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"O corno", filme da diretora espanhola Jaione Camborda, levou, neste sábado (30), a Concha de Ouro de melhor filme do Festival de Cinema de San Sebastián, enquanto o argentino "Puan" ficou com os prêmios de melhor roteiro e ator.

Segundo longa-metragem de Camborda, nascida em 1983 na cidade do norte da Espanha que sedia o festival, "O corno" conta a história de uma mulher chamada Maria, interpretada pela bailarina Janet Novás.

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Maria é uma marisqueira que vive em um povoado costeiro galego nos anos 1970. Ela trabalha como parteira, mas também ajuda as mulheres a interromper a gestação, até que algo dá errado e ela precisa se lançar em uma fuga desesperada.

"É muito especial para mim receber este prêmio aqui, nesta cidade que me viu crescer e junto de tanta gente querida", disse Camborda.

- Dobradinha da comédia argentina "Puan" -

O argentino Marcelo Subiotto, por sua vez, dividiu a Concha de Prata de melhor interpretação com o japonês Tatsuya Fuji ("Great Absence").

Dirigido por Maria Alché e Benjamín Naishtat, Subiotto dá vida em "Puan" a Marcelo Pena, um professor universitário de filosofia atrapalhado que, na disputa de uma cátedra, enfrenta um concorrente elegante e carismático, interpretado por Leonardo Sbaraglia.

"Obrigado ao festival de San Sebastián por honrar meu trabalho com tamanha distinção, obrigado ao seu público por ter recebido nosso filme com atitude tão calorosa e amorosa", disse Alché em nome de Subiotto, que não participou da cerimônia porque está filmando.

"Puan" também levou o prêmio de melhor roteiro, filmado pelos próprios Alché e Naishtat.

A última Concha de Prata, de melhor direção, foi para as taiwanesas Tzu-Hui Peng e Ping-Wen Wang, por "Chun Xing" (Uma viagem na primavera, em tradução livre).

O prêmio Horizontes ao melhor filme da seção latino-americana do festival Horizontes Latinos foi para "Un castillo", do argentino Martín Benchimol.

Documentário e primeiro longa-metragem de Benchimol, o filme conta a história da herança concedida a uma trabalhadora humilde por sua empregadora, um castelo nos pampas argentinos.

"O cinema é isto, nos olharmos, encontrarmos, nos colocarmos na pele do outro, tanto quando fazemos o filme, quanto quando o vemos e podemos acessar o que a outra pessoa sente. É preciso continuar celebrando essa magia do cinema", afirmou Benchimol ao receber o prêmio.

- Um festival condicionado à greve em Hollywood -

Por fim, o prêmio do público foi para "La sociedad de la nieve", filme do diretor espanhol Juan Antonio Bayona, que revisitou a milagrosa história real de sobrevivência de um grupo de uruguaios, cujo avião caiu nos Andes em 1972.

A greve dos atores e roteiristas de Hollywood condicionou a programação do festival nesta cidade do norte da Espanha, mas não faltaram astros e estrelas amados pelos amantes do cinema, como Juliette Binoche, Jessica Chastain, Madds Mikelsen e Gabriel Byrne.

Ao contrário, foi sentida a ausência do espanhol Javier Bardem, que em respeito à greve não veio receber seu Prêmio Donostia, embora seu rosto continuasse estampando o cartaz oficial, onipresente em San Sebastián. Bardem receberá o prêmio no ano que vem.

A grande polêmica da mostra ficou por conta da entrevista-documentário do ex-dirigente do ETA José Antonio Urrutikoetxea, codinome Josu Ternera, feita pelo jornalista espanhol Jordi Évole. Uma carta assinada por mais de 500 personalidades, entre elas vítimas do grupo separatista basco, repudiou sua programação.

O filme brasileiro "Pacificado", sobre a disputa de poder dentro de um grupo criminoso que controla uma favela do Rio de Janeiro, ganhou neste sábado a Concha de Ouro de melhor filme no Festival de San Sebastián.

Dirigido pelo americano Paxton Winters, que vivia na favela, e produzido por seu compatriota Darren Aronofsky, o filme é a primeira produção brasileira a conquistar o prêmio principal do festival espanhol.

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A noite foi redonda para o filme, rodado no Morro dos Prazeres, que conquistou outros dois prêmios: o de melhor ator, para o protagonista Bukassa Kabengele, e o de melhor fotografia, para Laura Merians.

"Decidi ser uma voz, a voz de tantos que não têm oportunidades", disse Kabengele em mensagem lida na cerimônia de encerramento por sua colega de elenco Débora Nascimento.

Kabengele, nascido na Bélgica e naturalizado brasileiro, interpreta "Jaca", que, após passar 14 anos na prisão, retorna a uma favela pacificada por ocasião dos Jogos Olímpicos de 2016. Em seu retorno à liberdade, terá que recompor a relação com a filha "Tati", 13.

"Pacificado", competia na Seção Oficial contra 15 produções de diversos países, entre eles Espanha, México e Alemanha.

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