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O Ministério Público, junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), enviou representação à Corte pedindo investigações sobre 'possíveis prejuízos' aos cofres públicos na nomeação de Carlos Alberto Decotelli para o Ministério da Educação (MEC) e o período em que teria cursado, mas não concluído, o doutorado na Argentina. As apurações ocorrem em meio a denúncias contra o currículo do substituto de Abraham Weintraub no MEC.

De acordo com o subprocurador-geral Lucas Furtado, as investigações visam apurar 'possíveis prejuízos ao erário decorrentes da nomeação do novo ministro da Educação, Sr. Carlos Alberto Decotelli, considerando as notícias de que, embora constasse me seu currículo o título de 'doutor', na verdade ele não concluiu essa titulação acadêmica, bem como as suspeitas que pairam sobre suposto plágio ocorrido na dissertação de mestrado'.

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Neste caso, a apuração deve mirar a 'eventual invalidade do ato de nomeação' de Decotelli, no que resultaria a necessidade de ressarcimento dos cofres públicos de benefícios e subsídios pagos ao novo ministro da Educação, como auxílio-mudança. A posse de Decotelli foi adiada após as denúncias contra o currículo do chefe do MEC.

Em outra frente, a apuração vai mirar 'se o curso de doutorado inconcluso foi custeado com recursos públicos federais, mediante alguma bolsa de estudo patrocinada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) ou pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)'.

Na visão de Furtado, o governo pode ter sido induzido ao erro com a nomeação, visto que as qualificações do novo ministro estão sendo denunciadas - contrariando o que seria uma indicação 'técnica'.

"Essa situação, por mais surreal que seja, lembra-se uma história que se conta sobre futebol: quando o time está muito ruim, com um péssimo desempenho, com jogadores pífios, a torcida fica tão sem esperanças que até a substituição que fazem de um atleta que está no meio do jogo é comemorada, pois acreditam que nada pode ser pior que o jogador substituído", escreveu o subprocurador junto ao TCU. "Parece que foi assim quando o ex-ministro Abraham Weintraub foi exonerado. Vã esperança, que acabou antes mesmo de começar. E olha que, como professor que sou há décadas, já vi e vivi de tudo!"

Doutorado na Argentina

O anúncio de Decotelli como novo ministro da Educação foi feito na última quarta, 24, pelo presidente Jair Bolsonaro, que o citou como 'doutor pela Universidade do Rosário, Argentina'. No dia seguinte, o título foi questionado pelo reitor da Universidade Nacional de Rosário, Franco Bartolacci. Segundo ele, Decotelli 'cursou o doutorado, mas não o concluiu, pois lhe falta a aprovação da tese'. "Portanto, ele não é doutor pela Universidade Nacional de Rosário, como chegou a se afirmar", disse Bartolacci.

Em carta, o MEC disse que Decotelli não teve a defesa da tese autorizada. "Seria necessário, então, alterar a tese e submetê-la novamente à banca. Contudo, fruto de compromissos no Brasil e, principalmente, do esgotamento dos recursos financeiros pessoais, o ministro viu-se compelido a tomar a difícil decisão de regressar ao país sem o título de Doutor em Administração", escreveu a pasta.

No currículo lattes, plataforma que integra pesquisadores no País e serve de referência aos trabalhos e qualificações, o ministro atualizou seu currículo informando que teve 'créditos concluídos' mas 'sem defesa de tese' de doutorado.

Mestrado e pós-doutorado

As denúncias contra Decotelli também chegaram à dissertação de mestrado apresentada por ele à Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde concluiu o curso, e ao período em que esteve na Universidade de Wuppertal, na Alemanha.

No sábado, 26, o economista Thomas Conti apontou nas redes sociais possíveis indícios de cópias na dissertação de Decotelli, citando trechos do texto do ministro que são idênticos a um relatório do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) para a Comissão de Valores Mobiliários. A revelação levou a FGV a abrir uma apuração interna para verificar se houve plágio.

A Universidade de Wuppertal, por sua vez, afirma que Decotelli teria passado apenas três meses na instituição, começando em 2 de janeiro de 2016. A instituição também disse que o ministro não obteve nenhum título durante a estadia. Após a manifestação, Decotelli excluiu referência a curso de pós-doutorado no seu currículo.

O plágio acadêmico é considerado falha científica grave, segundo órgãos de fomento à pesquisa e acadêmicos ouvidos pelo Estadão. O tema ganhou destaque neste sábado (27), após o novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, ter tido sua dissertação de mestrado questionada sob a suspeita de ter copiado na íntegra trechos de outros trabalhos sem a devida citação. A Fundação Getulio Vargas (FGV), onde ele cursou o mestrado, afirmou que investigará o caso.

De acordo com o Código de Boas Práticas Científicas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), configura-se plágio "a utilização de ideias ou formulações verbais, orais ou escritas de outrem sem dar-lhe por elas, expressa e claramente, o devido crédito, de modo a gerar razoavelmente a percepção de que sejam ideias ou formulações de autoria própria."

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A entidade classifica o plágio, ao lado da fabricação e falsificação de dados, como as três más condutas científicas graves mais comuns no meio acadêmico.

"O plágio é considerado grave porque é a originalidade que faz um pesquisador avançar na carreira acadêmica e na construção do conhecimento. A pessoa que plagia está ferindo essa lógica", explica Nina Beatriz Stocco Ranieri, presidente da comissão de pesquisa da Faculdade de Direito da USP.

"Existem vários códigos de conduta, ética e de boas práticas científicas que os alunos e pesquisadores têm que seguir. Todos deixam claro que sempre que se utiliza textos de outros trabalhos é preciso colocar entre aspas e com a devida citação", complementa Marcelo Knobel, reitor da Unicamp.

Os especialistas dizem que a decisão sobre eventual punição ao aluno depende de investigação feita pela instituição de ensino. "Só uma apuração poderá dizer se foi algo pontual, por conta de um descuido, ou uma prática intencional", afirma Nina.

"Há casos em que só se solicita uma correção no trabalho. Em outras, determina-se a reprovação ou retirada da tese", explica Knobel. De acordo com Nina, a acusação de plágio é um grande constrangimento para o pesquisador. "Há alguns pesquisadores que, diante da acusação, retiram espontaneamente seus trabalhos para não passar por mais constrangimentos."

Questionado sobre a suspeita, o MEC informou que "o ministro refuta as alegações de dolo, informa que o trabalho foi aprovado pela instituição de ensino e que procurou creditar todos os pesquisadores e autores que serviram de referência".

O ministro afirmou ainda, por meio da nota do MEC, que "caso tenha cometido quaisquer omissões, estas se deveram a falhas técnicas ou metodológicas" e se dispôs a revisar seu trabalho para providenciar as devidas correções "caso sejam identificadas omissões".

A Fundação Getulio Vargas (FGV) informou neste sábado (27) que vai investigar suspeita de plágio no mestrado do novo ministro da Educação, Carlos Decotelli. A decisão foi anunciada após o economista Thomas Conti apontar, no Twitter, possíveis indícios de cópia no trabalho do ministro, defendido em 2008 na Escola de Administração Pública e de Empresas da FGV.

Segundo análise feita por Conti com auxílio de um software que identifica trechos similares em textos diferentes, 12% da dissertação de Decotelli tem parágrafos idênticos ao de um relatório do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) para a Comissão de Valores Imobiliários (CVM), sem a devida citação. O trabalho contaria ainda com parágrafos copiados de ao menos outras três dissertações de mestrado.

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A reprodução de trechos de outros trabalhos é comum em dissertações e teses, mas deve ser indicada como tal sempre ao final da sentença, com mais detalhes sobre o autor e a obra nas referências bibliográficas.

"Para quem não tem familiaridade com o mundo acadêmico, não se copia e cola trechos escritos por outra pessoa sem deixar claro que é uma citação e de onde vem a citação. Ainda mais em trechos longos assim", escreveu Conti no Twitter, sobre o mestrado de Decotelli.

Após a repercussão do caso, a FGV informou a realização de apuração interna. "A Fundação Getulio Vargas vai apurar os fatos referentes à denúncia de plágio na dissertação do ministro Carlos Alberto Decotelli. A FGV está localizando o professor orientador da dissertação para que ele possa prestar informações acerca do assunto", informou a instituição.

Questionado sobre a suspeita, o MEC informou que "o ministro refuta as alegações de dolo, informa que o trabalho foi aprovado pela instituição de ensino e que procurou creditar todos os pesquisadores e autores que serviram de referência".

O ministro afirmou ainda, por meio da nota do MEC, que "caso tenha cometido quaisquer omissões, estas se deveram a falhas técnicas ou metodológicas" e se dispôs a revisar seu trabalho para providenciar as devidas correções "caso sejam identificadas omissões".

Segundo órgãos de fomento de pesquisa e acadêmicos ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, o plágio é considerado falha científica grave. De acordo com o Código de Boas Práticas Científicas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), configura-se plágio "a utilização de ideias ou formulações de outrem sem dar-lhe por elas, expressa e claramente, o devido crédito, de modo a gerar razoavelmente a percepção de que sejam ideias ou formulações de autoria própria".

"O plágio é considerado grave porque é a originalidade que faz um pesquisador avançar na carreira acadêmica e na construção do conhecimento. A pessoa que plagia está ferindo essa lógica", explica Nina Beatriz Stocco Ranieri, presidente da comissão de pesquisa da Faculdade de Direito da USP.

"Existem vários códigos de conduta, ética e de boas práticas científicas que os alunos e pesquisadores têm que seguir e eles deixam claro que sempre que se utiliza textos de outros trabalhos é preciso colocar entre aspas e com a devida citação", complementa Marcelo Knobel, reitor da Unicamp.

Os especialistas dizem que eventual punição ao aluno depende de investigação feita pela instituição de ensino. "Só uma apuração poderá dizer se foi algo pontual, por conta de um descuido, ou uma prática intencional", afirma Nina.

Doutorado

O título de doutor do novo ministro também está sob questionamentos. Franco Bartolacci, reitor da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, disse que Decotelli não concluiu o curso. "Não o concluiu, pois lhe falta a aprovação da tese."

O ministro inicialmente negou a declaração de Bartolacci e chegou a mostrar certificado de conclusão de disciplinas na instituição.

Na mesma nota em que se defende das acusações de plágio, o ministro confirmou que não defendeu a tese. Não teve a defesa autorizada e decidiu não submeter versão corrigida para nova avaliação por falta de recursos financeiros para se manter fora do País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A confirmação de Carlos Alberto Decotelli para assumir o Ministério da Educação (MEC) foi recebida por críticas direcionadas à sua capacidade para comandar o sistema educacional brasileiro. O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, comentou sobre a nomeação do economista e afirmou que o mérito sobrepôs à raça.

Sérgio Camargo publicou no Twitter que a vinda do sucessor de Abraham Weintraub "não porque ele é negro como eu, mas por seu inquestionável preparo!". O presidente, conhecido por tentar apagar ícones históricos da cultura negra brasileira e contrariar a luta étnica por respeito, complementou que a nomeação "marca o triunfo do mérito sobre a raça como critério de escolha do governo Bolsonaro".

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Embora negro, Camargo relaciona o racismo à esquerda e classifica como vitimistas os que combatem o preconceito racial. Averso à cultura negra, ele chamou Alcione de ‘barraqueira’ e disse que seu trabalho era um “pesadelo auditivo” após ter sua gestão criticada pela sambista no início do mês.

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O novo ministro da Educação nomeado nesta quinta-feira (25), Carlos Alberto Decotelli, declarou em entrevista ao jornal O Globo que diferentemente de seus antecessores Ricardo Vélez e Abraham Weintraub, não pretende fazer uma gestão pautada em discussões de cunho ideológico na pasta da educação. 

“Eu sou uma pessoa que sou professor da FGV há muito tempo e a minha questão é o trabalho. Eu não tenho nem preparação para fazer discussão ideológica. Vou conversar, dialogar. Minha visão é transformar o ambiente da política educacional em ambiente de sala de aula, e na sala de aula conversamos. A minha função é técnica”, afirmou o novo ministro.

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Militar da reserva da marinha, ex-presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com formação na área econômica, Decotelli comentou outros assuntos como a pretensão de tocar adiante temas como a continuidade do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) como uma de suas prioridades no ministério. 

“São três as prioridades: a primeira é ampliar o diálogo e interlocução para que haja divulgação correta em relação às políticas do MEC; atualizar o cronograma dos compromissos que estão estabelecidos; as ponderações em relação ao novo Fundeb; as políticas envolvendo a covid-19  e a parte de biossegurança. Queremos fazer um trabalho de gestão interna integradora, com diálogo mais forte entre FNDE e a Capes, e a estrutura operacional que é a estrutura estratégica no gabinete. A preocupação com a biossegurança para reativação das aulas e o Fundeb (são as principais questões)”, disse o novo comandante do MEC. 

No que diz respeito ao combate à Covid-19, Carlos Alberto Decotelli destaca o desejo de se aproximar do Conselho de Secretários de Educação (Consed) para discutir e viabilizar o retorno dos estudantes às aulas presenciais junto aos secretários estaduais de educação. 

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O presidente da República Jair Messias Bolsonaro (sem partido) nomeou nesta quinta-feira (25) o professor Carlos Alberto Decotelli para o cargo de ministro da Educação, substituindo Antônio Paulo Vogel de Medeiros, que ocupava o posto interinamente desde a saída de Abraham Weintraub após 14 meses à frente da pasta. Mas o que se sabe sobre o novo ministro? 

Carlos Alberto Decotelli é militar. Oficial da reserva da Marinha, professor da Escola de Guerra Naval, no Centro de Jogos de Guerra, e presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) entre fevereiro e agosto de 2019, durante a gestão de Weintraub no Ministério da Educação (MEC). 

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Na época em que Decotelli esteve no comando, o FNDE ficou no centro de uma polêmica devido à contratação da empresa Brink Mobil, cujo dono, Valdemar Ábila, foi preso preventivamente pela Polícia Federal na Operação Calvário em dezembro de 2019 acusado de envolvimento em um esquema de desvio de dinheiro público na Paraíba. Em fevereiro de 2019, o FNDE e a Brink preencheram a ata de registro de preços com valor total de R$ 374 milhões em um contrato assinado por Ábila e Decotelli. 

No que diz respeito ao currículo, Decotelli é bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), mestre pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), doutor pela Universidade de Rosário (Argentina) e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha.

Repercussão 

Entre as entidades representativas dos estudantes, a nomeação do novo ministro não pareceu ter sido bem recebida. Através de seu perfil no Twitter, a União Nacional dos Estudantes (UNE) apontou para o fato de que, apesar de ser professor, a formação acadêmica de Decotelli não é voltada para a educação

Por sua vez, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas questionou como deverá ser a gestão de Decotelli, diante do apoio que ele tem por parte do governo e dos militares, por ser ele próprio um militar da reserva. “O QUE ESPERAR? Decotelli comandou o FNDE de fevereiro de 2019 até agosto do ano passado. Ele tem o apoio na ala militar do governo, principalmente de almirantes”, escreveu a entidade.

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