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Na última quarta-feira (29), após determinação direta da Superintendência de Polícia Judiciária da PCGO e troca de informações e ação integrada entra as Polícias Civis de Goiás e Sergipe, uma mulher, de 52 anos, natural da cidade de Aracaju (SE), foi localizada e resgatada por equipes da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Jataí e demais unidades policiais da 14ª DRP. Ela foi encontrada em uma propriedade rural localizada na cidade de Doverlândia.

Segundo as investigações, o autor, de 32 anos, após iniciar um breve relacionamento virtual com a vítima, a convidou para juntos morarem na zonal rural, iniciando assim um relacionamento amoroso que já durava cerca de um mês. Segundo relatos da própria vítima, em poucos dias, após a mudança e convivência com o autor, esse iniciou uma série de agressões físicas e verbais, além de um controle e vigilância excessivos da mulher, chegando ao extremo de determinar que a vítima somente se utilizasse do banheiro com a porta aberta. As diligências também levantaram que o autor monitorava as ligações e mensagens telefônicas da vítima, que eram acompanhadas pessoalmente, sobretudo quando eram direcionadas para familiares do Estado de Sergipe.

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Diante do cenário apresentado e do estado de pânico, medo e apreensão em que a vítima foi encontrada, com indícios de violência psicológica, a mulher foi encaminhada por uma das equipes a Jataí para atendimento por toda rede de apoio social existente na cidade, recebendo alimentação e hospedagem, até o estabelecimento de novo domicílio, tendo a equipe posteriormente embarcado a vítima para o seu novo destino. O autor foi preso em flagrante pelo crime de violência psicológica, sendo encaminhado à Central de Flagrantes de Jataí, a 200 km de Doverlândia, ficando preso por não pagar a fiança. A prisão teve apoio da 7ª DRP e Polícia Militar em Jataí.

Da assessoria

Uma mulher, de 25 anos, e a filha, um bebê de 2 anos, foram resgatadas pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO). As vítimas foram mantidas em cárcere por três dias pelo marido da mulher, que não aceitava o fim do relacionamento. Ainda segundo informações da PCGO, mãe e filha também sofrerem violência pisicológica.

O caso foi descoberto após a mulher escrever um bilhete pedindo socorro e o arremessar pelo muro. No papel, ela anotou o número de telefone da mãe e pedia para que alguém entrassem em contato com os familiares para buscar ajuda junto à polícia. 

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A mãe da vítima, que reside na cidade de Cavalcante, recebeu a mensagem. Em seguida, ela se deslocou até a delegacia local e informou aos policiais a situação.

A Delegacia de Cavalcante, onde foi registrado o caso, entrou em contato com a autoridade policial de Santo Antônio do Descoberto, onde morava a vítima. Na última quinta-feira (15), políciais efetuaram a prisão em flagrante do acusado. 

A influenciadora Amanda Souza publicou no stories o momento em que foi agredida pelo companheiro. Conhecido como Vanderlei Bambam, o segurança Uanderglei da Conceição foi preso em flagrante por agressão e cárcere privado, nessa quinta-feira (11), no Rio de Janeiro. 

Após publicar os vídeos em que aparece com o lábio cortado e outras marcas de agressão, Amanda denunciou Bambam na Delegacia de Marechal Hermes, na Zona Norte da cidade. Em um dos stories, ela tenta pedir ajuda aos seguidores, mas o segurança interrompe a gravação. 

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“A minha boca sangrando. Minha boca está sangrando aqui", mostra a influenciadora, que aparece com o rosto machucado. Ainda no vídeo, Vanderlei nega que tenha agredido a namorada: “chorando sem eu ter feito nada. Fazendo escândalo aqui. De novo! Fazendo escândalo”.  

De acordo com a denúncia, ela estava mantida em cárcere privado desde a quarta (10) e era ameaçada de morte se deixasse a residência. “Eu só quero ir embora. Eu só quero ir embora”, afirma em um dos vídeos. “Me ajuda, por favor! Não! Socorro!”, clama a influencer em outro momento. “Para, Amanda! Quer continuar? Quer continuar? Vai parar ou não vai parar? Ou você para ou acabou”, diz o segurança. 

Vanderlei Bambam já tem duas ocorrências de agressão contra ex-namoradas, uma em 2017 e outra no ano passado. Um inquérito foi instaurado pela Polícia Civil. 

Entre os anos de 2000 e 2005 chegavam até o Conselho Metropolitano da Comunidade, do qual a assistente social Wilma Melo fazia parte, notícias sobre a falta de condições de higiene na Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR), no bairro da Iputinga, Zona Oeste da capital. Sem absorventes íntimos, algumas mulheres privadas de liberdade usavam até miolo de pão para conter o fluxo menstrual. O conselho foi extinto, mas Wilma Melo seguiu atuando na defesa dos direitos da população privada de liberdade. No último dia 27 de outubro, ela participou de vistoria na Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima (CPFAL), na Região Metropolitana do Recife (RMR), como  presidente do Serviço Ecumênico de Militância nas Prisões (Sempri) e coordenadora do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura. Na ocasião, ela sentiu voltar no tempo, ao ouvir relatos de presas sem acesso a absorvente, dessa vez usando pedaços de pano improvisadamente.

“Depois dessa situação do miolo de pão como absorvente a gente conseguiu dar um olhar para as mulheres encarceradas e houve uma sensível melhora. Mas quando a gente retorna à unidade prisional, a gente percebe que essa sensível melhora não frutificou. Mulheres não usam miolo de pão, mas continuam usando pedaços de pano e papel higiênico”, conta a assistente social.

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Nas entrevistas realizadas na inspeção da CPFAL, ficou constatado que, embora tenham sido solicitados 480 absorventes no mês da inspeção, foram disponibilizados apenas 48. Em 17 de dezembro deste ano, conforme dados do Mapa da Totalidade oferecido pelo Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco, a unidade prisional tinha 442 pessoas encarceradas para 192 vagas, o equivalente a uma lotação de aproximadamente 230%, o que significa uma taxa de ocupação de 2,3 presas por vaga.

O tema da pobreza menstrual ganhou maior difusão no país após o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), sancionar com vetos em outubro o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. Os artigos vetados previam a distribuição de absorventes nas cestas básicas das brasileiras de baixa renda por meio do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. O texto original também adotava a entrega de absorventes para estudantes de baixa renda matriculadas em escolas públicas, mulheres em situação de rua e privadas de liberdade no sistema prisional e socioeducativo. Para justificar os vetos, o governo defendeu que o texto "contraria o interesse público" e não indicava a fonte de custeio.

Também em outubro, o Governo de Pernambuco lançou o Programa de Educação em Saúde Menstrual, voltado para as escolas da rede estadual. O projeto prevê distribuição de absorventes para estudantes em idade menstrual e formação e orientação sobre questões sociais, biológicas e emocionais que afetam a vida da mulher durante o período da menstruação. "A conscientização dos nossos jovens sobre a saúde da mulher começa nas escolas", disse o governador Paulo Câmara (PSB) ao lançar o programa.

Além de Wilma Melo, participaram da inspeção de outubro a Defensoria Pública do Estado de Pernambuco e o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura. Ofício enviado pela Defensoria Pública diz haver um contrassenso entre o Programa de Educação em Saúde Menstrual do Governo de Pernambuco e a ausência de tais políticas públicas nas unidades prisionais femininas. “As pessoas que nós entrevistamos narraram que dependiam sempre desse fornecimento por parte das visitas e havia muitas dificuldades para aquelas que não recebiam visitas”, conta a defensora pública Gabriela Lima Andrade, do Núcleo de Cidadania Criminal e Execução Penal (NECCEP).

“Trata-se de uma obrigação do Estado fornecer o absorvente íntimo às pessoas privadas de liberdade”, acrescenta a defensora. “As mulheres e os homens trans privados de liberdade sofrem duplo estigma, gerado pelo cárcere e discriminação de gênero, e isso decorre de uma sociedade pautada, em geral, em padrões masculinos de dominação.”

Duas ex-detentas com passagem pela Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR) e pela  Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima (CPFAL) ratificam que a situação de pobreza menstrual no cárcere não é nova e que as mulheres precisam contar com doações e ajuda de familiares para ter acesso aos absorventes. Presas que não recebem visitas enfrentam maiores dificuldades no acesso a itens de higiene e precisam da solidariedade de outras mulheres privadas de liberdade.

Márcia Félix, de 31 anos, esteve reclusa nas duas unidades, com a última passagem se encerrando em 2020. "É uma situação bem complicada. A quantidade de mulheres é muita e de doações é muito pouca", resume ela. 

"Eu já cheguei a ficar no Castigo [cela isolada para punir reeducandos por comportamento considerado desviante] usando papel higiênico porque não tinha absorvente no pavilhão. Essa é a realidade de muita gente", conta. "Também já tive que usar pano. Chegou a data da minha menstruação e era domingo, não tinha expediente no setor social nem na enfermaria. Eu tive que botar pano, usando roupas velhas usadas", lembra ela.

"Eu já passei por constrangimento”, continua Márcia. “Estava com as meninas e o sangue passou para a roupa. Elas entendem, mas sempre tem uma ou outra que gosta de falar.”  Ela já recebeu kits de higiene de uma enfermeira e da diretora da escola. "A enfermeira pedia para eu não dizer para as outras, porque se eu dissesse muitas iam pedir e ela não teria condições de dar."

Já Nara, como quis ser identificada, de 37 anos, passou nove meses na CPFAL, deixando a unidade em novembro de 2019. Por ser concessionada, ou seja, exercia atividade laboral na unidade, ela tinha mais facilidade para obter materiais de higiene. Mas a posição que ocupava também fez conhecer muitos casos de pobreza menstrual.

"Para as presas de forma geral é complicado o acesso, pelo fato de que quem leva o absorvente são as igrejas e outras doações", lembra. A ex-detenta conta que a única vez que recebeu o absorvente íntimo do Estado foi no dia em que chegou à unidade. "Sempre havia presas que vinham me pedir absorvente. Toda semana eram cinco, seis, dez que vinham me pedir”, lembra. "O Estado tem a obrigação de prover a sua sobrevivência. Boa parte da população carcerária não tem muito estudo, muito grau de instrução e pensa que tudo isso é favor. Mas é um direito da gente enquanto ser humano custodiado pelo Estado", ela ressalta. Tanto Márcia Félix quanto Nara estão em busca de emprego, vivendo de bicos desde que deixaram o cárcere.

O coletivo Liberta Elas é um dos que doam materiais básicos de higiene para as unidades prisionais femininas de Pernambuco. "Muitas mulheres para se manter dentro das unidades prisionais contam muito com a ajuda da família. É a família que vai levar, além do carinho e do afeto, remédios, roupas e produtos de higiene”, diz Juliana Trevas, que é uma das coordenadoras do projeto.

Segundo Trevas, a falta de absorventes é só a “ponta do iceberg”. "Essa situação escancara que o Estado não cumpre o que está na lei. E, assim, demonstra mais uma vez as péssimas condições do cárcere, as violações de diversas esferas. Revela como é precária e de violação de direitos a situação que aquelas mulheres se encontram, que nem absorvente tem, nem sabonete, nem xampu ou lençol", lamenta ela. "É um local de extrema ausência de tudo", completa.

A integrante do Liberta Elas defende que a ausência do absorvente íntimo afeta a dignidade das mulheres presas, às quais ela se refere como “sobreviventes”. "Afeta a dignidade totalmente. A menstruação ainda é um tabu. Todo mundo sabe que existe, mas muita gente tem nojo do sangue menstrual, inclusive as próprias mulheres. Imagina você estar sangrando e não ter o mínimo de higiene para passar seu ciclo de uma forma tranquila. Você não ter absorvente é um componente da humilhação", ela diz.

A assistente social Wilma Melo cobra de parlamentares mulheres uma atenção para as mulheres privadas de liberdade, apresentando emendas e projetos que tornem a Lei de Execuções Penais menos genérica, identificando de forma clara as necessidades específicas para as unidades prisionais femininas. “A lei é de 1984, ela ainda não era tão voltada para a mulher presa. Então não se olhou isso e hoje as emendas ainda não olham. Não é obrigação das organizações estar levando material como sabonete, pasta, desodorante e absorvente íntimo para as mulheres encarceradas. É dever do Estado garantir o mínimo necessário de condições higiênicas para essas mulheres”, argumenta.

No ofício enviado à Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), a Defensoria Pública cobra detalhes sobre a quantidade de absorventes disponibilizados pelo Estado às unidades prisionais e o fornecimento em caráter urgente do material. 

O LeiaJá procurou o governo estadual para comentar a falta de absorventes no cárcere. As questões foram respondidas pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), responsável por fazer o repasse do item de higiene.

A SES defende que não houve ausência de fornecimento, que é oferecida a quantidade solicitada e que há disponibilidade do produto no estoque. Segundo a pasta, foram disponibilizados 1.799 pacotes nos últimos seis meses para a CPFAL, sendo uma média de 257 pacotes com oito unidades em cada mês.

A última compra de absorvente foi realizada em 2019. Durante os anos de 2020 e 2021, a CPFAL foi abastecida por meio desse estoque. A SES não informou o custo.

Ainda segundo a pasta, o cálculo de absorventes a serem entregues individualmente é realizado com base em um consumo estimado de duas a três unidades por dia para cada mulher privada de liberdade. Apesar dos diversos relatos, a secretaria afirma que a distribuição do absorvente íntimo é realizada igualmente para todas as privadas de liberdade, independente se elas recebam ou não visitas.

 Os pontos de arrecadação são: 

1) Defensoria Pública de Pernambuco

- Av. Manoel Borba, 640. Boa Vista. @defensoriape

2) Marília Sales Visagista @mariliasales_vs

Rua Visconde de Ouro Preto, 156. Casa 2. - Casa Forte - . Entregas nas quartas-feiras entre 14h e 18h

3) Ciclos Absorventes @ciclos_absorventes

Rua Professor Henrique de Lucena, 56. - Jardim São Paulo-

4) Bestafera Bar @bestaferabar

Rua Mamede Simões, Centro.

5) Centro Comunitário Germinar

Rua Andaraí, 101,Cj. Flor do Carmelo, Jardim Piedade

6) AMPAC - Associação de Mãe, Pai e Adolescente do Coque @ampacoque

Rua Catalão, 92, Joana Bezerra, Coque.

7) Poço das Artes @pocodasartes

Rua Álvaro Macedo, 54, Poço da Panela.

A Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) prendeu, na manhã desta quinta-feira (12), o diretor de uma clínica de repousos para mulheres idosas e com problemas psiquiátricos, na cidade do Crato, no interior do Estado. No local, 33 mulheres estavam aprisionadas em celas sem condições sanitárias.

O diretor da clínica foi autuado em flagrante por maus-tratos e cárcere privado. Além disso, serão investigados crimes de apropriação de benefícios das vítimas.

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Contra o acusado, identificado como Fábio Luna dos Santos, 35 anos, já havia um mandado de prisão por denúncias de abuso sexual contra duas vítimas.

Na manhã desta quinta-feira (11), policiais militares libertaram uma vítima de sequestro em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. Ela havia sido assaltada por um casal, que roubou seu carro, mas a levou junto, deixando a mesma em cárcere privado.

Segundo a PM, foram recebidas denúncias que levaram os policiais até a 3º Travessa Valdemar Lino Chaves, no bairro Cidade Alta, onde a vítima estava presa dentro de um quarto do imóvel.

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Ela foi sequestrada quando estava em seu veículo, na Av. José Marques Pontes, no bairro Santa Rosa, quando foi abordada por um casal armado que anunciou um assalto. Ela foi mantida em cárcere privado dentro do domicílio até às 12h desta quinta (11), quando foi libertada pelos PMs.

Durante a ação policial, foram presos um homem e uma mulher e apreendidos  uma submetralhadora (adulterada), com quatro munições cal. 380; um simulacro de pistola e uma porção de maconha.

Trabalhadoras domésticas estão sendo privadas de folgas durante a pandemia do novo coronavírus. É o que denuncia a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), que recebe os relatos e denúncias da categoria, e se refere às ocorrências como situações de "cárcere privado". Segundo a instituição, para evitar exposição à Covid-19, alguns empregadores ameaçam demitir as funcionárias que se recusarem a abrir mão do direito de voltar para as próprias casas no fim do expediente.

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“Desde o começo da pandemia, recebemos denúncias nesse sentido. Aqui no Rio de Janeiro, uma patroa tentou obrigar a trabalhadora doméstica a passar três meses presa dentro de sua casa. Nesse caso, a trabalhadora fez a denúncia e foi embora, mas temos relatos de outros em que a polícia chegou a ser acionada para retirar a trabalhadora doméstica”, conta Cleide Pereira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Empregados Domésticos de Nova Iguaçu e diretora da Fenatrad.

De acordo com Cleide, alguns empregadores estão alegando que o deslocamento das domésticas, geralmente possibilitado pelo transporte público, até o local de trabalho, aumenta o risco de a trabalhadora contrair Covid-19. “Esses dias chegou no sindicato a denúncia de que uma patroa estava ‘exigindo’ que uma trabalhadora ficasse direto em sua casa, caso não topasse pagar para ir e voltar do serviço de Uber. Se o patrão faz essa exigência, é ele quem tem que arcar com os custos das viagens”, completa.

No dia 17 de março deste ano, o Ministério Público do Trabalho (MPT) publicou a nota técnica conjunta 04/2020 que orienta a ação da instituição diante das medidas governamentais de contenção da pandemia do novo coronavírus entre trabalhadores domésticos, cuidadores ou vinculados. No documento, o MPT recomenda que empresas, órgãos públicos, empregadores pessoas físicas, sindicatos patronais e profissionais de todos os setores econômicos garantam a dispensa remunerada das trabalhadoras domésticas pelo período de isolamento ou quarentena de seus empregadores, bem como permitam que “o deslocamento da pessoa que realiza o trabalho doméstico, da trabalhadora ou do trabalhador de empresas prestadoras de serviços de limpeza ou de cuidado, ocorra em horários de menor movimentação de pessoas, para evitar a exposição a aglomerações, em hipótese de utilização de transporte coletivo de passageiros”.

Em Pernambuco, MPT investiga pelo menos duas denúncias de domésticas em situação de cárcere. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Vale ressaltar ainda que nem toda situação de permanência no local de trabalho configura cárcere privado. “A gente tem que analisar caso a caso, para não generalizar. Porque, no Brasil, ainda é muito comum essa escala de 15 em 15 dias que alguns patrões fazem, com as trabalhadoras dormindo em suas casas, mas tendo o direito à folga semanal. Precisamos observar se está havendo impedimento, se a trabalhadora doméstica está tendo o direito a tirar sua folga semanal, afinal, ela pode sair de casa com os devidos cuidados, não é? Se não está sendo dada essa opção, pode sim ser considerada uma situação de cárcere”, pontua Débora Tito, procuradora do MPT.

Segundo a instituição, em Pernambuco, são investigados pelo menos dois casos de cárcere privado envolvendo trabalhadoras domésticas durante o período da pandemia da Covid-19. “A moradia na casa do patrão em si não é uma irregularidade. Na construção civil, por exemplo, é comum que os trabalhadores durmam no local onde desempenham suas funções. O problema que a gente encontra é a precariedade do alojamento”, completa a procuradora.

Fraudes na dispensa

Fenatrad também denuncia irregularidades nas suspensões previstas pela Medida Provisória nº 936. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

A Fenatrad ressalta, contudo, que as denúncias mais comuns são aquelas que estão associadas à dispensa das trabalhadoras sem o recolhimento correto do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), da contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), dentre outras verbas rescisórias. Durante a pandemia, o Congresso Nacional aprovou a Medida Provisória (MP) nº 936, transformando-a na Lei 14.020/2020, que autoriza a redução proporcional da jornada e salário das domésticas, desde que haja acordo entre elas e seus empregadores. “Tem empregador suspendendo o contrato da trabalhadora, informando que ela receberá o salário do governo, sem efetivar a dispensa, mas a lei foi feita para que ela possa ficar em casa. Estamos vendo muitas fraudes nesse sentido”, alerta Cleide Pereira.

Com o sistema implementado pela nova Lei, o Estado é o encarregado de conceder o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda aos trabalhadores que tiverem sua jornada reduzida, mas o período de suspensão só conta como tempo de contribuição previdenciária se o beneficiário arcar com o INSS individualmente. “Como o trabalhador vai concordar com a perda de direitos? Acontece que alguns patrões colocam a empregada para assinar a rescisão como se fosse acordo e elas, distraídas, não leem o documento. Os 40% do FGTS acabam voltando para o patrão, como ocorre em casos de justa causa ou acordo”, explica Cleide.

Essenciais?

Para a presidente da Fenatrad, Luísa Batista, as fraudes na suspensão de contrato e as ocorrências de cárcere privado escancaram as contradições do debate sobre a essencialidade da profissão nos momentos de quarentena rígida. “A gente sempre lutou pelo reconhecimento do valor social do trabalho doméstico, que é essencial para a organização da sociedade, o que nunca aconteceu. Aí chega uma pandemia e a gente vê que o que as pessoas querem a servidão, colocando trabalhadores em risco”, pontua. Em maio, a Fenatrad e o Sindicato dos Trabalhadores(as) Domésticos(as) do Estado do Maranhão (Sindomestico-MA) solicitaram que o governador Flávio Dino revisasse o Decreto nº 35.784, no sentido de afastar qualquer interpretação que pudesse incluir a atividade como essencial. A mesma reivindicação foi feita pela categoria no Pará, onde o trabalho doméstico foi considerado essencial pelo Decreto nº 729, revisto após as mobilizações.

Luísa Batista lembra que a Lei Federal 13.979/2020, a qual versa sobre as medidas de enfrentamento ao novo coronavírus, não cita o serviço doméstico como atividade essencial. “Essencial é segurança, saúde, distribuição de combustíveis, água, luz e alimentos, pois se esses serviços parassem o país certamente entraria em colapso. Em uma pandemia, para as domésticas, mais do que nunca, essenciais são nossos direitos”, conclui.

Passo a passo// Como fazer denúncia ao MPT?

1. No site http://ww.prt6.mpt.mp/br/, vá até o menu “Serviços” e procure a opção “Denúncias”;

2. Selecione a opção “Estou ciente e desejo oferecer uma Denúncia” e aperte em “Prosseguir”;

3. Informe a localidade dos fatos e prossiga;

4. Na seção “Notícia dos fatos”, informe o ocorrido;

5. Depois, informe os dados do denunciado, ou seja, contra quem é feita a denúncia;

6. Por fim, informe os dados do denunciante, ou seja, quem está cadastrando a denúncia, lembrando que ela pode se dar de forma anônima.

Dados do Departamento Penitenciário Nacional, divulgados nesta segunda-feira (19) no 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, mostram que a cada três presos em 2019, dois eram negros. Os negros representam 66,7% da população carcerária, estipulada em 755.274 reclusos no país. 

“As chances diferenciais a que negros estão submetidos socialmente e as condições de pobreza que enfrentam no cotidiano fazem com que se tornem os alvos preferenciais das políticas de encarceramento do país”, avalia o estudo.

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Os negros são a maioria - 66,7% - diante de 33,3% da população carcerária composta por brancos, amarelos e indígenas. “A taxa de variação nesse período [2005-2019] mostra o crescimento de 377,7% na população carcerária identificada pela raça/cor negra, valor bem superior à variação para os presos brancos, que foi de 239,5%”, informa o Anuário. A proporção de negros no cárcere cresceu 14% nos últimos 15 anos, enquanto a proporção de brancos sofreu ua queda de 19%.

Para os pesquisadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), “as chances diferenciais a que negros estão submetidos socialmente e as condições de pobreza que enfrentam no cotidiano fazem com que se tornem os alvos preferenciais das políticas de encarceramento do país”.

O levantamento do FBSP também destaca que 95,1% dos presos são homens, enquanto 4,9% são mulheres. Entretanto, nos últimos 11 anos houve um aumento de 70,9% de prisões do sexo feminino, alcançando a marca de 36.926 detentas.

A principal faixa etária nas prisões é a de 18 a 24 anos, equivalente a 26% do total de presos. Em seguida estão aqueles com idade entre 25 e 29, que representam 24% da população carcerária, segundo o estudo. "A população prisional do país segue um perfil muito semelhante aos das vítimas de homicídios", indica o Anuário.

LeiaJá Imagens:

--> 13 crianças foram assassinadas por dia no Brasil em 2019

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A pesquisa divulgada nesta quinta-feira (27) pelo Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+) sobre a população LGBT e soropositiva nas unidades prisionais da Região Metropolitana do Recife (RMR) também apresenta um recorte sobre religião. Segundo o levantamento, os privilégios da religião evangélica muitas vezes consiste em problemas para a população LGBT encarcerada, que é taxada de promíscua. Foram levantados dados socioeconômicos de 110 presos.

O estudo aponta que grande parte da população entrevistada (35,3%) não adota uma religião e 23,5% tem o exercício religioso prejudicado, dos quais 12,9% corresponde a pessoas que adotam o candomblé. Os seguidores do candomblé são majoritariamente mulheres trans e travestis. A maior parte (41,2%) segue o cristianismo.

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"É muito comum nos presídios você encontrar pessoas andando com Bíblia, uma igreja, espaço para realização de culto", diz o advogado Lucas Enock, coordenador da pesquisa. "Existe uma predominância da religião de base cristã, principalmente evangélica e de linhas radicais, que preconizam a discriminação perante aquelas pessoas que não fazem parte daquele padrão heteronormativo. É comum os entrevistados falarem 'não posso exercer minha religião, porque sou chamado de macumbeiro, dizem que vão me agredir'", comenta Enock.

O GTP+ também verificou o acesso à hormonioterapia para pessoas trans e travestis. O grupo destaca que o tratamento hormonal é um importante instrumento garantidor da identidade de gênero e se relaciona com o direito à saúde, fisiológica e mental. 

De acordo com a organização, há diversas violações quanto ao direito do tratamento hormonal, como o não custeio do Estado para quem não pode bancar o tratamento e o impedimento de entrada dos medicamentos. "Diante desses percalços, as pessoas são obrigadas a custear os medicamentos, inserir o hormônio de forma autônoma no corpo sem qualquer acompanhamento médico. Ademais, é necessário introduzir os insumos medicamentosos de forma clandestina para dentro do estabelecimento penal", diz o texto.

Mais de 80% dos homens trans não recebem o tratamento. Cerca de 34,3% da população de homens trans, mulheres trans e travestis entrevistada responderam não fazer uso.

Sobre prevenção ao HIV e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o levantamento indica que não há problemas em relação à quantidade de preservativos destinados aos presos. O problema é que nem todos possuem livre acesso ao setor de saúde das unidades, geralmente necessitando de autorização de chaveiros e profissionais concessionados.

Quase 40% dos entrevistados informaram não utilizar preservativos regularmente. Muitos disseram não fazer uso de preservativo com seus companheiros, baseados em relação de confiança. Outros alegaram não gostar de utilizar. Outra questão ligada à transmissão do HIV é a livre realização de tatuagens pelos próprios presos, feita sem utilização de material adequado e descartável.

No tópico de emprego, as pessoas LGBT entrevistadas reclamaram da ausência de oportunidades. Essa população geralmente consegue atividades domésticas, como faxina e lavagem de roupas. Muitas dessas pessoas, principalmente mulheres trans e travestis, também se prostituem. Além dessas atividades não contarem para diminuição de pena, as retribuições costumam ser mínimas, servindo algumas vezes para troca por materiais de higiene e droga.

O Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+) divulga, nesta quinta-feira (27), o resultado de uma pesquisa sobre a população LGBT e pessoas vivendo com HIV e Aids nas unidades prisionais da Região Metropolitana do Recife (RMR). Foram levantados dados socioeconômicos de 110 presos, identificando que a população LGBT em restrição de liberdade é, no geral, negra, de baixa renda, com baixa escolaridade, distante da família e vivencia preconceitos no cotidiano.

Segundo a pesquisa, 56,2% dos entrevistados não têm uma referência familiar, ou seja, contato ou proximidade com algum parente. Segundo o advogado Lucas Enock, coordenador da pesquisa, há um afastamento muito grande da família, principalmente com relação às mulheres. "É uma porcentagem maior porque tem a quebra daquele papel social da mulher. É muito menos aceitável a mulher que está presa. E ela é presa muitas vezes por causa do vínculo amoroso com o companheiro", resume. Proporcionalmente, quase 80% das mulheres cis não identificaram referência familiar. De acordo com Enock, o distanciamento familiar de pessoas LGBT costuma ter início antes mesmo da prisão.

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O estudo traz que 80% dos entrevistados são pessoas negras e pardas, mais da metade possuem de 19 a 29 anos (52,8%), não havendo ninguém acima dos 46 anos de idade - o que pode significar um indício de baixa expectativa de vida. Mais da metade possui ensino fundamental incompleto (54,7%) e renda familiar de até um salário mínimo (63,2%).

A Secretaria Executiva de Ressocialização contabiliza na RMR 104 pessoas reconhecidas como integrantes da população LGBT e 13 soropositivas. Apesar dos dados oficiais, o GTP+ identificou 110 pessoas e acredita que o quantitativo não corresponde à quantidade exata de pessoas que se enquadram no grupo populacional, porque nem todas que se enquadram foram entrevistadas, pois a participação era opcional, e por causa de subnotificação, visto ser comum elas não revelarem a orientação sexual e identidade de gênero abertamente.

O recorte aponta que 27% dos entrevistados respondem por tráfico, enquanto 28,9% estão na prisão por causa de crimes como patrimônio (roubo e furto). Ainda 17,1% respondem por homicídio e tentativa de homicídio, 5,2% por estupro e tentativa de estupro, 3,9% por agressão e 6,5%, outros tipos de crime.

A porcentagem de reeducandos LGBT que ainda não foram julgados é de 38,1%. Na pesquisa anterior, feita com base em entrevistas de 2018, essa taxa estava em 35%. Segundo Enock, o número da pesquisa não representa a realidade. Um mutirão mais recente feito com a Defensoria Pública indicou que 52,4% dos avaliados não possuíam condenação. "O acesso à justiça e o direito a assistência judiciária são um dos principais anseios da população pesquisada. Diante da notória vulnerabilidade socioeconômica das pessoas entrevistadas, muitas delas não possuem condições de contratar advogado particular para acompanhar os seus processos judiciais. Diante disso, é necessário o acompanhamento da Defensoria que possui um quadro reduzido de profissionais à disposição diante de um número excessivo de pessoas a serem assistidas", assinala texto do GTP+. Quase 80% das pessoas entrevistadas manifestaram necessidade de atendimento jurídico.

A pesquisa também indica que 35,5% dos presos LGBT sofreram algum tipo de violência, que as mulheres trans e travestis e homossexuais estão mais suscetíveis a serem vítimas de violência e que as agressões mais comuns são física e sexual, superando a verbal. O GTP+ ressalta que algumas circunstâncias podem ter influenciado na resposta, como a presença de agente no momento da pesquisa, execução de oficinas prévias sobre o tema e confiança na equipe do projeto. 

"O entrevistado nem sempre vai dizer abertamente sobre essa a situação vivenciada de violência ou até mesmo não reconhece essa violência, achando que determinados comportamentos são comuns", diz o coordenador a pesquisa. "Em 2018, Pernambuco foi considerado o estado que menos repassar informações ao Ministério da Justiça. Essa situação se agrava agora diante da pandemia. Inclusive, o CNJ considera que houve um decréscimo de 83% dos casos relatados de tortura e maus tratos", completa.

O GTP+ contabilizou que 55,4% da população LGBT identificada consome maconha. "Tais substâncias se inserem por diversos meios nas unidades prisionais, como por meio das visitas de familiares", diz o grupo. Na pesquisa, pessoas afirmaram usar loló (9%), crack (18,1%), cola (7,2%), cocaína (12,7%) e nenhuma droga (23,6%). O grupo destaca que esses números devem ser refletidos, pois além de estarem associados às condições de vulnerabilidade social, estão diretamente relacionados com o tipo de sustento da população LGBT na sociedade.

O GTP+ esteve no Centro de Observação e Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (COTEL), Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima e do Recife (CPFAL e CPFR), Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), Penitenciária Agro-industrial São João (PAISJ), Presídio ASP. Marcelo Francisco Araújo (PAMFA), Presídio Frei Damião de Bozzano (PFDB), Presídio de Igarassu (PIG), Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (PJALLB) e Penitenciária Professor Barreto Campelo (PPBC)

Um youtuber foi preso por mandar sequestrar uma família em troca do dinheiro do resgate no Distrito Federal. Uma das vítimas seria amiga do suspeito e foi mantida em cativeiro por cerca de 10 horas em um barraco. As informações são do G1.

O suspeito não teve a identidade divulgada. Segundo a Polícia Civil, ele é dono de um canal na internet especializado em automobilismo e que conta com milhares de seguidores. O crime teria ocorrido em 3 de junho e divulgado só nesta terça-feira (28).

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Segundo a investigação, o youtuber se aproveitou da intimidade com o amigo para levantar informações sobre o patrimônio dele e da mãe, que são empresários. O sequestro teria sido planejado com a ajuda de três pessoas. Um teria conhecimentos na área de tecnologia e outros dois auxiliaram na abordagem e no cativeiro.

Um dos envolvidos foi preso em 21 de julho. O youtuber, que nega participação no crime, e outro suspeito foram detidos dois dias depois. 

De acordo com a polícia, as vítimas anunciaram a venda de um lote na área nobre da capital. Um dos suspeitos se passou por corretor para sequestrar o amigo do youtuber e a mãe dele.

No cativeiro, os sequestrados foram interrogados. O objetivo seria obter informações sobre as economias da família. Como o patrimônio estava concentrado em imóveis, os criminosos teriam entendido que isso impossibilitaria uma transação financeira de alto valor em um curto espaço de tempo.

Mãe e filho foram liberados no final da noite do mesmo dia do sequestro. Os sequestradores teriam avisado que ligariam para cobrar um valor em dinheiro, mas isso não ocorreu. O caso foi registrado na Delegacia de Repressão a Sequestro.

O sistema prisional de Pernambuco contabiliza 144 casos confirmados de Covid-19, quatro óbitos e 211 casos suspeitos. Duas mortes ocorreram em Igarassu, uma em Palmares e outra no Recife. No sistema socioeducativo, para menores de idade, foram registrados 246 casos suspeitos, oito confirmados e nenhum óbito. Os números foram divulgados pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) com base em dados fornecidos pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos e pela Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) de março até 7 de junho.

Os integrantes do Comitê para Acompanhamento das Medidas de Enfrentamento à Covid-19 no Âmbito do Sistema Prisional e Socioeducativo de Pernambuco se reuniram na terça-feira (9) por meio de videoconferência. O objetivo foi debater ações de contenção da disseminação do novo coronavírus nas unidades prisionais e socioeducativas.

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O comitê foi criado em cumprimento ao artigo 14 da Recomendação nº62 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que trata das medidas adotadas para prevenção e tratamento da Covid-19 na prisão.  Ele é formado pelo Grupo de Monitoramento e Fiscalização (GMF) do Sistema Carcerário em Pernambuco, coordenação de Infância e Juventude, coordenador das Audiências de Custódia do TJPE, por representantes do Ministério Público Estadual, da Defensoria Pública Estadual, da Ordem dos Advogados do Brasil, da Secretaria de Defesa Social, da Secretaria Estadual de Saúde, da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura, da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), do Programa Justiça Presente do CNJ, e por um membro de entidade da sociedade civil que atue no sistema prisional.

O desembargador Mauro Alencar, gestor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização (GMF) do Sistema Carcerário em Pernambuco, destacou que os presos em regime semiaberto, suspeitos ou não de Covid-19, e que iriam progredir para o regime aberto ou obter o livramento condicional até 31 de julho deste ano estão sendo beneficiados com a prisão domiciliar.

Ele também ressaltou que as audiências de custódia estão sendo realizadas de forma virtual. "Após as manifestações das partes por e-mail, os juízes decidem se convertem a prisão em flagrante em prisão preventiva ou se concedem a liberdade provisória por meio de alvará de soltura", disse.

 O TJPE repassou R$ 6,8 milhões para o Fundo de Enfrentamento ao Coronavírus, instituído por lei estadual. Os recursos foram provenientes do cumprimento de pena de prestação pecuniária, transação penal e suspensão condicional do processo nas ações penais. O valor deverá ser utilizado prioritariamente na aquisição de materiais e equipamentos. 

As unidades prisionais do Estado receberam, para internos e servidores, até o momento, 33 mil máscaras cirúrgicas, 2.400 litros de álcool à 70% em solução; 600 litros de álcool em gel; 5 mil aventais descartáveis; 2 mil aventais impermeáveis; 500 unidades de óculos de proteção; 500 unidades de protetores faciais; e 11.500 unidades de gorro descartáveis.

Divulgação/ César Muñoz Acebes/ Human Rights Watch

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O cenário de grande déficit de vagas para presos em Pernambuco abre espaço para a figura dos chaveiros. Eles são presos, frequentemente condenados por crimes graves como homicídio, que exercem funções do Estado, como abrir e fechar celas, fazer a contagem de detentos, encaminhar para acompanhamento jurídico, escoltar durante deslocamento, entre outras ações. Com direitos a regalias, esses presos também são acusados de promover violência nas unidades. Familiares de reeducandos contam que chaveiros têm, inclusive, determinado transferências no cárcere. 

 “De alguma forma, eles são um braço do Estado lá dentro”,  diz o especialista em segurança pública e doutor em sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Eduardo Matos de Alencar. O especialista é autor do livro “De quem é o Comando? O desafio de governar uma prisão no Brasil”. Publicada neste ano pela Editora Record, a obra discute as mediações do sistema penitenciário brasileiro a partir de vivências no Complexo do Curado, no Recife.

 Alencar conta que os chaveiros, também chamados de representantes dos presos, regulam diversos conflitos e gerenciam mercados ilegais no cárcere, como tráfico de drogas, venda de celas e alimentos. Por conta da posição que ocupam, geram ressentimentos, disputas e desejo de vingança, que acabam se concretizando em violência e perseguições quando eles chegam ao semiaberto. “Ninguém que tenha trabalhado junto com a polícia tem boa reputação”, conta.

 O doutor em sociologia estima que os chaveiros surgiram no nascimento do sistema penitenciário pernambucano. “Quando nasce [o sistema penitenciário], não tinha a figura do agente penitenciário, era sempre gente pouco qualificada da Polícia Civil e o número sempre foi aquém de pessoas. Na década de 90 já tinham notícias desses caras [chaveiros]”, explica.

 Um relatório, produzido por meio de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a partir de inspeções realizadas em 2008, apontava a presença desses detentos no Complexo do Curado: "Donos da cadeia, os ‘chaveiros’ têm um pequeno comércio em seu pavilhão, onde vendem para outros detentos e familiares produtos alimentícios e de higiene por preços bem maiores do que os praticados no mercado. A CPI encontrou uma ‘bodega’ que havia sido alugada pelo ‘chaveiro’ a outro detento mediante o pagamento de R$ 200 reais por mês. O preso ‘locatário’, por sua vez, contratou como ‘empregados’ da vendinha outros três detentos, que  recebiam salário mensal de R$ 650 cada um, demonstrando que ter ‘comércio’ dentro da cadeia dá lucro, e bastante! O que faz o ‘chaveiro’ com o lucro das ‘bodegas’? Divide com os funcionários da cadeia, apurou a CPI”, diz relatório.   

Em 2014, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também tratou do tema: “Os agentes não ingressam a fundo nos pavilhões, os quais ficam sob o controle absoluto dos presos, favorecendo o comércio de drogas, armas e até mesmo de alimentos, ficando clara a circulação de dinheiro. Registre-se que durante a inspeção no PFDB [Presídio Frei Damião de Bozzano, no Complexo do Curado], ocorrida num dia chuvoso, uma pessoa se apresentou com um guarda-chuva para amparar os integrantes da comissão de inspeção, o qual permaneceu por algum tempo. No entanto, a comissão foi surpreendida com a voz alta de um agente penitenciário mandando que aquela pessoa levantasse a camisa, constatado que estava de posse de duas facas peixeiras na cintura, uma em cada lado, demonstrando com isso a total insegurança dos que ali transitam ou fazem inspeção.”

 Já um relatório do Humans Right Watch de 2015 diz que “eles também usam ‘milícias’ compostas de outros presos para ameaçar e espancar aqueles que não pagam suas dívidas ou que questionam sua autoridade. Os agentes e autoridades do sistema prisional fazem vista grossa ou até participam das ações dos chaveiros em troca de propinas, de acordo com vários entrevistados, incluindo o diretor de um presídio.”

 O mesmo relatório do Humans Right Watch aponta que os chaveiros vivem em celas privadas, muitas vezes equipadas com televisores, ventiladores, geladeiras e banheiro. Presos conhecidos como 'chegados' cozinham, limpam e lavam roupas para os chaveiros em troca de privilégios, diz o órgão. 

Um diretor contou à equipe do Humans Right Watch que, em alguns casos, os chaveiros são escolhidos pelos diretores ou designados pelo chefe de segurança penitenciária em Pernambuco. Em outras ocasiões, os chaveiros libertados escolhem seus sucessores. "Os chaveiros são um mal necessário, pois não temos efetivos suficientes", disse um diretor de presídio durante a visita. 

 "Chegado" de chaveiro conversando com presos na ala disciplinar do Presídio Agente de Segurança Penitenciária Marcelo Francisco de Araújo (Pamfa), no Complexo do Curado. Divulgação/César Muñoz Acebes/Humans Rights Watch

 Em sua tese de mestrado publicada neste ano, a advogada Deise Benedito estudou o processo que ela chama de “favelização do Complexo do Curado”. Ela visitou o presídio pernambucano e identificou a presença dos chaveiros. “Cada pavilhão tem um chaveiro que fica com as chaves do pavilhão, e tem seus auxiliares conhecidos como ‘gatos’ que fazem o trabalho de apoio, trancando e destrancando as celas. São responsáveis pela segurança interna das celas, denunciam outros presos, internamente instalam ‘processos disciplinares’ entre os presos”, escreve a advogada. 

 Uma mulher que não quis se identificar, esposa de um detento da Penitenciária de Itaquitinga (PIT), na Mata Norte de Pernambuco, acusa o chaveiro do Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, de ter determinado a transferência de seu marido. A mulher conta ter comprado uma televisão para seu companheiro, que foi tomada pelo chaveiro, além de roupas e o colchão. “Eu fui reclamar e ele disse que se eu fosse no pavilhão pegar minha televisão ele iria estourar minha cara de murro”, ela lembra. A relação entre o chaveiro e o companheiro dela seguiu estremecida a ponto do chaveiro ter pago R$ 1 mil para que o desafeto fosse transferido para Itaquitinga, segundo o relato da mulher. "Hoje em dia, quem bota as pessoas para Itaquitinga são os chaveiros pagando”, acusa.

Não é de hoje que a mulher tem que lidar com chaveiros. A denunciante diz ter pago R$ 2,5 mil por um barraco para o marido no Cotel. Ele ficou na unidade por cinco anos. A esposa conta que os barracos menores, com menos ventilação, são adquiridos por R$ 1,5 mi e afirma ter pago R$ 4 mil por uma cela em 2008 quando o marido estava no Presídio de Igarassu, no Grande Recife.

Uma mãe de preso que também conversou com a reportagem contou ter discutido com um chaveiro no Presídio Frei Damião de Bozzano, localizado no Complexo do Curado. “Eu disse para que ele não vendesse mais drogas para meu filho. Quando chegava o final de semana eu tinha que pagar R$ 1 mil, R$ 2 mil de dívida”. Segundo ela, os chaveiros estão sempre envolvidos e gerenciando o tráfico de drogas no cárcere.

De acordo com a coordenadora do Serviço Ecumênico de Militância nas Prisões (Sempri), Wilma Melo, o chaveiro tem sido responsável por promover castigos a presos. “Hoje reduziu muito a prática de tortura pelos agentes penitenciários, mas aumentou muito a ocorrência de espancamento e maus tratos pelos chaveiros”, ela afirma. 

“Hoje o Sempri entende que a questão do chaveirismo chegou a um ponto que desestrutura o sistema”, completa Melo. Segundo a defensora de direitos humanos, o entendimento se baseia, principalmente, na situação de Itaquitinga. “O maior problema que a gente tem em Itaquitinga é com pessoas que de uma forma ou de outra prestaram serviço ao sistema penitenciário no espaço prisional, como chaveiro ou auxiliar de chaveiro”. Ela diz que hoje há uma disputa de poder na unidade e presos que estão insatisfeitos com a perda da legitimidade que em algum momento tiveram.

Chaveiros podem ter impedido o crescimento de facções no Estado

 O pesquisador Eduardo Matos de Alencar acredita que a existência dos chaveiros pode ter contribuído para que facções criminosas não crescessem em Pernambuco, ao contrário do que ocorreu no Ceará e no Rio Grande do Norte. Negociando com presos, o reeducando conseguiria atenuar o sentimento de revolta na população carcerária.

"Não há um incentivo muito claro para ele [o preso] se rebelar e para ele ficar contra a gestão, que tem o chaveiro como mediador. Qual é o incentivo nesse jogo para o cara se faccionalizar? Para que o cara vai desobedecer? E o que ele vai procurar em uma facção se, dentro da prisão, se ele souber negociar, ele tem acesso a tudo, armas, drogas, mulher?", pondera. 

De acordo com o escritor, o chaveiro ajuda a despressurizar as tensões no cárcere. Mas ele destaca: "Os chaveiros exercem poder coercitivo, metem porrada, praticam tortura, fazem tudo que agentes fazem, mas pior."

Alencar também destaca que o chaveiro não deve levar todo o mérito pelo não fortalecimentos de facções nacionais. "Nada em crime é monocausal. No auge da política de repressão qualificada, ali em 2012, não foi favorável para os traficantes de outros estados atuarem em Pernambuco", diz, citando um exemplo. O pesquisador acrescenta: “Eu acho que o Estado tem no chaveiro uma função que resolve um problema para ele e é um Estado que não quer investir em sistema penitenciário.”

A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) recebeu uma série de questionamentos sobre a temática. Por meio de uma vaga nota, a pasta emitiu o seguinte posicionamento: "A Secretaria Executiva de Ressocialização informa que a exemplo de grandes comunidades, há nas unidades prisionais os representantes, porém reafirma o poder maior do Estado em todas as circunstâncias no ambiente prisional".

O LeiaJá tentou contato com o Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária e Servidores no Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco (Sindasp-PE) para apurar, junto à entidade, uma visão sobre a questão dos chaveiros nas unidades prisionais. Porém, até o fechamento desta reportagem, não fomos atendidos.

Está em discussão na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) um projeto para que os egressos do sistema prisional do Estado paguem pela utilização de suas tornozeleiras eletrônicas. A proposta já foi tema de audiência pública, tendo causado divergências entre parlamentares e posicionamentos contrários do Ministério Público estadual, defensorias públicas e Governo do Estado.

 Os deputados estaduais Gustavo Gouveia (DEM) e delegado Erick Lessa (PP) apresentaram os projetos de lei 394/2019 e 439/2019, respectivamente, que versavam sobre o mesmo tema do ressarcimento do custo das tornozeleiras pelos presos. Por causa disso, um substitutivo que une os dois projeto foi constituído e tem tramitado na casa legislativa. O documento havia sido aprovado pela Comissão de Justiça, mas sofreu alterações na Comissão de Administração Pública na última terça-feira (19).

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 “O projeto visa melhorar o ambiente do sistema penitenciário’, resume o delegado Lessa, ‘as pessoas envolvidas com corrupção, lavagem de dinheiro e crimes de natureza grave, e que tenham condições para arcar com essas despesas, de acordo com a análise do poder judiciário, que ela cumpra o papel de arcar com essa despesa e esse valor possa ser investido, inclusive, na aquisição de novas tornozeleiras eletrônicas, para disponibilizar aos presos que não têm esse recurso”, completa o deputado. Detentos sem condições financeiras estariam de fora das exigências dessa lei.

 Um dos primeiros problemas enfrentados pelo substitutivo é quanto a sua constitucionalidade, que vem sendo questionada. “O projeto de lei é inconstitucional porque só quem pode legislar sobre direito penal e processo penal é a União, ou seja, o Congresso Nacional. A assembleia legislativa não pode legislar sobre isso”, argumenta o promotor Fernando Falcão, da promotoria de Justiça de Execuções Penais do MPPE.

Para a defensora pública de Pernambuco Natalia Lupo, além de tratar de matéria penal e processual, de competência privativa da União, há vícios no que diz respeito às garantias fundamentais de qualquer cidadão. “A gente entende que é inconstitucional pelo conteúdo mesmo. Eles [os presos] ficam condicionados ao pagamento para gozar da liberdade”, diz. Lupo se refere ao trecho do projeto que diz “O Estado providenciará, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a instalação, do equipamento de monitoramento após o recolhimento do valor fixado”. 

 O deputado Erick Lessa rebate as acusações. Segundo ele, o projeto não condiciona a liberação do preso a partir do pagamento. “Apenas há uma análise e aquele que tem condição de pagar vai ser cobrado para que arque com essa despesa”.  Lessa também reuniu um parecer com posicionamentos de quatro promotores e três professores universitários que defendem a constitucionalidade da medida. “Esse projeto de lei não aplica novas regras, não adiciona penas, nem atenuantes, nem agravantes. É um procedimento administrativo penitenciário”, diz, destacando ser ele também professor universitário de direito penal.

 De acordo com o defensor regional de Direitos Humanos em Pernambuco, André Carneiro Leão, o projeto não parece ser capaz de mudar a realidade das unidades prisionais do Estado por não proporcionar redução efetiva de custos. “Embora a intenção seja boa, não leva a uma solução. O projeto, no final das contas, atingiria algo em torno de apenas 10% da população prisional, que é composta, sobretudo, por pessoas pobres, potencialmente assistidas pela defensoria pública.”

 O promotor Fernando Falcão acredita que a lei teria uma função mais simbólica, do discurso, do que trazer dinheiro para o caixa do poder público. “Os presos que efetivamente teriam condições de pagar por isso seriam pouquíssimos. Não vejo muita mudança com esses tipos de criminosos que a gente lida. Se fossem criminosos de colarinho branco, de Lava-Jato, tudo bem. Mas esse cara que vai furtar, se ele tivesse dinheiro para pagar tornozeleira ele não iria roubar um celular, não é?”.

 O deputado Lessa diz que não é possível precisar quantos detentos poderiam pagar pelo equipamento, visto que a decisão de cada caso seria judicial. “Mas todos os réus que pagam advogado particular, a princípio, eles têm recursos para arcar com a tornozeleira”, defende. O parlamentar também afirma que mesmo que apenas 10% sejam capazes de pagar, isso já significaria uma economia aos cofres públicos.

Para a defensora pública Natalia Lupo, o argumento de que quem contrata advogado tem condições financeiras é arriscado. “Muitas vezes a vulnerabilidade do preso é no sentido de informação. Muitos não conhecem o trabalho das defensorias. Por falta de conhecimento, as pessoas acabam vendendo suas casas, seus pertences, fazendo de tudo para conseguir um advogado. A gente não consegue aferir a hipossuficiência com base nisso.”

A nova redação do substitutivo retirou a hipótese de inscrever o não pagador na Dívida Ativa do Estado. Por conta da mudança, o texto passará novamente por análise da Comissão de Justiça (CCLJ)

 A discussão do ressarcimento das tornozeleiras não é exclusiva em Pernambuco e projetos do tipo surgiram em vários estados, levantando discussões semelhantes. No Paraná, o governador Ratinho Jr (PSD) assinou um decreto em abril para que os egressos sejam obrigados a pagar o equipamento. Em maio, foi sancionada lei semelhante no Ceará. No Senado, uma proposta do tipo foi apresentada pelo Major Olímpio (PSL). A PL 2392/2019 ainda está em tramitação.

 Pernambuco tem uma média de custo anual com tornozeleira de R$ 6 milhões, recursos dos Governos Estadual e Federal. O custo individual mensal é de cerca de R$ 250. Quase cinco mil presos usam o dispositivo em Pernambuco no regime semiaberto, medidas cautelares, protetivas e prisão domiciliar. Não há falta de tornozeleiras no Estado.

A idosa resgatada após 20 anos em cárcere privado por um casal, em Vinhedo, São Paulo, foi identificada como Iva da Silva de Souza, de 63 anos, e afirmou que deseja continuar cuidando da idosa de 88. A idosa que recebia os cuidados tem relação com a dupla, pois é mãe Marina Okido, de 65, e sogra de Écio Pilli Júnior, de 47.

Segundo o secretário de assistência social do município, Eduardo Galasso, "ela entende como uma espécie de missão de vida". Após o resgate nessa segunda-feira (24), elas se reencontram no Lar da Caridade de Vinhedo. "Quando elas estavam sem contato, dona Iva ficava perguntando: 'Será que ela tomou o remédio das 9h?' Este é o cotidiano dela há muitos anos", contou Galasso.

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Privada do mundo externo por duas décadas, aos poucos ela vem se libertando das sequelas do passado. Antes do reencontro com a amiga, Iva recebeu a visita de uma irmã, que não via há cerca de 30 anos. A mãe dela também foi localizada no interior do Paraná, sua terra de origem. Assistentes sociais analisam a possibilidade de os familiares recebê-la.

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) prendeu, entre segunda e terça-feira (21), seis pessoas, todos suspeitos de cárcere privado e extorsão mediante sequestro. Os acusados teriam mantido um homem preso dentro de uma boate após este acumular R$ 9 mil em dívidas, gastos em uma noite na casa noturna.

A situação ocorreu no bairro Sítio Cercado, em Curitiba. A vítima foi mantida em cárcere privado dentro de um quarto na boate por mais de três dias, até segunda-feira (20), quando a polícia fez a prisão dos primeiros suspeitos. A investigação iniciou depois que a vítima ligou para um primo e depois para a própria esposa. A polícia divulgou as mensagens de whatsapp em que a o homem pede ajuda da companheira.

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O delegado Rinaldo Ivanik, responsável pelo caso, disse que suspeita que o valor possa ser por extorsão, ou então pelo comércio de drogas. “Ele relata que teve muita cocaína, muita bebida, fornecida inclusive pela dona da boate. Talvez seja esse o valor da dívida, pela cocaína”, relatou.

Segundo a polícia, os suspeitos exigiam R$ 30 mil para libertar a vítima. A família dele alega que R$ 10 mil já teriam sido pagos, mediante extorsão.

Com informações do site da polícia civil

O Governo de Pernambuco anunciou que, no próximo mês de junho, as unidades prisionais do Estado receberão reforço de mais 157 agentes penitenciários. A convocação dos novos profissionais, aprovados no processo seletivo de 2017, foi assinada nesta terça-feira (16), pelo governador Paulo Câmara. 

Ele afirma ser importante reforçar essa área. “Esse passo de hoje será importante para a melhoria do sistema de ressocialização de Pernambuco e para dar melhores condições à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de cumprir o seu papel. Até o final da segunda gestão, vamos ter a capacidade de dobrar a quantidade de pessoas no sistema de ressocialização”, acentua o governador. 

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Os 157 novos agentes passaram por um treinamento de três meses de duração, com 524 horas-aula. O conteúdo teórico-prático englobou tecnologia menos letal, escolta e condução, primeiros socorros, combate a incêndios e tiro de defesa, entre outros assuntos. 

De acordo com o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, os novos agentes penitenciários atuarão nas unidades prisionais que mais precisam desses profissionais, mas que ainda não estão definidas as colocações. “Eles trabalharão onde existir um déficit maior de profissionais e mais presos de maior periculosidade”, diz. 

Eurico reforça que também é preciso investir na área de tecnologia. “Hoje, o sistema de controle de um aparelho de segurança prisional passa a fortalecer ainda mais as unidades por utilização de mecanismos tecnológicos”, acrescenta

Arte produzida por Jorge Cosme, do Crise dos 25.

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No Bairro de Pedregal, Cuiabá, Mato Grosso, duas crianças e três adolescentes, com idades entre 6 e 14 anos, eram mantidos em cárcere privado pelo próprio pai. A polícia, juntamente com o conselho tutelar da região, só conseguiu chegar no local e salvar as crianças depois que os vizinhos denunciaram o caso.

Segundo informações, as crianças viviam em condições desumanas. Em publicação do G1, Maria Gerluce, de 70 anos, informou que era quem ajudava os menores com água, comida e remédios, passados pelo muro  da residência.

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Os pais das três crianças e dos dois adolescentes foram identificados como Hélio Roberto dos Santos e Natália Pereira de Paula. Eles foram presos e devem passar por audiência de custódia. A senhora Maria Gerluce, ainda em entrevista ao G1, informou que juntou duas sacolas de bilhetes que os menores jogavam para ela, informando que estavam com fome e com sede. De acordo com o que ela falou, os pais agrediram as crianças usando cintos e canos, deixando hematomas e marcas de cortes pelo corpo das vítimas.

As crianças e adolescentes passavam os dias trancados em um cômodo nos fundos da casa, sem energia elétrica ou acesso à comida e água potável. Os menores só deixavam o local quando iam para a escola. Na casa, o conselheiro tutelar encontrou um lugar sujo, com odor fétido, e com os colchões, onde as vítimas dormiam, molhados. 

Após uma das filhas mais nova pegar um garfo da casa e levar para o local onde estavam as vítimas, o pai resolveu, como “castigo”, cortar a alimentação por 30 dias. Dessa forma, nos últimos dias, as crianças viviam comendo arroz e feijão sem tempero e mal cozido - muitas vezes azedos - que eram fornecidos pelo pai.

Segundo apurado pelo site, as crianças e os adolescentes foram levados para duas casas de acolhimento e, na sexta-feira (8), passaram por exames de corpo de delito; os resultados devem sair dentro de dez dias. Eles serão encaminhados para a Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente (Deddica).

A Polícia Civil prendeu três pessoas suspeitas de manter 18 mulheres em cárcere privado. O caso ocorreu em Nazaré Paulista (SP) na noite desta quarta-feira (27).

O local onde as mulheres foram encontradas era uma clínica de reabilitação para viciados em drogas. Entretanto, além de não possuir licença para funcionamento, a Vigilância Sanitária encontrou grades nas janelas e correntes nas portas da casa.

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A dona da clínica foi levada presa junto com mais dois coordenadores do local. A Polícia Civil irá realizar uma investigação para verificar se as mulheres que estavam presas são usuárias de drogas.

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