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Dois fazendeiros foram presos, suspeitos de matar a tiros uma indígena da etnia pataxó e de ferir um cacique, neste domingo (21), na região de Potiraguá, no sudoeste da Bahia. Outras duas pessoas ficaram feridas, uma delas um fazendeiro que foi atingido por uma flecha no braço.

O conflito ocorreu durante uma tentativa de retomada de uma fazenda. Conforme a Secretaria da Segurança Pública da Bahia, equipes especializadas das Polícias Militar e Civil foram enviadas para a região a fim de impedir novos conflitos entre indígenas e ruralistas. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, também se deslocou para a região.

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Conforme a SSP-BA, o conflito ocorreu na manhã de domingo, durante a ação de um grupo denominado Movimento Invasão Zero - há anos a região vem sendo palco de conflitos fundiários. A indígena Maria de Fátima Muniz de Andrade e seu irmão, o cacique Nailton Muniz Pataxó, foram atingidos por disparos de arma de fogo. A mulher morreu. O cacique foi socorrido e está internado. Nailton passou por cirurgia no Hospital Cristo Redentor, em Itapetinga.

O fazendeiro ferido pela flechada também foi hospitalizado. Uma indígena ferida no braço foi atendida e teve alta. Os dois feridos internados não correm risco de morte.

A Polícia Civil confirmou que os dois fazendeiros foram autuados em flagrante por homicídio e tentativa de homicídio, mas não divulgou os nomes. Quatro armas de fogo e munições foram apreendidas com os dois suspeitos. As pistolas e os revólveres foram encaminhados ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) para perícia.

"Os autores desses crimes serão responsabilizados. Dois suspeitos foram presos e as possíveis armas utilizadas, apreendidas. Enviamos reforço para a região por tempo indeterminado", disse, em nota, o secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner.

Também em nota, o Ministério dos Povos Indígenas informou que a indígena assassinada fazia parte da Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, do povo Pataxó Hã Hã Hãe, onde aconteceu o conflito. A área indígena se situa entre os municípios de Pau Brasil, Camacan e Itaju do Colônia, no sul da Bahia. "O ataque foi provocado por fazendeiros do grupo autointitulado 'Invasão Zero' na retomada da Fazenda Inhuma, no município de Potiraguá, em área reivindicada pelos Pataxó como de ocupação tradicional", disse a pasta.

Segundo o ministério, cerca de 200 ruralistas da região se mobilizaram através de um chamado pelo WhatsApp que convocava fazendeiros e comerciantes para recuperar por meios próprios, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, ocupada por indígenas no último sábado, 20. Ainda segundo a pasta, eles cercaram a área com dezenas de caminhonetes. Após os disparos, dois fazendeiros foram detidos, além de uma indígena que portava uma arma artesanal.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, viajou para a região nesta segunda-feira, 22, e acompanha o caso através do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas. Conforme a assessoria, a ministra está fazendo interlocuções com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a pasta estadual da Segurança Pública para evitar novos conflitos. A Polícia Federal também foi acionada e enviou equipes para a região.

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) manifestou "profundo pesar e indignação diante do assassinato da líder indígena Pataxó Hã Hã Hãe Maria de Fátima Muniz Andrade", conhecida como Nega Pataxó. "Maria de Fátima teve sua vida dedicada à luta pelos direitos e cultura de seu povo, sendo um exemplo de resistência para os povos indígenas", disse. Segundo a nota, a presidente da Funai, Joenia Wapichana, e a diretora de Proteção Territorial, Janete Carvalho, integram a comitiva do Ministério dos Povos Indígenas que está na região.

Em nota, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), que representa os produtores rurais, lamentou os fatos ocorridos em Potiraguá, envolvendo invasão de propriedade rural que provocaram uma morte e deixaram outras pessoas feridas. "Representando os produtores rurais e sindicatos rurais da Bahia, a Faeb, como vem fazendo ao longo dos últimos anos, mais uma vez convoca o poder público para garantir o que está previsto na Constituição. Combater invasões de terra vai além de defender a propriedade privada e a segurança no campo, é a defesa sobretudo do Estado de Direito", disse.

Ainda segundo a nota, a federação enviou ofícios aos poderes constituídos alertando para o risco de conflito. A Faeb lembrou que a invasão de propriedade é crime previsto no Código Penal e disse que orienta os produtores a atuarem na defesa dos seus interesses rigorosamente dentro dos limites da lei, sem extremismo ou violência de qualquer espécie.

O Hamas informou, neste sábado (13), dezenas de mortes na Faixa de Gaza, bombardeada por Israel e isolada do mundo, sem telefone ou Internet, às vésperas do 100º dia de guerra.

O temor de que o conflito se espalhe pela região se acentuou depois que Estados Unidos e Reino Unido bombardearam posições dos rebeldes huthis do Iêmen, aliados do movimento islamista palestino Hamas, em resposta aos seus ataques a navios no Mar Vermelho.

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Neste sábado, um novo ataque aéreo americano foi reportado no Iêmen, visando, segundo Washington, a "restaurar a estabilidade no Mar Vermelho", local de trânsito de 12% do comércio mundial.

Em Gaza, testemunhas e jornalistas relataram bombardeios israelenses à noite e na madrugada de sábado no sul da Faixa.

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa Gaza, os novos bombardeios deixaram mais de 60 mortos, a maioria mulheres e crianças, e dezenas de feridos. No dia anterior, a rede de telefonia e de Internet voltou a ficar fora de serviço.

Há mais de três meses, Israel bombardeia o enclave palestino em sua guerra contra o Hamas.

O Crescente Vermelho Palestino afirmou que a interrupção das telecomunicações está dificultando seus esforços para ajudar os feridos.

Os incessantes bombardeios israelenses em Gaza deixaram pelo menos 23.843 mortos, a maioria mulheres e menores, de acordo com os últimos números do Ministério da Saúde do Hamas.

O conflito eclodiu em 7 de outubro, com a incursão em Israel de milicianos do Hamas que mataram cerca de 1.140 pessoas, segundo um balanço estabelecido pela AFP com base em dados israelenses.

O Hamas também sequestrou em torno de 250 pessoas, das quais cerca de uma centena foram trocadas por prisioneiros palestinos durante uma trégua de uma semana no final de novembro.

A ONU lamentou as dificuldades cada vez maiores nas operações de ajuda no norte da Faixa e acusou o Exército israelense de limitar o fornecimento de combustível, usado principalmente em hospitais.

No centro de Gaza, a falta de combustível forçou o desligamento do gerador principal do Hospital dos Mártires de Al Aqsa, em Deir el Balah, informou o Ministério da Saúde.

"Ninguém se importa com a gente? Por que está todo o mundo calado?", perguntou um cidadão de Gaza que chorava no hospital pela perda de um familiar.

Na Cisjordânia ocupada, os israelenses mataram três combatentes que "se infiltraram" em um assentamento judaico, segundo o Exército. A agência palestina Wafa informou, por sua vez, que os soldados mataram um jovem de 19 anos e dois adolescentes de 16.

Desde que a guerra eclodiu em Gaza, a violência na Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967, disparou, com pelo menos 337 pessoas mortas por soldados ou colonos israelenses, segundo o Ministério da Saúde em Ramallah.

burs-mca/cwl/meb/es/tt

Muitas igrejas na Síria restringiram as celebrações de Natal e limitaram as atividades a orações em solidariedade aos palestinos que sofrem com a guerra entre Israel e Hamas em Gaza.

"As pessoas estão sofrendo na Palestina, o local de nascimento de Jesus Cristo", disse Dionysius Antoine Shahda, o arcebispo católico de Aleppo (nordeste da Síria), à AFP.

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Na cidade do sul de Azizia era comum colocar uma árvore de Natal e organizar um mercado natalino, mas este ano a praça central está vazia e não há decorações tradicionais.

"Na Síria, cancelamos todas as celebrações e eventos em nossas igrejas em solidariedade às vítimas dos bombardeios em Gaza pelo exército de Israel", explica Antoine Shahda.

A decisão da Igreja Católica Síria recebeu o apoio das instituições dos ortodoxos gregos e dos ortodoxos sírios (jacobitas), que também limitaram suas atividades natalinas.

"Dadas as circunstâncias atuais, especialmente em Gaza, os patriarcas sentem muito, mas não organizarão eventos natalinos", afirmaram em comunicado os líderes religiosos católicos, jacobitas e ortodoxos gregos.

O ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, anunciou no domingo que os bombardeios e incursões terrestres de Israel naquele território palestino causaram 20.424 mortes, a maioria de mulheres e menores de idade, desde 7 de outubro.

Quase 1.140 pessoas morreram em território israelense no ataque sem precedentes do Hamas que desencadeou a ofensiva israelense.

A situação no território palestino, totalmente cercado por Israel desde 9 de outubro, é catastrófica. A maioria dos hospitais está fora de serviço e a população enfrenta altos níveis de insegurança alimentar, de acordo com a ONU.

- "Não é hora para alegria" -

Antes do início da guerra civil na Síria em 2011, 1,2 milhão de pessoas de confissão cristã viviam no país do Oriente Médio.

Durante o longo conflito, as celebrações de Natal diminuíram, mas registraram uma recuperação nos últimos anos, à medida que os combates perderam intensidade e o governo de Damasco retomou o controle da maior parte do território.

Mas neste mês de dezembro paira um clima sombrio na capital síria, onde o espírito natalino se limita a um mercado. A catedral mariamita (ortodoxa) de Damasco colocou uma pequena árvore e decorações simples.

"Este ano estamos muito tristes. Começou com o terremoto e terminou com a guerra em Gaza", afirma Rachel Haddad, de 66 anos, moradora de Damasco, referindo-se ao terremoto de fevereiro que deixou um rastro de 55.000 mortos, principalmente na Turquia e na Síria.

Além disso, ela lamenta a fragilidade da situação econômica na Síria, onde há escassez de combustível e frequentes cortes de energia.

"Não há eletricidade. Como vocês esperam ver decorações e luzes em qualquer lugar?" pergunta de maneira retórica.

O Exército de Israel prosseguiu com os bombardeios nesta quinta-feira (21) na Faixa de Gaza, em particular em Khan Yunis e na passagem de fronteira de Kerem Shalom, ao mesmo tempo que continuam as negociações para obter uma trégua no conflito do país contra o movimento islamista Hamas.

Khan Yunis, a maior cidade do sul do território palestino cercado desde 9 de outubro, onde o Exército israelense anunciou que intensificou suas operações, foi alvo de novos bombardeios, segundo imagens da AFPTV.

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O Hamas afirmou que Israel também bombardeou a passagem de fronteira de Kerem Shalom, entre Israel e a Faixa, e matou quatro pessoas, incluindo o diretor do local, Bassem Ghaben.

As autoridades de Gaza anunciaram na quarta-feira que as operações militares israelenses deixaram 20.000 mortos no território desde o início da guerra, incluindo ao menos 8.000 menores de idade e 6.200 mulheres.

O Exército israelense informou, nesta quinta-feira, que matou mais de 2.000 combatentes palestinos em Gaza desde 1º de dezembro, quando terminou uma trégua de uma semana durante a qual foi feita uma troca de reféns nas mãos do Hamas por palestinos presos em Israel.

Israel também destacou que sua força aérea bombardeou 230 alvos em Gaza nas últimas 24 horas.

Israel prometeu destruir o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, após os atentados de 7 de outubro do grupo islamista no sul de Israel que mataram quase 1.140 pessoas, segundo um balanço da AFP baseado nas informações divulgadas pelas autoridades do país.

Quase 250 pessoas foram sequestradas pelo grupo islamista, e 129 continuam como reféns em Gaza, segundo Israel.

No entanto, o Hamas desafiou Israel e garantiu nesta quinta-feira que o objetivo israelense de eliminá-los "está condenado ao fracasso", segundo uma mensagem de áudio de Abu Obeida, porta-voz do braço militar do movimento islamista.

O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos fez um apelo a Israel para que abra uma investigação sobre "a possível perpetração de um crime de guerra" por parte de seu Exército em Gaza. A agência disse ter recebido "informações preocupantes" sobre a morte de "11 homens palestinos desarmados" na Cidade de Gaza.

- "Todos devem voltar para casa" -

No campo diplomático, os esforços prosseguem em várias frentes para obter uma nova trégua.

No fim de novembro, uma pausa de uma semana nos combates permitiu a libertação de 105 reféns e de 240 palestinos detidos por Israel, assim como a entrada de ajuda no território palestino, cenário de uma crise humanitária catastrófica.

Um dos reféns libertados durante a trégua, Ofir Engel, 18 anos, participou na quarta-feira de uma cerimônia com vários amigos e parentes de reféns no kibutz Beeri, onde foi sequestrado.

"Um dos momentos mais difíceis foi quando os terroristas nos deixaram no escuro total, com bombas caindo sem parar ao nosso redor", declarou. "Eu estava lá, e enquanto os reféns estiverem lá, eles estarão em perigo, a todo momento (...) Todos devem voltar para casa agora".

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, viajou para o Cairo na quarta-feira para discutir uma nova "trégua provisória de uma semana em troca da libertação por parte do Hamas de 40 prisioneiros israelenses", disse à AFP uma fonte próxima ao movimento islamista.

Ziad al Nakhala, líder da Jihad Islâmica, movimento islamista aliado do Hamas e que também tem reféns em Gaza, deve visitar o Cairo na próxima semana, segundo uma fonte da organização.

Paralelamente, Israel discute com Catar e Estados Unidos para tentar conseguir uma trégua que resulte na libertação dos reféns.

Um alto funcionário israelense explicou que "houve alguns avanços" após "duas reuniões com os cataris na semana passada".

"Estamos dispostos a negociar uma nova fórmula sobre [a libertação de] os reféns (...) Para isso, precisaremos de nova pausa humanitária como a primeira [ao final de novembro]. Mas antes e depois disso, estamos comprometidos a alcançar nosso objetivo principal que consiste em acabar com a existência do Hamas", acrescentou.

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, insistiu em um "cessar-fogo duradouro".

O presidente francês, Emmanuel Macron, por sua vez, reuniu-se com o rei da Jordânia, Abdullah II, para agilizar o envio de ajuda humanitária.

- "Onde estamos seguros?" -

O Conselho de Segurança da ONU tentará mais uma vez, nesta quinta-feira, aprovar uma resolução para acelerar o fornecimento de ajuda a Gaza, mas pode voltar a enfrentar o veto dos Estados Unidos.

Washington disse estar trabalhando "ativamente" para conseguir a aprovação da resolução.

A ONU continua alertando para a profunda crise humanitária em Gaza, onde metade da população passa fome, e 90% dos moradores ficam, muitas vezes, sem refeição durante o dia, segundo o Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU.

A maioria dos hospitais da Faixa está fora de serviço, devido aos bombardeios, e 1,9 milhão de pessoas, ou seja, 85% da população, foram obrigadas a abandonar suas casas, segundo as Nações Unidas.

O subsecretário-geral de Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, lamentou o que chamou de uma situação humanitária catastrófica e classificou o número de vítimas palestinas como "dramático e vergonhoso".

"Onde estamos seguros? Para onde devemos ir?", perguntou um palestino que fugiu do norte do território para Rafah, no sul. "Não há para onde ir, estamos presos", acrescentou.

Um jornalista da Al Jazeera morreu nesta sexta-feira (15) e outro ficou ferido em um bombardeio israelense na Faixa de Gaza, indicou a emissora de televisão do Catar.

"Compartilhamos com grande pesar a devastadora notícia da perda de nosso dedicado cinegrafista da Al Jazeera, Samer Abu Daqa", escreveu na rede social X Mohamed Moawad, redator-chefe da emissora.

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A Al Jazeera havia informado que o chefe de sua sucursal em Gaza, Wael Dahdouh, e Abu Daqa, tinham ficado feridos em uma escola de Khan Yunis (sul) "após o que acreditamos ter sido um ataque israelense com drone".

Segundo o meio de comunicação, Samer Abu Daqa estava gravemente ferido e permaneceu por horas no local do ataque, ao qual os socorristas não podiam acessar por causa dos escombros.

Dahdouh ficou ferido no braço e foi transferido para o hospital Nasser da cidade, indicou um jornalista da AFP.

Perguntado pela AFP, o Exército israelense não fez nenhum comentário de imediato.

A Al Jazeera afirmou em um comunicado que considera as "forças de ocupação israelenses completamente responsáveis pela segurança de Samer", que, ao lado de Dahdouh, teve "um papel crucial para revelar a magnitude da destruição e do horror das atrocidades israelenses".

Ambos cobriam o bombardeio recente de uma escola da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) em Khan Yunis quando um segundo ataque aconteceu, dirigido "deliberadamente" contra os jornalistas, segundo um comunicado do movimento islamista Hamas, que governa a Faixa de Gaza.

De acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), mais de 60 jornalistas e funcionários de meios de comunicação morreram desde o começo da guerra entre Israel e Hamas, desencadeada pelo ataque brutal do movimento palestino em território israelense em 7 de outubro.

A ONU informou, nesta terça-feira (12), que sua agência de análise por satélite determinou que 18% das infraestruturas da Faixa de Gaza foram danificadas desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada pelo ataque do movimento islamista em 7 de outubro.

Isso representa um aumento de 49% no número total de estruturas afetadas em comparação com uma avaliação feita em 7 de novembro, segundo o Centro de Satélites das Nações Unidas (Unosat), que se baseou em uma imagem capturada pelo satélite de alta resolução WorldView-3.

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Esses números "destacam a necessidade urgente de um cessar-fogo imediato e de apoio para lidar com a crescente crise humanitária na Faixa de Gaza. O impacto nas infraestruturas civis é evidente, com milhares de residências e instalações essenciais danificadas", enfatizou o Unosat.

Até 26 de novembro, foram identificadas “10.049 estruturas destruídas, 8.243 estruturas gravemente danificadas e 19.087 estruturas moderadamente danificadas, totalizando 37.379 estruturas afetadas. Isso corresponde aproximadamente a 18% do total de estruturas na Faixa de Gaza", afirmou a agência em um comunicado.

O violento ataque do Hamas em Israel em 7 de outubro resultou em cerca de 1.200 mortes, de acordo com as autoridades. Outras 240 pessoas foram sequestradas e levadas para Gaza.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva terrestre e aérea no território palestino, onde mais de 18.400 pessoas, em sua maioria mulheres e crianças, morreram, segundo o ministério da Saúde do Hamas.

O Governo Federal realiza mais um voo em apoio aos conflitos no Oriente Médio. A aeronave KC-390 Millennium (Embraer), da Força Aérea Brasileira (FAB), decolou da Base Aérea do Galeão (BAGL), no Rio de Janeiro (RJ), às 15h04 (horário local) deste sábado (09), com destino ao Egito. A previsão de pouso, em Al-Arish, é para a manhã da próxima terça-feira (12).

O Governo Federal envia, para Gaza, 11 toneladas de alimentos para atender populações em situação de emergência pública. A iniciativa é coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores (MRE). 

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Após decolar do Rio de Janeiro, a aeronave fará paradas técnicas na Base Aérea do Recife (BARF); em Cabo Verde; em Lisboa, Portugal; em Atenas, Grécia; e no Cairo, no Egito até chegar ao destino final que é Al-Arish, também no Egito, onde a carga será descarregada.

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*Da FAB 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta-feira (30), que o Catar tem papel central em prol da paz no conflito Israel-Palestina e classificou o país árabe como interlocutor-chave em diversos temas de amplitude regional e global. “O Catar é um ator diplomático relevante graças à sua política externa de perfil ativo e independente”. 

Durante sessão de abertura do Fórum Empresarial Brasil-Catar, em Doha, seu primeiro compromisso oficial no país, Lula avaliou que o Brasil precisa estar mais presente no Golfo, “região com a qual compartilha importantes interesses comerciais e laços culturais e históricos”.  

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“Quero saudar a mediação do Catar para o acordo anunciado há poucos dias entre Israel e o Hamas, que envolve a libertação de reféns (mulheres e crianças) em troca de trégua temporária e da libertação de prisioneiros palestinos”, disse. “Compartilhamos a vocação pela paz”, completou. 

Comércio bilateral 

Para o presidente, o comércio bilateral entre Brasil e Catar cresceu “de maneira exponencial”, passando de cerca de US$ 38 milhões em 2003 para os atuais US$ 1,6 bilhão. Segundo ele, o país árabe figura como uma das principais portas de entrada do Brasil para negócios com o Oriente Médio.  

Agricultura 

Lula avaliou que o Catar desempenha papel fundamental para a agricultura brasileira como fornecedor de ureia e que o Brasil, como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos, contribui para a segurança alimentar catariana. “Nossos produtos são reconhecidos pela alta qualidade, preços competitivos e garantia de fornecimento”. 

“Estamos comprometidos com uma agricultura sustentável e alinhada com as melhores práticas em matéria ambiental. Mantemos manejo cuidadoso e criterioso dos produtos halal [que seguem critérios da cultura islâmica], com respeito pelos ritos islâmicos e pela cultura catariana.” 

Pauta comercial 

Ainda de acordo com o presidente, há espaço para a ampliação e a diversificação da pauta comercial entre Brasil e Catar, com produtos de maior valor agregado, como autopeças, produtos de defesa e aeronaves da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer).  

“O Brasil também está implementando medidas de facilitação de comércio como um sistema eletrônico de validação e assinatura de documentos para operações de comércio bilateral. Com esse sistema – que já está em vigor em nosso comércio com o Egito e a Jordânia – teremos o potencial de reduzir os prazos e os custos das transações comerciais entre o Brasil e o Catar.” 

COP28 

Ao final de seu discurso, Lula lembrou que deixa o Catar hoje rumo à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) em Dubai, onde vai lançar “um chamado à ação e à ambição no enfrentamento à crise climática”. “Estou certo de que o Catar também poderá ser um aliado importante nessa agenda”. 

 

O apresentador Luciano Huck foi comentou neste domingo (15) a iniciativa do presidente Lula (PT) ao enviar voos em uma missão de resgate dos brasileiros no Oriente Médio ante o conflito que está instalado em Israel e Gaza.

Em sua conta no X (antigo Twitter), o apresentador reconheceu as atitudes que vem tomando o presidente e que descreveu como "acertos" diplomáticos. "Só quero que o Brasil dê certo, que no futuro próximo sejamos um pais mais eficiente e afetivo. Sou crítico qdo (sic) acho necessário, mas também sei reconhecer acertos. E Lula acertou ao tomar as redeas (sic) da diplomacia para viabilizar o resgate dos brasileiros na zona de conflito em Israel e Gaza. Assim como acertou ao chamar o Hamas de terrorista, ao dialogar com os dois Estados, ao cobrar um corredor humanitário em Gaza e ao manifestar preocupação com todos os civis da região", escreveu.

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O comentário de Luciano foi logo avaliado por seus seguidores, que apoiaram a publicação e aproveitaram para alfinetar o ex-presidente Jair Bolsonaro. "Imagine Luciano se esse método diplomático, de diálogo e ajuda genuína a brasileiros tivesse ocorrido também na pandemia quantos mais poderiam ter sido salvos? Fica a reflexão", escreveu uma seguidora. 

Outro seguidor de Huck disparou que Bolsonaro sujou "sujou o nome do país no cenário internacional". "Sentiu a reação ao seu post dizendo que esforço diplomático era bla-bla-blá! Não tem como esconder que, depois de um genocida que sujou o nome do país no cenário internacional, o Brasil voltou a ter um estadista respeitado mundialmente na Presidência da República". 

Uma seguidora também corroborou sobre a atitude de Lula. "Deve estar surpreso ao ver um Chefe de Estado agindo como um Chefe de Estado né?! Não tava acostumado com um líder que se preocupa verdadeiramente com seu povo", comentou.

Operação Voltando em Paz

O Governo Lula disponibilizou aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para repatriar os brasileiros do Oriente Médio. Cinco aeronaves KC-30 e KC-390 Millennium e uma aeronave VC-2 da Presidência da República estão atuando na missão, que já resgatou 916 brasileiros e 24 pets. 

 

O presidente Lula (PT) anunciou que conversou por telefone com o presidente de Israel Isaac Herzog na noite desta quinta-feira (12). Pelas suas redes sociais, o chefe do Executivo brasileiro disse que agradeceu ao presidente do país em conflito pelo apoio a operação de repatriação de brasileiros que estão em Israel. O petista afirmou ter feito um apelo para que não falte água, luz e medicamentos nos hospitais para as vítimas do conflito.

"Conversei agora há pouco por telefone com o presidente de Israel Isaac Herzog. Agradeci o apoio para a operação de retirada dos brasileiros que desejam retornar ao nosso país. Reafirmei a condenação brasileira aos ataques terroristas e nossa solidariedade com os familiares das vítimas. Solicitei ao Presidente todas as iniciativas possíveis para que não falte água, luz e remédios em hospitais", apelou o presidente que pela primeira vez se referiu aos ataques do Hamas como terroristas.

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Lula que está de licença médica se recuperando de uma cirurgia no quadril, também fez questão de se solidarizar com os familiares das vítimas dos bombardeios e colocou seu governo à disposição para negociar o fim do conflito com o Hamas. "Não é possível que os inocentes sejam vítimas da insanidade daqueles que querem a guerra. Transmiti meu apelo por um corredor humanitário para que as pessoas que queiram sair da Faixa de Gaza pelo Egito tenham segurança. E que o Brasil está à disposição para tentar encontrar um caminho para a paz", afirmou o presidente.  

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Repatriação

Seis aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) já saíram do Brasil em buscar brasileiros que desejam voltar de Israel. Duas das aeronaves já retornaram ao Brasil com repatriados. Na última terça-feira (10), a primeira aeronave chegou trazendo 211 pessoas. Nesta quinta (12), mais 214 brasileiros desembarcaram no país. De acordo com o governo federal, 2,7 mil brasileiros que estão no Oriente Médio querem voltar ao Brasil.

O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu a Israel, nesta quinta-feira (12), para dar uma resposta "forte e justa" ao ataque do grupo islamita palestino Hamas e prometeu "fazer tudo o possível" para trazer os reféns franceses "sãos e salvos" de volta para casa.

"Israel viveu no sábado o ataque terrorista mais trágico de sua história [...] Centenas de bebês, crianças, mulheres e homens foram perseguidos, sequestrados, assassinados, feitos reféns", enumerou Macron em um discurso televisionado.

"Israel tem o direito de se defender, eliminando os grupos terroristas, entre eles o Hamas, [...] mas preservando as populações civis", com uma resposta "forte e justa" aos ataques, reforçou Macron.

No sábado, centenas de combatentes do Hamas cruzaram a fronteira israelense por terra, ar e mar, e mataram cerca de 1.200 civis nas ruas, em suas casas e em um festival de música.

Em uma das investidas, de uma violência extrema, tomaram cerca de 150 pessoas como reféns, cidadãos com dupla nacionalidade e estrangeiros, aos quais o Hamas ameaça assassinar.

Israel tem respondido com ataques aéreos e de artilharia durante seis dias contra alvos do Hamas na Faixa de Gaza, território empobrecido onde vivem 2,3 milhões de pessoas. Mais de 1.350 palestinos morreram nestes bombardeios.

Treze cidadãos franceses morreram no ataque do Hamas, informou Macron nesta quinta-feira, e dos 17 desaparecidos, entre eles quatro crianças, teme-se que muitos estejam nas mãos dos islamitas.

"A França faz tudo o que é possível [...] para que voltem sãos e salvos a seus lares", disse Macron. "A França nunca abandona seus filhos", acrescentou.

Nesta quinta, as famílias dos possíveis reféns pediram ao presidente francês para "intervir".

Diante do temor de que o conflito se propague para a França, que abriga a maior comunidade judaica da Europa, o presidente reiterou sua vontade de "proteger" os judeus e de impedir qualquer "ato antissemita".

"Quem confunde a causa palestina com a justificação do terrorismo comete um erro moral, político e estratégico", acrescentou Macron, em uma crítica velada ao partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI), criticado por não considerar o Hamas "terrorista", apesar de ter qualificado seu ataque de "crime de guerra".

Sem conseguir sair da Faixa de Gaza, o palestino-brasileiro Hasan Rabee, de 30 anos, conversou com a Agência Brasil nesta quinta-feira (12) e contou como tem sido viver na região sob intenso bombardeio de Israel. Ele está na cidade de Khan Younis, no Sul da Faixa de Gaza, próximo à fronteira com o Egito. Desde que os bombardeiros começaram ele tenta sair do local, mas não consegue.

O palestino-brasileiro conta que estão vivendo sem água e sem luz, que há dificuldade em encontrar comida, que a maioria da população fica trancada dentro de casa e que os bombardeiros são contínuos e diários. “Estamos em uma casa familiar de mais ou menos 20 pessoas e há bombardeio para todo lado. A gente só escuta barulho de bomba. Bastante gente no bairro foi atingido e muita gente morre sem nada”, relatou.

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Rabee é naturalizado brasileiro e trabalha como vendedor na cidade de São Paulo (SP) há 10 anos, desde que resolveu deixar a Palestina por causa dos conflitos com Israel. Há 12 dias, ele chegou à Gaza para visitar a família com as duas filhas brasileiras, de três e seis anos, e a esposa também brasileira.

“Um dia estava na casa da minha mãe e houve um bombardeiro do lado. Com isso, a gente teve que sair. Outro dia na casa da minha irmã, outro na casa do meu sobrinho. É assim que funciona. A gente está correndo de um lado para outro que nem doido”, afirmou.

Hasan Rabee também contou que não vê movimentação de militantes do Hamas e que as bombas têm caído em prédios residenciais. “Não existe movimentação do Hamas aqui. Não vejo isso. O que estou vendo é que quem está morrendo são pessoas normais, vizinhos, trabalhadores, pessoas de bem que estão morrendo”, descreveu.

A esposa de Hasan não quis falar por esta abalada pela situação. As filhas pequenas estão assustadas e eles criam desculpas para justificar os barulhos das bombas e dos aviões militares que sobrevoam a cidade.

“As crianças bem assustadas, cada bomba que cai, ou quando elas escutam o avião do bombardeio chegando, elas colocam a mão na orelha e fala ‘ó mamãe, chegou’. A gente fica tentando enganar elas, dizendo que é um time de futebol ganhou, que são festas, que são raios e que vai chover, cada hora é uma mentira diferente”, revelou o Hasan Rabee.

Saída

A família brasileira tentou sair da Faixa de Gaza pela fronteira de Rafah, que separa a Palestina do Egito, mas o local foi destruído pelo bombardeio de Israel. “A fronteira está fechada, por isso vai ser muito difícil para a gente sair. O governo brasileiro está fazendo a maior força para a gente sair, mas até agora nada”, afirmou.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, há 30 brasileiros em gaza que querem deixar a região. O governo tenta negociar uma forma de retirá-los por terra.

"Por que? Não fizemos nada!", grita um homem, observando os socorristas levarem o corpo de um familiar. Eles acabavam de retirá-lo dos escombros em um bairro residencial da Faixa de Gaza, bombardeada sem cessar pelos israelenses, em resposta à ofensiva do Hamas.

Um pouco mais distante, em Shati, maior campo de refugiados do enclave, devastado pelas guerras e pela pobreza, alguém grita: "Venham! Ainda está vivo!".

Um socorrista se aproxima, segura a mão que emerge sob os escombros e, ajudado por vários colegas e vizinhos, consegue retirar um homem, preso em meio ao entulho. Sua cabeça está ensanguentada.

Dezenas de voluntários foram ajudar as equipes de resgate nesta área, para encontrar os corpos e eventuais feridos em meio aos escombros deixados pelo mais recente bombardeio israelense na Faixa de Gaza, submetida a um "cerco total", sem água, energia elétrica ou combustível.

- "Onde estão a mamãe e meus irmãos?" -

Desde que o movimento islamita Hamas, que governa Gaza, lançou, no sábado, um ataque em solo israelense, matando mais de 1.200 pessoas, o enclave palestino vive sob bombardeios.

Dia e noite, o barulho de explosões, drones e outras deflagrações é incessante. Ninguém dorme, tanto por causa do ruído quanto pelo medo de saber que qualquer casa está potencialmente ameaçada.

Israel quer "liquidar" o movimento islamita e, desde que a operação teve início, ordenada após a ofensiva do sábado - a mais mortal desde a criação do Estado de Israel, há 75 anos -, mais de 1.300 palestinos morreram em Gaza.

Em Shati, aviões de combate efetuaram dezenas de bombardeios em apenas meia hora na manhã desta quinta-feira.

Um homem tira o filho de quatro anos dos escombros. "Papai, onde estão a mamãe e meus irmãos?", pergunta o menino, com o corpo coberto de poeira e sangue.

Jamal al Masri mal compreende o que acaba de acontecer.

"Estávamos dormindo e, de repente, todo o bairro ficou sob as bombas do ocupante. Destruíram a minha casa", relata à AFP.

"A do meu irmão, a dos meus pais, as casas de vários vizinhos também...", acrescenta, ainda emocionado.

"Todo mundo foi afetado, há fragmentos de corpos, cadáveres, os dos meus filhos e os dos filhos de outros", explica.

"O que aconteceu, papai? Isto realmente está acontecendo conosco?", o interrompe sua filha. "Tudo vai ficar bem", responde. "Vamos ficar aqui, não vamos embora de Gaza", assegura, apesar de, ao seu redor, nada parecer funcionar.

- "Talvez não esteja morto" -

Em muitos bairros, os que não foram reduzidos a ruínas fumegantes, não há eletricidade.

A única central elétrica que abastece o enclave, onde vivem 2,3 milhões de palestinos (metade, crianças) está parada, e por isso não há internet, nem água. As redes de telefonia tampouco funcionam.

No hospital al Shifa, o maior de Gaza, reina o caos.

Entre as idas e vindas de ambulâncias, vizinhos se amontoavam para perguntar sobre seus entes queridos. Os feridos vão e vêm e também há crianças sentadas no chão, paralisadas, em silêncio.

Um enfermeiro deixa um dos menores aos cuidados de um médico e pergunta, aos gritos: "Alguém conhece este menino?".

Em seguida, corre para atender as dezenas de feridos que, deitados em colchões finos de espuma, esperam atendimento.

Do necrotério ouvem-se soluços, gritos, lamentos.

O local está cheio e há, inclusive, dezenas de corpos enrolados em lençóis no chão.

Um jovem sai dali, tremendo. "Talvez não esteja morto. Seu corpo não está ali", diz.

"Vamos ver no serviço de emergência, certamente está sendo operado", repete, como que tentando convencer a si próprio.

O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, falou com exclusividade à Agência Brasil, nesta quarta-feira (11), em Brasília, sobre o conflito iniciado no Oriente Médio no último fim de semana. Para ele, ainda não é hora para uma mediação. O diplomata lamentou a morte de civis com os bombardeiros em Gaza, mas defendeu que as ações são necessárias e espera, com a guerra, que as relações de Israel com a Faixa de Gaza mudem para sempre.

“Acho que, neste momento, ainda é cedo para mediação porque a maneira com que o Hamas começou a guerra [contra] Israel ainda não terminou e vai terminar quando nós obtivermos as metas que temos que cumprir”, afirmou.

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Após intensificar o bombardeio contra a Faixa de Gaza, o Ministério da Defesa de Israel informou que pretende ocupar o território por terra. 

Questionado se o cerco a Gaza e o intenso bombardeio não podem causar a morte de muitos civis, o embaixador Zonshine respondeu que o Hamas faz os lançamentos de foguetes de áreas residenciais. “O povo palestino, que é refém nas mãos do Hamas, infelizmente vai pagar parte desse preço da brutalidade e da agressividade das opções do Hamas, infelizmente. A ideia de Israel não é atacar civis, ao contrário do método de Hamas. A ideia deles é atacar e matar civis”, acentuou.

Sobre a posição e as ações do governo brasileiro em relação ao conflito, o diplomata israelense afirmou que a expectativa dele é que o Brasil “vai mostrar solidariedade, mas também uma palavra clara de condenação ao terrorismo do lado do Hamas”.

O diplomata acrescentou esperar que a guerra modifique para sempre as relações entre a Faixa de Gaza e Israel. “A era de agressões entre Gaza e Israel não vai continuar como era antes”, concluiu. 

Confira, a seguir, a entrevista na qual o representante do governo de Israel no Brasil fala das dificuldades para viver em paz com os vizinhos, da não consolidação do Estado da Palestina 75 anos após a criação do Estado de Israel e das acusações de que Israel pratica um regime de apartheid contra os palestinos.

Agência Brasil: Como o governo de Israel analisa o posicionamento e as ações do governo do Brasil, até o momento, em relação ao conflito? Daniel Zohar Zonshine: Nós estamos em contato com o governo brasileiro e a expectativa é que o governo brasileiro vai mostrar solidariedade, mas também uma palavra clara de condenação ao terrorismo do lado do Hamas. Os dias passam e isso é tempo para mostrar de maneira bem clara a posição do governo do ponto de vista humano e de interesse humano e límpida.

Agência Brasil: Como o Brasil poderia ajudar para mediar esse conflito uma vez que o país está como presidente do Conselho de Segurança da ONU? Zonshine: Acho que, neste momento, ainda é cedo para mediação, porque a maneira como o Hamas começou a guerra [contra] Israel ainda não terminou e vai terminar quando nós obtivermos as metas que temos que cumprir. Agora, depois vamos começar com uma mediação para ver de que maneira podemos continuar. Mas as coisas que tiveram antes não vão continuar, nem a possibilidade de o Hamas continuar a atacar Israel. Hamas vai pagar um preço. A sociedade israelense é uma sociedade forte e vai se recuperar. Israel vai se recuperar desse choque que recebeu. Só depois disso é que podemos falar de mediação.

Agência Brasil: A reação ao ataque do Hamas adotada por Israel com bloqueio completo de Gaza e o intenso bombardeio aéreo numa região tão densamente povoada não podem levar a um número muito alto de baixas civis? O que Israel tem feito para reduzir essas baixas de civis? Zonshine: Essa guerra não é uma guerra que nós começamos, não é uma guerra que nós queremos. Quem começou essa guerra tem que levar resultados não só do lado israelense, também do lado deles. Não pode ser que, depois desse ataque do Hamas, nós vamos sentar em casa e o Hamas vai continuar a fazer o que ele está fazendo. Nós lamentamos esse assunto e o fato é que o Hamas vem atuando por dentro de áreas povoadas, áreas residenciais, lançando foguetes contra Israel. O povo palestino, que ficou refém nas mãos do Hamas, infelizmente vai pagar parte desse preço da brutalidade e da agressividade das opções do Hamas, infelizmente. A ideia de Israel não é atacar civis, ao contrário do método de Hamas, a ideia deles é atacar e matar civis. Estamos numa guerra e nessa guerra, infelizmente, [haverá] mais vítimas dos dois lados.

Agência Brasil: A maior parte da comunidade internacional, incluindo o Brasil, defende que a saída para as hostilidades seria a consolidação de um Estado palestino economicamente viável. Por que essa saída ainda não foi possível após 75 anos da criação do Estado de Israel? Zonshine: Esta é uma pergunta que tem que [se] fazer não só com a situação desses dias. Tenho certeza que tem solução que todo mundo vai gostar, todo mundo dos dois lados, para, pelo menos, chegar a uma situação de convivência. Convivência para que os dois lados possam viver lado a lado, em paz, desenvolver a vida, economia, desenvolver educação, educação para uma vida melhor para os dois lados. Lá, a educação é de ódio contra os outros. Desde o início do Estado de Israel, a ideia de Israel é viver em paz com seus vizinhos. Quero mencionar que, em 2005, Israel saiu completamente da Faixa de Gaza e o Hamas, que está dominando lá quase desde esse tempo, escolheu investir os recursos para destroçar Israel. O dinheiro que eles recebem vai para atacar Israel e não para construir escolas e hospitais. Nos últimos dias, a União Europeia parou o financiamento que deu para livros de educação na Faixa de Gaza porque os livros lá têm criação de ódio contra Israel. Isso não é uma coisa que pode continuar. Israel e outras entidades não podem aceitar.

Acredito que tem que diferenciar o Hamas do povo palestino. Hamas não representa o povo palestino. Hamas é uma organização terrorista e o povo palestino merece uma coisa melhor do que isso. Israel não tem nada contra o povo palestino, mas só contra o grupo terrorista do Hamas que está dominando a Faixa de Gaza.

Agência Brasil: Muitos críticos à política de Israel para com a Palestina, que incluem organizações de direitos humanos como Anistia Internacional e Human Rights Watch, alegam que o tratamento de Israel para o povo palestino configura um regime de Apartheid e que isso seria um combustível para manutenção dessas hostilidades. Como que Israel tem encarado essa questão e por que não ocorre a desocupação dos territórios que a Resolução 181 da ONU sugere que fiquem sob controle da Palestina? Zonshine: Tem que diferenciar a Faixa de Gaza da Cisjordânia. Em 2005, Israel saiu completamente da Faixa de Gaza e deixou os palestinos lá para manejar as vidas deles. E, pelo contrário, Israel ainda está abastecendo água, abastecendo eletricidade e outras coisas e tem um crédito, um tipo sistema econômico entre os dois. A escolha do Hamas de atacar Israel não melhorou a vida deles e é uma coisa muito lamentável. Agora, na Cisjordânia temos outra situação, temos lá uma cooperação com a Autoridade Palestina. Mas também temos lá coisas que devem ser melhoradas. Temos que negociar com a Autoridade Palestina, que representa o povo palestino, mas lá tem os extremistas que fazem as coisas serem mais difíceis. Mas o fato é que Israel está abastecendo Gaza com eletricidade e água e recebe de lá foguetes. Isso é uma coisa que não pode continuar e não podemos aceitar. A ideia de Israel não é o sofrimento das pessoas de Gaza, mas as responsabilidades do Hamas, que domina a faixa de Gaza, para melhorar a vida das pessoas de lá e não só destruir. Não pode deixar toda a responsabilidade sobre Israel, há mais responsabilidades que o mundo tem que entender que não é só Israel que domina.

Agência Brasil: Como que o governo de Israel espera que esse conflito termine? Qual seria uma boa resolução para esse conflito? Zonshine: A situação, que começou no sábado, não pode terminar como era antes. A era de agressões entre Gaza e Israel não vai continuar como era antes. Infelizmente, não era nosso objetivo, mas não podemos aceitar esse tipo de ataque e o Hamas vai pagar um preço pesado pela agressividade e atrocidades que fez contra Israel. Israel deve proteger e vai proteger seus cidadãos e vai reconstruir, vai voltar a vida e plantar árvores em troca das árvores que foram queimadas pelo Hamas. Vai reconstruir o que foi destruído pelo Hamas. No Oriente Médio, não podemos mostrar fraqueza. E se o Hamas vai pensar que, com essa agressividade e atrocidade ele pode ganhar alguma coisa, ele perdeu nesse sentido.

Uma intervenção da milícia xiita libanesa Hezbollah e a incerteza sobre o papel do Irã são os principais fatores que podem fazer esse conflito entre Israel e Hamas, já sem precedentes, desemboque em uma guerra regional mais ampla, segundo analistas.

Por enquanto, não há indícios de uma ofensiva iminente do Hezbollah contra Israel, apesar das crescentes tensões fronteiriças, enquanto o Irã, pelo menos oficialmente, insiste em que não está envolvido no ataque de sábado do Hamas a Israel.

Os países árabes vizinhos desejam, por sua vez, melhorar as relações com Israel e veem a oportunidade de desempenhar um papel mediador. A imensa volatilidade da situação apresenta, no entanto, riscos para o futuro.

Milhares de pessoas já morreram em ambos os lados, depois que o Hamas lançou uma ofensiva surpresa contra alvos civis e militares israelenses no sábado, e Israel respondeu com bombardeios devastadores na densamente povoada Faixa de Gaza.

Ao contemplar uma ofensiva terrestre em Gaza, Israel teme, contudo, a possibilidade de uma segunda frente na fronteira norte contra o Hezbollah, que já travou uma guerra contra as forças israelenses em 2006.

Símbolo da tensão dos últimos dias, Israel bombardeou o sul do Líbano nesta quarta-feira, depois de lançar foguetes a partir da zona fronteiriça reivindicada pelo Hezbollah, segundo a imprensa estatal libanesa.

"Estamos muito preocupados que o Hezbollah tome a decisão equivocada e opte por abrir uma segunda frente nesse conflito", declarou à imprensa, em Washington, um funcionário de alto escalão do Departamento americano da Defesa.

- "Reação contida" -

Até o momento, porém, não há sinais de que o Hezbollah - grupo que, segundo analistas, conta com uma força de combate maior do que a de seu aliado palestino Hamas - lançará uma ofensiva própria.

Não se descarta uma segunda frente no norte de Israel, mas "o Líbano não está interessado em uma conflagração, quando atravessa uma grave crise política e econômica", diz Hasni Abidi, diretor do Centro de Estudos e Pesquisa sobre o Mundo Árabe e Mediterrâneo, com sede em Genebra.

"Sim, existe o risco de transbordamento, mas até o Hezbollah tem uma reação contida e calibrada", acrescenta.

Para Agnès Levallois, vice-presidente do Instituto de Pesquisa e de Estudos do Mediterrâneo Oriente Médio (iReMMO, na sigla em francês), com sede em Paris, a atividade do Hezbollah no sul do Líbano é uma forma de sinalizar o risco potencial.

"Mas não creio que eles estejam interessados em que isso vá mais longe", acrescenta.

Diferentemente das décadas passadas, os principais vizinhos árabes e potências regionais, como Egito e Arábia Saudita, parecem mais dispostos a tentar acalmar as tensões e, assim, aumentar seu prestígio internacional com um papel de mediador.

Em uma conversa por telefone com o presidente palestino, Mahmud Abbas, o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, disse trabalhar para evitar uma "expansão do conflito".

O risco também pode chegar da Cisjordânia ocupada, administrada pela Autoridade Palestina de Abbas, mas onde grupos milicianos continuam presentes.

Steven Cook, pesquisador sênior do "think tank" americano Council on Foreign Relations, considera "improvável" um "conflito interestatal" entre um exército árabe e Israel.

Mas, acrescenta, existe um "perigo real" de escalada entre Hezbollah e Israel.

"É algo pelo que todo o mundo deveria estar em alerta máximo", estima.

- Quem é o principal inimigo? -

Mas, possivelmente, o maior risco seria do Irã, que sempre se recusou a reconhecer Israel e o considera seu arqui-inimigo regional. Há tempos, Teerã apoia financeira e militarmente o Hamas.

Seu líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, negou na terça-feira "rumores" de que o Irã esteja envolvido no ataque do Hamas, embora tenha instado "todo o mundo islâmico" a apoiar os palestinos.

Sua intervenção foi incomumente rápida e explícita, considerando-se que costuma esperar muitos dias antes de comentar estas questões.

Ontem, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que considerava "provável" que o Hamas tenha recebido "ajuda" externa em seu ataque contra Israel, mas reconheceu não haver "rastro formal" de um "envolvimento direto" de Teerã.

Israel nunca descartou uma ação militar contra o programa nuclear do Irã e, segundo os observadores, tem estado por trás de várias operações dentro desse país nos últimos anos.

"A cooperação do Irã com o Hamas não é nova, mas não vejo Teerã se arriscando a uma conflagração regional", afirma Levallois.

Para Denis Bauchard, conselheiro do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI), a questão-chave é quem é o principal inimigo de Israel neste conflito: "É apenas o Hamas, ou é o Irã?".

"Existe, sobretudo, o risco de uma conflagração, se Israel considerar - com ou sem razão - que o Irã estimulou essa operação", completa.

O Senado aprovou nesta terça-feira, 10, uma moção de repúdio ao ataque do Hamas contra Israel na madrugada do último sábado, 7. O requerimento, apresentado pelo senador Magno Malta (PL-ES), foi aprovado pelos senadores em votação simbólica (ou seja, sem o registro do voto individual de cada parlamentar.

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse, durante a sessão, que o governo federal dará suporte para o resgate de todos os brasileiros na região.

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"Nós temos, dos dois lados do conflito, compatriotas nossos: são 14 mil brasileiros em Israel e outros 6 mil na Palestina. Com esse primeiro voo que decolou há quatro horas e que já está em direção, já está em destino à nossa capital, trazendo o primeiro grupo de 211 compatriotas nossos, inaugura-se a maior operação da história da Força Aérea Brasileira de resgate de nacionais em áreas de conflitos. A determinação do Governo brasileiro, a determinação do Presidente Lula é de não deixar nenhum compatriota para trás", afirmou Randolfe.

"Já temos mais de 1,6 mil brasileiros que manifestaram o desejo de retornar para cá, nenhum desses nossos compatriotas, estejam na Palestina, estejam em Israel, serão deixados para trás pela orientação e pela determinação do governo do presidente Lula", completou.

Randolfe reforçou a posição do governo de condenar o ataque do Hamas contra Israel.

"É importante também destacar, e que não reste dúvida sobre isso, a posição inequívoca do presidente Lula e de nosso governo em relação ao que ocorre no Oriente Médio, ao que ocorre na Palestina e em Israel. Essa posição foi expressa pelo presidente da República logo após as primeiras horas do conflito. A primeira dessas posições é condenação total a atos terroristas, sobretudo às primeiras ações terroristas organizadas pelo Hamas", afirmou.

No início da sessão desta terça-feira, 10, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se pronunciou oficialmente sobre o atentado em Israel no último fim de semana. Pacheco chamou o ataque de "atentado terrorista surpresa, covarde e sem precedentes" e disse que o Senado defende "a solução pacífica dos conflitos".

"O ataque terrorista ocorrido em sábado deixou o mundo inteiro atônito, perplexo em estado de alerta. Um ataque terrorista surpresa, covarde e sem precedentes contra civis, jovens, mulheres, criança, famílias inteiras, não encontra o menor indício de legitimidade, qualquer que seja a causa defendida por um grupo ou nação", disse Pacheco.

Segundo o presidente do Senado, "ataques indiscriminados contra civis são ações de selvageria que violam princípios mais básico do direito internacional e da dignidade humana".

"O Senado defende a solução pacífica dos conflitos. Somente por meio do diálogo será possível alcançar a paz tão desejada por todos. Não precisamos de mais guerras. É urgente que a comunidade internacional envide esforços em favor da paz entre israelenses e palestinos", completou.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 10, moção de repúdio aos ataques terroristas do Hamas contra Israel, iniciados neste sábado, 7. A aprovação foi unânime, com 312 deputados favoráveis às aprovações e nenhum contrário.

A aprovação da moção que tem caráter simbólico ocorre em um momento onde o governo é criticado por não classificar o Hamas como um grupo terrorista. Nas notas de falecimento dos dois brasileiros que foram mortos em uma festa rave próximo à Faixa de Gaza, o Itamaraty mencionou os acontecimentos como "falecimento" e não "assassinato".

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Desde o início dos ataques do Hamas, os deputados protocolaram 14 requerimentos pedindo a aprovação de uma moção de repúdio, sendo todos eles aprovados nesta terça. Os votos partiram de deputados tanto da oposição quanto do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Um dos pedidos de moção de repúdio, é de autoria do vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP), que disse que os ataques e bombardeios que atingem Israel "são atos de terrorismo e desrespeitam as regras internacionais, devendo ser condenados veementemente por todas as nações civilizadas".

"O ato de violência e covardia contra Israel é um ato sem precedentes e que acaba por afligir o mundo todo. Esses ataques e bombardeios, por si só, já são altamente condenáveis, porém quando se atinge propositadamente civis, a consternação e sentimento de revolta por tamanha injustiça cometida a um povo é manifesto", afirma o requerimento de Pereira.

Governistas colocam Israel e Hamas como autores de atos violentos

Outro requerimento, de autoria de deputados da base do governo, coloca tanto o Hamas quanto Israel como autores de violência, e não cita que os atos perpetrados pelo grupo desde o início do final de semana sejam terroristas. Os governistas também pedem aos dois lados e à comunidade internacional uma busca pela paz.

"Merece a condenação desta Casa o anunciado corte de água, energia, alimentos e medicamentos para a população em Gaza, medida extrema que agride cerca de dois milhões de pessoas, sem qualquer participação nos atos de violência. Todas as vidas merecem ser protegidas e ter sua dignidade preservada", justificam os parlamentares governistas.

Pelas suas redes sociais, Lula se pronunciou e disse que ficou "chocado" pelos ataques contra Israel e disse que as ações do grupo foram "ataques terroristas". O presidente prestou condolências aos familiares das vítimas e afirmou que repudia o terrorismo "em qualquer das suas formas". O petista também sugeriu que sejam feitas negociações para que um estado palestino conviva pacificamente com Israel "dentro de fronteiras seguras para ambos os lados".

"Conclamo a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados", afirmou Lula.

Israel anunciou, nesta terça-feira (10), que havia retomado o controle das áreas em torno da Faixa de Gaza e seguiu bombardeando o enclave, contra o qual declarou um cerco total em uma guerra que já deixou milhares de mortos desde a ofensiva lançada no sábado pelo movimento islamita Hamas.

"Já estamos em meio à campanha, mas isto é apenas o começo. Venceremos com a força, com muita força", advertiu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na noite de segunda-feira.

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As forças de segurança "recuperaram mais ou menos o controle da fronteira" com Gaza, mas "as infiltrações podem continuar", disse o porta-voz militar Richard Hecht.

Na segunda-feira, Israel impôs um "cerco total" à Faixa de Gaza para que não chegue ao território "nem eletricidade, nem comida, nem água, nem gás", nas palavras de seu ministro da Defesa.

Além disso, ordenou a seus cidadãos que evacuem todas as localidades no entorno de Gaza, gerando temores de uma iminente ofensiva terrestre neste pequeno território de 360 km², onde 2,3 milhões de palestinos, já sob bloqueio israelense há 16 anos, vivem de forma precária.

Por sua vez, o Hamas ameaçou executar os cerca de 150 reféns sequestrados em Israel, incluindo crianças, mulheres, idosos e os jovens capturados em um festival de música eletrônica.

Os milicianos mataram 250 pessoas nesse festival.

Outro massacre ocorreu no kibutz de Be'eri, onde foram mortas "mais de 100 pessoas", informou à AFP um porta-voz da ONG Zaka, que participou da identificação das vítimas.

Os paramilitares "atiraram contra todos, assassinaram a sangue frio crianças, bebês, idosos, todos", afirmou.

O Hamas lançou mais de 5.000 foguetes durante sua incursão, de uma magnitude sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948.

- Balanços de mortos não param de aumentar -

Mais de 900 pessoas, incluindo muitos estrangeiros, morreram e outros 2.616 ficaram feridos desde o sábado em território israelense. O Exército também indicou que havia encontrado corpos de 1.500 combatentes do Hamas.

Do lado palestino, 765 pessoas morreram nos bombardeios israelenses em Gaza, e 4.000 ficaram feridas, segundo as autoridades locais.

Quatro jornalistas palestinos perderam a vida em um bombardeio de Israel na cidade de Gaza.

Um morador do enclave, Muhammad Najib, de 70 anos, relatou que deixou sua casa na segunda-feira após os avisos dos israelenses e que, ao retornar ao seu bairro, Al Rimal, na terça-feira, encontrou uma "cena aterrorizante".

"Todo o setor estava devastado, muitas casas estavam totalmente destruídas", afirmou. O que ocorreu "é culpa de crianças e mulheres?", questionou.

No hospital Al Shifa, que atende a população do enclave, a situação é catastrófica.

"Estamos tratando de muitos feridos, principalmente mulheres e crianças que chegam ao mesmo tempo", disse à AFP o médico da emergência Mohammad Ghoneim, sendo interrompido pela chegada de novos feridos: três mulheres, duas crianças, um idoso e dois jovens.

Na segunda-feira, o Hamas ameaçou executar os reféns sequestrados em Israel.

"Cada ataque contra nosso povo sem aviso prévio será respondido com a execução de um dos reféns civis", advertiu o braço armado da organização islamita.

Na terça-feira, o Hamas relatou que dois de seus líderes foram mortos nos ataques israelenses.

Tratam-se de Zakaria Muammar, responsável pelos assuntos econômicos de Gaza, e Jawad Abu Shamala, que coordenava os contratos com outros grupos palestinos e atuava como chefe de relações nacionais do Hamas.

O Exército israelense bombardeou o posto fronteiriço de Rafah, que liga a Faixa de Gaza ao Egito, três vezes em 24 horas. Este ponto é a única saída do enclave palestino que não está sob o controle de Israel.

Netanyahu comparou o ataque do Hamas às atrocidades cometidas pelo grupo Estado Islâmico (EI): "os terroristas do Hamas amarraram, queimaram e executaram crianças (...) São selvagens. O Hamas é o EI", declarou.

Pelo terceiro dia consecutivo, Israel foi alvo de disparos de foguetes do sul do Líbano e respondeu bombardeando essa região. Esses últimos ataques foram reivindicados pelas brigadas Al Qasam, braço armado do Hamas.

- ONU e UE contra o "cerco total" -

A ONU alertou que o "cerco total" imposto por Israel a Gaza é "proibido" pelo Direito Internacional Humanitário e que, desde o início deste confronto, mais de 187.500 pessoas dentro da Faixa de Gaza foram obrigadas a deixar o local.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu, por sua vez, a abertura de um corredor humanitário na região para permitir o envio de material médico essencial à população.

A União Europeia (UE) também criticou essa decisão.

"Israel tem o direito de se defender. Mas isso deve ser feito de acordo com a legislação internacional, com as leis humanitárias", disse o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell, após uma reunião ministerial em Mascate, capital de Omã.

No Irã, o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, negou mais uma vez o envolvimento de seu país na operação do Hamas, ao mesmo tempo em que reafirmou o apoio "à Palestina".

Os Estados Unidos, que começaram a enviar ajuda militar a Israel no domingo e a posicionar sua frota aérea-naval no Mediterrâneo, estão prontos para enviar recursos adicionais "para fortalecer sua dissuasão" diante do aumento da tensão regional, afirmou o presidente Joe Biden.

Em 2021, dez deputados do PT assinaram uma nota contra a designação de "grupo terrorista" ao Hamas. O comunicado menciona que a "resistência não é terrorismo" e foi uma resposta à declaração do governo britânico feita na época.

O texto datado de 23 de novembro de 2021 menciona a luta por direitos e legitima a atuação do Movimento de Resistência Islâmico (Hamas) baseado no Direito Internacional e Humanitário, na Carta das Nações Unidas e por resolução da Organização das Nações Unidas (ONU).

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Assinaram o documento os deputados:

Zeca Dirceu (PR), atual líder da bancada do PT na Câmara;

Paulo Pimenta (RS), atual chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo federal;

Alexandre Padilha (SP), atual secretário de Relações Institucionais da Presidência;

Érika Kokay (DF);

Professora Rosa Neide (MT);

Enio Verri (PR);

Helder Salomão (ES);

Nilto Tatto (SP);

Padre João (MG);

Paulão (AL).

Confira na íntegra:

“Resistência não é terrorismo!

Todo apoio ao povo palestino na luta por legítimos direitos. Os parlamentares, entidades e lideranças brasileiras que subscrevem este documento, expressam o seu profundo descontentamento à declaração da secretária do Interior da Inglaterra, Priti Patel, que atribuiu ao Movimento de Resistência Islâmico – Hamas, a designação de “organização terrorista”, alegando falsamente que o Movimento palestino seria “fundamentalmente e radicalmente antissemita”. Este posicionamento representa uma extensão da política colonial britânica, em desacordo com a posição da maioria do povo da Inglaterra, que se opõe à ocupação israelense e aos seus crimes. Seu objetivo é claro: atingir a legítima resistência palestina contra a ocupação e o apartheid israelense, numa clara posição tendenciosa em favor de Israel e tornando-se cúmplice das constantes agressões aos palestinos e aos seus direitos legítimos. O direito à resistência assegurados pelo Direito Internacional e Humanitário, pela Carta das Nações Unidas e por diversas Resoluções da ONU, entre elas as de nº 2.649/1970, 2.787/1971 e 3103/1974, reiterando o direito de todos os povos sob dominação colonial e opressão estrangeira de resistir ao ocupante usurpador e se defender. A resistência é um legítimo direito dos palestinos contra a ocupação e as reiteradas violações dos direitos humanos, bem como os crimes de guerra. Direito que os palestinos não abrem mão e para o qual, contam com o nosso apoio e solidariedade à sua causa de libertação e pelo seu Estado nacional palestino."

O corpo do gaúcho Ranani Glazer, de 24 anos, foi encontrado pelo Exército de Israel na noite dessa segunda (9). Ele estava na rave Universo Paralelo, que foi invadida por homens armados do Hamas, no sábado (7), no deserto de Negev, no Sul do país, a menos de 20 quilômetros de Gaza.

Ranani e outras pessoas conseguiram fugir logo após a invasão e se abrigaram em um bunker. Antes de desaparecer, ele publicou um vídeo nas redes sociais em que relatou sobre a fuga. Ele morava há sete anos em Israel e chegou a prestar serviço no Exército local.

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"No meio da rave a gente parou num bunker, começou uma guerra em Israel, pelo menos a gente está num bunker agora, seguro. Vamos esperar dar uma baixada nisso, mas, cara, foi cena de filme agora, a gente correndo quilômetros para achar um lugar para se esconder", disse antes de desaparecer.

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A tia Karen confirmou ao Globo que o exército israelense foi até a casa do irmão, o pai de Ranini, em Israel, para informar sobre a morte. Ao menos 260 corpos foram encontrados no local da rave.

O presidente Lula prestou solidariedade aos familiares e amigos em um comunicado nas redes sociais.

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