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A Caixa Econômica Federal vai começar a realizar financiamentos de moradias do Casa Verde e Amarela agregando o chamado "FGTS Futuro" ou "FGTS Consignado" no primeiro trimestre do ano que vem.

Para a medida entrar em vigor, o banco depende da publicação das normas operacionais, o que deverá ocorrer até 18 de janeiro, conforme resolução do Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A partir daí, a operação deve começar em até 90 dias.

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Essa medida permitirá que os recursos a serem recebidos pelos trabalhadores possam entrar no cálculo da capacidade de pagamento de quem quer financiar um imóvel pelo programa. Haveria, portanto, um aumento nessa capacidade de pagamento de aproximadamente 8% - valor depositado na conta do trabalhador do fundo mês a mês.

O uso do FGTS Futuro fica a critério do trabalhador. A medida permitirá que o comprador tenha acesso a casas e apartamentos de valor mais elevado.

Mas a operação também embute riscos, pois a pessoa terá bloqueados depósitos futuros que receberia no FGTS. Em caso de demissão, ela não poderá sacar o saldo da conta que estiver comprometido com o financiamento.

A mudança será limitada, neste primeiro momento, às famílias com renda familiar bruta de até R$ 2,4 mil.

Levantamento do DataZap+ aponta que 10,9 milhões de famílias se enquadram nessa categoria. Esse montante equivale a 15,8% do total de famílias do País.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A contratação de crédito imobiliário está passando por uma simplificação que promete acabar com a burocracia, a papelada e a demora. Algumas instituições financeiras já estão fechando contratos de forma totalmente digital, sem que o cliente tenha de ir à agência bancária ou ao cartório para assinar.

O Bradesco já ultrapassou a marca de 500 contratos (cerca de R$ 150 milhões) de financiamentos firmados de forma digital, sem o cliente ter de sair de casa. O projeto começou em maio no Estado de São Paulo e, em junho, foi estendido para o restante do País.

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O processo de registro eletrônico reúne assinaturas digitais e integra o sistema de cartórios do País. Desta maneira, todos os envolvidos no processo conseguem acompanhar e assinar o contrato virtualmente, sem comparecer aos pontos físicos de atendimento.

O movimento é acompanhado por outros bancos, e a tendência é de que a prática seja uma realidade ampla no mercado até o fim de 2023, estimou o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Rocha Neto.

"Pode escrever. Até o final do próximo ano, quase todos os agentes financeiros já deverão estar com integração aos cartórios, ao menos em São Paulo", afirmou, em debate no Summit Imobiliário, realizado na semana passada pelo Estadão em parceria com o Secovi-SP. Segundo Rocha, o avanço será significativo, uma vez que o Estado de São Paulo representa algo próximo de 40% da contratação de financiamentos do País.

O presidente da Abecip disse que esta é a segunda onda de digitalização da contratação de crédito imobiliário. A primeira onda foi acelerada pela chegada da pandemia, quando bancos passaram a oferecer opções para cotação, simulação e aprovação do crédito por canais digitais, bem como o envio dos documentos iniciais.

Tempo para obter o empréstimo cairá para 1 semana, diz executivo

 

Também presente do Summit Imobiliário, o diretor de crédito imobiliário do Santander, Sandro Gamba, disse que a digitalização ajudará a derrubar o tempo de contratação dos empréstimos para até uma semana. "Anos atrás era coisa de 60 a 90 dias. Hoje já evoluiu, está dentro de um mês. Com essa nova evolução será algo de dias, até coisa de uma semana se estiver com toda a documentação em ordem", projetou o executivo.

"Com o registro eletrônico, estamos falando em uma mudança de patamar para o negócio. Nós sabemos que o financiamento é uma etapa demandante para todos os agentes da cadeia. Com esse avanço que todos os bancos estão fazendo, será uma mudança relevante na forma como se contrata", acrescentou Gamba.

A vice-presidente de habitação da Caixa Econômica Federal, Henriete Bernabé, afirmou que o banco estatal já está trabalhando nesse processo e espera um avanço robusto a partir do começo do ano que vem. Até lá deve ser implantado o Sistema Eletrônico dos Registros Públicos (Serp), que vai unificar sistemas de cartórios em todo o País e permitir registros e consultas pela internet - conforme definido pela Lei 14.382/22, sancionada em junho. A medida promete ainda mais segurança e transparência aos registros eletrônicos.

"Em janeiro entra em vigor a legislação para os cartórios, com a centralização dos dados. Estamos apostando que a partir de janeiro teremos uma evolução grande rumo a uma contratação 100% digital tanto para construtoras quanto para pessoas físicas", disse Bernabé.

A Caixa já conta com canais digitais para simulação e cotação, bem como para tramitação de documentos. Mas a conclusão do processo ainda depende de uma visita do cliente a uma agência bancária. "Hoje, o que pega é o momento da assinatura do contrato que vem antes do registro do contrato. Essa ponta ainda não está redonda", comentou a vice-presidente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de crescer 46% no País, chegando a R$ 255 bilhões em 2021, o crédito imobiliário tende a frear em 2022, conforme a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Diante da alta da taxa básica de juros (Selic), os bancos e as entidades de financiamento ao segmento dão como certa a desaceleração do crédito neste ano. A subida dos juros elevou as taxas que as instituições financeiras cobram dos clientes, o que contém o ímpeto para novos projetos. A inflação também deve reduzir a propensão do consumidor a comprar imóveis em 2022.

O crescimento em 2021 foi puxado pelos financiamentos com recursos da poupança, que subiram 66% em relação a 2020. O financiamento via Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) caiu 3%.

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O recorde deve ser renovado em 2022, mas sem placar elástico. A Abecip espera que o financiamento cresça 2%, com um declínio de 5% nas concessões via poupança. "Temos um ano de desafios: o PIB vai desacelerar, o desemprego pode ter um pouco de aumento, temos a inflação ainda sustentada e níveis de confiança com tendência de redução", diz o presidente da entidade, José Ramos Rocha Neto.

Nos bancos, a percepção é semelhante. "Sem dúvida (vai desacelerar), e a redução vem principalmente em função do aumento da taxa de juros", afirmou o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, em entrevista no início do mês.

Alta nos juros preocupa segmento

A principal preocupação dos empresários do setor imobiliário está relacionada ao aumento na taxa de juros aos empréstimos da área. Atualmente, ela está em torno de 9% a 10% ao ano. No começo de 2021, estava perto de 7% ao ano. O aumento se traduz em parcelas mais caras para os mutuários e na redução de seu poder de compra.

"O aumento na taxa de juros preocupa", disse há duas semanas o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci. Para ele, porém, a taxa permanece "atrativa" o suficiente para manter a liquidez do setor: após recordes de baixa em 2021, voltou a um patamar mais próximo das médias históricas com que o mercado costuma trabalhar.

"Já tivemos taxas de crédito imobiliário com dois dígitos, e nem por isso perdemos a pujança nos volumes de financiamento", afirma o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Ramos Rocha Neto. Um dos fatores que podem frear a alta dos juros para os mutuários, na avaliação dos bancos, é a "trava" do rendimento da poupança.

Quando a Selic ultrapassa 8,5% ao ano, a remuneração estaciona em 6,17% ao ano mais a taxa referencial (TR). Como a Selic está em 10,75% ao ano, a alta do custo de financiamento para os bancos está dada, ainda que os juros básicos da economia voltem a subir, como o mercado prevê.

Rocha Neto afirma que o aumento dos juros terá impactos diferentes no financiamento à aquisição e no à construção. No primeiro caso, o consumidor pode concluir que, mesmo com a parcela maior, a compra compensa, especialmente após os últimos reajustes de preço dos aluguéis. Nos projetos das incorporadoras, porém, a elevação das taxas tem efeito mais difícil de compensar.

"As taxas (para pessoa física e jurídica) estão subindo na mesma proporção, mas a pessoa jurídica faz a conta do payback (retorno) do projeto", diz. Segundo Rocha Neto, esse efeito se dá não apenas nos empréstimos, mas também no financiamento ao setor pelo mercado de capitais: com juros mais altos, o investidor busca remuneração maior e se dispõe a pagar menos por uma cota de fundo imobiliário ou uma letra imobiliária, por exemplo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Caixa Econômica Federal lançou nesta quinta-feira (20) a linha de crédito imobiliário do banco com taxa fixa, sem correção. As taxas de juros vão começar a partir de 8% ao ano, até 9,75%.

As condições são válidas para imóveis residenciais novos e usados, com quota de financiamento de até 80%. As contratações estarão vigentes a partir da sexta-feira, 21. A taxa fixa varia até 9,75%. Com relacionamento, a taxa é de 8% a 9,50%. Sem relacionamento, é de 9,75%.

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De acordo com a Caixa, o cliente poderá escolher entre os sistemas de amortização SAC, para contratos de até 360 meses, e PRICE, para financiamentos de até 240 meses.

A modalidade, que foi anunciada em janeiro pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, foi divulgada oficialmente em cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Com o lançamento, a Caixa passa a oferecer a seus clientes três modalidades de crédito imobiliário: Taxa Referencial (TR) mais juros; com lastro no IPCA e sem correção. No ano passado, em agosto, o banco estatal lançou a linha com correção pelo IPCA.

Na nova linha, o juro será fixo e não terá outros indicadores de correção. Na modalidade pós-fixada corrigida pela TR, a Caixa cobra juros de 6,5% a 8,5% ao ano, além da TR, e o prazo máximo de pagamento é de 420 meses; os recursos vêm da poupança e do FGTS.

Já na linha pós-fixada corrigida pelo IPCA, a Caixa cobra juros de 2,95% a 4,95% ao ano, além da inflação; o prazo máximo do financiamento é de 360 meses, e o funding só permite o uso de recursos da poupança.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disse nesta quinta-feira, 2, que o banco deve lançar em março linha de crédito com juro prefixado. "Você vai poder contratar crédito de 30 a 35 anos e saber quanto vai pagar neste período", afirmou.

Hoje o banco oferece linhas de crédito corrigidas pela Taxa Referencial (TR) ou pelo índice oficial de inflação, o IPCA. Guimarães disse esperar que a migração entre linhas de crédito imobiliário se multipliquem com o lançamento da terceira opção de financiamento.

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"Vale lembrar que, quando a Caixa lançou, há alguns meses, criticava-se muito, mas hoje 16 bancos oferecem crédito imobiliário pelo IPCA", disse o presidente do banco. As declarações foram feitas após Guimarães se reunir com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto.

Saque do FGTS

O presidente da Caixa disse que o Banco Central divulgou números desatualizados sobre saques do FGTS. Segundo Guimarães, foram sacados até 60% dos recursos disponibilizados pelo fundo. A ideia, disse ele, é que o porcentual chegue 70% ao final das operações.

Em 20 de dezembro, o Banco Central divulgou que somente 44% dos recursos liberados foram efetivamente sacados pelos beneficiários. "Eles tinham dados desatualizados", alegou Guimarães.

O presidente da Caixa disse que 1 milhão já pediram acesso a recursos do "saque-aniversário" da parcela do FGTS.

Devolução do IHCD

Guimarães disse que a Caixa deve fazer nova devolução dos chamados Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCD) neste ano. "A cada trimestre a gente pode devolver mais um valor porque vai tendo mais lucro", afirmou.

Segundo ele, o banco está preparado para a operação, mas depende de decisões de órgãos reguladores, como CVM e B3. "Por nós, o mais rápido (sobre prazo). São etapas que tem todos os órgãos reguladores, mas a gente está muito preparado para essas operações", afirmou.

A Caixa devolveu ao governo um total de R$ 11,350 bilhões de IHCD em 2019. O valor trata de empréstimos feitos durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) divulgou os dados de financiamento de imóveis com recursos da poupança no mês de setembro. O volume chegou a R$ 7,59 bilhões, maior valor mensal desde maio de 2015. O valor é 13,2% maior que o de agosto e 54,5% maior que o de setembro de 2018.

No acumulado deste ano, já foram aplicados R$ 54,7 bilhões no financiamento para aquisição e construção de imóveis, segundo a Abecip, crescimento de 34,1% na comparação com o ano passado. Em 12 meses, o valor chega a R$ 71,3%, alta de 39% na comparação com o período anterior.

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Em setembro, foram financiados 27,2 mil imóveis, 3% a mais que em agosto e 31,5% acima do número de setembro de 2018. De acordo com a Abecip, foi o melhor resultado mensal desde setembro de 2015, e o melhor de 2019. No acumulado desde o início do ano, são 207,7 mil imóveis financiados, alta de 28,1%.

A captação da poupança em setembro ficou positiva em R$ 8,09 bilhões, mas o resultado acumulado no ano ainda é negativo em R$ 3,09 bilhões.

Em relação ao ranking de bancos, a Caixa aparece em primeiro no ano, com R$ 17,178 bilhões, seguido de Bradesco, com R$ 13,28 bilhões, Itaú Unibanco, com R$ 11,562 bilhões, e Santander, com R$ 8,721 bilhões.

Os financiamentos para a compra e a construção de imóveis no País atingiram R$ 6,7 bilhões em julho, alta de 10,5% em relação a junho e avanço de 36,0% frente ao mesmo mês do ano passado. Este foi o maior montante mensal de empréstimos em 2019. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 29, pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), cuja pesquisa considera apenas os empréstimos com recursos originados nas cadernetas de poupança.

Nos sete meses de 2019, os financiamentos somaram R$ 40,4 bilhões, elevação de 33,8% em relação a igual período do ano passado. Nos últimos 12 meses, os empréstimos foram de R$ 67,6 bilhões, alta de 39,2% em relação ao apurado nos 12 meses anteriores.

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Unidades

A pesquisa da Abecip mostrou também que, em termos de unidades, foram financiados 24,9 mil imóveis em julho, 11,7% mais do que em junho e 24,1% acima do registrado em julho de 2018. Este também foi o melhor resultado mensal de 2019.

Nos sete meses de 2019, os empréstimos englobaram 154,1 mil imóveis, aumento de 29,6%. E em 12 meses, foram 263,6 mil unidades, avanço de 34,8%.

Ranking

Em julho, a Caixa Econômica Federal liderou os financiamentos entre os bancos, com a liberação de R$ 2,245 bilhões. Em seguida vieram: Bradesco (R$ 1,610 bilhão), Itaú Unibanco (R$ 1,464 bilhão), Santander (R$ 962,4 milhões) e Banco do Brasil (R$ 273,6 milhões).

No ano, a situação foi a mesma, com a Caixa na frente (R$ 12,155 bilhões), seguida por Bradesco (R$ 10,032 bilhões), Itaú Unibanco (R$ 8,829 bilhões), Santander (R$ 6,087 bilhões) e Banco do Brasil (R$ 2,259 bilhões).

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça que os bancos terão de seguir o exemplo da Caixa Econômica Federal e reduzir os juros das suas linhas de crédito. Durante cerimônia de lançamento de linhas de crédito imobiliário com atualização pelo IPCA, no Palácio do Planalto, Bolsonaro lembrou que a Caixa reduziu, há poucas semanas, em até 40% os juros do cheque especial. "Com certeza, outros bancos vão ter de ir no mesmo caminho", disse. "Não vai ser uma imposição. Ou eles vão atrás, ou o número de clientes da Caixa vai aumentar e muito", acrescentou.

No último dia 31 de julho, a Caixa anunciou cortes nas taxas de juros de suas principais linhas de crédito, tanto para empresas como para pessoas físicas. Ainda anunciou na ocasião um novo pacote de serviços, chamado "Caixa Sim", com corte de até 40% nos juros. Com relação específica ao cheque especial, a redução para pessoas físicas na taxa cobrada pela Caixa foi de 26% e, para pessoas jurídicas, de 33%.

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O diretor executivo e de Relações com Investidores do Bradesco, Leandro Miranda, disse que o banco não teria nenhum problema de oferecer crédito imobiliário com taxas baseadas no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como referência. O problema é se o mutuário gostaria de assumir o risco inflacionário por um período tão longo.

Nesta tarde, o presidente da Caixa Econômica Federal,Pedro Guimarães, anunciou que a Caixa vai oferecer taxas de juros atreladas ao IPCA, inflação oficial do País, para contratos de 360 meses. A Caixa e o Bradesco brigam pela liderança dos financiamentos imobiliários, segundo o executivo.

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Ele questiona se 12 anos atende o cliente, já que o valor da prestação ficaria elevada, e, no caso da oferta de 20, 30 anos, como é mais comum para o crédito imobiliário, o mutuário gostaria de se comprometer com a inflação por um período tão longo. Mesmo no prazo de 12 anos, segundo Miranda, que ainda não havia tomado conhecimento diretamente do anúncio da Caixa, haveria um risco inflacionário que o brasileiro talvez não queira tomar.

"Para nós, bancos, faríamos sem problemas, mas não sei se o cliente gostaria de 12 anos. Para nós acho viável porque tem proteções de inflação através de derivativos. Se quiser transformar a taxa em fixa você tem possibilidade de securitizar essa carteira de 12 anos junto a fundos de pensão e companhias de seguro. Mas atende o consumidor?", questiona Miranda.

"Vamos primeiro entender o regulamento (anunciado nesta terça). Nós temos capacidade de prover todo e qualquer produto bancário no Brasil, se tiver demanda a gente pode fazer a inflação por 12, 20, 30 anos", afirmou o executivo. "Não temos necessidade de limitar a 12 anos porque temos capital robusto", concluiu.

A lenta retomada do setor imobiliário, aliada à resistência do consumidor em assumir dívidas longas, gera uma situação inédita no mercado de crédito para a compra da casa própria: vão sobrar mais de R$ 100 bilhões em recursos para financiamento, entre esse ano e o próximo ano, segundo estimativa da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Essa montanha de recursos ociosos é reflexo do ritmo lento de recuperação da economia, que, por consequência, emperra a venda de imóveis. Ao mesmo tempo, a poupança, de onde sai parte dos recursos usados pelos bancos nos empréstimos imobiliários, voltou a registrar no primeiro semestre, após quatro anos, um volume maior de depósitos do que de saques.

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"Teremos nos próximos dois anos, uma liberação de recursos da ordem de R$ 239 bilhões. O financiamento imobiliário, na melhor das hipóteses, vai chegar a R$ 125 bilhões. Ou seja: vão sobrar R$ 114 bilhões no sistema inteiro", calcula o presidente da Abecip, Gilberto Duarte.

O dinheiro que os bancos emprestam para financiar a casa própria vem, sobretudo, da poupança. As instituições usam cerca de 65% do que é aplicado na caderneta com o crédito imobiliário. A segunda fonte é o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS), recolhido de quem tem carteira assinada.

Durante os anos de pujança, antes da recessão, os empresários do mercado imobiliário chegaram a defender a necessidade de se buscar fontes alternativas de recursos para suprir a demanda por crédito.

Consumidor

A disponibilidade recorde de recursos, no entanto, não beneficia diretamente o comprador de imóvel neste momento. Segundo Duarte, se as perspectivas para a economia fossem positivas, a consequência seria uma redução da taxa de juros por parte dos bancos. Com o cenário de incerteza, o movimento tende a ser o oposto. "Como os financiamentos podem durar mais de 30 anos e a previsão é de que os juros subam lá na frente, ninguém quer baixar mais", diz.

Nos últimos dois anos, os bancos já vinham reduzindo os juros do crédito imobiliário, acompanhando o movimento de queda da Selic, a taxa básica de juros da economia, que passou de 13,75% no fim de 2016 para 6,5% ao ano. A disputa por clientes nesse segmento também aumentou, principalmente entre os bancos privados que aproveitaram o recuo da Caixa Econômica Federal.

Para Feliciano Giachetta, da FGI Negócios Imobiliários, houve uma leve melhora para o consumidor. "Quem comprova que está apto para financiar consegue o dinheiro. Há três anos, o banco levava 90 dias para liberar o financiamento. Hoje, um crédito sai em 45 dias. O que segura o consumidor hoje é mesmo a incerteza."

Pesa o fato de as perspectivas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) terem piorado. O mercado tem relação direta com o andar da economia: quando ela vai bem, as pessoas têm mais renda, ficam otimistas e compram mais casas.

A despeito de as expectativas para expansão do PIB neste ano terem caído praticamente pela metade, os bancos mantêm as projeções para o crédito imobiliário. O volume de financiamento deve subir 15%, totalizando R$ 116 bilhões, considerados os empréstimos com recursos da caderneta de poupança (SBPE) e do FGTS, de acordo com projeções da Abecip. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Itaú Unibanco anunciou nesta segunda-feira, 21, nova redução nos juros do crédito imobiliário. Com a mudança, que começa a valer a partir de terça-feira, dia 22, a taxa mínima no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que usa, principalmente, o dinheiro da poupança, passou de 9% ao ano para 8,8% a.a. mais taxa referencial em ambas as situações. Já nas linhas do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), com recursos de mercado, a nova taxa será a partir de 9,3% a.a. ante 9,5% anteriormente mais taxa referencial.

Antes do Itaú, outros concorrentes privados já tinham anunciado corte em seus juros do crédito imobiliário após a Caixa Econômica Federal, líder do segmento, baixar suas taxas.

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O primeiro foi o Santander Brasil, que anunciou em abril redução na linha SFH de 9,49% ao ano para 8,99% e de 9,99% para 9,49% no SFI, mas com condições atreladas para o cliente ter acesso a esse patamar de juro, que vale até o começo de agosto. Já o Bradesco baixou sua taxa no imobiliário de 9,3% para 8,85% ao ano do SFH, e de 9,7% para 9,3% ao ano no SFI.

"Com o aumento da confiança dos consumidores, estamos percebendo uma retomada do mercado imobiliário, o que é uma ótima notícia para o para o setor e para o País. Essa nova redução de taxas certamente contribuirá para acelerar esse movimento", afirma Cristiane Magalhães, diretora do Itaú Unibanco, em nota à imprensa.

De acordo com o banco, a demanda por crédito imobiliário tem crescido. No primeiro trimestre deste ano, o saldo total da carteira de crédito do Itaú Unibanco atingiu o patamar de R$ 40 bilhões para crédito imobiliário e o crescimento do volume de financiamentos concedidos foi de 26% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Com o movimento dos privados, a Caixa voltou a ter a maior taxa no crédito imobiliário. No mês passado, o banco público reduziu o juro mínimo cobrado em operações pelo SFH de 10,25% para 9,00% ao ano. No SFI, passou de 11,25% para 10,00% ao ano.

Já o Banco do Brasil anunciou, antes mesmo da reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), na semana passada, ajustes entre 0,15 e 0,8 ponto porcentual ao ano nas linhas do SFH, reduzindo a mínima para 8,99% ao ano.

Além de usar recursos de poupança, a modalidade SFH contempla imóveis de até R$ 950 mil localizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e no Distrito Federal e de até R$ 800 mil para os demais Estados. Já o SFI abrange imóveis acima dos limites determinados no SFH.

Os financiamentos imobiliários com recursos da caderneta de poupança foram de R$ 4,42 bilhões em agosto, alta de 4,2% em relação a julho e de 9,9% frente a igual mês do ano passado. Foi o segundo mês consecutivo que os financiamentos atingem o maior patamar do ano. Os dados são de pesquisa divulgada nesta quinta-feira, pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

No acumulado de 2017, foram financiados R$ 29,21 bilhões, montante 4% inferior ao observado em igual período de 2016. Nos 12 meses compreendidos entre setembro de 2016 e agosto de 2017, foram aplicados R$ 45,38 bilhões na aquisição e construção de imóveis com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), retração de 8,2% em relação ao apurado nos 12 meses precedentes.

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No mês passado foram financiados, nas modalidades de aquisição e construção, 18,4 mil imóveis. "O número reflete a trajetória crescente de imóveis financiados, com alta de 11,5% em relação a julho e de 2,2% comparativamente a agosto de 2016. O resultado confirma a tendência positiva de evolução do crédito imobiliário", diz a Abecip, em nota.

No acumulado do ano até agosto, foram financiadas aquisições e construções de 117,4 mil imóveis, queda de 13,6% na relação a igual etapa de 2016, quando 135,83 mil unidades foram objeto de financiamento bancário.

Segundo a Abecip, o financiamento imobiliário viabilizou a aquisição e a construção de 181,27 mil imóveis nos últimos 12 meses, até agosto, queda de 18,1% frente aos 12 meses precedentes.

Em agosto, pelo quarto mês consecutivo, a captação líquida da poupança mostrou bom desempenho, com entradas líquidas de R$ 1,65 bilhão, em contraste com o ocorrido em igual mês do ano passado, quando houve saída líquida de R$ 3,52 bilhões. O saldo total da aplicação encerrou o mês passado em R$ 533,7 bilhões, crescimento de 7,7% na comparação anual.

O governo federal vai intensificar nesta semana a discussão de medidas para a retomada do crédito imobiliário. O setor ficou irritado com a decisão do presidente Michel Temer de liberar o saque total das contas inativas do FGTS. O fundo é tradicional fonte de recursos para financiamento da casa própria.

A equipe econômica apresentou simulações ao segmento para mostrar que a liberação do saque das contas inativas do FGTS não trará problemas para as empresas. Segundo um integrante da equipe econômica, o governo avalia que é preciso acelerar as medidas, pois as construtoras têm tido desempenho baixo. A avaliação é de que, além de fatores como desemprego e queda na renda, os bancos também ficaram mais "seletivos" ao liberar crédito.

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A indústria da construção pressionou o governo para não incluir o saque do FGTS no pacote de medidas microeconômicas. Depois de algumas conversas, o setor até aceitou a medida, desde que fosse estipulado um teto para a retirada - ponto que ficou de fora da proposta. Agora, o governo tenta conter a insatisfação.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que uma das ações em estudo é a flexibilização das exigências dos bancos nos financiamentos aos empreendimentos. Hoje, as instituições financeiras dão prazo de 180 dias depois do Habite-se para que incorporadoras e construtoras quitem as parcelas dos financiamentos. Com a queda na venda dos imóveis, esse prazo está sendo insuficiente.

Na repactuação das dívidas, os bancos transferem os financiamentos da carteira imobiliária (com taxas entre 9% e 10%) para a carteira comercial (com juros entre 17% e 18%). Além disso, a repactuação impede que as empresas contratem novos empréstimos.

"Está faltando sensibilidade por parte dos bancos para o momento em que estamos vivendo. É preciso adequar esses contratos de 2012 e 2013 a uma nova realidade", afirma José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).

O setor defende que o governo federal tire do papel um mecanismo de estímulo às Parceiras Público-Privadas (PPP) pelas prefeituras de obras com potencial de alavancar a economia.

Para deslanchar esse modelo, a indústria da construção diz que é preciso permitir que as administrações oficiais ofereçam como garantia os recebíveis dos serviços públicos. Por exemplo: se é uma PPP para modernizar a iluminação de uma cidade, a garantia poderia ser uma conta vinculada, administrada por um banco, para onde seriam destinados os recursos pagos pela população pelo serviço.

Essas parcerias poderiam envolver a área técnica da Caixa Econômica Federal. Segundo a Cbic, o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, apoia a iniciativa.

Teto

O setor também insiste que o governo aumente o valor dos imóveis financiados pelo Minha Casa, Minha Vida, atualmente em R$ 225 mil. A ideia chegou a ser incluída no "pacote de Natal" anunciado por Temer, mas foi retirada.

A ideia é que, se o valor do imóvel financiado pelo programa de habitação subir a R$ 300 mil, com recursos do FGTS, a renda máxima dos beneficiários subiria dos atuais R$ 6,5 mil para cerca de R$ 8,5 mil. "Tem que calibrar até onde a renda pode subir para não comprometer a saúde financeira do FGTS", diz o presidente da Cbic.

O governo tem analisado com a categoria medidas para o MCMV, mas a estratégia é focar na questão global para dinamizar o setor.

Outro pedido é a retomada do programa de investimentos federais em aviação regional, lançado pela ex-presidente Dilma Rousseff, mas em menor escala. Lançado em 2012 pelo governo da petista, o plano era fazer investimentos em 270 pequenos e médios aeroportos. O Banco do Brasil tem prontos os projetos de cerca de 50 unidades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A inadimplência no crédito imobiliário aumentou no ano passado, refletindo o cenário atual de juros altos e aumento do desemprego, mas ainda não é um ponto de atenção no setor, de acordo com Gilberto Duarte, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e diretor de crédito imobiliário do Santander. O indicador, considerando atrasos acima de 90 dias, passou de 1,4% em 2014 para 1,9% no ano passado, considerando garantia hipotecária e alienação fiduciária.

Se considerada, conforme dados da Abecip e do Banco Central, apenas a alienação fiduciária, a inadimplência do crédito imobiliário aumentou de 1,4% no ano de 2014 para 1,6% até setembro de 2015. "A inadimplência ainda não é preocupante, mas os bancos estão trabalhando em novas soluções. No cenário atual serão ampliadas as carências e também o prazo do pagamento do crédito. O mercado está trabalhando. Está muito claro que o consumidor quer pagar e ficar com a casa dele, que é seu principal bem", avaliou o presidente da Abecip, em coletiva de imprensa, nesta terça-feira, 26.

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De acordo com ele, a tendência é que ocorram, e isso já é uma realidade, mais negociações entre bancos e consumidores. Já do lado das incorporadoras, segundo Duarte, os casos de inadimplência foram pontuais e o patamar dos calotes está "normal". "Em 2015, tivemos mais situações de incorporadoras pedirem mais prazo e renegociarem condição, mas essas empresas continuaram pagando. Isso não constitui inadimplência, mas ajuste de fluxo de caixa", esclareceu o presidente da Abecip.

Juros

Os bancos não fizeram novos movimentos de aumento de juros no crédito imobiliário, mas as taxas podem subir ao longo de 2016 em meio à pressão na curva da Selic, de acordo com Duarte. Apesar disso, o especialista acredita que os bancos não tendem a ser ainda mais rigorosos neste segmento do que foram em 2015, quando elevaram os juros e restringiram as condições de liberação de recursos para a compra da casa própria.

"Os parâmetros adotados em 2015 parecem ser bastante sólidos e já criam conforto necessário para que o mercado aconteça, mas depende do comportamento da taxa de juros no curto prazo e da curva de juros que está pressionada. Isso pode começar a se traduzir em aumento de preços", avaliou Duarte.

Sobre medidas para estimular mais o mercado de crédito imobiliário, que em 2015 reduziu pelo segundo ano consecutivo o volume de empréstimos, o presidente da Abecip citou a criação de um grupo para estudar caminhos para desburocratizar o uso dos recursos do FGTS. Segundo ele, essa iniciativa foi iniciada no final do ano passado e ainda não tem medidas práticas definidas.

Questionado sobre o uso dos recursos do FGTS para outros segmentos fora o crédito imobiliário, como, por exemplo, o consignado (com desconto em folha de pagamento), Duarte disse que "manter a missão constitucional do fundo preservada faz mais sentido e é mais sadio". "O FGTS tem uma série de desafios como fundo, mas tem uma missão constitucional bastante clara e tem o investimento que tem sido feito em moradias populares", avaliou ele.

O volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis com recursos da poupança deve encolher 20,6% neste ano, para um patamar de R$ 60 bilhões, de acordo com as projeções da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

"As projeções indicam que 2016 será um ano igualmente desafiador sob o ponto de vista econômico. Comprar imóvel demanda confiança e o Brasil passa por uma crise de confiança e todos os setores estão sentido. A indústria da construção civil sofre mais, pois precisa de muito mais crédito e confiança", avaliou o presidente da entidade, Gilberto Duarte, que também é diretor de crédito imobiliário do Santander.

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Segundo ele, esse contexto mais desafiador vem desde o ano passado em meio ao aumento da inflação e dos juros e da maior taxa de desemprego, acompanhada da queda do rendimento da população. Esse conjunto de fatores não ajudam, conforme Duarte, uma vez que o mercado imobiliário se beneficia de confiança e taxa de juros baixa.

Neste contexto, o crédito imobiliário com recursos de poupança desabou 33% no ano passado, totalizando R$ 75,6 bilhões em relação a 2014. O número de imóveis financiados chegou a 341,5 mil unidades, queda de 36,6%, na mesma base de comparação.

"Tivemos uma retração importante. A crise econômica de fato tocou o consumidor, mas ainda foi possível alcançar um nível de atividade bastante alto", avaliou o presidente da Abecip.

Duarte lembrou que no passado o Brasil viveu um nível exacerbado de compra de imóveis, com grande demanda de investidores na expectativa de elevação dos preços. Hoje, conforme ele, esse público está menos presente, dando espaço a pessoas que realmente adquirem unidades para morar.

Como consequência, lembrou o presidente da Abecip, estão sendo lançados menos imóveis, o que, na sua visão, é positivo, uma vez que permite ao setor atingir um patamar de estabilidade e com previsibilidade.

"O mercado imobiliário passa por um momento de ajustes que vai continuar em 2016 para que alcance um novo patamar, readequando-se ao nível atual da demanda da população", explicou Duarte.

Em dezembro último, conforme a Abecip, o volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis totalizou R$ 4,8 bilhões, interrompendo uma sequência de queda de quatro meses seguidos, com alta de 16,5% em relação a novembro. Em um ano, porém, retraiu-se 55,2%.

A Caixa Econômica Federal anunciou a terceira elevação dos juros nos financiamentos imobiliários de imóveis residenciais neste ano. As novas taxas têm início, conforme informou o banco, líder no segmento, ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, em 1º de outubro e tiveram de ser reajustadas para cima por conta do aumento dos juros básicos, a Selic.

Passaram ilesos novamente os financiamentos habitacionais com recursos do Programa Minha Casa Minha Vida e do FGTS, que não terão alteração. Nas demais modalidades, os juros aumentaram em pelo menos 0,30 ponto porcentual e no máximo 0,50 ponto porcentual.

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Para imóveis a serem financiados pelo Sistema Financeiro Habitacional (SFH), de valor de R$ 650 mil a 750 mil, dependendo da cidade, os juros passam de 9,45% para 9,90% ao ano. No Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), que abrange imóveis com valores acima desta faixa, a taxa balcão da Caixa aumenta de 11% para 11,50% ao ano.

Com o aumento da Selic, a Caixa enfrenta escassez de funding para crédito imobiliário em meio aos saques realizados na poupança, principal fonte de recursos do segmento. Por isso, além de aumentar os juros, ainda restringiu as condições de financiamento, reduzindo o limite máximo de financiamento (LTV, na sigla em inglês). Para imóveis em geral, passou de 90% para 80%. No SFH, para imóveis usados, recuou de 80% para 50%, e de 70% para 40% para imóveis usados enquadrados no SFI.

No SFH, o valor máximo do imóvel financiado é de R$ 750 mil nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal; nos demais Estados, o valor é de R$ 650 mil. No SFI, estão os financiamentos que não se enquadram no SFH, como os imóveis com valores superiores ao estabelecido pela lei.

"A Caixa ressalta que, mesmo após a alteração, continua mantendo as melhores taxas de juros de financiamentos habitacionais no âmbito do SFH", informa a instituição.

Nos imóveis comercial e misto, a taxa balcão passou de 12% para 14%, enquanto que para clientes que têm relacionamento com a Caixa os juros aumentaram de 11,50% para 13,50%. Para quem tem não só relacionamento, mas também recebe seu salário pelo banco, a taxa será de 13%, contra 11% anteriormente.

A Caixa Econômica Federal informou que não mais concederá um novo financiamento à casa própria para os clientes que já obtiveram crédito no banco estatal para a mesma finalidade. A nova regra vai começar a ser colocada em prática a partir do dia 17 deste mês nas linhas de financiamento com recursos da poupança para a compra de imóvel novo ou usado.

A exceção será para os clientes que queiram um novo financiamento para comprar imóveis comerciais ou lotes urbanos para construção de moradia. Nessas condições, mesmo possuindo financiamento em curso, será possível pegar um novo empréstimo.

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A Caixa afirmou, em nota, que essas operações representam 2,4% da quantidade de financiamentos concedidos pelo banco. A instituição reiterou que o "foco" do banco em 2015 é o financiamento de imóveis novos, com destaque para a habitação popular, por meio do Minha Casa Minha Vida ou com recursos do FGTS. Nesses casos, não houve nenhuma alteração.

Neste ano, o banco estatal já subiu duas vezes as taxas de juros das operações para financiamentos de imóveis residenciais com recursos da poupança. Em 2014, as taxas ficaram congeladas durante todo o ano.

A Caixa mudou a forma como libera os financiamentos à casa própria porque enfrenta dificuldades com a fonte de recursos dessas operações: os depósitos na caderneta de poupança. No primeiro semestre deste ano, os saques ultrapassaram os depósitos em R$ 38,5 bilhões.

O governo tentou socorrer os financiamentos imobiliários com um pacote que inclui mais R$ 5 bilhões do FGTS e a liberação de R$ 22,5 bilhões de compulsórios, depósitos que os bancos são obrigados a manter no BC, desde que fossem usados para crédito imobiliário.

Os grandes bancos privados restringiram a oferta de crédito imobiliário, acompanhando o movimento iniciado pela Caixa Econômica Federal, que tenta driblar a falta de recursos na poupança. Além de elevar os juros mínimos cobrados no segmento, que já começam a valer no mês de maio, também passaram a exigir um maior valor de entrada para financiar a compra da casa própria.

O espanhol Santander anunciou essa semana que o limite do crédito cobrirá no máximo 70% do valor dos imóveis. O teto anterior, de até de 80%, foi mantido apenas para os clientes de alta renda, os chamados Select. Os juros passaram a ser no mínimo de 10,1% ao ano ante taxa de 9,1% a.a. Ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o Santander explicou que as condições variam conforme o relacionamento com o cliente.

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Quem também passou a exigir uma maior entrada foi o Itaú Unibanco, que passou a financiar somente 70% e não mais 80% do valor de avaliação do imóvel residencial, segundo fonte com conhecimento no assunto. A taxa mínima passou de 9,1% a.a. para 10,2% a.a. As novas condições começaram a valer no dia 13 de maio. "Os ajustes são necessários para manter o ritmo da nossa operação, garantindo o atendimento às necessidades dos nossos clientes em um momento de aumento de demanda do produto no mercado", explica o Itaú, em nota ao Broadcast, sem, no entanto, detalhar as novas taxas.

O banco acrescenta ainda que, desde 2012, redirecionou o mix de crédito. Como consequência, destaca o Itaú, a participação do segmento imobiliário na sua carteira passou de 6,1% em março de 2012 para 8,7% em igual mês desse ano. Nesse período, o volume cresceu mais que dobrou, para R$ 30 bilhões.

Já o Bradesco manteve inalterado o limite de entrada exigido, mas elevou os juros. Nas linhas do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que abrange imóveis de até R$ 750 mil, a taxa mínima passou de 9,6% a.a. para 9,8% a.a. Financiamentos acima disso terão juros de 10,3% a.a., ante 9,5%. As taxas valem desde o dia 07 de maio. "As condições permanecem inalteradas, inclusive, quanto ao porcentual de 80% do valor de avaliação para financiamento de imóveis novos ou usados", confirma o Bradesco, em nota ao Broadcast.

O endurecimento nas condições de crédito imobiliário, até então visto como um dos motores para o crescimento das carteiras, por parte dos bancos privados reflete o momento de crise que o setor atravessa. A expectativa dos grandes players é que a linha desacelere este ano, impactada pelo forte movimento de saques na poupança em meio ao aumento dos juros, que torna outras opções mais rentáveis, e da inflação que compromete o poder de renda da população.

De janeiro a abril, os saques da caderneta foram de R$ 29 bilhões, segundo o Banco Central. E o montante não deve parar por aí. A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) estima que as retiradas alcancem R$ 50 bilhões neste ano. Como consequência, o volume de desembolso com recursos da poupança recuou 4,6% no primeiro trimestre, conforme a Associação. Não bastasse isso, fez ainda a Abecip revisar suas projeções. Na melhor das hipóteses, o segmento vai ficar no zero a zero e no pior cenário ter queda de cerca de 11%, para R$ 100 bilhões, ante R$ 112,9 bilhões do ano passado.

"Desde que fizemos as projeções, as variáveis mudaram totalmente. Tivemos um deslocamento dos juros e uma saída expressiva de depósitos da poupança, de R$ 29 bilhões. No cenário atual, com restrição de recursos, vamos no máximo repetir os desembolsos do ano passado", destacou Octavio de Lazari Júnior, presidente da Abecip, a jornalistas, ponderando que o segundo semestre deve ser melhor.

A situação mais crítica, porém, está na Caixa Econômica Federal, conhecida como o banco da habitação. Além de ter restringido os empréstimos para a compra da casa própria, financiando no máximo metade do valos no caso de imóveis usados, aumentou os juros por duas vezes. Sem recursos da poupança, a Caixa tem o desafio de desembolsar o mesmo montante de 2014, quando foram liberados R$ 129 bilhões. Executivos já falam, porém, em um corte bilionário neste ano.

De janeiro a março, o volume de crédito imobiliário contratado na Caixa ficou estacionado. "No primeiro quadrimestre, o volume de empréstimos financiados pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), do setor bancário como um todo, à exceção da própria Caixa, apresenta queda em relação a 2014. Além disso, a sinalização do mercado de imóveis é de queda na velocidade de vendas em 2015", justifica a Caixa, em nota ao Broadcast.

Além da Caixa, o Banco do Brasil e o Banrisul, que também passou a exigir uma maior entrada, já haviam elevado os juros do crédito imobiliário. Um ponto fora da curva por ter entrado mais tardiamente neste setor, o BB anunciou mudanças, mas para facilitar a contratação. O banco, que financia até 80% do valor do imóvel, ampliou o prazo de 360 para 420 meses, aumentou as possibilidades de escolha dos sistemas de financiamento e ainda implantou uma metodologia de flexibilização de taxas.

"A poupança é um ponto de atenção, não de restrição no caso do Banco do Brasil. Temos demanda reprimida na base de clientes, pois não trabalhávamos com imobiliário", explicou Raul Moreira, vice-presidente de Negócios de Varejo do BB, em coletiva de imprensa, na semana passada.

Para evitar uma deterioração ainda mais intensa, bancos e construtoras apelam ao governo por medidas de estímulo ao setor como, por exemplo, a liberação de parte do compulsório e ainda dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aos bancos que ainda não têm acesso. O momento de ajuste que vive a economia brasileira, com o Banco Central seguindo com uma política monetária restritiva para controlar a inflação, pode fazer com que as propostas não sejam atendidas.

O volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis recuou 19% em junho, para R$ 9 bilhões, ante um ano, a primeira retração em quase dois anos, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). A última vez que o setor registrou declínio mensal, conforme a Abecip, foi em setembro de 2012 também no comparativo anual, quando a retração foi de 6%.

A queda em junho, e que influenciou o desempenho do crédito imobiliário no semestre, foi reflexo da menor quantidade de dias úteis por conta da Copa do Mundo no Brasil, segundo a Abecip. No primeiro semestre, o volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis alcançou R$ 53,1 bilhões, cifra 7% maior que o registrado no mesmo intervalo de 2013, segundo a Abecip.

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O crescimento está abaixo da projeção da Abecip, que espera um avanço de 5% do crédito imobiliário em 2014, para um total de R$ 125,6 bilhões. Apesar disso, as expectativas da instituição, segundo Lazari Junior, estão mantidas. É esperada para a segunda metade do ano, segundo ele, uma recuperação do setor, principalmente da venda de imóveis usados, que responde por 60% do segmento.

"O Brasil parou em junho com a Copa. Visitas não eram agendadas e isso impactou a venda de imóveis usados que deve retomar e trazer volume novamente. Por isso, acreditamos que vamos fazer os 15% neste ano", afirmou Lazari Junior, em coletiva de imprensa, nesta manhã.

O mês de julho, de acordo com o presidente da Abecip, não deve servir de balizador para o desempenho do crédito imobiliário no segundo semestre uma vez que a Copa comprometeu parte do mês e o agendamento das visitas e a realização das mesmas levam um tempo. Além disso, há ainda as férias escolares que também pesam na conta, conforme ele. Ainda assim, em julho do ano passado, o crédito imobiliário somou R$ 10 bilhões. "Esperamos a retomada das vendas mais para agosto, setembro", explicou ele.

Apesar do cenário macroeconômico não estar favorável, com crescimento baixo do Produto Interno Bruto (PIB), inflação elevada e preocupação com uma possível deterioração do desemprego, o crédito imobiliário deve crescer os 15% estimados pela Abecip, conforme Lazari Junior, que já é um crescimento mais tímido, porém, mais sadio. "Temos bastante crença de que o segundo semestre será melhor. A recuperação deve acontecer já no terceiro trimestre, que será um sinalizador bom. O crescimento de 15% é factível, sadio e saudável para o mercado brasileiro", avaliou ele.

Financiamentos

De janeiro a junho, foram financiados 256,1 mil imóveis, volume 4,6% superior ao mesmo período de 2013, de acordo com a Abecip. Em junho, foram 42,4 mil unidades, recuo de 8% ante maio e de 20% em um ano. Para este ano, A Associação espera um número similar de imóveis financiados do obtido em 2013, quando foram registrados 530 mil, crescimento de 17% ante o exercício anterior.

Sobre a inadimplência, Lazari Junior disse que há total controle no segmento. Ao final de junho, o índice de calotes, considerando atrasos acima de 90 dias, ficou em 1,8%, 0,1 ponto porcentual acima do visto ao final de 2013, conforme dados da Abecip. Além disso, o montante do financiamento face ao valor de avaliação do imóvel (LTV, na sigla em inglês) é baixo no Brasil. Ao final de junho, estava em 65% ante 61% em 2010.

"O brasileiro é muito consciente para comprar imóvel e dá bastante entrada. Isso explica por que a inadimplência no Brasil é tão pequena. Ao dar 30%, 40% de entrada na compra de um imóvel, a chance de deixar de pagá-lo é muito pequena", destacou o presidente da Abecip.

A projeção de 15% para o crescimento de crédito imobiliário neste ano, alcançando montante de R$ 125,6 bilhões, é factível, de acordo com o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Octavio de Lazari Junior. "Temos bastante crença de que o segundo semestre será melhor. A recuperação deve acontecer já no terceiro trimestre, que será um sinalizador bom. Crescimento 15% é factível, sadio e saudável para o mercado brasileiro", avaliou ele, em coletiva de imprensa, nesta manhã.

No segundo semestre, conforme Lazari Junior, o mercado de imóveis usados, que praticamente parou em junho por causa da realização da Copa e representa 60% do total, deve retomar no segundo semestre. Em número relativo, segundo ele, o crescimento esperado para a segunda metade do ano parece porcentualmente muita coisa, mas em números absolutos será necessário recuperar o menor desembolso em junho. "A retomada de venda de imóveis usados vai trazer volume novamente. Por isso, acreditamos que vamos fazer os 15% neste ano", afirmou ele.

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Conforme Lazari Junior, como a venda de imóvel usado foi prejudicada, as pessoas que não adquiriram unidades em junho devem avaliar e fechar negócios nos próximos meses.

Em junho, o crédito imobiliário somou R$ 9 bilhões, cifra 7% menor em relação a maio, conforme a entidade. Na comparação com junho de 2013, quando a indústria registrou o maior volume mensal em 20 anos, de R$ 11,2 bilhões, foi identificada redução de 19%.

No primeiro semestre, o volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis alcançou R$ 53,1 bilhões, segundo a Abecip, volume 7% maior que o registrado no mesmo intervalo de 2013.

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