osid a criar um roteiro para relembrar os passos de Irmã Dulce, que viveu em Salvador até morrer, aos 77 anos. O ponto de partida é a Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia - onde foi sepultada, em 1992.

De lá, o tour segue para a Igreja São João Paulo II, nos Alagados, bairro onde, em 1935, Irmã Dulce começou seu trabalho de assistência. Inclui ainda o Largo de Roma e a Capela das Relíquias, para onde foram transferidos os restos mortais da freira. Já a parada final é a famosa Igreja do Senhor do Bonfim, a 500 metros do Largo. O roteiro, em convênio com duas agências, custa de R$ 90 a R$ 170.

Totens

A prefeitura de Salvador também investe no Caminho da Fé, que liga o Bonfim ao Largo de Roma. A proposta é criar um espaço de oração para os fiéis, que poderão ver informações sobre a história do Bonfim e da Irmã Dulce nos 14 totens no trajeto. A caminhada leva 15 minutos - tempo para rezar um terço. E a obra deve terminar em abril de 2020.

João Paulo II

Quando esteve no Brasil em 1991, o papa João Paulo II disse que o País precisava "de santos, de muitos santos". "A santidade é a prova mais clara, mais convincente, da vitalidade da Igreja em todos os tempos e em todos os lugares", afirmou o pontífice, que àquela altura proclamava a beatificação de Madre Paulina, uma italiana com ampla atividade no religiosa no Brasil, que morreu em 1942, aos 77 anos, e foi canonizada em 2002.

Não demorou muito para que o próprio Karol Wojtyla, que morreu em 2005, virasse um santo. São João Paulo II foi canonizado em abril de 2014. A observação profética sobre o suprimento da carência brasileira de santos cumpre-se mais uma vez com a Igreja recebendo no Vaticano mais uma canonização hoje, a da baiana Irmã Dulce como Santa Dulce dos Pobres, em evento que inclui missa de Ação de Graças, às 5 horas deste domingo. A Igreja ainda prepara uma festa na Arena Fonte Nova, em Salvador, para comemorar a canonização do "Anjo Bom" da Bahia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que acompanha a comitiva de parlamentares do Brasil que foi a Roma participar da cerimônia de canonização de Irmã Dulce neste domingo (13), deu explicações sobre os gastos da viagem pelo Twitter.

"Vejo aqui vários comentários sobre as despesas da minha vinda à cerimônia de canonização, no Vaticano. Como já declarei anteriormente, abri mão das diárias do Senado Federal, como faço em todas as viagens oficiais, e me hospedei na Embaixada do Brasil em Roma", explica.

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Ontem, o subprocurador-geral do Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha Furtado, pediu à Corte que investigue os gastos da comitiva oficial do governo no evento. Além de Alcolumbre, a comitiva é composta ainda pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Mais cedo, durante a cerimônia de canonização da freira - a primeira santa nascida no Brasil -, o presidente do Senado disse que é uma honra inexplicável fazer parte deste momento. "Salve Santa Dulce dos Pobres, abençoe o nosso País."

Alcolumbre ainda disse que o Papa Francisco tem atuado para aumentar o diálogo da fé entre as nações e entre as religiões, estimulando o fortalecimento de valores comuns para a justiça e a paz no mundo. "A Igreja Católica brasileira vive um grande momento com a canonização da Irmã Dulce. Parabéns a todos", disse.

Um grupo de pelo menos 25 autoridades e políticos brasileiros está no Vaticano na manhã deste domingo (13) para a cerimônia de canonização de Irmã Dulce. Oficializada primeira santa brasileira, Santa Dulce dos Pobres nasceu em Salvador, em 1914, e teve a canonização autorizada em maio pelo papa Francisco após o Vaticano reconhecer seu segundo milagre.

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), publicou nas redes sociais na manhã deste domingo um vídeo filmado na Praça de São Pedro. Acompanhado da mulher, Rui Costa afirma que o momento é de grande emoção para os conterrâneos.

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"Este momento não é especial apenas para quem é católico, mas para todos os baianos que acreditam no poder de fazer o bem ao próximo", disse o governador.

O prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), também está no Vaticano para acompanhar a canonização de Dulce, que é conhecida no Estado como Anjo Bom da Bahia.

"Pedi que ela continue guiando os nossos caminhos e olhando pelos que mais precisam", afirmou.

ACM Neto alega que pagará os gastos da viagem do próprio bolso. A presença de políticos e autoridades do governo brasileiro na cerimônia, porém, tem sido alvo de polêmica.

O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP) postou em sua conta no Twitter uma foto da Praça de São Pedro e afirmou ser 'uma honra inexplicável fazer parte deste momento'. Nas respostas ao tuíte, vários usuários questionaram os gastos com a viagem oficial. "Tá faltando alguma coisa aí? Está bem instalado? Qualquer coisa pode gastar mais!!", ironizou um deles.

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) também acompanha a cerimônia e postou fotos da comitiva brasileira. O grupo foi acomodado ao lado esquerdo do altar, espaço reservado para não-religiosos. "Irmã Dulce, que com grande amor e fé intercedeu pela saúde e vida de milhares de brasileiros, torna-se Santa de todo nosso Brasil e do mundo!", saudou Mourão.

Neste sábado, 12, o subprocurador-geral do Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha Furtado, pediu à Corte que investigue os gastos da comitiva oficial do governo no evento. Além de Alcolumbre e Mourão, a comitiva é composta ainda pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Veja outros nomes:

Deputados que foram à canonização de Irmã Dulce

André Fufuca (PP-MA)

Celio Studart (PV-CE)

Elmar Nascimento (DEM-BA), líder do DEM

José Rocha (PL-BA), líder do PL

Daniel Almeida (PCdoB-BA), líder do PCdoB

Adolfo Viana (PSDB-BA)

Arthur Oliveira Maia (DEM-BA)

Eduardo da Fonte (PP-PE)

Flávio Nogueira (PDT-PI)

Leur Lomanto Júnior (DEM-BA)

Nelson Pellegrino (PT-BA)

Paulo Azi (DEM-BA)

Senadores que foram à canonização de Irmã Dulce

Jaques Wagner (PT-BA)

Angelo Coronel (PSD-BA)

José Serra (PSDB-SP)

Weverton (PDT-MA)

Roberto Rocha (PSDB-MA)

Elmano Férrer (PODEMOS-PI)

Ciro Nogueira (PP-PI)

Na primeira quinzena de agosto deste ano, a professora aposentada Miralva Tito Moreno Oliveira, 74 anos, preparava-se para um procedimento cirúrgico no Hospital da Bahia, em Salvador, para retirada de cálculos que podiam chegar ao ureter, quando o médico a informou que não seria mais necessária a operação.

“Dona Miralva, a senhora não tem a pedra mais”, disse o urologista conforme relato da paciente à reportagem. De acordo com o exame pré-operatório feito no hospital, o cálculo não estavam lá. Miralva Oliveira temia dor e desconforto se as pedras chegassem e crescessem no ureter. O risco havia sido detectado por um exame de ultrassom e confirmado por ressonância magnética.

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A paciente mostrou, então, ao médico o santinho impresso da beata Irmã Dulce, que ela mantinha sobre o abdome, pedindo intercessão de Irma Dulce, a futura Santa Dulce dos Pobres. Emocionada, Miralva Oliveira descreve ter recebido “uma graça” do “Anjo Bom da Bahia” que foi canonizada hoje (13) na Praça São Pedro, no Vaticano; e se tornou a primeira santa brasileira. A celebração litúrgica reuniu cerca de 50 mil pessoas.

A ex-paciente comemora a canonização da religiosa, "uma santa brasileira e baiana! A gente só pode ter orgulho de louvar a Deus”, diz Miralva.

Para a pesquisadora baiana Thiaquelliny Teixeira Pereira, que escreveu tese de doutorado sobre a construção social da santidade, Irmã Dulce já é considerada santa pelos brasileiros e, em especial, pelos baianos. "População brasileira é pouco entendida na questão da liturgia, é um povo de muita fé e de pouco conhecimento teológico", observa. "[Há] Pessoas que são cultuadas pela população baiana à procura de milagres, de terem suas aflições respondidas", revela a pesquisadora.

Conforme o jornalista Graciliano Rocha, autor da biografia Irmã Dulce, a santa dos pobres, são comuns relatos de fieis, como Miralva Oliveira, descrevendo recuperação da saúde e o recebimento de outras graças após fazer orações e promessas à Irmã Dulce.

“Há um imenso mosaico de fé popular. A devoção à Irmã Dulce mobiliza todo o tipo de gente, de qualquer classe social”, descreve o biógrafo que realizou pesquisa por oito anos no Brasil, no Vaticano e até nos Estados Unidos. Segundo ele, nos vinte anos após a morte da beata (entre 1992 e 2012) mais de 10 mil relatos de graças foram descritos em cartas de fieis.

“É impossível não perceber beleza na devoção das pessoas”, observa o biógrafo após leitura de amostra dessas mensagens para escrever o livro. Há nas cartas “a inquietação genuína dos devotos”, principalmente de “causas ligadas à saúde”.

Hospital no lugar do galinheiro

Para o Graciliano Rocha, a vinculação à saúde tem muito a ver com o trabalho e o legado que a beata deixou após 60 anos dedicados à vida religiosa e à assistência aos mais pobres. Atualmente, as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) contabilizam 2,2 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano, e dispõem de 954 leitos em cinco hospitais.

Segundo descreveu Maria Rita de Souza Brito, sobrinha da freira e superintendente das Osid, à agência de notícias do Vaticano, o complexo hospitalar interna, por ano, 18 mil pessoas, realiza 12 mil cirurgias, atende 11,5 mil pessoas em tratamentos de câncer.

As obras sociais tiveram início no ano de 1949, quando Irmã Dulce ocupou um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio para cuidar de 70 doentes. Onze anos depois, a futura santa cuidava de um hospital que dispunha de 160 leitos.

“Era um momento que não havia direito à saúde pública. As pessoas para serem atendidas em hospital público tinham que ter carteira de trabalho assinada. O hospital dela era o único que não rejeitava ninguém. Isso foi fundamental para que o colapso da cidade de Salvador não tenha sido pior na segunda metade do século 20. Isso é a base da santidade que ela tinha em vida”, avalia o biógrafo.

Sérgio Lopes, assessor corporativo das Osid, avalia que erguer a infraestrutura de atendimento hospitalar - e que também oferta ensino fundamental para 750 crianças e adolescentes, e fornece 1,7 milhão de refeições gratuitas por ano – “foi o primeiro milagre de Santa Dulce dos Pobres.”

O assessor crê que a canonização “vai aumentar a visibilidade” do trabalho da Osid e ajudar o fechamento das contas. O atendimento à saúde é feito graças a convênios com o Sistema Único de Saúde (SUS).  No ano passado, o dinheiro não foi suficiente. Conforme Lopes, restou um déficit de R$ 11 milhões que foi coberto posteriormente por repasses do Ministério da Saúde e doações, que equivalem a 5% do orçamento anual.

Invasão de casa

Assim como a história do galinheiro transformado em hospital, outras passagens alimentam a visão de que Irmã Dulce dedicou sua vida a acolher as pessoas mais humildes, como um menino ardendo em febre que a procurou pedindo para “não morrer na rua”. De acordo com o biógrafo Graciliano Rocha, o menino tinha 15 anos, trabalhava vendendo jornal na rua, era franzino e, provavelmente, sofria de malária. "Foi a primeira pessoa que a futura santa tirou das ruas", relembra Graciliano.

O local era próximo à Igreja do Bonfim, e ao avistar uma casa vazia e fechada, Irmã Dulce pediu a um passante que arrobasse o imóvel, assegurando que ela assumiria a responsabilidade. A freira providenciou colchão e um candieiro para o menino passar a noite, forneceu alimento, pediu que a irmã do pároco da Igreja do Bonfim cuidasse do garoto. Ela depois voltou com o médico.

“Irmã Dulce atendeu o menino. No dia seguinte, tinha diante de si uma cancerosa, que ela atendeu. Depois apareceram mais alguns necessitados, e ela foi atendendo”, complementa Dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador, em entrevista por escrito à Agência Brasil. O arcebispo ressalta que Irmã Dulce “era de baixa estatura, pesava somente 45 quilos, tinha uma saúde muito precária, dormia três ou quatro horas por noite etc. E, no entanto, foi à luta. Foi fazendo o que podia fazer, à medida em que os desafios se multiplicavam à sua frente”.

O religioso também assinala que “mais e mais as pessoas estão descobrindo a importância da vida de Irmã Dulce e do legado que nos deixou. E isso é muito importante porque o número de pobres, doentes e necessitados só aumentou e, por isso, há necessidade de muitas outras Irmãs Dulce.”

“O trabalho de Irmã Dulce era dedicado aos pobres mais pobres, aos desvalidos, aos sem casa, aos que estavam na sarjeta: o marginal, a prostituta, o bandido. Ela tinha o coração aberto a todo mundo”, comenta o advogado Antônio Gilvandro Martins Neves, que conheceu Irmã Dulce no final dos anos 1960 e teve sua ajuda para fundar uma casa de estudante em Salvador e depois manter um hospital beneficente em Paramirim, no interior da Bahia.

O biógrafo Graciliano Rocha acredita que a dedicação aos mais humildes pesou favoravelmente na decisão de canonizar Irmã Dulce. “Ela via no pobre a figura de Jesus Cristo a ser acolhido. Esse era o imperativo ético e religiosos que a movia”, comenta. Para a Thiaquelliny Teixeira Pereira, a canonização de Irmã Dulce não vai reverter o quadro social que se agrava segundo estatísticas oficiais que atestam aumento de pobreza e desigualdade, “mas é sempre bom ter em evidência alguém reverenciável que olha para os pobres”.

*Com informações do Vatican News

O Papa Francisco canonizou neste domingo, na Basílica de São Pedro, a Irmã Dulce, a primeira santa nascida no Brasil em 1914.

A nova santa brasileira, cujo nome verdadeiro era Maria Rita Lopes, foi proclamada santa diante de inúmerosos bispos, religiosos e missionários de seu país que atualmente participam no Sínodo para a defesa da Amazônia.

"Hoje agradecemos ao Senhor pelos novos santos, que andaram com fé e agora os evocamos como intercessores", disse o Papa Francisco ante a multidão reunida na praça.

"Três são religiosos e nos mostram que a vida consagrada é um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo", acrescentou.

Um enorme retrato da missionária, bem como dos outros quatro santos canonizados na cerimônia deste domino, foi exposto em frente à fachada da basílica.

A Irmã Dulce devotou sua vida a servir os mais necessitados e desenvolveu um trabalho social em sua terra natal, Bahia, onde fundou vários hospitais de caridade e uma rede de apoio social que dirigiu até sua morte em 1992, aos 77 anos.

A nova santa alcança a glória dos altares graças a duas curas inexplicáveis, de acordo com o processo de beatificação iniciado em 1999.

Ao "anjo da Bahia", como era chamada pelos que a viam nas ruas de Salvador com seu hábito azul e branco, são atribuídos dois milagres: ter estancado a hemorragia de uma mulher após um parto e devolvido a visão de um homem que ficou cego durante 14 anos.

Sua canonização, 27 anos após sua morte, foi o terceiro processo mais rápido da história, atrás apenas do Papa João Paulo II (2014) e da madre Teresa de Calcutá (2016).

- Candidata ao Nobel da Paz -

A freira conheceu o papa João Paulo II, com quem teve duas reuniões em 1980 e em 1991, quando foi hospitalizada por problemas de saúde em função de uma doença pulmnar crônica.

Seu humanismo e trabalho de caridade levaram o então presidente do Brasil, José Sarney, a candidatá-la em 1988 ao Prêmio Nobel da Paz.

Foi beatificada por Bento XVI em 2011 após a verificação de um primeiro milagre, conforme estabelecido pelas normas do Vaticano.

- Novos santos -

As outras novas santas proclamadas por Francisco neste domingo são a italiana Giuseppina Vannini (Judith Adelaide Agata), fundadora das Filhas de São Camilo, que morreu em 1911; a indiana Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família, falecida em 1926, e a leiga suíça Margarita Bays, da Terceira Ordem de São Francisco de Assis, que morreu em 1879.

São figuras emblemáticas da igreja, assim como o cardeal britânico John Henry Newman, o primeiro santo inglês a não ser um mártir desde a Reforma.

Newman, nascido em Londres em 1801, foi ordenado sacerdote da igreja anglicana, da qual foi pastor em Oxford.

Por um longo tempo, ele foi um crítico da Igreja católica, que chegou a acusar de heresia.

No entanto, anos depois, em meados do século XIX, ele se converteu ao catolicismo na Inglaterra.

Para a ocasião, o príncipe Charles - que um dia deverá liderar a Igreja da Inglaterra - representou o Reino Unido.

O subprocurador-geral junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha Furtado, pediu à corte de contas que apure a legalidade e transparência dos gastos do poder público com viagens de autoridades para a cerimônia de canonização de Irmã Dulce, no Vaticano, que ocorre neste domingo, 13.

A comitiva oficial que representará o governo brasileiro no evento é capitaneada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, e conta com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. Há ainda outras duas comitivas formadas por parlamentares da Câmara e do Senado.

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Membro do Ministério Público que atua juntamente ao TCU, Furtado solicitou ainda que o órgão determine que os diversos órgãos federais envolvidos se abstenham de realizar despesas até que elas sejam "devidamente motivadas, justificadas e submetidas à devida transparência".

Na representação, o subprocurador afirma que o tipo de despesa em jogo, "caso exorbitante e fora da razoabilidade", afronta ao princípio da moralidade administrativa.

Na representação, Furtado cita uma frase atribuída à Irmã Dulce: "É preciso ter certeza de estar fazendo a coisa certa". "Guiado por esse ensinamento, deriva que de todos os administradores, sobretudo daqueles que ocupam os cargos mais altos na estrutura do Estado, deve-se exigir muito mais", afirma Furtado.

O subprocurador afirma também que a legalidade do custeio dessa viagem deve ser "detidamente apurada pelo TCU", "tendo em vista que o Estado é laico". "Ainda que se defenda haver amparo legal para o custeio de viagens oficiais para a cerimônia de canonização da Irmã Dulce - embora a questão da legalidade deva ser detidamente apurada pelo TCU no caso que se apresenta, tendo em vista que o Estado é laico -, entendo que o tipo de despesa que se pretende realizar, caso exorbitante e fora da razoabilidade, afronta ao princípio da moralidade", escreveu.

Gastos

Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), integrantes da comitiva que viajam acompanhados de suas mulheres - caso de Mourão, Alcolumbre e Maia - informaram que as despesas serão pagas separadamente. Maia e Alcolumbre afirmaram que ficarão hospedados na Embaixada do Brasil em Roma. Alcolumbre disse ainda que não receberá as diárias a que tem direito, e a assessoria de Maia afirmou que o deputado representará a Casa "sem ônus para a Câmara". Segundo regras da Câmara e do Senado, a diária para deputados é de US$ 428 e para senadores, de US$ 416.

O ex-presidente da República José Sarney, o procurador-geral da República, Augusto Aras, o embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Henrique da Silveira Sardinha Pinto, e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que também participam da cerimônia de canonização, disseram que vão pagar a viagem do próprio bolso.

Só se fala em Irmã Dulce. Ou, a partir deste domingo (13), oficialmente Santa Dulce dos Pobres. Uma caminhada pelos arredores da Praça São Pedro, no Vaticano, na manhã ensolarada deste sábado (12) é a certeza de ouvir - em bom português - alguma história de devoção, admiração ou agradecimento pela freira baiana que será a 37ª santa brasileira.

Não há um número exato do tamanho da caravana brasileira que deve marcar presença durante a cerimônia deste domingo. Estimativas extraoficiais que circulam entre jornalistas variam de 6 mil a 15 mil pessoas. No total, a missa deve reunir 30 mil fiéis na Praça São Pedro, a partir das 10h15 (5h15, horário de Brasília).

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O rito de canonização costuma ocorrer logo no início da cerimônia, após a oração inicial e a saudação do papa. Além de Irmã Dulce (1914-1992), serão oficializados santos o teólogo e cardeal inglês John Henry Newman (1801-1890), a religiosa italiana Giuditta Vannini (1859-1911), a religiosa indiana Maria Thresia Chiramel Mankidiyan (1876-1926) e a catequista e costureira suíça Margherita Bays (1815-1879).

Os cinco nomes serão apresentados oficialmente pelo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o posto ocupado atualmente pelo cardeal italiano Giovanni Angelo Becciu. Quando o papa rezar a fórmula da canonização, os cinco se tornam canonizados.

Será um momento de festa. A expectativa é grande, sobretudo dos brasileiros. A auditora federal Sheila Weber, de 42 anos, veio de Salvador "não para pedir nada para a nova santa, mas só para agradecer". Filha de mãe judia e de pai que não segue religião, ela conta que quando tinha 6 anos descobriu que fazia aniversário no mesmo dia que a Irmã Dulce, 26 de maio. Com uma curiosidade: no mesmo dia em que ela completaria 7 anos, a freira faria 70. "Quis conhecê-la pessoalmente e minha mãe me levou", conta.

Foi o começo de uma tradição. Até a morte da religiosa, todos os anos elas se viam no aniversário. "Quando eu era criança eu levava moedinhas. Era meu jeito de tentar ajudar nas obras dela", recorda-se. "Também fazia desenhos que mostrava para ela. Sempre atenciosa e acolhedora."

Depois da morte de Irmã Dulce, ela diz que decidiu se tornar voluntária das obras sociais criadas pela freira. Atua na Osid, a instituição, há 19 anos.

A médica hemoterapeuta Marília Sentges, de 61 anos, também conviveu de perto com a religiosa. Quando estava no quinto ano da faculdade, na Escola Bahiana de Medicina, conheceu as obras da freira. E começou a atuar na instituição. Hoje coordena o banco de sangue do hospital. "Da convivência com ela, o que mais me marcou foi o olhar humano com que ela lidava com médicos e pacientes. Circulava e conversava com todos, sempre com carinho e amor", comenta. "E isso não dependia de religião: ela tratava a todos da mesma maneira, fosse o católico, fosse do candomblé. Ela não fazia distinção."

Marília revela que havia uma coisa que deixava a Irmã Dulce brava. "Ela não gostava nem de ouvir quando alguém chamava o hospital de 'hospital da Irmã Dulce'", relata. "Corrigia na hora: 'o hospital é de Deus, não é meu'. Falava que se fosse dela, a obra acabaria com sua morte. Sendo de Deus, jamais iria acabar."

A religiosa realmente atraiu e segue atraindo a admiração de adeptos de outras religiões. Evangélica, a administradora de empresas Maria de Oliveira, de 29 anos, saiu de Salvador e veio para Roma para acompanhar de perto a canonização da sua conterrânea. "Mesmo não sendo católica, vejo em Irmã Dulce a essência do amor de Deus. Ela é o amor de Deus manifestado", explica.

No caso dela, a Osid marcou profundamente a vida pessoal. Quando sua mãe sofreu um AVC, ela passou por vários hospitais públicos e, segundo Maria, não foi tratada como ela esperava. "Então ela foi assistida pela Osid. Ali teve mais do que assistência médica. Teve amor, carinho, assistência humana", relata. A mãe acabou morrendo em 2014. Mas, nas lembranças de Maria, ficou a gratidão pela dignidade recebida - método Irmã Dulce de cuidar dos doentes.

Em comum, a fé na santa e a incredulidade dos médicos. A religiosa baiana Maria Rita Lopes Pontes, mais conhecida como Irmã Dulce, será elevada aos altares, ou seja, canonizada, no próximo domingo (13), graças a milagres concedidos a uma grávida e a um cego. Será a primeira santa católica nascida no Brasil, destaca o jornal O Estado de S. Paulo.

Necessário para a canonização, o segundo milagre reconhecido pelo Vaticano foi a cura instantânea da cegueira do maestro José Maurício Moreira, atualmente com 51 anos, que convivia com a cegueira havia 14 quando ocorreu o que era considerado impossível. "Eu descobri que tinha glaucoma em 1992, com 23 anos. Tratei essa doença durante quase dez anos, mas não foi o suficiente porque, quando eu descobri, já tinha perdido muito do nervo óptico", conta Moreira. Apesar de passar por alguns tratamentos, em 2000 estava completamente cego.

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Foi em 2014, ao contrair uma conjuntivite com sintomas muito intensos, que o maestro fez um pedido a Irmã Dulce e recebeu muito mais do que esperava. "Em uma noite de muita dor e sofrimento, eu peguei uma imagem de Irmã Dulce, coloquei sobre os olhos e, com toda a fé que sempre tive, pedi que ela curasse minha conjuntivite. Não pedi para voltar a enxergar, os médicos já tinham dito que eu praticamente não tinha mais nervo óptico." Algumas horas depois, ele foi capaz de ver as próprias mãos, e a "nuvem de fumaça" que bloqueava seus olhos começou a se dissipar gradativamente.

Houve ainda uma segunda surpresa, após a alegria de recobrar a visão. Ao se consultar com o médico que já cuidava da conjuntivite, o maestro foi informado de que nada havia mudado fisicamente.

De acordo com os exames clínicos, ele continuava cego, já que o nervo óptico estava muito danificado. "Irmã Dulce era assim: se alguém pedisse a ela para subir dois degraus, ela já colocava a pessoa lá em cima na escada. Ela não fazia o bem pela metade, ia até o final", acrescenta.

A imagem da freira utilizada naquele momento pertencia anteriormente à mãe. José Maurício Moreira cresceu assistindo às contribuições de sua família às ações de Irmã Dulce e chegou a conhecê-la. Em entrevista ao Estado, ressaltou que, para os baianos, o "Anjo Bom" sempre foi santa.

O parto

Já o primeiro milagre atribuído à Irmã Dulce, que levou à beatificação (estágio anterior à canonização) em 22 de maio de 2011, agraciou uma mulher que não a conhecia antes do episódio. Claudia Santos, hoje com 50 anos, recuperou-se de uma grave hemorragia pós-parto, cujo sangramento foi subitamente interrompido.

Moradora do município de Malhador, no interior de Sergipe, deu à luz o segundo filho em 2001. Após o parto normal, ela apresentou uma hemorragia incontrolável, que a levou à UTI. Os médicos realizaram todos os procedimentos possíveis, mas já havia poucas esperanças de salvar a vida da paciente. "Chegou um momento em que o médico falou para minha família que não tinha mais o que fazer, só aguardar o falecimento", afirma.

A paciente foi então transferida para a capital do Estado, Aracaju, onde recebeu a visita de um religioso de sua cidade. "Padre Almir foi me visitar e levou uma santinha, Irmã Dulce. Ele rezou e me entregou a santinha. Depois disso, foi cada dia uma melhora", acrescenta Claudia. Segundo ela, nem o médico que realizou o parto acreditou quando a viu chegar ao hospital para uma revisão. Hoje, Claudia Santos é devota de Irmã Dulce e agradece sua vida à intercessão naquele momento.

Processo

Iniciado em janeiro de 2000, o processo de canonização da Santa Rita dos Pobres foi o terceiro mais rápido da história contemporânea da Igreja Católica, atrás de João Paulo II (nove anos após sua morte) e Madre Tereza de Calcutá (19 anos depois). "Foi um dos processos mais rápidos da atualidade", comenta o Frei Giovanni Messias, reitor do Santuário de Irmã Dulce.

Ele explica que, "para acontecer tanto o processo de beatificação quanto de canonização, é preciso uma análise minuciosa da vida do candidato, até mesmo para comprovar as virtudes de santidade, fé, caridade, amor, esperança". Para finalizar o processo de canonização, excluindo o caso de mártires, cobra-se a comprovação de dois milagres. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A comitiva que representará o governo brasileiro na cerimônia de canonização de Irmã Dulce na Santa Sé, na Itália, será capitaneada pelo vice-presidente Hamilton Mourão e terá os chefes do Legislativo e do Judiciário e 19 parlamentares.

Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, além do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, integram o grupo que viajaria nesta quinta-feira, 10. A volta está prevista para o início da próxima semana.

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A Secretaria de Imprensa da Presidência da República não informou, até a publicação deste texto, o quanto será gasto com a viagem. Os nomes dos representantes do governo brasileiro foram oficializados no Diário Oficial da União desta quinta-feira.

Sete senadores e 12 deputados e o secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy, compõem comitivas oficias do Congresso. Baldy viaja a convite de Maia e disse que pagará suas despesas.

Integrantes da comitiva que viajam acompanhados de suas mulheres - caso de Mourão, Alcolumbre e Maia - informaram que as despesas serão pagas separadamente. Maia e Alcolumbre afirmaram que ficarão hospedados na Embaixada do Brasil em Roma. Alcolumbre disse ainda que não receberá as diárias a que tem direito. Segundo regras da Câmara e do Senado, a diária para deputados é de US$ 428 e para senadores, de US$ 416.

O ex-presidente da República José Sarney, o procurador-geral da República, Augusto Aras, o embaixador do Brasil na Santa Sé, Henrique da Silveira Sardinha Pinto, e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que também participam da cerimônia de canonização, disseram que pagarão a viagem do próprio bolso. A canonização de Irmã Dulce será realizada na manhã de domingo na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Na semana passada, a Coluna do Estadão mostrou que a viagem de Augusto Aras custaria R$ 67,5 mil ao cofres do Ministério Público Federal. Depois, no entanto, o procurador-geral da República disse que iria custear suas despesas com recursos próprios. Pelas estimativas do próprio Ministério Público Federal, a passagem de Aras em classe executiva sairia por R$ 22,1 mil.

O procurador-geral também abriu mão de sete diárias que a Procuradoria custearia, no valor de R$ 13,6 mil. Viajam com ele os subprocuradores-gerais Alcides Martins e Maria das Mercês Gordilho Aras, mulher do PGR. Aras pediu licença do cargo entre os dias 9 e 15 de outubro para representar a instituição no evento no Vaticano.

Na semana passada, Rodrigo Maia disse que o compromisso no Vaticano não atrapalharia o andamento dos trabalhos da Câmara, já que o evento aconteceria em dias em que os deputados normalmente não estão em Brasília.

No Senado, porém, a viagem de parlamentares causou ruído na agenda da reforma da Previdência, que já havia sido comprometida pelo impasse em torno da liberação de recursos para Estados e municípios.

Veja quem são os deputados e senadores que viajam para a Itália:

Deputados

André Fufuca (PP-MA)

Celio Studart (PV-CE)

Elmar Nascimento (DEM-BA), líder do DEM

José Rocha (PL-BA), líder do PL

Daniel Almeida (PCdoB-BA), líder do PCdoB

Adolfo Viana (PSDB-BA)

Arthur Oliveira Maia (DEM-BA)

Eduardo da Fonte (PP-BA)

Flávio Nogueira (PDT-PI)

Leur Lomanto Júnior (DEM-BA)

Nelson Pellegrino (PT-BA)

Paulo Azi (DEM-BA)

Senadores

Jaques Wagner (PT-BA)

Angelo Coronel (PSD-BA)

José Serra (PSDB-SP)

Weverton (PDT-MA)

Roberto Rocha (PSDB-MA)

Elmano Férrer (PODEMOS-PI)

Ciro Nogueira (PP-PI)

Quando os olhares do mundo religioso e político estiverem atentos ao Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, que ocorre de 6 a 27 de outubro no Vaticano, o papa Francisco canonizará Irmã Dulce dos Pobres, a 37ª santa brasileira - nesta conta, são considerados todos os santos os que viveram no Brasil, mesmo que tenham nascido em outros países.

A baiana Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, Irmã Dulce dos Pobres, morreu em 1992, aos 77 anos. Com sua canonização e a de outros quatro novos santos, no próximo domingo, 13, o Papa Francisco atinge a marca de 892 santos em seu pontificado, segundo informações divulgadas pela Congregação das Causas dos Santos, órgão do Vaticano responsável pelos processos de reconhecimento.

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"Destaco sua simplicidade, seu foco em Jesus Cristo, sua capacidade de vê-lo no necessitado e a capacidade que teve de esquecer-se de si mesma, para responder às necessidades que se apresentavam (e se multiplicavam) à sua frente", declarou à reportagem o arcebispo de Salvador, Bahia, e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, sobre as virtudes da nova santa.

Segundo o religioso, a celebração deve contar com 30 bispos que estarão lá especificamente para o evento, além dos 58 bispos que participarãm do sínodo. Além disso, outros cerca de 100 sacerdotes devem estar na missa de canonização.

O processo para a canonização do religioso brasileiro dom Hélder Pessoa Câmara (1909-1999) avançará para uma nova etapa na próxima semana, no Vaticano. Na chamada "fase romana", a Igreja Católica irá escolher um relator e determinará duas comissões para realizar um minucioso perfil biográfico e uma defesa argumentativa de suas virtudes.

De acordo com reportagem do jornal "Folha de S.Paulo", citando Jociel Gomes, frade franciscano responsável pelo pedido junto a Santa Sé, o próximo passo será o papa Francisco fazer o reconhecimento que o brasileiro "praticou em grau heroico as virtudes cristãs".

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O processo para tornar dom Hélder santo foi aberto em fevereiro de 2015, nove meses após o pedido ser feito pela Arquidiocese de Olinda e Recife. Em um dossiê de 197 páginas enviado ao Vaticano, o frei Jociel registrou depoimentos de 54 pessoas.

Dom Hélder Câmara é conhecido por ser uma voz ativa em defesa dos direitos humanos durante a ditadura militar. Ele foi indicado quatro vezes ao Nobel da Paz e é considerado Patrono Brasileiro dos Direitos Humanos, em lei federal.

Em relação ao processo de canonização, o religioso ainda precisa por algumas fases. Primeiramente, ele precisa ser considerado venerável, para que os relatos de milagres sejam analisados por especialistas do Vaticano.

Logo depois, somente com um milagre reconhecido, ele poderá se tornar beato. Por sua vez, para ser canonizado, ou seja, receber o status de santo, a Igreja precisa reconhecer o segundo milagre.

Ao longo de sua vida, Hélder Câmara foi arcebispo emérito de Olinda e Recife e um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Além disso, ficou famoso por sua luta durante a ditadura militar e por defender uma Igreja mais próxima dos pobres.

A morte do cearense, que atuou fortemente em Pernambuco, completa 20 anos nesta terça-feira (27).

Da Ansa

O presidente Jair Bolsonaro afirmou em transmissão ao vivo feita em seu Facebook que foi convidado para participar da cerimônia de canonização de Irmã Dulce. A celebração vai ser realizada no dia 20 de outubro, no estádio Fonte Nova, em Salvador (BA).

O presidente esteve reunido nesta quinta-feira (4), por 15 minutos, com Dom Murilo S.R. Krieger, arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, e com Maria Rita Lopes Pontes, superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce.

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"Recebi a visita hoje de católicos, onde me convidaram para 20 de outubro, na cerimônia de canonização da irmã Dulce. A intenção dessas canonizações é que o que a pessoa fez sirva de exemplo para quem está aqui na Terra ainda. Com toda a certeza, estaremos em Salvador", disse o presidente.

José Maurício Bragança Moreira, de 50 anos, ficou cego aos 36 por um glaucoma e tinha de se locomover com um cão-guia. Em 10 de dezembro de 2014, pediu ajuda a Irmã Dulce, colocando uma imagem nos olhos e rezando para reduzir suas dores. Repentinamente e de forma inexplicável, após uma forte conjuntivite ao acordar, se deu conta de que tinha voltado a enxergar. Por causa desse milagre, Santa Dulce dos Pobres será elevada aos altares no dia 13 de outubro, conforme anunciado simultaneamente nesta segunda-feira (1º) em Roma e em Salvador.

"Eu não pedi para voltar a enxergar, mas ela me devolveu a graça da visão", afirmou o maestro. O milagre intriga médicos, porque, ainda hoje, os exames realizados em Maurício apontam as lesões que lhe tiraram a visão - e atestam a cegueira.

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Conforme o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, o milagre aceito pelo Vaticano passou por três etapas de avaliação: aval científico dado por peritos médicos; pareceres de teólogos e a aprovação final pelo colégio cardinalício. "Uma graça só é considerada milagre após atender a quatro pontos básicos: a instantaneidade, que assegura que a graça foi alcançada logo após o apelo; a perfeição, que garante o atendimento completo do pedido; e a durabilidade e permanência do benefício e seu caráter preternatural, não explicado pela ciência."

Além dos dois milagres reconhecidos pelo Vaticano - um primeiro em 2010, que elevou a freira à categoria de beata -, as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) registram mais de 10 mil outros relatos de fiéis não só do Brasil, mas de outras partes do mundo. Eles se referem à cura de câncer e outras doenças, superação de vícios, sobrevivência a acidentes graves, entre outros pontos.

A arquidiocese planeja uma grande festa. "No dia seguinte à canonização, 14 de outubro, haverá uma missa na Igreja de Santo Antônio dos Portugueses (em Roma), igreja do século 17. Será a Missa da Santíssima Trindade, agradecendo o dom de Irmã Dulce. E aqui em Salvador a celebração será na Arena Fonte Nova, no dia 20 de outubro", contou o arcebispo. Oficialmente, a santa, que morreu em 13 de março de 1992, passará a ser lembrada no calendário litúrgico católico no dia 13 de agosto. Entre os canonizados lembrados nesta data estão os santos Ponciano e Hipólito.

Além de Irmã Dulce, serão canonizados durante o Sínodo da Amazônia os beatos John Henry Newman, cardeal fundador do Oratório de São Filipe Néri na Inglaterra; Giuseppina Vannini (antes Giuditta Adelaide Agata), fundadora das Filhas de São Camilo, na Itália; Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família, na Índia, e Margherita Bays, Virgem, da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, da Suíça.

"Será uma honra para Brasil e ao mesmo tempo um compromisso. Deus está dizendo: é possível ser santo, basta seguir o exemplo desta pequenina", disse d. Murilo.

Canonizador

Irmã Dulce se torna santa apenas 27 anos após a morte. Somente a santificação do papa João Paulo II, nove anos após sua morte, e de Madre Teresa de Calcutá, 19 anos após seu falecimento, exigiram menos tempo. Irmã Dulce será a primeira santa nascida no Brasil, que até agora só tem um santo brasileiro de nascimento - Santo Antônio de Sant'Ana Galvão, o Frei Galvão.

Francisco é o papa que mais criou santos na história. Conforme o serviço Vatican News, foram 879 até outubro. O líder anterior em canonizações foi João Paulo II, canonizado por Bento XVI, que elevou 482 aos altares. As cerimônias foram na Praça São Pedro, no Vaticano, e até em outros países, como Portugal e Sri Lanka. Na lista estão José de Anchieta e Andrea de Soveral, Ambrogio Francesco Ferro, Matteo Moreira e 27 companheiros - conhecidos como mártires de Cunhaú e Uruaçu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Papa Francisco presidiu, nesta segunda-feira (1°), na Sala Clementina, no Vaticano, o Consistório Ordinário Público para a Canonização de cinco Beatos, dentre os quais Irmã Dulce Lopes Pontes.

Durante o Consistório, o Santo Padre anunciou a data de canonização dos cinco beatos. Será no domingo, 13 de outubro próximo.

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Além de Irmã Dulce, serão canonizados os seguintes beatos: John Henry Newman, cardeal, fundador do Oratório de São Filipe Néri na Inglaterra; Giuseppina Vannini (no século Giuditta Adelaide Agata), fundadora das Filhas de São Camilo; Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família e Margherita Bays, Virgem, da Ordem Terceira de São Francisco de Assis.

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Terminou, nesta quarta-feira (19), a "fase diocesana" do processo de beatificação e canonização de dom Hélder Câmara. Durante solenidade, houve o lacre das caixas de documentos e a remessa para o Vaticano.

O material agora será recebido pela Congregação da Causa dos Santos. Laudos, documentos, pareceres e testemunhas coletados vão ser analisados por comissões, sendo elaborado conjunto de documentos chamado "Positio", dando início à Fase Romana do processo.

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A expectativa do arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, é que uma resposta positiva chegue até 2020. Foi dom Helder quem ordenou Saburido sacerdote. "A nossa esperança se projeta para o ano de 2020, quando a Arquidiocese de Olinda e Recife sediará o XVIII Congresso Eucarístico Nacional. Temos fé na Santa Eucaristia, confiamos que, até lá, receberemos notícias positivas sobre a análise do processo de dom Helder na Congregação da Causa dos Santos", disse o religioso.

Dom Hélder Câmara foi arcebispo de Olinda e Recife no período de 1964 a 1985. Ele se destacou pela defesa dos mais pobres, dos direitos humanos e na proposição de novos caminhos para a igreja. Foi bispo-auxiliar do Rio de Janeiro, membro atuante no Concílio Vaticano II e um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Câmara recebeu a indicação para o prêmio Nobel da Paz em 1972. Seu processo de beatificação e canonização foi aberto em junho de 2015.

Fases do processo de beatificação e canonização:

Milagre rigoroso - Precisa ser comprovado por uma junta de médicos do próprio país e por uma comissão de médicos do Vaticano.

Início informal - Qualquer pessoa pode solicitar a abertura do processo ao bispo do local em que o candidato a santo morreu. Quando se inicia o processo, depois de ter recebido a autorização da Santa Sé, o candidato recebe o título de Servo de Deus.

Investigação das virtudes - O bispo local dá entrada com seu dossiê na Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano. Depois, inicia-se a investigação das virtudes. O objetivo é passar ileso pela análise de comportamento durante a vida. Se o candidato viveu de forma exemplar, é declarado Venerável.

Exigência de um milagre - A Congregação das Causas dos Santos exige que o candidato a santo tenha operado um milagre e que este seja comprovado. Uma investigação é aberta no local onde o milagre ocorreu e os resultados são enviados a Roma para comprovação. Em caso de confirmação, o milagreiro é declarado “Beato” e pode ser cultuado na região em que já tem fama de santidade. Mártires, por sua vez, são dispensados do milagre e seguem automaticamente para a canonização.

Novo milagre - Na última fase, é preciso provar outro milagre. Vencida a etapa, o santo é apresentado pelo papa para o culto da Igreja mundial. É necessário confirmar inclusive a real existência do candidato a santo. Para isso, uma exumação do corpo é solicitada.

Com informações da assessoria

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