Tópicos | Conservadorismo

A Frente Parlamentar Mista de Combate à Corrupção, inaugurada nesta terça-feira (12) na Câmara dos Deputados, teve como um dos pontos de interesse os discursos de seus membros principais, que compõem a mesa diretora. O presidente da frente, deputado federal Coronel Meira (PL-PE), teve a companhia na mesa de abertura do primeiro vice-presidente, deputado federal Delegado Ramagem (PL-RJ), a segunda vice-presidente, deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o coordenador geral, senador General Girão (PL-RN), e a coordenadora jurídica, deputada federal Bia Kicis (PL-DF).

Com bottons confeccionados com uma estrela vermelha riscada na lapela, parlamentares fizeram apontamentos, de forma contraditória, que a corrupção é uma característica inerentemente humana e que ao mesmo tempo o brasileiro é honesto em sua essência. Sem mencionar o nome do presidente Lula (PT), membros da Frente criticaram a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli de anular as investigações da extinta operação Lava Jato e dizer que a condenação do atual Chefe do Executivo foi um "erro histórico".

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Durante suas falas, o deputado federal Coronel Meira fez uso de argumentos questionáveis ao mencionar o Foro de São Paulo, instituição política fundada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que reúne partidos de esquerda de diferentes países da América Latina. “É nossa missão pesquisar essas relações e diálogos cabulosos, para criarmos mecanismos que protejam a soberania e a sociedade brasileira. É preciso, portanto, utilizando mecanismos transparentes, constitucionais e democráticos, que enfrentemos o projeto totalitário de poder, que eu não tenho dúvida nenhuma, nasceram no Foro de São Paulo”, declarou. 

O parlamentar ainda citou o filósofo irlandês Edmund Burke, conhecido como o pai do conservadorismo, que fez duras críticas à Revolução Francesa. Nas palavras do coronel, o momento vivido na França no século XVIII foi um “marco de ignorância e brutalidade”. 

O deputado concluiu que o Brasil deve se espelhar em países que são exemplos no combate à corrupção, como é o caso de Cingapura, no sudeste asiático. O país reverteu os índices de corrupção com medidas consideradas socialistas, como a criação de estatais, reforma educacional e aumento de salário da classe trabalhadora. As leis vigentes, no entanto, são consideradas duras em comparação a outros países, como é o caso da pena de morte, sentença considerada no Brasil inconstitucional, segundo a Constituição Federal de 1988.

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O resultado destas eleições de 2022 demonstraram que o eleitor e a eleitora vêm escolhendo opções mais à direita e radicalizadas para lhes representar, e não seria diferente em Pernambuco, que elegeu 25 deputadas e deputados para representar o Estado em Brasília. O alinhamento com Bolsonaro se dá quando, por exemplo, André Ferreira, do Partido Liberal, o mesmo de Bolsonaro, foi o deputado eleito com mais votos, sendo 273.267 ao total, tendo Clarissa Tércio (PP) em segundo lugar, com 240.511 votos.

Houve algumas modificações no quadro plausíveis de serem destacadas como, por exemplo, o aumento do número de mulheres, que foi de uma para três, e a perda de atores importantes para Pernambuco, como Daniel Coelho.

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O fato de termos André Ferreira e Clarissa Tércio em primeiro e segundo lugar demonstra, de acordo com o cientista político da UFPE, Arthur Leandro, que a identificação religiosa e o espaço institucional das igrejas são elementos importantes para a conquista e organização do eleitorado. “As casas legislativas do Brasil, em geral, e de Pernambuco em particular, estão mais à direita hoje do que há 10 anos, é absolutamente plausível a hipótese de que o eleitorado, em média, esteja mais conservador”, explicou. 

Para ele, isso acontece pelo crescimento da população evangélica no País, “em um país em sensível transição religiosa, o impacto das denominações evangélicas que praticam a chamada ‘teologia do domínio’ tende a ser relevante. A maior inserção política decorre disso”. “Historicamente, candidatos ligados a denominações como as Assembleias de Deus nem precisam fazer campanha fora da igreja: bastava contar com o apoio das lideranças”, detalhou.

De acordo com uma pesquisa do Datafolha, de 2003 a 2016 a quantidade de evangélicos no Brasil cresceu 129%, ou seja: três a cada 10 brasileiros com 16 anos ou mais eram evangélicos. Em 2020, eram aproximadamente 12,4 milhões de jovens entre 16 a 24 anos que se declararam evangélicos. 

“Há grupos evangélicos bastante organizados, politicamente atuantes na sociedade brasileira, e têm total direito de serem representados. Isso é um desafio para agremiações políticas organizadas de modo convencional, como o PT. Os representantes políticos do segmento evangélico, principalmente dos evangélicos pentecostais, costumam ter como bandeira pública uma agenda de costumes tradicionais para o conjunto da sociedade, mas não defendem, de resto, programa partidário muito claro ou coeso, constituindo o que se chama de ‘Centrão’ na política brasileira”, afirmou o especialista.

Numa análise sobre a bancada de Pernambuco na Câmara dos Deputados, o cientista político Alex Ribeiro afirmou que o Centrão saiu vitorioso no Estado. “PP, União Brasil e PL ficaram fortalecidos. O PSB perdeu força. Vale lembrar também que atores políticos considerados de extrema direita como Clarissa Tércio, ficaram mais em evidência e, como em outras partes do país, estão em franca ascensão no cenário político”, disse Alex.

Por sua vez, Arthur Leandro detalhou que o Centrão não preza por articulação partidária orgânica, não tem programa claro em relação às políticas públicas para o Brasil. “Ele tem uma visão pontual sobre temas específicos, como eutanásia, pesquisas com células-tronco, aborto, uso de drogas, direito dos LGBTQIA+, etc. Por outro lado, não tem posições muito claras sobre temas como preservação ambiental, política tributária, legislação social, relações exteriores, etc.”. 

“Esse grupo tem uma conexão muito boa com a sua base. Não sei dizer se é bom ou ruim, mas sinaliza com alguma orientação política refletida hoje no Congresso Nacional, tanto que o partido que teve maior bancada foi o PL, que é o partido do presidente da República e não tem agenda nenhuma efetivamente do ponto de vista de uma orientação programática para o País”, observou Arthur Leandro. 

Do seu ponto de vista, Bolsonaro não é um “conservador no sentido original do termo”. “Os conservadores mundo afora são institucionais, defensores do estado de direito, das liberdades individuais, do poder local, dos laços comunitários, do meio ambiente”, explicou, ao ser questionado sobre a onda do conservadorismo no Brasil. 

Mesmo com Lula (PT) tendo somado pouco mais de 48% dos votos, ante 43% de Bolsonaro, com um segundo turno relativamente apertado, diferente do que mostravam as pesquisas, o professor de ciência política observa que Lula deve fazer um governo “muito difícil”. “Acho que Lula tem chances reais de ganhar. O Congresso  hoje controla o orçamento, e o Centrão controla o Congresso. Há uma crise fiscal muito séria em curso. Além disso, o bolsonarismo está vitaminado”, ponderou.









Representantes de Pernambuco na Câmara dos Deputados:

André Ferreira (PL): 273.267 votos

Clarissa Tércio (PP): 240.511 votos

Pedro Campos (PSB): 172.526 votos

Silvio Costa Filho (Republicanos): 162.056 votos

Fernando Filho (União Brasil): 155.305 votos

Waldemar Oliveira (Avante): 141.386 votos

Túlio Gadelha (Rede): 134.391 votos

Carlos Veras (PT): 127.482 votos

Eduardo da Fonte (PP): 124.850 votos

Clodoaldo Magalhães (PV): 110.620 votos

Maria Arraes (Solidariedade): 104.571 votos

Iza Arruda (MDB): 103.950 votos

Augusto Coutinho (Republicanos): 101.142 votos

Pastor Eurico (PL): 100.811 votos

Fernando Monteiro (PP): 99.751 votos

Eriberto Medeiros (PSB): 99.226 votos

Lula da Fonte (PP): 94.122 votos

Lucas Ramos (PSB): 85.571 votos

Guilherme Uchoa Junior (PSB): 84.592 votos

Coronel Meira (PL): 78.941 votos

Felipe Carreras (PSB): 76.528 votos

Mendonça Filho (União Brasil): 76.022 votos

Luciano Bivar (União Brasil): 74.425 votos

Fernando Rodolfo (PL): 60.088 votos

Renildo Calheiros (PCdoB): 59.686 votos

O Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) realizou, nesta quinta-feira (18), o encontro “Paz nas eleições”, com o objetivo de fortalecer um pacto pela paz e pela tolerância entre os cidadãos e eleitores. Líderes de vários segmentos religiosos participaram do encontro, como religião de matriz africana, budistas, espíritas, evangélicos, católicos, adventistas. Além disso, também foi reforçada a importância do voto e a segurança da urna eletrônica, com vários exemplos de como ela funciona e de como funciona todo o processo em torno dela. 

O desembargador e presidente do TRE-PE, André Guimarães, salientou a importância da democracia como um campo fértil de defesa das ideias, “mas nunca de forma radical, com fanatismo exagerado e intolerância”. “Os representantes sabem melhor que eu que o fanatismo e radicalismo religioso deturpa as ideias, e não é isso o que queremos. Eles não trazem harmonia social e nem traz o bem social. Estamos convictos de que as religiões têm por princípio fundamental a harmonia, fraternidade, solidariedade, e esperança”, disse. 

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Ele exaltou as vantagens da que a urna eletrônica trouxe ao processo eleitoral brasileiro desde a sua implementação, há 26 anos. “Com ela, afastamos inúmeras fraudes que ocorriam no sistema anterior. Não obstante alguns ataques infundados, até agora demonstramos, há 26 anos, que utilizamos a urna eletrônica sem qualquer notícia de fraude ou impugnação ao resultado das eleições. O povo confia na urna eletrônica e os políticos que participam do processo também. Nada temos que mudar, só aprimorar cada vez mais”, pontuou, em referência a falsa propagação do presidente Bolsonaro (PL) sobre a garantia e segurança da urna eletrônica. 

 

Abordagem dos templos

O pastor da 2º Igreja Batista do Ibura, na comunidade do Ibura de baixo, Benilton Custódio, questionado sobre como evitar a orientação de voto pelos líderes religiosos, explicou que “não trabalhamos dessa forma”. “A gente procura manter o papel da igreja de estar ensinando, doutrinando, no sentido do que é o propósito e a proposta da igreja para a sociedade. Logicamente, não costumamos abrir espaço para que as pessoas utilizem nossos púlpitos para pedir voto e nem tampouco indicamos, mas não ficamos fora do processo eleitoral, já que fazemos parte da sociedade. No entanto, entre os representantes e os fiéis, cada um tem o direito de escolher aquele candidato que tem uma proposta que se identifique”, pontuou. 

Por sua vez, o pastor da Universal e integrante da coordenação da União Nacional das Igrejas de Pastores Evangélicos do Brasil, Elenilson de Brito, defendeu que “cada mente é um mundo”. “Cabe a cada um de nós, respeitar o espaço do outro. Eu posso ter uma pessoa que é o meu favorito, mas eu não posso, jamais, induzir ou obrigar alguém a seguir o que eu quero. Nós sabemos que a posição que tomamos vai nos trazer paz ou não; toda paz passa primeiro por uma decisão, e assim também vai ser na política.”, afirmou. 

“Eu respeito o espaço de cada pessoa independente do que seja. No universo evangélico da igreja, temos diversas pessoas, diversos pensamentos, e cada um tem o desejo a quem vai apoiar e ao que vai fazer. Nós simplesmente fazemos o nosso papel que é pregar a palavra de Deus”, explanou.

Já sobre a tentativa de não ultrapassar o limbo entre o conservadorismo e a intolerância,  Benilton Custódio disse, sobre a intolerância, que “são questões que, às vezes, são criadas por um grupo de pessoas e a gente não pode apontar”. “Respeitamos o direito do próximo. Você tem o direito e a liberdade de escolher o que você quer, tem alguns princípios que não negociamos, como a questão bíblica e os ensinamentos. Com relação à tolerância, a gente respeita, temos relacionamentos e contatos com várias pessoas, independente de cor, raça, opção sexual (o que às vezes bate muito hoje em dia). Respeitamos porque é um direito, eu não posso impor e nem tampouco querer que seja importo na minha vida”, contou, ao justificar que “a gente só pode responder diretamente por nós”. 

O pastor Elenilson, no entanto, afirmou que “aquilo o que a pessoa decidiu ser, se ela me respeita por onde eu vou, eu respeito ela por onde ela vai”. “Que haja mudança dentro da coerência aonde eu te respeito e você me respeita. É isso o que a bíblia ensina”. 

 

Quando F. descobriu que estava grávida pela oitava vez, teve vontade de chorar. Dona de casa e dependente do marido, agonizou durante três semanas sobre o que fazer e sempre chegava à mesma conclusão: "Não posso ter esse filho".

A coisa mais difícil para ela foi descobrir como os Estados Unidos se tornaram hostis contra o aborto. "Que opções eles nos deixam?", perguntou a mulher de El Paso, no estado conservador do Texas.

Depois que a Suprema Corte derrubou esse direito na sexta-feira, a expectativa é que mais da metade dos estados torne o procedimento ilegal, obrigando as mulheres a viajar centenas de quilômetros para ir a estados liberais que, devido ao sistema federal, podem manter regulamentos locais.

F., que pediu anonimato para não ser julgada, teve sorte de encontrar uma consulta a 45 minutos de casa.

A Clínica de Saúde Reprodutiva das Mulheres funciona desde 2015 em Santa Teresa, uma pequena cidade no Novo México, na fronteira com o Texas. A localização é única. Fica em um estado onde o aborto é legalizado, mas a cinco minutos da fronteira com o Texas, onde o procedimento é proibido após a sexta semana, quando muitas mulheres ainda não sabem que estão grávidas.

Na sala de espera da clínica, a maioria das mulheres chega sozinha e aguarda em silêncio. As paredes em tons quentes contrastam com o uniforme fúcsia de algumas enfermeiras. Outros vestem camisetas com o mapa do Texas e a legenda: "A acusação é injusta".

As pacientes dizem que se sentem envergonhadas e julgadas em seus ambientes sociais, mas com máscaras cobrindo metade do rosto, ganham anonimato. Uma por uma, elas são chamadas por números e não por seus nomes.

Ataques

"A coisa mais difícil para mim foi decidir como chegaria aqui, porque sei que há muito estigma", diz Ehrece, uma engenheira de 35 anos que viajou mais de 1.600 quilômetros de Dallas.

"Pedi ao taxista que me deixasse no posto de gasolina mais à frente e caminhei até aqui, para não saber para onde estava indo", admitiu a jovem ,que tem namorado e que não quer começar um família agora por motivos profissionais.

Ehrece não exagera. A chamada "Lei do Batimento Cardíaco" em vigor no Texas desde setembro permite criminalizar qualquer pessoa que contribua para o procedimento, incluindo motoristas ou pessoal médico.

"Eles não facilitam as coisas para você", lamentou Emily, uma professora de yoga de 35 anos que não quer ser mãe. "Antes de vir você se preocupa que alguém te ataque fora da clínica ou que algum louco virá com uma arma".

As mudanças não assustam o Dr. Franz Theard, responsável pela clínica. O obstetra de 73 anos realiza abortos desde 1984, pouco antes de agressores nos Estados Unidos bombardearem clínicas e matarem médicos.

"Tivemos sorte que o estado do Novo México tenha leis muito liberais", disse ele à AFP. "Temos certificação para tudo, mas eles não nos perseguem. No Texas, tínhamos que relatar todos os detalhes de cada paciente mensalmente".

Theard não faz mais cirurgias, prescrevendo apenas pílulas abortivas, permitidas até a décima semana no Novo México: um comprimido de Mifepristone, que impede o avanço da gravidez, e quatro de Misoprostol no dia seguinte, que induzem o sangramento. O procedimento custa US$ 700, com algumas exceções socioeconômicas.

Como as enfermeiras e assistentes da clínica, Theard não teme retaliação, nem se intimida com as poucas pessoas que ficam do lado de fora de sua clínica todos os dias pedindo às pacientes que repensem sua decisão.

Lá dentro, o telefone não para de tocar. "Quantas semanas você tem?", pergunta ao telefone a assistente Rocío Negrete. "Temos consultas, mas só podemos atendê-la se for até a décima semana", continua.

O diálogo é repetido várias vezes ao dia. Negrete conta que, com as restrições, aumentou o número de pacientes de outros estados. Mas algumas mulheres, por medo ou razões econômicas, cruzam outra fronteira.

"Exaustivo"

A meia hora de carro, na cidade fronteiriça mexicana de Ciudad Juárez, algumas farmácias vendem o Misoprostol sem receita, também indicado para tratar úlceras. A caixa de 28 comprimidos custa entre 20 e 50 dólares. A mifepristona não está disponível abertamente, mas é oferecida de forma ilícita.

"As mulheres compram isso e não sabem como tomar", disse um farmacêutico na Ciudad Juárez com uma caixa de Misoprostol nas mãos. "É um perigo, elas podem ter hemorragia, então é melhor consultar um médico".

Em Santa Teresa, as mulheres, com diferentes contextos e circunstâncias econômicas, concordam que daí a importância da legalidade do procedimento e de acabar com o estigma.

“Se uma mulher quiser fazer um aborto, ela o fará. Haverá todo tipo de alternativas ilegais, com as quais uma mulher pode até morrer”, diz Ehrece.

"É exaustivo. Não faz sentido que em 2022 não possamos tomar nossas próprias decisões", acrescenta.

Recentemente, o pré-candidato ao Palácio do Planalto e ex-presidente Lula (PT), defendeu o direito das mulheres ao abordo no Brasil. No evento que aconteceu na terça-feira (5), o petista ainda classificou o assunto como “uma questão de saúde pública”. Ao mesmo tempo que a temática é delicada, ela é polêmica e tende a ser muito cara aos concorrentes de cargos Executivos, sobretudo ao Planalto Central. 

Desta forma, a cientista política Letycia Raila, explicou que o tema é muito caro aos candidatos por conta dos valores da sociedade majoritariamente com costumes judaícos-cristãos. “É muito complicado trazer isso para uma eleição, principalmente no Planalto Central, tendo em vista a sociedade que temos. Geralmente os candidatos evitam essas pautas mais polêmicas porque eles têm muito mais a perder do que ganhar falando disso”, afirmou. 

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Ao defender a legalização do aborto no Brasil, o ex-presidente ressaltou que as mulheres pobres morrem tentando fazer o aborto porque é proibido. “Então, a mulher pobre fica cutucando o seu útero com agulha de crochê, fica tomando chá de qualquer coisa. Numa cidade chamada Jabaquara, na Bahia, eu conheci uma mulher que usa fuligem do fogão à lenha, colocando na vagina para ver se abortava”, argumentou. 

“A madame pode fazer um aborto em París, pode ir para Berlim procurar uma boa clínica e fazer um abort. Aqui no Brasil ela não faz porque é proibido, enquanto, na verdade, deveria ser transformado numa questão de saúde pública e todo mundo ter direito sem ter vergonha”, ousou o ex-presidente. 

No entanto, após ser alvo de críticas, Lula minimizou a fala sobre aborto. “A única coisa que eu deixei de falar, na fala que eu disse, é que sou contra o aborto. Eu tenho cinco filhos, oito netos e uma bisneta. Eu sou contra o aborto. O que eu disse é que é preciso transformar essa questão do aborto numa questão de saúde pública”, disse, à rádio Jangadeiro BandNews.

->> Lula defende o aborto como uma questão de saúde pública

Dentre os concorrentes à presidência, além de Lula, Ciro Gomes (PDT) foi outro que se mostrou favorável à legalização em declarações anteriores quando, em 2019, chegou a afirmar que “aborto é uma tragédia humana, social, moral, religiosa, mas eu acho que o Estado não tem nada que se meter para agravar essa tragédia, a não ser para proteger, para agasalhar, para aconselhar, para arranjar alternativas de adoção”. “No fundo, quem deve decidir isso é a mulher. Acho que ela tem direito ao respeito a seu próprio corpo”, disse Ciro Gomes, em entrevista à BBC Brasil em 2019.

Para ela, a fala de Lula defendendo o aborto é muito impactante. “Hoje, a gente já consegue ver dentro do Congresso uma bancada evangélica muito grande, e o número de evangélicos no País tem crescido progressivamente nos últimos 20 anos. Com certeza, essa é uma fala que traz impacto em muitas vertentes tanto dentro da sociedade, quanto trazendo uma ferramenta para que o governo consiga rivalizar bastante esse ponto”. 

“Temos um governo muito ligado a pautas religiosas evangélicas, e quando a oposição traz essa fala sobre o aborto, a rivalidade pode ser construída. Essa rivalidade e inflamação de discurso é uma ferramenta que o presidente [Bolsonaro] utiliza bastante e tem dado muito certo com a sua base eleitoral”, completou a especialista. 

A afirmação de Letycia vai de encontro, naturalmente, à posição do presidente da República sobre as pautas de costume. Com a descriminalização do aborto até a 24 semana (seis meses) de gestação na Colômbia, o presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a reforçar, em publicação no Twitter, não ser a favor da medida. “Que Deus olhe pelas vidas inocentes das crianças colombianas, agora sujeitas a serem ceifadas com anuência do Estado no ventre de suas mães até o 6º mês de gestação, sem a menor chance de defesa. No que depender de mim, lutarei até o fim para proteger a vida de nossas crianças”, publicou. 

Em 2017, Doria chegou a afirmar em uma ping-pong à Época ser contrário ao aborto. “Sou contra, exceto em casos em que mulheres estupradas devam ter o direito ao aborto. Fora disso, deve-se preservar a lei como está”. Em outras matérias, ele afirma que o PSDB é progressista. 

Já Sergio Moro, sempre que vai falar sobre aborto, foge do tema abordando pelo ponto de vista jurídico, como falou em uma live do YouTube da Necton Investimentos em agosto de 2020 ao ser questionado sobre o caso da menina de 10 anos que foi vítima de estupro e realizou um aborto. “Essa interrupção foi realizada nos termos da lei. A lei autoriza em caso de risco à vida da mãe e em caso de estupro. Foi um procedimento legal. Algumas pessoas discordam em absoluto, mesmo nessas circunstâncias. Outras entendem que são circunstâncias razoáveis. Eu sou um seguidor da lei, basicamente”. 

Ao salientar o conservadorismo da sociedade, a especialista explicou que “qualquer coisa que fuja desse padrão judaíco-cristão acarreta revolta”. Com relação aos votos, ela pontuou que, às vezes, “o eleitor concorda com a proposta econômica, mas discorda da questão do valor, que está intimamente ligado a uma questão de caráter para o eleitor”. “A partir do momento que você usa esses valores não-cristãos, isso pode acarretar numa quebra de expectativa do eleitor que é cristão e votaria num partido de esquerda, que no momento está sendo representado pelo Lula”, detalhou.

Autointitulada defensora do conservadorismo, Sarah Winter, ganhou projeção nacional por posicionamentos políticos radicalizados, como o pedido de fechamento do Congresso Nacional e a saída de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), além de defender pautas antiborto e contra o movimento LGBT, antes grande defensora do Presidente Jair Bolsonaro.

Sarah hoje se diz decepcionada com o rumo do governo. Em entrevista ao Portal de Notícias, UOL, a conservadora conta que irá se mudar para o México, onde foi contratada para o Instituto de Investigación Social para o cargo de diretora de projetos, em que trabalhará como instrutura no curso “Aborto: Implicações Bioéticas e seus Conflitos nas Relações Internacionais”.

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Segundo Sarah, o presidente se elegeu com pautas conservadoras, mas hoje ela não vê o governo caminhar para a consolidação desses ideais, para a mesma o governo Bolsonaro foi uma ilusão.   

Não é a primeira vez que Sarah se decepciona com as ideologias políticas, anos atrás, a ativista era defensora do feminismo, movimento que hoje é repudiado de forma veemente pela mesma. Ainda em entrevista ao UOL, ela afirma que não abandonou o conservadorismo, apenas acredita que o pensamento político é reprimido no Brasil.   “É uma ilusão muito grande achar que os conservadores estão no poder. Se estivessem não ia ter tanta gente presa. Está pior. Quando Lula e Dilma eram presidentes, eu podia ir para a rua gritar o que eu queria contra o governo. Agora não posso”, afirma Sarah Winter em entrevista ao Uol. 

 De viagem marcada, a conservadora diz que não tem pretensão de voltar ao Brasil e diz que se as pessoas ao invés de  gastarem o tempo para defender Bolsonaro, estivessem engajadas para seu desenvolvimento pessoal, da sua família e filhos, seria possível alcançar um Brasil melhor.   

Uma blitz da Guarda Nacional venezuelana para o veículo de Alexa. Ao ver que seu documento diz "Alexander", pedem-na para sair do carro e revistá-la. "Queriam tirar minha roupa, lembra ela, vítima recorrente de episódios de transfobia.

"Me disseram 'abaixe a calcinha precisamos ver se você está levando drogas'. Eles me fizeram tirar o sutiã", relata essa mulher trans de 33 anos.

"Eles me humilharam", desabafa ela, que acredita não ter sofrido "tanto" abuso físico por ser "muito grande".

Não é a primeira vez que isso acontece em uma Venezuela conservadora, onde reina a rejeição - muitas vezes dissimulada - à comunidade LGBT + e não existem leis destinadas a garantir seus direitos.

Alexa La Galana foi o nome que ela assumiu há dez anos, quando iniciou sua transição. Recebeu tratamento hormonal e, graças a um reality show, pôde fazer a cirurgia de readequação sexual.

Ela tem uma cintura fina, seios fartos e cabelos abaixo dos ombros. Mora no perigoso bairro de 23 de Enero. A "necessidade" a levou a se tornar uma trabalhadora do sexo. Até agora, afirma, não foi agredida fisicamente. Mas lida com xingamentos, olhares fixos e sussurros.

"Mas, em um país tão violento como a Venezuela, o melhor é dar uma de louca e continuar andando", resigna-se.

Ela tem razão. Em 2020, o país registrou uma taxa de 45,6 mortes violentas a cada 100 mil habitantes, um índice sete vezes maior do que a média mundial, segundo o Observatório Venezuelano de Violência. A instituição é uma referência, diante da ausência de dados oficiais.

No caso da comunidade LGBT +, é o mesmo quadro: sem números oficiais. Existem apenas dados compilados por ONGs, que relatam mais de 100 pessoas assassinadas por sua orientação sexual e identidade e expressão de gênero desde 2008. As principais vítimas são homens gays e pessoas trans.

Na semana passada, uma mulher trans foi assassinada e mutilada em um bairro de Caracas, sob circunstâncias ainda não esclarecidas pelas autoridades.

O diretor da ONG Acción Ciudadana contra el sida (ACCSI), Alberto Nieves, garante que esse tipo de conduta não é novidade.

Um relatório de sua organização, que registrou 109 mortes violentas na comunidade LGBT + entre 2008 e 2017 (a data mais recente), revela assassinatos por disparos, esfaqueamento, estrangulamento, mutilação genital, rostos esfolados, espancamentos, colunas fraturadas. A maioria das vítimas são pessoas trans.

"Em Caracas, por exemplo, jogaram pessoas trans do 17º andar de um prédio em construção e, em Barinas (oeste), foram dois cadáveres que lhe cortaram a cabeça com um facão", conta Nieves.

Um grupo de cerca de dez pessoas protestou nesta segunda-feira (21) por este crime ocorrido há uma semana. Na mesma noite, um casal gay foi morto.

Antes de escolher quem seria o novo chefe da Procuradoria Geral da República (PGR), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) já havia afirmado que não indicaria “um inimigo” para ocupar o cargo. E o novo PGR, Antonio Augusto Brandão de Aras, realmente aparenta ser alinhado as defesas do presidente.  

No discurso de posse, Aras deixou claro que havia aceitado a indicação de Bolsonaro "possuído de fé inabalável nos valores cristãos que orientam esta nação". E ainda salientou que não conceberia um Ministério Público "contrário à nossa cultura judaico-cristã". 

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No mesmo sentido, antes ainda da posse festiva que aconteceu na última quarta-feira (2), ele fez questão de nomear para o comando da Secretaria de Direitos Humanos e Defesa Coletiva da instituição o procurador Ailton Benedito, considerado uma das vozes conservadoras do Ministério Público Federal (MPF).

Na pasta, Benedito deve assessorar o PGR na elaboração das manifestações jurídicas em processos que tramitem no Supremo Tribunal Federal e sejam da área. Ailton Benedito é conhecido por expressar suas opiniões nas redes sociais sobre diversos assuntos, entre elas, já se colocou contra a chamada ideologia de gênero nas escolas e a legalização do aborto. 

Ailton Benedito chegou a ser convidado por Bolsonaro para integrar a Comissão de Mortos e Desaparecidos do governo, entretanto, foi vetado pelo Conselho Superior do MPF, inclusive, com um voto decisivo da ex-procuradora-geral Raquel Dodge.

Apesar desses sinais, Augusto Aras já chegou a dizer que ser de esquerda ou de direita era uma questão superada na ciência política. E para tentar demonstrar um equilíbrio na sua postura, durante a sabatina no Senado argumentou ser contra a chamada cura gay e pregou a necessidade do casamento homoafetivo ser reconhecido pela Constituição Federal. Dois pontos rejeitados pelo presidente que, entretanto, declarou ter sido acometido por um “amor à primeira vista” com o novo chefe da PGR. 

Para o cientista político Elton Gomes, Augusto Aras é alguém que “há algum tempo chegou a se aproximar das ideias da esquerda progressista, mas mais recentemente adotou um discurso neoconservador” e, com isso, conquistou a confiança do presidente. 

“É alguém que tem um perfil hibridista. Alguém que, nos costumes, aproxima-se mais da direita… Augusto Aras ao ser indicado desagradou gente da esquerda e da direita. Os direitistas o veem com desconfiança, alguém que poderia ter um falso conservadorismo ou ser um bolsonarista adesista de ocasião”, ponderou. “Suas próximas movimentações é que vão dizer onde vai repousar a sua lealdade, se de mais alinhado ao governo ou de autonomia”, acrescentou.

Segundo Gomes, as últimas posturas do novo procurador-geral também deram a entender que ele tem “habilidade política” e “mesmo tendo um discurso recente mais conservador, que se aproxima do presidente e seu grupo político, reforça muito a importância de continuidade das operações de combate à corrupção”, como a Lava Jato, e outras iniciativas que atingem tanto políticos do PSL quanto de legendas da base governista. 

Ainda na ótica do estudioso, Augusto Aras “em certo sentido, quando você fala de questões identitárias esquerda holística, é muito refratário” e “não deve endossar ações” que tramitem no STF, por exemplo, visando modificar a atual legislação do país em temas como a legalização do aborto.

Como o mandato dele à frente da PGR dura até 2021, podendo ser prorrogado por mais dois anos, e sua gestão está apenas no início, resta aguardar para saber se sua postura seguirá mesmo a linha mais conservadora e governista ou não. 

Jen Schradie é socióloga e professora do Observatório Sociológico da Mudança, do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po), e lançou um livro que chegou nas últimas semanas nos EUA para explicar como os grupos conservadores se beneficiam mais das redes sociais para expandir o movimento.

O livro The Revolution that Wasn’t: How Digital Activism Favors Conservatives (A revolução que não houve: como o ativismo digital favorece os conservadores, em tradução livre) aponta que a ação nas redes sociais é desigual - e essas desigualdades são determinantes para o sucesso do ativismo digital.

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Mestre por Harvard e PhD pela Universidade da Califórnia-Berkeley, Schradie analisou 30 grupos políticos na Carolina do Norte, nos EUA, para identificar quais grupos tendem a ser mais bem-sucedidos na internet. Com a pesquisa, ela questiona o quanto a internet abre portas para uma sociedade mais plural.

Segundo a pesquisadora, desigualdades, ideologias e instituições moldam a participação na nova sociedade da informação. Em 2010 e 2011, segundo ela, o foco no estudo de ativismo digital estava nos grupos de esquerda, impulsionados pela Primavera Árabe e pelo movimento Occupy Wall Street. Por isso, Schradie decidiu olhar para o outro lado.

A Carolina do Norte foi um dos dois Estados americanos que, em 2012, deixou de apoiar o democrata Barack Obama na eleição presidencial para apoiar o candidato republicano.

"Vejo a internet neutra, similar a outras formas de comunicação como telefone, rádio ou jornal, se você pensar na tecnologia de forma genérica. Mas havia uma ideia, num tempo mais utópico, de que a internet permitiria um movimento político social porque, diferentemente dos jornais, por exemplo, poderia ser feita por muitas pessoas para muitas pessoas, numa comunicação ao mesmo tempo. Mas, como as outras ferramentas, ela exige recursos para gerar conteúdo online", disse Schardie, em entrevista ao Estado.

Em seu estudo, a pesquisadora identificou que os grupos com maior infraestrutura tendem a ter um ativismo digital mais persistente.

"Não é apenas uma questão de conservadores terem mais recursos financeiros, mas também de haver uma conexão entre os conservadores e a forma de organização", afirmou Schradie. Ela menciona, por exemplo, que o sucesso do ativismo digital exige grupos com habilidade e conhecimento de uso da internet, para criar conteúdo, o que novamente remete a uma parcela da sociedade que tem mais acesso a recursos financeiros.

Pragmatismo

A pesquisa aponta que os grupos conservadores são mais próximos de organizações e instituições que podem oferecer apoio financeiro e, além disso, costumam ter uma hierarquia vertical.

"Outra parte desse quebra-cabeça é que os conservadores estavam sentindo como se a mídia não os estivesse representando e estiveram muito focados nessa ideia de liberdade de informação. Já a esquerda estava preocupada em ter diversas vozes envolvidas, discutir questões trabalhistas, ambientais e de gênero", afirmou.

Segundo Schradie, nem sempre o alcance na internet é tão amplo quando se tenta incluir várias mensagens diferentes - mais um fator que deixa os conservadores à frente. "Conservadores tendem a focar em questões de forma mais simples", disse.

Ao analisar os gastos dos grupos, a pesquisadora indica que os grupos conservadores tendem a investir em patrocínios de postagens com artigos, enquanto grupos de esquerda preferem focar em imagens de encontros com grupos que mostrem diversidade.

Para ela, a pesquisa com foco na Carolina do Norte partiu de uma hipótese que, atualmente, tem mostrado descobertas ainda mais importantes sobre o papel dos conservadores no ativismo das redes sociais. "O uso do WhatsApp nas eleições no Brasil, por exemplo, é particularmente interessante. É uma ferramenta que muitas pessoas com menos recursos também podem usar." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Partido Liberal-Democrata (Lib-Dem) tem tido uma movimentação atípica nos últimos dias. Dezenas de pessoas entram e saem do comitê, na região oeste de Londres, a cada dez minutos. Com um sorriso no rosto, todos cumprimentam jornalistas e curiosos com um surpreendente e caloroso "bom dia".

Os militantes da legenda não escondem a satisfação pelo ótimo resultado obtido nas eleições europeias realizadas na semana passada. "Foi uma vitória bastante simbólica, mas nossa luta para barrar o Brexit está apenas começando. Vem muita coisa pela frente", diz o britânico Peter Ashworth, filiado ao Lib-Dem há oito anos.

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A maior parte dos eleitores liberais é formada por homens e tem entre 25 e 35 anos. São, neste caso, os chamados "jovens adultos". De classe média alta, com nível superior e já com alguma bagagem profissional, eles não se encaixam no radicalismo de mercado da direita ou unicamente nas pautas da classe trabalhadora. O Lib-Dem conseguiu 19,76% dos votos. Dessa porcentagem, mais da metade do eleitorado tem o terceiro grau completo, 13% são homens e 12% possuem emprego formal.

Além disso, são contra a saída da União Europeia (UE). "O Brexit foi muito mal conduzido. Theresa May demonstrou uma incapacidade gigantesca para governar. Eu optei pelo Lib-Dem justamente pela clareza das ideias do partido sobre um tema tão importante para todos. A verdade é que ninguém falou sobre como fica o Reino Unido sem o Brexit. Há muitas coisas em jogo: remédios, abastecimento de produtos e a economia, só para citar alguns poucos exemplos", afirma o médico Rex Melvile, de 29 anos.

"Acho que, quando votamos, temos de levar em conta várias outras questões que afetam diretamente nossas vidas: segurança e saúde. O Lib-Dem ponderou muito bem esses pontos sem nenhum extremismo", afirma o gerente administrativo Eric Hughes, de 33 anos.

No último fim de semana, o partido liderado por Vince Cable elegeu 16 representantes para o Parlamento Europeu. Comparado a 2014, na última eleição, houve um aumento de mais de 30% de eurodeputados. Mesmo com o resultado expressivo, e até certo ponto surpreendente, o Lib-Dem não foi o mais votado. O partido pró-Brexit, liderado pelo nacionalista Nigel Farage, será o de maior representação no Parlamento Europeu, com 29 deputados.

O cenário, porém, é inédito no Reino Unido. Nem o Partido Trabalhista, nem o Conservador - maiores e mais tradicionais legendas britânicas - ficaram nas primeiras colocações. Os conservadores, da premiê Theresa May, foram apenas o quinto mais votado e só levaram 4 dos 73 assentos britânicos no Parlamento Europeu. Mais uma derrota de May, que renunciou após o fracasso nas negociações sobre o Brexit. Ela deixará o cargo no dia 7.

Segundo o professor Guilherme Athia, mestre em relações internacionais pela Fletcher School of Law and Diplomacy, nos EUA, o liberalismo está em alta na Europa. "O continente vive uma onda liberal. Muitos dos eleitores dos partidos mais conservadores migraram para o liberalismo porque há ali um discurso mais diverso e inclusivo. O liberalismo defende a livre concorrência de mercado e a competição, mas não permite o descumprimento de regras da União Europeia", afirma Athia. Os liberais europeus se distanciam do conservadorismo em temas comportamentais.

No caso do Reino Unido, a ascensão dos liberais se deve em grande parte ao Brexit, principal tema de discussão no país. Para o eleitorado britânico conservador, o Lib-Dem foi o único partido capaz de promover um debate inteligente e defender a permanência do Reino Unido no bloco. Cable, que deve se aposentar em julho, e seus dois possíveis substitutos, Jo Swinson e Ed Davey, defendem a convocação de um novo plebiscito sobre o tema antes de 31 de outubro.

Fragmentação

As eleições europeias aumentaram a fragmentação do Parlamento Europeu. Os tradicionais partidos de centro-direita e de centro-esquerda continuam formando os maiores grupos, mas perderam espaço para liberais e ecologistas. Os 751 parlamentares são responsáveis por sugerir emendas ou rejeitar leis propostas por outras instituições, além de fiscalizar as finanças da União Europeia.

O Partido Popular Europeu (EPP), agrupamento de centro-direita, elegeu 179 políticos, 42 a menos que em 2014. A aliança reúne os mais tradicionais partidos de orientação conservadora da Europa, como a União Democrata-Cristã (CDU), da chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Apesar da queda, o EPP continuará com o maior número de assentos e deve eleger o próximo presidente da Comissão Europeia.

A Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D) também teve menos deputados eleitos. Os partidos de orientação social-democrata mantiveram a força na Espanha e em Portugal, onde governam. Mas decepcionaram em países importantes, como Reino Unido, Alemanha e França.

Já a Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (Alde), na qual está incluído o Lib-Dem, teve o maior crescimento: de 67 parlamentares, em 2014, para 105 agora. O grupo defende a União Europeia e conta com o apoio do partido Em Marcha, de Emmanuel Macron, presidente da França, e do Ciudadanos, nova força eleitoral da Espanha, liderado por Albert Rivera.

A aliança entre partidos e políticos ambientalistas da UE, os chamados Verdes-EFA, também obteve votação surpreendente. Eles conseguiram um ótimo resultado na Alemanha, onde ficaram em segundo lugar - enviarão 69 deputados ao Parlamento Europeu (antes tinham 50). O EFA defende que o bloco adote medidas para que todos os países se comprometam com políticas ambientais, sobretudo para combater as mudanças climáticas.

Segundo Athia, os atuais modelos partidários precisam ser revistos. "Essa chamada onda verde e liberal mostra que as pessoas estão buscando outras alternativas para serem representadas politicamente. Os partidos mais tradicionais, que estão em franca decadência, não são mais capazes de externar os desejos do eleitor. A Suíça é um exemplo a ser seguido. Lá eles fazem vários referendos e pedem a opinião da população sobre diversos assuntos. Trata-se, portanto, de um modelo mais rápido que aproxima o povo de pautas importantes para a sociedade", explica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de denunciar o diretor de sua escola por assédio sexual, a estudante Nusrat Jahan Rafi, de 19 anos, foi queimada viva na instituição de ensino pelos próprios colegas. O caso aconteceu em Bangladesh, país conservador do sul da Ásia.

Nusrat teve a coragem que poucas mulheres que são vítimas de abusos sexuais no país tiveram, já que em Bangladesh elas escolhem manter os casos em segredo, por medo de serem humilhadas pela sociedade ou por suas próprias famílias.

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Rafi procurou a polícia para denunciar o abuso. Em depoimento, ao invés de ter garantido o ambiente de segurança, a vítima foi filmada pelos policiais enquanto fazia a denúncia. Ela era de uma família conservadora e frequentava uma escola religiosa. Por isso, para uma garota em sua situação, relatar o assédio sexual pode trazer consequências.

Mesmo diante de tudo isso, a mulher foi adiante com a denúncia e o diretor de sua escola foi preso. De acordo com  a BBC, as coisas pioraram para a jovem com a prisão do abusador. As pessoas começaram a culpar Rafi e a sua família, que começou a se preocupar com a segurança.

No dia 6 de abril, a vítima precisou ir à escola para fazer as provas finais do semestre. Lá, uma estudante levou Rafi para o último andar da unidade de ensino. No local estavam cinco pessoas usando burcas e começaram a pressionar para que a vítima retirasse as acusações contra o diretor.

Na negativa da Rafi, os suspeitos atearam fogo contra ela, que conseguiu fugir e, no caminho para o socorro, gravou um depoimento sobre o fato. Com 80% do corpo queimado, a vítima não conseguiu sobreviver e morreu no dia 10 de abril.

Notícias sobre o caso dominaram Bangladesh, o que acabou mobilizando muitas pessoas a iniciarem um protesto contra os abusos sexuais cometidos no país. Desde então, a polícia prendeu 15 pessoas, sendo sete que estariam envolvidas com o assassinato de Rafi. Mensagens como "Burcas não param os estupradores" estão viralizando no local.  

Na disputa por influência em torno do presidente Jair Bolsonaro, é a pauta conservadora nos costumes que tem mais simpatizantes na base mais fiel do novo governo. A conclusão é da pesquisadora Camila Rocha, de 34 anos, que passou os últimos quatro anos estudando a formação do grupo político que convergiu nas eleições de 2018 e assumiu o poder. A tensão entre "anti-progressistas", ultraliberais no Ministério da Economia e militares, segundo ela, deve continuar.

Em sua tese de doutorado em Ciência Política, apresentada na última terça-feira (5) na Universidade de São Paulo (USP), Camila mostra que o processo de formação da nova direita ocorre há mais de dez anos, na maior parte do tempo ignorado pelas instituições tradicionais. "Menos Marx, mais Mises": Uma gênese da nova direita brasileira deve virar livro pela editora Todavia ainda no primeiro semestre deste ano.

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"Do ponto de vista ideológico, o conservadorismo com certeza fala mais alto porque a maior parte da população ainda é refratária a um discurso 'ultraliberal'", diz Camila. Para ela, a "pressa" de ministros afinados com o discurso antiesquerdista do presidente deve "atropelar" as premissas da política tradicional.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

O que chamou atenção nesse primeiro mês de governo?

Entre avanços e recuos, eles (governo) realmente estão tentando implementar as pautas que prometeram durante a campanha. Em relação à (reforma da) Previdência, há uma articulação forte para votação ocorrer logo, e eles também conseguiram entregar o decreto que facilitou o acesso a armas de fogo. O Ministério do Meio Ambiente também cortou vínculo com órgão com quem se relacionavam antes.

Houve também várias declarações polêmicas da Damares (Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos), sinalizando qual deve ser o tom do governo em questões ideológicas, e a denúncia contra o Flávio Bolsonaro - mas em relação a isso é difícil prever quais serão os desenvolvimentos

A despeito desses incidentes todos, a impressão que eu tenho é que, de fato, eles estão tentando se acomodar na estrutura governamental e tentando já anunciar os movimentos que devem ocorrer no governo.

Há uma preocupação maior do governo em entregar resultados à base eleitoral, em comparação com outras gestões?

Com certeza há uma preocupação maior nesse sentido. Isso até pode parecer um pouco desastrado para uma parcela da população. Por exemplo, o anúncio de que iriam 'despetizar' o governo, tirando todas as pessoas identificadas com a esquerda. Essa é uma das preocupações principais (em relação à base eleitoral).

Há uma certa pressa dos membros do governo que se pautam mais por questões mais ideológicas, que acaba atropelando algumas prerrogativas da política tradicional.

Como essa disputa entre diferentes alas do governo pode se desenvolver daqui para frente?

Eles estão fazendo um esforço de tentar, na medida possível, acomodar algumas dessas tensões. Por exemplo: Bolsonaro dá uma declaração sobre a instalação de uma base (militar) americana. Os militares reagiram e o governo recuou. A questão da Previdência valer para os militares ou não, também, apesar de isso não estar completamente definido.

Muito provavelmente essas tensões vão permear, ao menos, o primeiro ano de governo até se chegar a acordos mínimos. Eu acho que é possível eles chegarem a esse tipo de acordo, mas tudo vai depender da aprovação inicial do governo nesse primeiro ano. É nisso que eles vão prestar muita atenção, com certeza. Se a população começar a rejeitar a maior parte dos anúncios, vai ter de haver algum tipo de mudança.

A avaliação que ficou da eleição presidencial é de que o Bolsonaro foi eleito por uma "onda" de direita. Foi isso que ocorreu?

Não gosto muito desse termo "onda" porque acho que é muito pouco explicativo. Porque "onda" parece que é uma coisa que veio do nada e que você não sabe exatamente para onde vai, o que aconteceu.

E eu acho que na verdade o que aconteceu foi um processo paulatino de construção de uma nova direita e que Jair Bolsonaro e as pessoas que os acompanharam fazem parte desse processo que começou há mais de 10 anos, a partir da internet, de fóruns, debate, comunidades na internet e foi ganhando capilaridade na sociedade civil. No mundo "fora da internet", com o tempo, também. E foi um processo que foi sendo construído de forma bastante enraizada na sociedade civil, eu diria.

Isso aconteceu também em concomitância com tudo que estava ocorrendo nos governos do PT, na Lava Jato e tudo mais. Esses processos foram se encontrando. Mesma coisa em relação a junho de 2013. As pessoas pensavam: 'meu Deus, aconteceu junho de 2013'. Não. Desde de 2011 começaram a acontecer várias manifestações no Brasil inteiro e as (mesmas) pessoas participaram depois da campanha pró-impeachment, em 2015, 2016.

Você diz que essa construção paulatina começa no auge do lulismo. Escândalos de corrupção favoreceram esse agrupamento?

Enormemente. Acho que o mais importante foi o mensalão. Ali acelerou um processo. Quando o (ex-presidente) Lula foi eleito era um clima muito de desconfiança e teve a "carta aos brasileiros" justamente para tentar quebrar essa desconfiança, de que não seria um governo extremista.

Estava todo mundo em stand-by, o pessoal de centro e da direita. O governo estava com uma abordagem bastante ortodoxa em relação à economia, mas quando vem o mensalão as pessoas ficam muito impactadas.

Alguns que eu entrevistei, militantes de direita falaram: 'eu votei no Lula, confiei que eles iam fazer uma gestão ética'. Quando aconteceu o mensalão foi aquele choque. Uma das primeiras organizações disso que eu chamo de nova direita, que é o Endireita Brasil, surgiu justamente na esteira do mensalão. A ideia deles era, em 2006, fazer uma coisa parecida com o que o MBL fez na campanha pró-impeachment, ou seja, pedir o impeachment do Lula por conta do mensalão.

Só que não tinha clima. O Lula foi reeleito. O governo estava explodindo de popularidade e as pessoas que não encontravam como se expressar, expressar essa raiva, essa indignação contra o que tinha acontecido, começaram a se organizar na internet.

Boa parte de anúncios de ministros e políticas públicas foram feitos via Twitter. É o reflexo de um grupo que se consolidou no meio digital?

Eu acho que sim. Para os políticos, ideólogos, é um canal de comunicação direta, sem nenhum tipo de interferência. Você fala diretamente. O que num certo sentido seria mais crível. Inclusive foi assim que esse processo todo ele se construiu muito também em cima de uma espécie de "aqui a gente vai falar a verdade", 'aqui a gente não vai ter nenhum tipo de mediação'.

Até que ponto a pauta liberal ou ultraliberal foi influente na eleição do Bolsonaro?

Diria que ele foi eleito com uma série de fatores mas, do ponto de vista ideológico, o conservadorismo com certeza fala mais alto porque a maior parte da população ainda é refratária a um discurso "ultraliberal". Estou usando um termo que eles mesmo usam para se denominar. Para essa militância ultraliberal, eles são diferentes dos neoliberais.

Os neoliberais entendendo principalmente os economistas que trabalharam durante as gestões do FHC e até durante a primeira gestão do ex-presidente Lula. Basicamente eles (ultraliberais) são muito mais radicais.

Para os neoliberais, é 'vamos ver o que a gente vai privatizar, o que a gente não vai'. Para os ultraliberais é simples: privatiza tudo. Tudo que você puder, você privatiza porque o mercado é sempre a melhor solução para qualquer problema social e econômico. Eles estavam muito coesos em torno disso.

Quando o Bolsonaro foi para o Partido Social Cristão no começo de 2016, já com essa intenção de se eleger presidente, tinha um militante ultraliberal, o Bernardo Santoro. O Santoro foi presidente de uma tentativa de formação de um partido ultraliberal no Brasil, o Líber. Também era militante da internet, mas na época ele estava no Instituto Liberal do Rio de Janeiro. E ele foi conselheiro econômico do Pastor Everaldo.

Quando a família do Bolsonaro chega no partido, o Bernardo está lá. Em 2016, o Eduardo Bolsonaro se inscreve na 1ª turma de pós-graduação em economia austríaca do Instituto Mises. O Flávio Bolsonaro sai para prefeito do Rio de Janeiro em 2016 e o Bernardo é o coordenador de campanha. Então uma coisa começou a se formar.

O Jair saiu do PSC, foi para o Patriota, o Bernardo foi junto e se tornou secretário-geral do Patriota. Já no final de 2017 o Rodrigo Constantino sugere para o Bolsonaro que o Paulo Guedes seria um nome interessante para o Ministério da Fazenda. Então o Bolsonaro começa a frequentar esses circuitos, interagir com essas pessoas, esses ideólogos, se aproximar. Porque tinha muita desconfiança (em relação a) um militar, uma visão desenvolvimentista, nacionalista.

A crítica ao globalismo não é uma contradição à própria proposta liberal?

Existem essas tensões importantes e esse, por exemplo, é um ponto de tensão importante.

Olavo de Carvalho tem uma influência clara e já conhecida sobre o que se poderia chamar de "bolsonarismo". Como avalia o papel dele na formação desta nova direita e do novo governo?

Muito grande. Tem várias denominações, como o 'parteiro da nova direita', o 'guru da nova direita', que acho que se aplicam com certeza porque o Olavo de Carvalho atuou, de certa forma, em uma espécie de vanguarda para as pessoas principalmente em relação ao discurso do que chamam de hegemonia esquerdista.

Como os militares se inserem no contexto da nova direita?

Esse é outro elemento que também foi fonte de tensão nesse processo de consolidação da nova direita por dois motivos: o principal acho que é econômico, porque no Brasil depois do governo Castelo Branco, que foi um governo liberal do ponto de vista econômico, o regime começou a tomar essa direção desenvolvimentista. Claro, um desenvolvimentismo conservador, de direita, e que para uma pessoa que se diz liberal na economia foi uma catástrofe completa.

Dado que Jair Bolsonaro teve uma trajetória militar, veio desse tipo de pensamento nacionalista, desenvolvimentista. Isso sempre foi um motivo de desconfiança para os ultraliberais.

Não saberia falar, em termos ideológicos, como hoje as Forças Armadas no Brasil estão organizadas, como estão pensando isso. Mas, ao que parece, por enquanto eles estão aderindo a esse projeto 'ultraliberalismo para dentro e para fora a gente se alinha com Estados Unidos e pode se dizer nacionalista'.

Na sua tese você cita o que o Timothy Power classificou a direita como "envergonhada".Em que momento essa direita perdeu a vergonha?

Começou a perder a vergonha de se dizer de direita quando as manifestações pró-impeachment ganharam expressão.

Até que ponto a questão religiosa tem a ver na formação dessa nova direita e no sucesso eleitoral do Bolsonaro?

O pastor é conservador, mas não quer dizer que ele vai ser assim na política, que ele vai ter uma agenda coerentemente de direita. Então acho que essa coerência também foi se montando à medida que esses grupos foram estabelecendo laços e criando uma agenda.

Houve um esforço de coordenação de forças. Mas isso foi importante não só do ponto de vista das alianças políticas, mas principalmente do ponto de vista eleitoral, com certeza. É só lembrar a Marina, por exemplo, que derreteu. Teve menos de 1% dos votos

Diante das perspectivas de articulações eleitorais para a construção da chapa que concorrerá pela Frente Popular de Pernambuco, apoiando à reeleição do governador Paulo Câmara (PSB), o secretário de Segurança Urbana do Recife, Murilo Cavalcanti (MDB), disse que temia o fato de ter um nome como o do deputado estadual André Ferreira (PSC) na disputa pelo Senado Federal. A colocação foi exposta durante um debate promovido pelo Movimento Ética e Democracia sobre os “desafios futuros” do país a partir da atuação do Congresso Nacional. 

Ao abordar a necessidade de se debater uma pauta progressista no Legislativo, visando a retomada do desenvolvimento do país, Murilo citou a possibilidade de ter Ferreira ou do deputado federal Eduardo da Fonte (PP) como postulantes na majoritária da Frente. “Como  pensar em uma agenda progressista, da desigualdade, da educação se você tem um cara, que representa 1/3 do eleitorado em Pernambuco que é a igreja, com a perspectiva eleger um candidato como André Ferreira para Senador da República e tendo chances reais”, desabafou. 

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O auxiliar do prefeito Geraldo Julio (PSB) não escondeu sua insatisfação e afirmou que “jamais” daria seu voto a alguém com o perfil de Ferreira. Além disso, também salientou que se não for na chapa de Paulo Câmara, o social cristão estará na corrida eleitoral ao lado do senador Armando Monteiro (PTB). 

Nomes como o de André Ferreira no Congresso Nacional, sob a ótica de Murilo Cavalcanti, reforçam a agenda conservadora que o país enfrenta. “E nós imobilizados, sem reação”, disparou o emedebista. Apesar disso, ele considerou ainda a necessidade de fazer alianças com partidos como o PSC. “Temos que fazer coligação mesmo, com esses partidos conservadores, mas uma coisa é fazer aliança em cima de princípios e outra coisa é eleger representantes atrasados no ponto de vista político, moral, ética”, completou. 

O neoconservadorismo tem pautado as disputas pelo comando de países da Europa - entre eles França, Holanda e Alemanha - e ampliado a defesa de pautas como o nacionalismo ultra radical, o ataque às minorias e práticas xenófobas. Esta nova onda de um pensamento surgido no século 18, de acordo com o cientista político Elton Gomes é de “dupla natureza” e “não deve atingir o Brasil” durante as eleições de 2018, uma vez que entre os nomes já postos no cenário nenhum se apresenta na defesa de ideias característicos do conservadorismo.   

Fazendo um panorama da conjuntura internacional, o estudioso salientou que o “neoconservadorismo em alguns momentos advoga em favor da lógica tradicional, contra as utopias políticas, e em outros se apresenta como uma espécie de ultra nacionalismo radical, xenófobo, contrário a determinadas inovações importantes”. Segundo ele, isso ocorre principalmente na Europa Ocidental, sobretudo na França com Marine Le Pen e a questão dos imigrantes, mas também na Holanda e na Alemanha. 

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Já quanto às posturas do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, cuja eleição trouxe à tona uma discussão mais intensa sobre o conservadorismo, o cientista político pontuou que não representam o pensamento em sua literalidade. “Ele é muito mais um populista de direita do que um conservador padrão, com a lógica tradicional”, classificou. 

Argumentando sobre a perspectiva conservadora internacional diante da conjuntura política brasileira e um processo eleitoral à vista, Elton Gomes observou que o país “não tem alguém que represente o verdadeiro conservadorismo”, o que faz com que ele descarte um possível peso do aspecto na corrida presidencial em 2018, mesmo com a recém ascensão de lideranças como o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).

“Temos algumas alternativas com a retórica de força que, sobretudo, defendem pontos sobre a segurança pública, uma intervenção do Estado para questões consideradas importantes para a manutenção de valores tradicionais, como a igualdade de gênero, mas não é conservadorismo político no espectro liberal conservador”, frisou. “Temos um populista de direita isso sim. Jair Bolsonaro vem crescendo a partir da crise de segurança pública e do colapso moral [dos casos de corrupção]. Como ele, apesar de ter essa retórica confrontacionista, não foi arrolado em escândalos acaba conquistando um capital político interessante”, complementou.

Com seus discursos, Bolsonaro vem aparecendo em segundo lugar nas pesquisas de intenções de votos, variando entre 19% e 30%. Para o estudioso, entretanto, o eventual presidenciável não tem “recursos políticos que lhe permita ser competitivo”.  “Ele não tem um governador, um prefeito que lhe apoie e um tempo de TV pequeno. O que ele pode é fazer capital político para uma eleição seguinte”, observou.

Candidato conservador beneficiaria o país

O Brasil em si é conservador e isso não é novidade, mas um candidato a presidente da República que defendesse tais teses seria benéfico para o país, sob a ótica do cientista político Elton Gomes. 

“Seria benéfico que tivéssemos uma força política de esquerda bem libertária e uma de direita bastante conservadora. Isso ajudaria a saber que tipo de ideia os políticos defendem. No Brasil, os atores políticos são muito acomodativos, os princípios que eles defendem são alacarte. Quando convém defende a intervenção do Estado na economia, quando não o livre mercado. Uma hora são favoráveis as família tradicionais, na outra são defensores das minorias. Essas questões são difíceis de ser percebidas pelo eleitor médio que colocam todos em um patamar único”, argumentou. 

Para justificar o pensamento, o estudioso destacou ainda a diferença entre conservadorismo e reacionarismo. “Conservador é alguém que acha que existe uma experiência societária comprovada e precisa ser preservado. Reacionário é contrário a toda forma de mudança, principalmente aquele que está numa posição de poder e quer manter seu privilégio. O Brasil tem muito disso e acaba sendo confundido como conservador”, afirmou. 

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Chamou a atenção, na tarde deste sábado (4), na Praia de Ipanema, um 'toplessaço' realizado por quatro mulheres. O ato, segundo as participantes, é um protesto contra a onda conservadora crescente no país.

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As manifestantes foram aplaudidas por grande parte dos banhistas próximos ao mar, segundo o Jornal O Globo. Não é a primeira vez que o ato é realizado, sendo esta a quarta edição.

O protesto também foi filmado. O material fará parte de um documentário a ser exibido pelo Canal Brasil em 2018. "Já entregamos quatro episódios e hoje gravamos cenas para o último episódio", contou ao Globo Ana Paula Nogueira, organizadora do movimento.

Em 2013, o projeto foi criado como resposta à repressão sofrida pela atriz Cristina Flores, obrigada a vestir uma blusa enquanto fazia topless na praia. Neste ano, entre os alvos do protesto está o prefeito Marcelo Crivella. As mulheres também criticavam a perseguição a exposições artísticas com nudez, como o caso do Queermuseu, e cobravam mais respeito ao corpo da mulher. 

"Algum conservadorismo é necessário. Pode não ser desejável mas é necessário". O autor da frase é o cantor e compositor Caetano Veloso, que na segunda-feira, 16, participou de um debate na inauguração da nova sede do coletivo de ativismo digital Mídia Ninja na Casa do Baixo Augusta, região central de São Paulo.

O raciocínio do baiano surpreendeu muitas das mais de 250 pessoas que lotaram o local no início da noite, muitas delas antigos militantes ou jovens simpatizantes de partidos e novas organizações de esquerda.

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"Uma sociedade precisa persistir e para persistir ela tem que ter um aspecto conservador de si mesma. Isso não se manifesta necessariamente em atos reacionários. Não necessariamente todo conservadorismo é reacionário. De todo modo, algum conservadorismo é necessário. Pode não ser desejável mas é necessário", provocou o cantor.

Caetano comentava o surgimento de novos grupos assumidamente de direita como o Movimento Brasil Livre (MBL, que não foi citado nominalmente pelo artista) ao lado do veterano ativista Cláudio Prado, um dos ideólogos da Mídia Ninja. O cantor, que foi perseguido pela ditadura e precisou viver exilado em Londres no final dos anos 1960 e começo dos anos 1970, disse ver alguma semelhança entre grupos da nova direita e os movimentos ruidosos que representavam minorias no passado.

"Esse barulho feito pelos conservadores pode significar que eles estão se sentindo como os não conservadores se sentiam, ou seja, de alguma forma minoritárias. Eles não representam a parte silenciosa do conservadorismo natural das sociedades", afirmou.

Caetano identificou na estridência desses grupos um aspecto que, do ponto de vista da esquerda, pode representar uma vantagem. "Isso, embora assuste, pode denotar alguma fragilidade", disse ele.

De acordo com o compositor baiano, o protagonismo alcançado pela nova direita nos últimos anos é um avanço, pois deixam claras as posições ideológicas colocadas hoje na sociedade brasileira ao contrário de algum tempo atrás, quando uma "maioria silenciosa" dava sustentação velada ao sistema vigente.

"Estamos vivendo um período no mundo e no Brasil em que forças neoconservadoras estão explicitadas e se apresentando como grupos de atividade clara e definida. Isso não é ruim. Antigamente a direita americana usava a expressão maioria silenciosa que era aquela gente que não faz barulho, mas segura o aspecto conservador da sociedade. Hoje essas tendências conservadoras não estão silenciosas e é bom porque ficam claras as visões de mundo que estão espalhadas no seio das sociedades", afirmou.

O tema do debate foi o livro Verdade Tropical, relançado 20 anos depois da edição original em versão revista e ampliada. Depois do evento Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano, comandou uma reunião do grupo "342 Arte" que contou com a presença de artistas radicados em São Paulo além do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos. O evento faz parte do calendário da Casa do Baixo Augusta, sede do bloco carnavalesco Acadêmicos do Baixo Augusta, o maior de São Paulo, inaugurada duas semanas atrás com o objetivo de ser um espaço para reflexão, difusão de conhecimento e debate para além das fronteiras do Carnaval.

Caetano também comentou os ataques feitos pelos grupos neoconservadores a exposições e outras atividades artísticas. Segundo ele, estas manifestações são uma "cortina de fumaça" usada para enganar uma parcela "inocente" da população e, de alguma forma, desmoralizar a classe artística.

"Tem gente que se utiliza disso (acusações de pedofilia) de uma maneira cínica porque sabem perfeitamente que não se trata disso e dizem que sim para assustar os inocentes. Então um número grande de pessoas inocentes possivelmente pode estar desconfiada dos artistas, o que é uma coisa já velha nas sociedades atrasadas. Uma cantora popular, uma atriz, quando eu era criança essas pessoas eram olhadas como merecendo pouco confiança moral", disse ele.

Pouco antes, respondendo a uma colocação de Cláudio Prado, que sacou o celular do bolso e comparou o aparelho a um coquetel Molotov, Caetano fez uma revelação surpreendente para a plateia jovem e conectada que lotou a Casa do Baixo Augusta: "Eu nunca tive um telefone celular".

Entrando na disputa pela Presidência da República em 2018, o PCdoB terá que enfrentar o crescimento significativo das intenções de votos para o deputado federal e presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que aparece nas pesquisas ocupando o segundo lugar e derrotando, inclusive, nomes do PSDB

Questionada pelo LeiaJá se a evolução do apoio direcionado ao parlamentar, costumeiramente defensor de teses mais conservadoras, trazia alguma preocupação, a presidente nacional do partido e deputada federal Luciana Santos disse que sim e ponderou: “Ele é a política autoritária, conservadora e antidemocrática”.  

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“Preocupa muito porque, no bojo dessa crise política, estamos vendo no país uma radicalização política ideológica muito grande. Sou militante desde os tempos que fui estudante da UFPE, desde 84, e nunca vi nada contaminado por tanto ódio e intolerância”, observou, dizendo que apesar de o Brasil ser um país de muitos preconceitos, não “temos intolerância e radicalização que temos em várias partes do planeta, mas se não primarmos pela tolerância vamos viver este tipo de ambiente que seria um retrocesso grande”.

A deputada lembrou que o mesmo ambiente é visto em outras partes do mundo como a França, Alemanha e os Estados Unidos. E, segundo ela, existe uma necessidade latente de combater o autoritarismo pregado por políticos que se dizem apolíticos. 

“Jair Bolsonaro não tem nada de negação da política. É a política autoritária, conservadora e antidemocrática. Desconfiemos daqueles que se apresentam como candidato, mas dizem que não são da política”, ressaltou. 

“Uma coisa é você ser de direita outra é você ser de direita autoritária. Qualquer pensamento autoritário precisa ser derrotado. Autoritarismo, árbitro é o pior que pode existir. Você buscar a saída na base do arbítrio, na pancada, como se isso fosse resolver”, acrescentou Luciana Santos.

O PCdoB ainda não anunciou quem será o pré-candidato do partido para presidente. A expectativa, de acordo com Luciana, é de que isso aconteça em novembro deste ano. 

Daize Michele de Aguiar Gonçalves e Cleiton Gonçalves da Silva talvez sejam nomes desconhecidos na política pernambucana, mas a dupla é dona das votações mais expressivas para a Câmara do Recife e a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) nas últimas eleições. Filiados ao PP e popularmente conhecidos como Michele e Cleiton Collins, o casal está cada vez mais consolidando o espaço do seguimento evangélico no setor e angariando apoios para alçar voos mais altos em 2018. 

Na vida pública desde 2002, Cleiton cumpre hoje o quarto mandato consecutivo de deputado estadual e na última eleição recebeu 216.874 votos, cinco vezes mais do que na primeira. Debaixo do guarda-chuva eleitoral do marido, Michele marcou cadeira na Câmara em 2012 e, em 2016, conquistou 15.357 votos, quase cinco mil a mais do que quatro anos antes.   

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Ela de Belo Horizonte (MG) e ele de Petrolina de Goias (GO), os dois radicalizaram-se na política pernambucana e, segundo Michele, na disputa eleitoral do próximo ano pretendem firmar uma “dobradinha do casal Collins”, tendo em vista uma vaga na Câmara dos Deputados. 

“Sinto que podemos fazer mais e creio que em 2018 provavelmente vai ter novidade nos Collins. Talvez uma dobradinha com o casal Collins. Sempre estou trabalhando na esfera nacional e tenho muitas indagações e projetos em Brasília, que Cleiton também pode dar continuidade. Estamos analisando o cenário, mas estamos seguindo para isto”, revelou a vereadora em conversa com o LeiaJá. 

Além dos mandatos proporcionais, Cleiton Collins também já disputou a prefeitura de Jaboatão dos Guararapes. Em 2016, inclusive, entrou na corrida municipal depois de ter o nome citado como o preferido pela população em pesquisas de intenções de votos. O progressista, entretanto, não passou para o segundo turno. 

Conservadorismo como base de atuação

A postura conservadora adotada pelo casal é uma das marcas do mandato. Os dois defendem ferrenhamente a formação familiar tradicional, são protagonistas de projetos e programas de combate às drogas - Cleiton, inclusive, foi dependente químico; colocam-se contrários à ideologia de gênero e a difusão de políticas para o segmento LGBT. 

Michele, por exemplo, já chegou se colocar contra a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo e dizer que crianças devem ser criadas por um homem e uma mulher. Já Cleiton, por sua vez, quis extinguir, entre seus projetos polêmicos, a realização de festas no estilo open bar. Na Câmara, ela apresentou 112 projetos de lei, nas areas de cidadania, prevenção ao uso de drogas, direito do consumidor, segurança e meio ambiente. Já na Alepe, Cleiton como a que institui a Semana Estadual da Valorização da Família e obriga os centros de formação de condutores a terem veículo adaptado para alunos com deficiência.

Os dois acreditam que o crescimento eleitoral deles se dá justamente por estas posturas que atrai cristãos de várias denominações religiosas. Ao LeiaJá, Michele Collins disse que muitas vezes eles são mal interpretados diante do que defendem. “Nosso mandato é conservador sim, mas tem gosto para tudo. É natural do seguimento que a gente representa, não apenas o evangélico, já comprovamos que [o voto] é além disso. Tem pessoas que esperam isso de nós. Alguém tem que falar, não é que eu sou contra é porque eu tenho coragem de falar. É necessário o debate e a liberdade de expressão dos dois lados”, frisou a vereadora.

“As pessoas falam: ‘ah você é homofóbica’, não eu não sou homofóbica. A homofobia é uma doença. É de quem odeia homossexual. Eu não odeio homossexual. Eu amo essas pessoas. Para mim são seres humanos normais e extraordinários. Agora quando fala relacionada a política pública voltada para este grupo específico e aí vem uma militância pequena, mas que faz um barulho grande para defender que aquilo tem que ser apenas para a aquela parcela, não concordo. A pessoa pode ter seu relacionamento sexual do jeito que quiser, com quem quiser e como quiser”, acrescentou.

Teto de vidro

Um dos pontos criticados por eles, mas que virou teto de vidro e é, vez ou outra, lembrado por seus opositores foi o decreto que permite o uso do nome social no serviço público federal por travestis e transexuais. Michele e Cleiton rebateram duramente a apropriação social, mas também utilizam um sobrenome que não está documentado no registro de nenhum dos dois. Apesar da linha dura, Cleiton Collins antes de se tornar evangélico era DJ e tocava em festas no estado, na época ele usava o nome social de "DJ Banana".

Sobre a questão, a assessoria disse que o sobrenome Collins foi herdado do pai biológico de Cleiton, entregue para a adoção ainda criança, e mesmo anos depois sendo reconhecido o parentesco, apenas por questões burocráticas, não efetuou a mudança documental. 

Funcionários fantasmas e improbidade administrativa

Apesar da pregação cristã, também existem acusações que pesam contra o casal em investigação no Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Um inquérito instaurado pelo em fevereiro deste ano investiga denúncias sobre a existência de irregularidades na contratação de servidores por parte dos dois. Os funcionários supostamente pertenciam a outros órgãos e apareciam como servidores dos gabinetes parlamentares. 

Em julho, Michele também passou a ser investigada sobre a realização de atos religiosos na sede da Câmara. O caso foi apontado como improbidade administrativa pelo MPPE. Na recomendação, o órgão já pontuava que a iniciativa reiterava posição do Conselho Nacional do Ministério Público sobre a necessidade de garantir a fiel observância e concretização do princípio constitucional do Estado Laico no exercício das funções executiva, legislativa e judiciária do Estado brasileiro.

Por meio da assessoria de imprensa, eles negaram as acusações, informaram que as denúncias foram "infundadas" e, após investigação do MPPE, arquivadas.  

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Iniciando pelo Nordeste as articulações para ser candidato a presidente em 2018, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou, nesta quinta-feira (10), que o Brasil precisa de "disciplina" para se recuperar da atual conjuntura de crise política e econômica. Após ser recebido como ídolo por simpatizantes e militares no início da tarde de hoje, no Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife, o deputado faz um discurso reafirmando o desejo de ser conduzido ao Palácio do Planalto e destacou que "quer o bem do Brasil".

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"Quem coloca esta turma em Brasília são vocês. Como pode um país tão rico estar nesta situação? Temos como tirar o Brasil deste ‘Estado de Coisa’. Começamos hoje, aqui no Nordeste, não uma campanha, mas uma movimentação de conscientização. O Brasil precisa de qualidade e disciplina", argumentou, sendo ovacionado pelos seus adeptos durante uma tentativa de discurso.

O presidenciável chega ao estado um dia depois da vitória de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos, conquista que segundo Bolsonaro ajuda na difusão da tese de política conservadora no Brasil e a eleger “pessoas boas” em 2018. "Somos cristãos, conservadores, defendemos a posse de arma de fogo para o cidadão de bem, defendemos a família e que o futuro presidente deste país seja de todos", salientou.

Apesar da expectativa positiva, o parlamentar reconheceu a falta de apoio político para disputar o cargo de presidente e disse que será "atacado" por setores da sociedade. "Não tenho governadores, prefeitos, deputados, mas tenho vocês e em 2018, eles perderão. Não adianta drama ou me chamar de fascista, racista e xenófobo só não podem me chamar de corrupto", salientou. "Nós sofreremos ataques, a grande mídia estará contra nós, mas não vencerão a verdade", acrescentou.

Jair Bolsonaro chegou ao estado por volta das 13h30 e assim que apareceu no saguão do aeroporto, as grades de proteção colocadas pela polícia para fazer um corredor montado para a sua passagem foi destruída pela força dos presentes. Membros da Direita Pernambuco, de grupos que defendem o retorno do regime militar e estudantes alinhados a postura política do deputado participaram da recepção. Bolsonaro foi tratado como “popstar” e carregado nos braços ao som de “salvador da pátria”. 

O deputado vem a Pernambuco para participar do encontro anual da Academia Militar das Agulhas Negras que acontece no fim de semana em Porto de Galinhas, Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Antes de seguir para o litoral, ele palestra na tarde de hoje para a Associação dos Cabos e Soldados de Pernambuco e se reúne com o deputado estadual Joel da Harpa (PTN).  

A inesperada vitória de Donald Trump para presidir os Estados Unidos reascendeu a discussão sobre a chamada “onda de conservadorismo” que invade a política mundial. A tese eleitoral de conduzir perfis sem um histórico político para as chefias dos executivos tem endossado as últimas eleições, gerando conquistas como a do empresário republicano e trazendo à tona uma imprevisibilidade na condução dos países.

Para especialistas ouvidos pelo Portal LeiaJá, um fator que já deve ser levado em consideração é o primeiro discurso do novo presidente após a consolidação da vitória, com um tom apaziguador e indo de encontro com as defesas e ataques feitos por ele durante a campanha.

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“Após a vitória, Donald Trump já demonstrou outro discurso, que sugere o apaziguamento do conflito, chamando, inclusive, a Hillary Clinton para conversar. O contexto faz com que neste instante não saibamos ao certo como será a postura dele nos próximos anos e isto é resultado da imprevisibilidade da vitória dele, afinal de contas, existiam eleitores envergonhados em declarar que votariam em Trump”, ponderou o cientista política e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Adriano Oliveira.

No período de campanha, o novo presidente norte-americano colocou-se contra, por exemplo, a imigração e o livre comércio visando preservar empregos no país e reduzir o déficit americano nas transações com o resto do mundo. Posturas que podem prejudicar o Brasil visto que o EUA é considerado a “potência econômica mundial”.

“Se isso se mantiver, qual será o futuro da economia dos países emergentes, entre eles o Brasil? O impacto para o país pode estar presente na economia, pois temos um mercado de agronegócio forte, precisamos exportar e no momento que os EUA se fecham para o livre comércio atinge a economia, que já vai mal no Brasil”, salientou Oliveira.

Impacto político

A postura conservadora de Donald Trump, sob a ótica da cientista política Priscila Lapa, será refletida justamente nas questões nacionais porque a maioria dos “segmentos sociais que votaram nele são imersos pelo sentimento nato americano”.

“Ele reascende este sentimento conservador voltado para as próprias questões nacionais e nos dá a possibilidade de prever, entre outras coisas, um impacto econômico não de rompimento, mas de inquietação. Ele combina com esta questão de uma política apolítica, onde a falta de histórico na área reforça a esperança [para os americanos] de uma boa gestão”, argumentou.

Para Lapa, uma variável que pesou para a vitória do republicano foi a suposta utilização indevida de um cargo público por Hillary. “Os eleitores de Trump já estão pedindo a investigação e prisão dela”, destacou. “Não ser de berço político também foi um beneficio para ele”, emendou a estudiosa. 

Donald Trump será o 45º presidente dos Estados Unidos da América. Ele alcançou os 276 votos de delegados do colégio eleitoral na madrugada desta quarta-feira (9), depois de uma acirrada disputa contra Hillary Clinton. Ele teve a maioria dos votos na Flórida, Carolina do Norte, Ohi e a Pensilvânia.

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