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O Governo do Amazonas, por meio do Instituto de Defesa ao Consumidor (Procon-AM), participou, nesta quarta-feira (19), da operação Cartel Zero, de fiscalização e combate a fraudes nos postos de gasolina.

O objetivo foi coibir a prática de combinação de preços na capital, que configura como o acordo entre empresas com o objetivo de fixar o preço ou quantidade dos produtos e serviços, limitando a concorrência. A pena para o crime é de dois a cinco anos de reclusão e multa. 

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Para o diretor-presidente do Procon-AM, Jalil Fraxe, muitas vezes há uma diferença muito pequena no preço praticado de um posto de combustível para outro, ocasionando na reclamação dos consumidores da capital. Por isso, a fiscalização verifica se o valor definido nas bombas é afetado por outros fatores.

“Durante a operação, o Procon Amazonas está fazendo a fiscalização no âmbito administrativo. Vamos atender e tentar buscar elementos que possam ser utilizados para futuras investigações do crime de cartel na cidade, que é um crime de bastante repercussão”, disse o diretor-presidente do Procon-AM.

Foto: Divulgação/Procon-AM

O delegado da Polícia Federal e coordenador da operação, Thiago Monteiro, destacou que os postos de combustíveis analisados são de diferentes franquias, selecionados aleatoriamente, utilizando-se a técnica de amostragem para a avaliação dos postos. 

“Com a operação, a gente vai tentar coibir e fiscalizar crimes como o cartel nas três redes de distribuição de combustíveis aqui de Manaus. Encontrando irregularidades, terá uma investigação e localização dos responsáveis”, disse o delegado da Polícia Federal.

Com informações de assessoria

A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (17) a Operação Pacto, para apurar a formação de um cartel envolvendo "cegonheiros", empresas de transporte rodoviário de veículos novos. Cerca de 60 policiais cumprem dez mandados de busca e apreensão em cidades de quatro Estados - Santo André e São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, Serra (ES), Betim (MG) e Simões Filho (BA).

A ação é realizada em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo e com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

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De acordo com a PF, a investigação identificou um "acordo anticompetitivo" que fixava artificialmente o valor do frete dos veículos zero km e dividia o mercado entre os participantes do cartel. "A estratégia adotada elimina a livre concorrência e impede a entrada de novas empresas no mercado, o que eleva substancialmente o valor do serviço", anotou a corporação.

A Polícia Federal indicou que os investigados podem responder por crimes contra a ordem econômica e de organização criminosa, cujas penas, somadas, podem chegar a 13 anos de prisão. O nome da operação faz referência ao acordo anticompetitivo entre as empresas envolvidas, indicou a PF.

O julgamento do cartel do metrô de São Paulo pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pode não ocorrer neste semestre depois de uma das empresas conseguir liminar na Justiça. Sob ameaça de ficar sem quórum a partir de julho, integrantes do Cade temem que o caso, que se arrasta há seis anos, só seja julgado em 2020.

A tendência, apurou o Estado, é que o conselho condene as empresas. A liminar foi pedida pela empresa MGE. A suspensão foi dada pelo desembargador Jirair Aram Megueriam, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) firmou nessa quarta-feira, 17, acordo de leniência com a Odebrecht em que a empreiteira denuncia cartéis em obras de aeroportos administrados pela Infraero, incluindo Congonhas e Guarulhos (SP).

O acordo foi assinado no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo a Odebrecht, 19 empresas teriam participado do conluio, combinando resultados de licitações para dividir lotes de obras de ampliação e modernização de aeroportos. Entre eles,Santos Dumont(RJ), Macaé (RJ), Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Macapá (AP) e Vitória (ES).

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Em troca da colaboração, a Odebrecht deverá se livrar de pagar qualquer valor ao Cade. Já as outras empresas condenadas no processo poderão pagar multa de até 20% do faturamento. Procurada, a empresa não quis se pronunciar.

Como antecipou o Estadão/Broadcast, o Cade tem pelo menos dez acordos de leniência em negociação e deve firmar outros 80 em processos que apuram cartéis relacionados à Lava Jato. No fim do ano, o órgão fechou 16 termos de compromisso nos quais as principais construtoras investigadas pela operação pagaram R$ 900 milhões e se comprometeram a colaborar com as investigações, elevando para R$ 1,2 bilhão o valor pago por essas empresas ao conselho até agora.

No âmbito da Lava Jato, há outros 15 acordos de leniência já celebrados com o Cade. Somente a Odebrecht já firmou três: para investigações de cartel na construção do Rodoanel Mario Covas, em licitação feita pela Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), em licitações promovidas pela Dersa e a Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) para implementação do Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo e em obras e serviços de infraestrutura de médio e grande porte em Salvador (BA).

Segundo a reportagem apurou, a empresa tem quase uma dezena de outros acordos em negociação com o Cade, de novas denúncias quanto processos já abertos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de cinco anos de investigação, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) planeja julgar até junho o processo contra 16 empresas por formação de cartel em licitações de trens e metrô de São Paulo. "A meta que a gente se impôs é julgar no primeiro semestre", afirmou o presidente do conselho, Alexandre Barreto, ao Estadão/Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Apesar de o órgão não ter prazo para julgar processos investigativos, Barreto afirmou que, no caso do cartel do metrô, a meta é realizar o julgamento até junho porque o caso foi distribuído, por sorteio, para o conselheiro João Paulo de Resende, cujo mandato se encerra naquele mês. Com o fim do mandato, Resende poderia remeter o processo para outro colega, mas a intenção é fazer um esforço para que isso não ocorra.

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Barreto ressaltou que o caso é complexo, com muitas empresas e pessoas físicas citadas, o que dificulta a análise. "O parecer da Superintendência-Geral do Cade é pela condenação, mas tenho que analisar para poder emitir opinião. Tenho que me manifestar durante o julgamento", disse.

A Superintendência-Geral do Cade pediu a condenação de 16 empresas e 52 pessoas físicas por formação de cartel em licitações de trens e do Metrô em São Paulo. De acordo com o parecer, o esquema atingiu também concorrências de metrô de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

A investigação do Cade concluiu que as empresas montaram um grande conluio entre 1998 e 2013, que afetou pelo menos 27 licitações em 11 projetos de metrô - oito no Estado de São Paulo - que incluem a construção, extensão e reforma de linhas e compra e manutenção de trens. A estimativa do órgão é de que os contratos fraudados somem R$ 9,4 bilhões.

Lava Jato

Segundo Barreto, o Cade também deverá analisar, ao longo deste ano, "três ou quatro" blocos de acordos relativos à Operação Lava Jato. Em novembro, o conselho homologou um bloco com 16 acordos no âmbito da Lava Jato, que renderam multas de R$ 897,9 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu processo para investigar formação de cartel para fraudar licitações de obras urbanísticas e de construção de corredores viários em Salvador (BA). O processo foi aberto após denúncias feitas pela Odebrecht, que assinou acordo de leniência com o órgão, o 15º no âmbito da Operação Lava Jato.

De acordo com a denúncia, as condutas anticompetitivas teriam ocorrido entre julho de 2013 e abril de 2014 e teriam a participação, além da própria Odebrecht, de OAS, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Construtora BSM, Terrabrás Terraplenagens do Brasil e Constran Construções e Comércio.

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As licitações fraudadas incluíram o projeto de requalificação da área da Barra, na orla de Salvador, e a implantação de corredores de transporte. De acordo com a denúncia, as empresas mantiveram contatos, trocaram informações e combinaram os vencedores nas licitações.

O projeto de lei que amplia as punições pela prática de cartel - combinação de preços entre grupo de empresas para o domínio de mercado - está na pauta da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado no próximo dia 4. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (22) pelo senador Armando Monteiro (PTB-PE), relator do projeto, em seminário sobre concorrência desleal no IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público), em Brasília.

Na CAE o texto tramita em caráter terminativo, ou seja, se aprovado passará direto para a análise da Câmara dos Deputados. O projeto de lei estimula as ações de reparação de danos causados pela  cartelização. Entre as mudanças previstas está o dobro, na Justiça, da indenização do prejuízo causado à vítima do cartel e eleva de três para cinco anos, a partir da comprovação do ilícito pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), a prescrição para ajuizar ações pelos  prejuízos.

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O parecer do senador petebista também desobriga o autor da ação de provar ter havido repasse do sobrepreço cobrado pelo cartel. Armando estabeleceu, também, no seu parecer, que as empresas cartelizadas que fizerem acordo de leniência no CADE – o equivalente à delação premiada das pessoas físicas – serão obrigadas a aceitar a arbitragem para reparação dos danos se a vítima optar por esse meio de resolução de conflitos, bem mais rápido do que na Justiça.

“Por ser mais célere, a arbitragem é um incentivo aos ressarcimentos dos prejuízos em prazo razoável e um fator de desestímulo à prática de infrações à ordem econômica”, assinala o senador petebista. “O projeto de lei é um incentivo às ações para reparação de danos, aumentando o custo de condutas anticompetitivas e contribuindo, dessa forma, para desestimulá-las”, acrescentou Armando.

O tabelamento do frete rodoviário tem sobre a sociedade o mesmo efeito de um cartel, disse nesta quarta-feira, 22, o consultor Pedro Scazufca, sócio da GO Associados, durante o seminário Frete sem Tabela, Brasil com Futuro, promovido por oito entidades do setor produtivo. Tanto que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) é contra. "É uma infração à ordem econômica", afirmou.

Ele citou diversos impactos provocados pela paralisação e pelo tabelamento na economia: diminuição na arrecadação, na produção, insegurança jurídica. "São perdas que vão reduzir a capacidade de crescimento do País."

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O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou um inquérito civil para investigar os postos de combustíveis do Recife. A suspeita é de que exista um cartel, em que proprietários de postos de diferentes bandeiras combinam os preços de combustíveis. 

Na portaria, publicada no Diário Oficial, o MPPE destaca trecho do Código de Defesa do Consumidor que aponta um direito básico do consumidor: "a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços".

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Em uma matéria realizada no mês de janeiro, o LeiaJá já havia chamado a atenção para os preços de combustível que se repetiam. Da Zona Norte à Zona Sul da capital, o valor de R$ 4,35 aparecia repetidas vezes em postos de bandeiras distintas. 

O Ministério Público solicitou que as distribuidoras de combustíveis entreguem uma relação de todos os postos existentes na cidade. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) também será acionada para informar acerca dos preços praticados no Recife e realizar um estudo sobre a variação de preço no mercado no período de um ano, analisando a ocorrência de concentração de mercado, cartel ou combinação de preços.

Tramita no Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) processo para apurar suposto cartel no mercado de suco de laranja concentrado congelado no Brasil, entre 1999 e 2006. Em parecer, o Ministério Público Federal (MPF) junto ao Cade reconheceu que há fortes evidências da prática de infrações à ordem econômica nesse mercado, obtidas principalmente a partir da celebração de acordo de leniência. No entanto, o MPF opinou pela suspensão do processo administrativo em relação a seis empresas, a associação do setor (Abecitrus) e dez pessoas físicas, que assinaram Termos de Compromisso de Cessação (TCC), até que sejam comprovadas o total cumprimento do acordo.

Os compromissários dos TCCs reconheceram sua participação na conduta investigada, garantiram cessar a prática e colaboraram com informações e documentos para a elucidação dos fatos. Além disso, caso cumpram integralmente o ajustado, deverão destinar R$ 301 milhões a título contribuição pecuniária – valor mais alto já pago no âmbito de acordos no Cade.

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No parecer, o procurador regional da República Márcio Barra Lima, representante do MPF no Conselho, também opinou pelo arquivamento do processo administrativo em relação a uma pessoa física, em razão do cumprimento dos termos do acordo de leniência, bem como em relação a quatro empresas e outras onze pessoas físicas, por falta de indícios de participação nas condutas apuradas.

Formação de cartel - A investigação de formação de cartel no mercado de processamento de suco de laranja concentrado congelado no Brasil começou em 1999 e é a mais antiga em curso no Cade. O início da investigação se deu com representação da Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Câmara dos Deputados. Posteriormente, foi celebrado acordo de leniência com o funcionário de uma das empresas envolvidas no cartel, que relatou as práticas contrárias à concorrência e entregou à então Secretaria de Direito Econômico (cujas atribuições são atualmente exercidas pela Superintendência-Geral do CADE) informações e documentos sobre o ilícito. Após, foi realizada operação de busca e apreensão na sede de algumas empresas representadas, tendo sido encontradas evidências do conluio.

Dentre as práticas ilícitas comprovadas nos autos estão: acordos de fixação de preços e condições de venda; divisão de mercado entre concorrentes; limitação do acesso de novas empresas no mercado; criação de dificuldades à constituição, ao funcionamento e ao desenvolvimento de empresa concorrente e de adquirentes; impedimento do acesso de concorrentes às fontes de matérias-primas; regulação do mercado para controlar a produção de bens e a sua distribuição; discriminação de adquirentes de bens por meio da fixação diferenciada de preços e de condições operacionais de venda; e influência à adoção de conduta comercial uniforme.

O entendimento do MPF segue as análises da Procuradoria Federal Especializada junto ao Cade (ProCade) e da Superintendência-Geral do Cade.

Ao longo de mais de 16 anos de tramitação, a investigação ao cartel do suco de laranja foi alvo de diversos questionamentos judiciais. Com a assinatura dos TCCs, no entanto, as empresas concordaram em desistir das ações judiciais em curso, possibilitando a conclusão do processo administrativo no Cade.

Pedidos – Além da suspensão e do arquivamento do Processo Administrativo contra os representados, o MPF pede a expedição de ofícios com cópia da decisão do Tribunal Administrativo do Cade para o Ministério Público Estadual de São Paulo (MP/SP), que atuou como interveniente-anuente no acordo de leniência, e também para o Ministério Público Federal de São Paulo (MPF/SP), para ciência, providências criminais cabíveis e instauração de ação para ressarcimento de danos à coletividade.

Da assessoria do MPF

A Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo divulgou nota nesta segunda-feira, 18, após a empreiteira Camargo Corrêa revelar em acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) prática de cartel em 21 licitações que ocorreram em sete Estados e no Distrito Federal, em um período de 16 anos. Um processo administrativo foi instaurado pelo Cade para investigar suposto cartel em concorrências públicas para obras de metrôs e monotrilhos.

O cartel teria sido operado entre 1998 e 2014 na Bahia, Ceará, Minas, Paraná, Rio, Rio Grande do Sul e São Paulo e no Distrito Federal. De acordo com o Cade, os signatários indicaram que a conduta anticompetitiva alcançou, ao menos, 21 licitações.

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Na nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo afirmou que "o Metrô de São Paulo é o maior interessado na apuração das denúncias de formação de cartel ou de conduta irregular de agentes públicos e, assim, continua à disposição das autoridades".

Também em nota, a Camargo Corrêa afirmou que "a Construções e Comércio Camargo Corrêa, primeira construtora a firmar acordos de leniência, reafirma seu compromisso de manter investigações internas em bases permanentes e colaborar com as autoridades reportando quaisquer condutas ilícitas que venham eventualmente a ser descobertas".

"Em função de cláusulas de confidencialidade, a Camargo Corrêa não pode, neste momento, fazer qualquer comentário sobre os termos do acordo", afirma a construtora.

"Ressalta, porém, que a decisão, divulgada no site do CADE, configura evidência inequívoca do compromisso pioneiro assumido de colaboração contínua junto às autoridades competentes, tanto no âmbito das investigações internas como também da implementação de uma nova Governança e Compliance já concluídos", conclui a construtora.

Já a Odebrecht diz que "está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador e Panamá, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas".

Em nota, a Andrade Gutierrez informa que "está empenhada em corrigir qualquer erro ocorrido no passado. A companhia assumiu esse compromisso publicamente ao pedir desculpas em um manifesto veiculado nos principais jornais do país e segue colaborando com as investigações em curso dentro do acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal. A empresa incorporou diferentes iniciativas nas suas operações para garantir a lisura e a transparência de suas relações comerciais, seja com clientes ou fornecedores, e afirma que tudo aquilo que não seguir rígidos padrões éticos será imediatamente rechaçado pela companhia".

Por sua Assessoria de Imprensa, a Carioca disse que não vai comentar o acordo de leniência e a Queiroz Galvão afirmou que "não comenta investigações em andamento". A OAS afirmou que não irá se manifestar.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Transportes do Rio, mas ainda não obteve retorno.

O cartel dos metrôs e monotrilhos em São Paulo atingiu três obras, mas planejou estender seus tentáculos a outras seis, segundo revelou a empreiteira Camargo Corrêa, em acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica. O Cade, órgão antitruste do governo federal, ainda vê indícios de acordos anticompetitivos em outros dois empreendimentos.

A empreiteira confessou crimes de cartel em 21 licitações em 7 Estados e no Distrito Federal, durante longos 16 anos, no período entre 1998 e 2014. O acordo foi firmado no âmbito da Operação Lava Jato e as negociações envolveram o Ministério Público Federal em São Paulo. O Cade abriu processo administrativo para apurar os crimes do cartel.

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De acordo com executivos ligados à Camargo Corrêa, entre 1998 e 2005, o cartel assumiu as obras da Linha 4-Amarela - prevista para 2014, mas ainda não concluída - e duas obras da Linha 2-Verde. Em todo esse período, São Paulo tem sido governada por gestores ligados ao PSDB.

O Cade vê indícios de que houve acordos anticompetitivos concluídos e implementados em 2008 que afetaram outras duas obras para a Linha 2-Verde e Linha 5-Lilás.

Para oito licitações em todo o País realizadas entre 2008 e 2013, os acordos foram planejados, mas não chegaram a ser implementados "por razões alheias ao cartel", segundo relata o Conselho. Neste período, estão abarcadas duas obras de São Paulo: projeto de trecho paralelo à Raposo Tavares (futura Linha 22) e projeto na região M’Boi Mirim.

Os executivos da Camargo Corrêa ainda afirmam que houve tentativa de conluio entre 2010 e 2014 para a Linha 15 - Prata - Expresso Tiradentes e Linha 17 - Ouro, ambas do monotrilho de São Paulo; Linha 15 - Branca - Trecho Vila Prudente/Dutra e Linha 6, ambas do metrô de São Paulo.

Defesas

Em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo afirmou: "O Metrô de São Paulo é o maior interessado na apuração das denúncias de formação de cartel ou de conduta irregular de agentes públicos e, assim, continua à disposição das autoridades."

A construtora Camargo Corrêa, em nota, afirma que "a Construções e Comercio Camargo Corrêa, primeira construtora a firmar acordos de leniência, reafirma seu compromisso de manter investigações internas em bases permanentes e colaborar com as autoridades reportando quaisquer condutas ilícitas que venham eventualmente a ser descobertas.

Em função de cláusulas de confidencialidade, a Camargo Corrêa não pode, neste momento, fazer qualquer comentário sobre os termos do acordo.

Ressalta porém, que a decisão, divulgada no site do CADE, configura evidência inequívoca do compromisso pioneiro assumido de colaboração contínua junto às autoridades competentes, tanto no âmbito das investigações internas como também da implementação de uma nova Governança e Compliance já concluídos."

Em acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a empreiteira Camargo Corrêa revelou a prática de cartel em 21 licitações que ocorreram em sete Estados e no Distrito Federal em um período de 16 anos. Um processo administrativo foi instaurado pelo Cade para investigar suposto cartel em concorrências públicas para obras de metrôs e monotrilhos.

O Cade, órgão antitruste do governo federal, informou que a investigação é desdobramento da Operação Lava Jato.

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O acordo com a empreiteira foi firmado na terça-feira, 5 e envolve confissões de executivos e ex-executivos da empresa. As negociações abrangem também o Ministério Público Federal de São Paulo.

O cartel teria operado entre 1998 e 2014 na Bahia, Ceará, Minas, Paraná, Rio, Rio Grande do Sul e São Paulo e no Distrito Federal. De acordo com o Cade, os signatários indicaram que a conduta anticompetitiva alcançou, ao menos, 21 licitações.

Entre as concorrências afetadas entre 1998 e 2005 estão duas obras na linha 2 (Verde) e uma na linha 4 (Amarela) do metrô São Paulo, além da linha 3 do metrô do Rio de Janeiro e os metrôs de Fortaleza e Salvador.

De acordo com o órgão antitruste, este é o 12º acordo de leniência firmado no âmbito da Lava Jato. Por meio da leniência, a empresa e as pessoas físicas signatárias confessaram a participação no cartel, "forneceram informações e apresentaram documentos probatórios a fim de colaborar com as investigações do alegado conluio".

O acordo é relacionado exclusivamente à prática de cartel, para a qual o Cade possui competência de apuração.

Em março de 2016, no âmbito da Operação Acarajé (23ª fase da Lava Jato 2), a Polícia Federal apreendeu com o presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Barbosa, o "BJ", hoje delator, um documento intitulado "Tatu Tênis Clube". À época, investigadores já desconfiavam de que o documento seria uma espécie de regulamento do cartel das empreiteiras.

Segundo o Cade, em acordo de leniência, Camargo Corrêa e as pessoas físicas signatárias "interpretam que tal documento aparentemente continha regras de organização do cartel envolvendo cinco empresas, que são representadas por cinco executivos" - Além da Camargo, são citadas outras gigantes do setor, Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão.

Os signatários disseram que cada executivo teria recebido um codinome relacionado a um renomado tenista, de acordo com o Cade. Os executivos da Camargo ainda dizem que o título "Tatu" possivelmente faz referência à máquina Shield - grande diferencial de atestação no mercado de obras de metrô -, que é popularmente conhecida por "Tatuzão", e que, naquele momento, apenas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão tinham atestação para operar.

O Conselho dá conta de que os signatários relataram que, para obter uma licitação com termos de qualificação mais restritivos, essas empresas financiavam em conjunto estudos de viabilidade ou mesmo a elaboração do projeto base para as futuras obras como moeda de troca com governos locais.

Os executivos ainda disseram ao Cade que a divisão entre as concorrentes dos futuros projetos a serem licitados ocorriam em reuniões presenciais. Tais encontros eram agendados por e-mail ou contato telefônico, mas o seu teor, segundo descreveram, não era frequentemente reproduzido nas mensagens trocadas entre as concorrentes.

O agendamento das reuniões em que se discutiam licitações de metrô, os envolvidos valiam-se de códigos que objetivavam ocultar o caráter potencialmente ilícito desses contatos, disseram os executivos.

A expressão "mercado" era comumente utilizada para dissimular o agendamento de reuniões presenciais do cartel, de acordo com os dignatários do acordo. Eles ainda disseram que eram utilizados os codinomes "G-5", "Tatu Tênis Clube" ou "TTC" para identificar o grupo.

O Cade ainda revela que os signatários informaram que o G-5 se alinhava com empresas com bom trânsito local, como a Carioca, a Constran, a Serveng e a Marquise, bem como com empresas responsáveis pela elaboração de projetos base para o poder público, como a MWH e a TC/BR.

O objetivo, de acordo com a Camargo Corrêa, era compor um acordo em uma licitação específica e influenciar a adoção de conduta comercial uniforme entre as concorrentes.

Defesas

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo, mas não havia obtido resposta até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para manifestação.

A Odebrecht divulgou nota dizendo que "está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador e Panamá, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas".

A classe de trabalhadores que engloba os caminhões-cegonha, que protestam no Centro do Recife desde o dia 31 de julho, deve retirar os veículos até a sexta-feira (11), conforme prazo de 72h determinado na liminar. O sindicato promete continuar com o movimento, apesar da decisão e das multas que já serão cobradas. 

Segundo a assessoria de comunicação do Sindicato dos Transportadores Autônomos e Micro Empresas de Veículos Congêneres do Estado de Pernambuco Cegonheiros (Sintraveic-PE), os veículos estão sendo multados desde o início do protesto. Não há informações sobre em quanto as multas já estão acumuladas, contudo, a determinação expedida na quinta-feira (9) aumenta o valor para R$ 10 mil por dia. 

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O Sintraveic-PE afirma que será dada continuidade ao movimento até que as reivindicações sejam atendidas e não há outra alternativa. "A lei precisa ser cumprida por todos e é exatamente por isso que não estamos preocupados com as multas", informou a assessoria do Sintraveic. 

A classe tem protestado contra o que seria um cartel controlando o transporte de veículos da Fiat. Os trabalhadores estão exigindo, ainda, um posicionamento do governo sobre o que eles afirmam ser a fraude na criação de um segundo sindicato da categoria pela empresa SADA.

LeiaJá também: 

--> Cegonheiros fazem protesto e denunciam fraude

--> No Recife há uma semana, cegonheiros de PE fazem novo ato

--> Justiça determina retirada imediata dos caminhões-cegonha

A superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) instaurou processo para investigar cartel em licitações para a instalação de cafeterias nos aeroportos de Congonhas, em São Paulo (SP), Florianópolis (SC), Recife (PE), Campo Grande (MS), Curitiba (PR) e Maceió (AL). A investigação foi iniciada após denúncia da Infraero, que era a responsável pelas concorrências.

De acordo com a denúncia, cinco empresas e oito pessoas físicas teriam atuado para fraudar sete pregões realizados pela Infraero nos últimos anos. "No material encaminhado ao Cade, foram identificados indícios robustos de troca de informações comerciais sensíveis e comunicação prévia entre os investigados", afirmou o Cade, em nota.

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Entre os indícios está a existência de diversos documentos com o mesmo erro de grafia e mesma formatação, uso de estratégia de bloqueio durante o pregão e ausência de disputa nas fases de lances das licitações.

São investigadas as empresas Alimentare Serviços de Restaurante e Lanchonete, Ventana Manutenção e Serviços, Confraria André, Delícias da Vovó e Boa Viagem Cafeteria. Os acusados terão prazo para apresentar as defesas e, após a investigação, a superintendência-geral dará parecer pela condenação ou arquivamento do caso. A palavra final cabe ao tribunal do Cade.

Dois executivos da Camargo Corrêa afirmaram em acordo de delação premiada feito com o Ministério Público de São Paulo que a construtora pagou R$ 2,5 milhões em propina a um ex-diretor do Metrô paulista para fraudar a licitação das obras da Linha 5-Lilás, feita em 2010. Os repasses ilícitos, segundo os delatores, favoreceram um cartel formado pelas cinco maiores empreiteiras do País.

Em depoimento aos promotores, ainda sob sigilo na Justiça, os engenheiros Jorge Yazbek e Eduardo Maghidman detalham pagamentos ilícitos ao ex-diretor de Assuntos Corporativos Sérgio Corrêa Brasil, entre 2010 e 2011, nos governos José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin, todos do PSDB. De acordo com os delatores, a propina assegurou que os lotes mais caros da obra ficassem com Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão, chamadas de "G5".

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Esta é a primeira delação obtida pelo MP paulista envolvendo obras do Metrô, mas o nome de Brasil já foi citado por quatro executivos da Odebrecht em delações da Operação Lava Jato como beneficiário de pagamentos ilícitos por vantagens em contratos da companhia envolvendo as Linhas 2-Verde, 5-Lilás e 6-Laranja, entre 2003 e 2013.

Nas planilhas da Odebrecht, Brasil aparece com os codinomes "Brasileiro" e "Encostado". No caso da Linha 5-Lilás, executivos da Odebrecht disseram que o ex-diretor cobrou propina de 0,5% sobre os pagamentos mensais feitos pelo Metrô às construtoras. Brasil deixou a estatal em dezembro do ano passado, em um Plano de Demissão Voluntária (PDV).

As obras da Linha 5 foram divididas em oito lotes - sete contratos foram assinados em outubro de 2010 no valor total de R$ 6,2 bilhões (corrigidos pela inflação). A Camargo venceu o lote 3 em consórcio com a Andrade Gutierrez pelo valor de R$ 1,7 bilhão, e Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão dividiram o lote 7 (R$ 1,8 bilhão).

Segundo Yazbek, diretor da Camargo até abril deste ano, foi um executivo da Andrade, em 2010, que apresentou a demanda de pagamento de propina a Brasil. De acordo com o delator, o ex-diretor do Metrô indicou que os pagamentos fossem feitos por meio da empresa AVBS, de Gilmar Alves Tavares.

Yazbek e Tavares teriam combinado dois contratos fictícios no valor de R$ 1,25 milhão cada, vinculados a uma obra da Camargo em Jundiaí, no interior, para dar aparência de legalidade ao negócio e disfarçar a propina. Os pagamentos foram feitos entre 2011 e 2012 e divididos em cinco parcelas de R$ 250 mil. Nenhum serviço foi prestado pela AVBS.

Segundo Maghidman, os recursos pagos à empresa do suposto laranja de Brasil foram retirados das obras da Linha 2-Verde, onde a Camargo também tinha contrato.

Acordo

As delações foram feitas na esfera criminal, onde Yazbek e Maghidman estão entre os 13 réus da ação penal movida em 2012 pelo MPE contra o cartel na Linha 5.

Na esfera cível, em que há uma ação de improbidade contra as empresas desde 2011, a Camargo e a promotoria fizeram um acordo no qual a empreiteira deve pagar multa de R$ 24,3 milhões e desistir de uma ação contra o Metrô no valor de R$ 27 milhões, conforme revelou a Folha de S. Paulo. Pela proposta, que ainda está sob análise da Justiça, a Camargo admite o crime de cartel e continua livre para contratar com o poder público.

O setor de cabotagem, responsável pelo transporte de cargas entre portos brasileiros, entrou na mira do Ministério Público Federal (MPF), que investiga denúncia de formação de cartel e atuação de servidores públicos da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para atender pleitos de determinadas empresas.

O inquérito instaurado pelo núcleo de combate à corrupção do MPF apura se companhias de transporte marítimo e funcionários da agência têm atuado em conjunto, comprometendo a competitividade do setor, que movimenta ao menos R$ 10 bilhões por ano. Atualmente existem 41 empresas de cabotagem autorizadas pela Antaq. Em 2016, a movimentação de cargas no setor chegou a 212,5 milhões de toneladas. Nos últimos cinco anos, o crescimento médio anual da movimentação de cargas na cabotagem foi de 2%.

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A acusação analisada pela Procuradoria da República no Distrito Federal partiu da empresa Posidonia Shipping. A companhia carioca denuncia que, desde que entrou em operação, em 2013, tem sido alvo constante de decisões anticompetitivas por parte da Antaq. Pela denúncia, a agência estaria privilegiando interesses de empresas associadas à Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac).

Mudança nas regras

Entre os episódios de atuação do suposto cartel narrados pela Posidonia e incluídos no inquérito, a principal queixa diz respeito à publicação de uma resolução pela Antaq em 2015, que mudou as regras de contratação temporária de navios estrangeiros por empresas brasileiras. A mudança mexeu com as exigências para o transporte de contêineres e cargas em geral, o que, segundo a denúncia, teria favorecido as empresas ligadas à Abac e retirado a Posidonia dessas operações.

O MPF enviou a acusação para a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda, para que fossem analisados os reflexos da norma no mercado. A Seae confirmou que a medida restringe a competição no setor. O órgão afirma, em relatório obtido pelo Estado, que a resolução da Antaq "reduz, potencialmente, a concorrência nos setores de navegação de apoio portuário e de cabotagem", por conta de restrições de afretamento de embarcações de outros países.

A secretaria recomendou ao MPF que o caso seja encaminhado ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para análise sobre a atuação das empresas e da suposta formação de cartel. O inquérito do MPF pede o afastamento preventivo de vários servidores da Antaq. Também orienta ao diretor-geral da agência, Adalberto Tokarski, que instaure procedimento disciplinar para apurar o caso.

A acusação de existência de cartel recai sobre seis empresas ligadas à Abac e outras duas que não são associadas. As investigações serão encaminhadas para o Cade e a Polícia Federal. Ao Estado, o presidente da Posidonia, Abrahão Salomão, disse que a empresa se cansou de ser prejudicada por práticas ilegais. "Vemos agentes públicos que deveriam preservar o interesse nacional, agindo na defesa de cartel formado por empresas estrangeiras travestidas de brasileiras, utilizando-se da presunção de legitimidade que seus cargos lhes conferem em prol de práticas irregulares, e benefícios próprios", afirmou.

Apuração

A Antaq evitou comentar temas como a publicação de resoluções restritivas ao mercado de cabotagem ou mesmo a citação de diretores e funcionários da agência em denúncias de ligação com suposto cartel do setor, mas confirmou que apura as acusações feitas pela Posidonia. "Esta agência não comenta fatos relacionados a processos que tramitam na agência, no Judiciário e no MPF, sob sigilo legal. No entanto, confirma que recebeu requisição de órgão representante do MPF para instauração de procedimento disciplinar, que foi devidamente atendida com instauração de processo para apuração, o qual encontra-se em andamento", afirmou.

A Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac) declarou que "atua na defesa dos interesses comuns das empresas afiliadas, não tendo qualquer interferência na atuação comercial dos seus associados, que atuam em regime de livre concorrência entre si, dentro do que lhes é assegurado pela legislação vigente". Segundo a associação, "é totalmente descabida" a acusação de que lidera um cartel no setor de cabotagem. "A Abac nunca recebeu qualquer notificação ou indicação da existência de um inquérito sobre o assunto mencionado, e se formos procurados pelo MPF, Cade, Polícia Federal, ou qualquer outro órgão governamental não teremos qualquer problema para prestar os esclarecimentos que forem demandados", declarou.

O "rei das drogas" mexicano Joaquín 'El Chapo' Guzmán, que foi extraditado para os Estados Unidos em janeiro deste ano, está irritado com a imagem de "criminoso cruel" apresentada por uma nova série produzida sobre sua vida e transmitida pelo Netflix e pela emissora de TV "Univisión".

Através de seus advogados, o poderoso chefão criminoso avisou que irá processar a gigante do streaming e a cadeia televisiva nos tribunais norte-americanos. "Netflix e Univisión estão explorando seu nome e sua imagem com fins lucrativos e não com fins informativos", disse o líder dos advogados de Guzmán no México, José Refugio Rodríguez. Ele ainda acrescentou que é "inegável que isso afete, inclusive, seu processo penal nos Estados Unidos".

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"Por essa razão, necessariamente, vamos abrir uma ação a qual estamos habilitados legalmente a fazer por ele em virtude de uma procuração", destacou o advogado para a emissora local "Radio Formula".

"É inegável que isso incomoda porque estão passando coisas que não correspondem à realidade e com respeito ao fato de que não há uma sentença condenatória sobre elas. Isso constitui uma grave violação da presunção de inocência", disse Rodríguez.

A série "El Chapo" foi lançada em 23 de abril e está sendo um grande sucesso de audiência nos dois países. Rodríguez, todavia, não antecipou quando será impetrada a ação contra a Netflix e a "Univisión" e incluiu que não tem uma comunicação direta com Guzmán, que está virtualmente isolado em uma cela de prisão em Nova York.

Não obstante, disse que espera a "luz verde" para iniciar a ação legal porque o conteúdo da série reflete coisas "que não são certas" e perfilam a imagem de Guzmán como "um criminoso cruel", o que poderia constituir um "ato de discriminação".

O advogado adiantou ainda que o mais provável é que a causa seja aberta nos EUA porque esse é o país onde as duas empresas tem seus domicílios fiscais.

A ameaça de ir à Justiça ocorre pouco mais de 48 horas depois que uma deputada do estado de Sinaloa, ao qual Guzmán é ligado sentimentalmente, foi presa em San Diego, na Califórnia, por crime de "conspiração".

Lucero Guadalupe Sánchez, acusada de visitar o chefão do Cartel de Sinaloa, o mais poderoso do México, quando ele estava na prisão de Altiplano, foi presa quando tentava buscar asilo político com documentos falsos, informou sua advogada.

"El Chapo" tornou-se uma lenda por conta de sua audácia ao escapar por várias vezes de bunkers carcerários no México. A primeira vez, escapou da prisão de Puente Grande, no estado de Jalisco, em janeiro de 2001, e a segunda foi do presídio de Altiplano, em julho de 2015, através de um túnel de 15 metros de profundidade e de 1.500 metros de extensão.

Além disso, projeta também uma imagem combinada de "delinquente bom", um "Don Juan" - que se casou três vezes e teve casos com muitas mulheres com as quais teve diversos filhos - e um "empresário de sucesso" que edificou sozinho um império criminoso com presença em 52 países.

O próprio ativista e ator de Hollywood, Sean Penn, que o visitou em outubro de 2015 enquanto ele se escondia nas montanhas de Sinaloa, publicou para a revista "The Rolling Stone" uma fala de Guzmán.

"Providenciei serviços indispensáveis nas montanhas de Sinaloa, financiando tudo, desde comida até a construção de estradas e ajuda médica para as comunidades", disse o traficante.

Sem embargo, o governo mexicano fez o possível e o impossível para desmitificá-lo e borrar o imaginário popular sobre essas crenças, apresentando-o como um "criminoso cruel" ao qual se atribuem entre dois e três mil assassinatos.

Dois anos após a conclusão do inquérito pela Polícia Federal, a Procuradoria da República em São Paulo deve apresentar denúncia (acusação formal) contra o chamado cartel dos trens no Estado, esquema de fraudes em contratos do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Esta é a principal apuração criminal envolvendo o caso.

O inquérito, concluído no dia 4 de dezembro de 2014, aponta a participação de ex-diretores e ex-presidente da CPTM, executivos de multinacionais, lobistas e empresários nos crimes de corrupção ativa e passiva, formação de cartel, lavagem de dinheiro, crime licitatório e evasão de divisas entre 1998 e 2008, durante as gestões do PSDB - Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra. Ao todo foram 33 indiciados; nenhum político.

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O MPF informou, por meio de sua assessoria, que o caso será concluído ainda em 2017, mas não antecipou qual providência será tomada. Pessoas próximas da investigação, no entanto, disseram que a hipótese mais provável é o oferecimento de denúncia.

A possibilidade de enquadramento dos investigados em crime de formação de quadrilha, segundo fontes do MPF, foi abandonada porque a pena prescreveu. Durante o período em que o inquérito ficou nas mãos do procurador Rodrigo de Grandis, a maior parte dos R$ 600 milhões sequestrados pela Justiça junto a ex-agentes públicos e empresas envolvidas no esquema foi desbloqueado.

Segundo o MPF, a demora para a conclusão do caso se deve ao fato de a PF ter concluído o inquérito sem o resultado das colaborações internacionais com autoridades de Suíça, Alemanha e Uruguai. Os países europeus liberaram documentos no primeiro semestre deste ano, mas o governo do Uruguai só enviou os dados há cerca de um mês. Sem estes documentos, afirma a Procuradoria, não haveria provas para embasar as denúncias.

De acordo com pessoas que tiveram acesso às informações do caso, os papéis comprovam os argumentos da PF sobre movimentações financeiras vultosas no exterior.

A PF, por meio de nota, questionou a justificativa do MPF. "O inquérito foi relatado em novembro de 2014 com base em farto material probatório da autoria e materialidade da prática de crimes contra a administração pública e lavagem de dinheiro, inclusive subsidiado com as respostas de pedidos de cooperação jurídica de alguns países, como ficou reconhecido na decisão judicial da 6ª Vara Federal Criminal que decretou o sequestro de cerca de R$ 600 milhões, à época."

Segundo a PF, a opção por relatar o inquérito antes da chegada dos documentos de outros países - classificados como "secundários" - tinha justamente o objetivo de dar celeridade ao caso e permitir à Procuradoria "oferecer denúncia de plano".

"Optou-se por expedir novos pedidos de cooperação jurídica internacional complementares e, ao mesmo tempo, encaminhar de imediato o inquérito relatado antes da chegada de algumas respostas acessórias e secundárias, possibilitando ao Ministério Público Federal oferecer a denúncia de plano, em relação à imensa maioria dos fatos totalmente comprovados nos autos, a fim de evitar a prescrição e a impunidade e conferindo maior dinâmica e eficiência à persecução penal", diz a PF.

Promotoria

No período, o Ministério Público Estadual de São Paulo já pediu a prisão e apresentou diversas denúncias contra os suspeitos de envolvimento no cartel. Até hoje, ninguém foi punido. Ao menos cinco estrangeiros acusados nunca foram localizados pela Justiça. Advogados se recusam a receber as citações judiciais em nome deles.

O promotor Marcelo Mendroni, responsável por oito denúncias criminais sobre o caso, disse que falta rigor ao Judiciário paulista.

"Um dos argumentos para as prisões da Lava Jato é a possibilidade de fuga. Fiz mais de 10 pedidos aqui, mas todos foram negados", disse Mendroni. "São Paulo não tem um juiz especializado em delitos econômicos. Isso faz com que juízes não tenham conhecimento técnico na maioria dos casos. Aqui os juízes não têm a mesma postura rigorosa", afirmou.

Defesa

A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) disse, por meio de nota, que o governo de São Paulo está processando as empresas acusadas de envolvimento no cartel e cobrando ressarcimento dos eventuais prejuízos.

"Vale esclarecer que, assim que o governo de São Paulo teve conhecimento das denúncias, foi o único que efetivamente tomou providências e abriu grande investigação, com total autonomia, no âmbito da Corregedoria Geral da Administração, que afastou funcionários públicos", diz a CPTM.

Também por meio de nota, o ex-presidente da companhia Mario Bandeira e o ex-diretor José Luiz Lavorente, ambos indiciados, negaram participação em atos ilícitos e defenderam os contratos celebrados durante sua gestão.

"A sindicância administrativa realizada em 2009, época que já não trabalhávamos na empresa, demonstrou inexistência de irregularidade e de prejuízo à companhia, uma vez que se caracterizou o proveito social e econômico", disseram eles.

A Alstom afirmou que não comenta processos em andamento e que "vem colaborando com as autoridades sempre que solicitada e que opera de acordo com um rigoroso código de ética e com todas as leis e regulamentos dos países onde atua".

O presidente da TTrans, Massimo Giavina-Bianchi, também negou participação nas irregularidades. Segundo ele, em depoimento ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, que delatou o cartel à Polícia Federal, teria isentado a Ttrans. "Ele próprio disse que a TTrans é agressiva nos preços", afirmou o executivo.

As demais pessoas e empresas citadas no inquérito da PF foram procuradas pela reportagem, mas não foram encontradas ou não quiseram se manifestar sobre o caso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A onda de delações premiadas para escapar de punições mais severas influenciou fabricantes de autopeças a promoverem uma corrida ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para denunciar quem praticou cartel no País. O processo é um dos maiores desse tipo em número de empresas envolvidas de um único setor - são 40 até agora -, além de mais de 100 executivos. Já foram aplicadas mais de R$ 150 milhões em multas e ainda falta muito a ser investigado.

Em todos os casos há indícios ou já comprovação de condutas anticompetitivas, como acordos prévios de cotação a serem apresentados aos clientes, valores, aumento de preços e divisão de mercado. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) calcula que os preços de produtos em ambientes cartelizados são em média 30% mais altos do que na livre concorrência.

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Subsidiárias de multinacionais já punidas por essas práticas nos EUA, Ásia e Europa se anteciparam às investigações no Brasil para se autodelatar e entregar concorrentes. O acordo de leniência, como é chamada a delação nesses casos, livra a empresa da multa e de processos judiciais. Como o benefício integral vale só para quem colaborar primeiro, há uma disputa para chegar Cade.

"Hoje, temos pelo menos dez processos administrativos instaurados", informa o superintendente adjunto do Cade, Diogo Thomson de Andrade. Segundo ele, há outros em investigação. As principais prejudicadas pela concorrência desleal são as montadoras, mas também concessionárias e oficinas.

Andrade afirma que a Lava Jato também pode ter influenciado na decisão das empresas de colaborarem com as autoridades brasileiras. Mas ressalta que o movimento inicial é anterior à operação da Polícia Federal que, de certa forma, popularizou o instrumento da delação premiada no País.

Os primeiros processos no Brasil foram abertos em 2014, após período de investigações e formalização de denúncias. Nos demais países, os processos começaram bem antes. Nos EUA, envolveu 39 empresas e US$ 2,6 bilhões em multas. O executivo Shingo Okuda, da fabricante japonesa GS Electech, fornecedora de peças para montadoras americanas, foi condenado a 13 meses de prisão.

Entre as envolvidas no processo local, algumas são multinacionais sem subsidiárias no País, ou com unidades que não produzem as peças envolvidas no cartel. Segundo o Cade, algumas das condutas internacionais tiveram efeito no Brasil, seja por meio de exportação de peças ou de veículos.

A alemã Bosch, maior fabricante de autopeças na América Latina, foi a primeira a fazer acordo de leniência no Brasil, após ser citada por sua concorrente em processo nos EUA. A empresa admitiu ter manipulado preços de velas de ignição com a NGK entre 2000 e 2013. As duas também repartiam os contratos a serem atendidos, para evitar queda em suas participações de mercado.

A Bosch não quis comentar o assunto. A NGK diz que coopera com as investigações. "Essa postura transparente é parte de nossas políticas mundiais de compliance e respeito irrestrito às leis do País." A Tenneco também fez acordo de leniência no segmento de amortecedores envolvendo Affinia, Dana, Magnetti Marelli e Corven Sacif. A Tenneco afirma estar "cooperando totalmente com a investigação e que está comprometida com a transparência e total respeito às leis do País". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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