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Tio e avô foram presos por estuprar todas as crianças da família na cidade de Mundo Novo, em Goiás. O caso foi descoberto pelo pai de duas meninas, de nove e 12 anos, após estranhar a mudança de comportamento repentina delas. Um menino de oito anos também teria sido abusado pelos familiares.

Os crimes foram descobertos em abril de 2022, quando o pai desconfiou de uma das filhas que se tornou extremamente introspectiva e não queria sair do quarto. Ele buscou a psicóloga da igreja que frequenta e a profissional orientou que ele acionasse a polícia após identificar que as meninas poderiam ter sido vítimas de estupro.

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O pai registrou um boletim de ocorrência  na 26ª Delegacia de Polícia, em Samambaia, em Goiânia, e os acusados foram presos nessa segunda (4), pela Polícia Civil do Distrito Federal.

De acordo com a investigação, os abusos ocorreram durante uma temporada de férias na casa dos pedófilos, entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019. O Metrópoles teve acesso ao inquérito e indicou que a violência começou em uma noite em que as duas estavam com medo de dormir sozinhas e foram para o quarto do tio.

A irmã mais velha disse que chegou a ser levada para um local mais afastado e o tio teria forçado beijar sua boca antes ser violentá-la. Ele ainda teria obrigado que ela tomasse anticoncepcionais e pílula do dia seguinte após as relações sexuais.

De acordo com o pai, a mãe das crianças soube dos estupros em 2021, mas não tomou nenhuma providência. Além de violentar as meninas, o avô teria teria abusado de outro neto, um menino de oito anos, que morava perto da sua casa.

O Shopping Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), promove a campanha de apadrinhamento de crianças para o Natal, que beneficia as crianças atendidas pelo Instituto social da empresa, mantida por seus empreendedores. 

O objetivo é ajudar com o Natal de quase 150 crianças carentes, e para isso, foi instalado, na última sexta-feira (24), um painel no corredor do cinema com fotos e sugestões de presente. 

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Os clientes podem participar entregando sua doação até do dia 12 de dezembro. Uma estrela será colocada em cima da foto da criança apadrinhada, para incentivar que outros ajudem. 

 

O número de crianças e adolescentes com excesso de peso aumentou no país entre 2019 e 2021, período que abrange a pandemia de covid-19. Segundo levantamento do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância - Fiocruz/Unifase), houve crescimento de 6,08% no grupo das crianças de até 5 anos de idade. Entre aqueles com 10 a 18 anos, o crescimento foi de 17,2%. O excesso de peso inclui tanto os casos de sobrepeso como os de obesidade. 

Os dados do estudo são baseados no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan-WEB), ferramenta que monitora indicadores de saúde e nutrição. Segundo os pesquisadores, a diminuição de exercícios físicos e o desajuste na alimentação são as principais explicações para os problemas de peso.

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“A obesidade infantil e de adolescentes no Brasil ainda é uma grande preocupação de saúde pública. Apesar de observarmos uma queda nos últimos anos, o Brasil ainda possui números acima da média global e da América Latina. Nos anos de pandemia, observamos um aumento nos índices de obesidade infantil, possivelmente como consequência do aumento no consumo de ultraprocessados durante o período de isolamento”, explica Cristiano Boccolini, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e coordenador do Observa Infância. 

Pós-pandemia

O cenário começa a melhorar no período seguinte, entre 2021 e 2022, mas ainda com percentuais altos. O número de crianças com excesso de peso teve um recuo de 9,5% e o de adolescentes queda de 4,8%. Em 2022, a taxa de crianças de até cinco anos com excesso de peso era de 14,2%. A de adolescentes estava em 31,2%.  

O último grupo é o que mais preocupa os pesquisadores do Observa Infância. Pelas análises das séries históricas, há uma tendência de queda do problema entre as crianças, principalmente depois do período de isolamento. Mas entre os adolescentes, a queda aconteceu apenas entre 2021 e 2022. No longo prazo, a tendência é de crescimento do excesso de peso. 

A comparação com outros países mostra que a situação no Brasil é mais crítica. Aqui, em 2022, há três vezes mais crianças com excesso de peso do que a média global (14,2% no Brasil e 5,6% na média global). Sobre os adolescentes, a média nacional é quase o dobro da global: 31,2% contra 18,2%. 

“Acreditamos que os altos números da obesidade infantil no Brasil devem muito à falta de regulação dos alimentos ultraprocessados no país. A partir de outubro de 2023 passa a vigorar plenamente a nova rotulagem frontal dos alimentos industrializados, indicando os excessos de sal, gorduras saturadas e açúcares na parte frontal das embalagens. As crianças são muito suscetíveis a esses produtos e acreditamos que a implementação dessa política terá algum impacto nos números de obesidade a partir deste ano”, diz Boccolini.

“Este estudo serve como um chamado à ação para políticas públicas, profissionais de saúde, escolas e famílias para redobrar os esforços na luta contra a obesidade infantil, garantindo um futuro mais saudável para as crianças do Brasil.” 

Os irmãos Levi Ferreira de Oliveira e Cleodimar Ferreira de Oliveira foram condenados a 26 e 25 anos de prisão, respectivamente, pelos crimes de estupro de vulnerável e armazenamento de conteúdo pornográfico infantil. Os crimes aconteceram em São Sebastião, no Distrito Federal, e as vítimas identificadas pela Justiça têm idades entre 3 e 11 anos. O período em que os abusos ocorreram não foi informado.

De acordo com o g1 DF, os condenados são filhos do pastor Fernando Guedes de Araújo, que administra a igreja Assembleia de Deus Ministério Madureira (AD Madureira São Sebastião). Conhecido na região, o pastor e sua família tinham a confiança dos moradores e a esposa do líder religioso, madrasta dos criminosos, cuidava de crianças do bairro enquanto as mães estavam no trabalho. Esse contato direto com as crianças tornou as vítimas mais vulneráveis aos episódios de violência. 

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Fernando também foi condenado a seis meses de prisão por omissão de socorro. Segundo a Justiça, ele sabia dos crimes e não tentou impedi-los, assim como não denunciou os filhos e nem alertou os pais. As mães das vítimas, que têm a autoria da denúncia, alegaram que a igreja se tornou uma "extensão das famílias" e era um local que passava confiança.  

Uma das crianças, de sete anos, foi abusada por cerca de 20 dias. O crime aconteceu enquanto os pais viajavam para ajudar uma parte da família, após a morte de um parente. A vítima mostrou sinais de medo e ansiedade e pediu para não voltar a dormir no local. Pela possibilidade de identificação de mais vítimas, a Delegacia de São Sebastião segue investigando o caso.

Duas crianças e dois adolescentes morreram vítimas de afogamento em Capoeiras, no Agreste de Pernambuco, na tarde dessa quinta-feira (2). O grupo tomava banho na Lagoa do Junco, em um sítio da zona rural da cidade, quando o incidente ocorreu. Ainda não é possível apontar a causa dos afogamentos. Uma quinta criança, que presenciou as mortes, passou mal e precisou de atendimento médico, mas passa bem. A Polícia Civil investiga o caso. 

As vítimas foram identificadas como Pedro Lucas Silva Almeida, de 4 Anos, Carlos Daniel Oliveira Santos, de 9 anos, Sara Vitória Cristina da Silva, de 13 anos, e Joanna Beatriz Silva Lima, de 14 anos. Sara e Joanna eram irmãs e também tias de Pedro Lucas. 

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Em nota, a Polícia Civil confirmou a ocorrência e informou que as crianças brincavam e pescavam sozinhas no açude, quando a tragédia aconteceu. O caso é investigado pela 18ª Delegacia de Garanhuns, que disse estar "empenhada na realização de diligência". 

Os corpos das duas crianças e dos dois adolescentes foram encaminhados para o Instituto de Medicina Legal (IML) de Caruaru. A Secretaria Municipal de Educação lamentou as mortes e prestou condolências aos familiares. As vítimas estudavam em creches e escolas da rede municipal de ensino. 

O Ministério da Saúde investiga a morte de três crianças no município de São João del-Rei (MG) e um possível surto causado pela bactéria Streptococcus pyogenes. Uma equipe técnica da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente está na cidade desde a última sexta-feira (27), a pedido da Secretaria de Saúde de Minas Gerais. 

“Até o momento, não há evidências que comprovem surto ou risco à saúde da população de São João del-Rei, bem como nenhuma evidência epidemiológica que justifique alteração na rotina das atividades da população local. Pelas informações recebidas até agora, também não há evidências que conectem o Streptococcus pyogenes aos óbitos”, informou o ministério. 

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Também estão sendo feitas investigações para busca de casos suspeitos; dadas orientações ao município para investigação epidemiológica; realizados exames laboratoriais para diagnóstico; e treinamento com a rede assistencial do município, com o objetivo de orientar na detecção e no tratamento oportuno de casos suspeitos de infecção”, completou a pasta. 

No último sábado (28), uma equipe técnica do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde de Minas Gerais esteve em São João del-Rei para realizar trabalho de campo a fim de verificar indícios sobre os casos de infecção, “de modo a identificar os agentes infecciosos e o tratamento que deve ser adotado”. 

Os técnicos se reuniram na semana passada com representantes do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde, do Ministério da Saúde, para apresentar o cenário e traçar estratégias para a investigação epidemiológica a ser conduzida no município.  

As amostras coletadas relativas aos casos seguem em análise. Em nota, a Secretaria de Saúde de Minas informou não haver, até agora, critérios que comprovem surto ou risco à saúde da população de São João Del Rei, “bem como nenhuma evidência epidemiológica que justifique a alteração na rotina das atividades da população.” O órgão informou ainda não recomendar o fechamento de escolas. 

Na última quarta-feira (25), a secretaria capacitou, por meio de videoconferência, um grupo de 122 profissionais de saúde da Unidade Regional de São João Del Rei com o objetivo de orientar a rede local na detecção e no tratamento oportuno de casos suspeitos de infecção bacteriana, com a identificação dos devidos diagnósticos. 

Por fim, a secretaria alertou que o melhor meio de informação para a população são os canais oficiais. “A Secretaria de Saúde de Minas Gerais reforça que, em caso de sintomas como febre, garganta inflamada e descamação da pele, a orientação é procurar imediatamente uma unidade básica de saúde para diagnóstico correto e tratamento adequado.” 

O número de crianças e adolescentes com acesso à internet se manteve com certa estabilidade, com um pequeno crescimento em 2023, apontou a pesquisa TIC Kids Online Brasil, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que foi divulgada hoje (25).

Segundo esse estudo, 95% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos de todo o país acessam a internet, o que corresponde a mais de 25,1 milhões de pessoas nessa faixa etária. No entanto, a pesquisa também demonstrou que, embora esse número tenha caído em relação a 2022, ainda há uma parte desse público que jamais teve acesso à internet, o que corresponde atualmente a mais de 580 mil pessoas.

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Em 2022, a população com acesso à internet correspondia a 92% ou aproximadamente 24,4 milhões nessa faixa etária. Já os que nunca tiveram acesso à internet correspondiam a 940 mil pessoas.

Entre os que disseram nunca ter acessado a internet na pesquisa atual, mais de 475 mil correspondem a crianças e adolescentes que compõem as classes D e E, o que demonstra que há desigualdades no acesso. As crianças e adolescentes das classes D e E também são a maioria entre os que já acessaram a internet, mas não o fizeram recentemente: 545 mil dessas crianças e adolescentes das classes mais baixas disseram não ter acessado a internet nos últimos três meses, um total de 867 mil.

O estudo, conduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), apontou ainda que em 24% do total de casos, o primeiro acesso à internet aconteceu antes dos seis anos de idade. Em 2015, esse primeiro acesso à internet acontecia mais tarde: apenas 11% das crianças tinham até seis anos de idade quando acessaram a internet pela primeira vez. Em 2015, o primeiro acesso à internet acontecia geralmente aos 10 anos (16%).

“A idade do primeiro acesso foi antecipada”, destacou Luísa Adib, coordenadora da pesquisa TIC Kids Online Brasil. “Vinte e quatro porcento das crianças e adolescentes reportam que acessaram a internet até os seis anos de idade. Isso reflete pouco aumento na conectividade desses indivíduos”, falou ela, em entrevista à Agência Brasil.

Forma de acesso

A principal forma com que as crianças e adolescentes acessam a internet é pelo celular, que foi apontado por 97% dos entrevistados. O celular é também a única forma de acesso à internet para 20% desse público.

Já o acesso da internet pela televisão tem aumentado nos últimos anos, chegando a 70% em 2023. Em 2019, por exemplo, esse tipo de acesso era mencionado por apenas 43% dos usuários.

O uso do computador para acesso à web, por sua vez, manteve-se estável, em 38%, com predomínio entre o público das classes sociais de maior renda (71%). Entre as classes D e E, apenas 15% dizem acessar a internete pelo computador.

“Observamos, ao longo da série histórica, uma queda no acesso da internet pelo computador, mas há uma diferença muito marcada entre as classes socioeconômicas. As crianças das classes A e B acessam a internet por uma variedade muito maior de dispositivos. E isso pode influenciar sobre o aproveitamento de oportunidades, por exemplo, nas atividades de educação em busca de informação. As crianças que acessam a internet pelo celular e pelo computador realizam todas as atividades investigadas de educação em proporções maiores que aquelas que acessam somente pelo telefone celular. Elas também vão aproveitar mais oportunidades e ter condições de desenvolver mais habilidades digitais”, falou a coordenadora do estudo.

Segundo ela, essa variedade do uso de dispositivos para entrada na internet, além de questões relacionadas também à disponibilidade de dados e à velocidade e qualidade de conexão são significativos para demonstrar que ainda há muita desigualdade no acesso. “Temos 95% de usuários, quase a totalidade de crianças e adolescentes nessa faixa etária que são usuários, mas não podemos dizer que elas acessam a internet sob as mesmas condições. A universalização do acesso tem muitas barreiras para serem cumpridas para que haja uma conectividade significativa para todos os usuários”, disse.

Propaganda e conteúdo sexual

A pesquisa abordou a percepção de adolescentes entre 11 e 17 anos sobre as propagandas na internet. Segundo o estudo, 50% desses entrevistados pediu que seus pais ou responsáveis comprasse algum produto que viu na internet. Oito em cada dez entrevistados (84% do total) também relatou que ficou com vontade de ter algum produto após vê-lo na internet e 73% ficaram chateados por não poder comprar algum produto.

Para 78% desses usuários, as empresas pagam pessoas para usarem seus produtos nos vídeos e conteúdos que publicam na internet. Seis em cada dez adolescentes entre 11 e 17 anos (59% do total) também disseram ter assistido a vídeos de pessoas mostrando como usar esse produto ou abrindo a embalagem desse produto.

O que chama a atenção é que o número desses usuários que relatam ter visto propaganda na web é alto, considerando que a propaganda direcionada a crianças e adolescentes até 12 anos, em quaisquer meios de comunicação ou espaços de convivência, é considerada ilegal de acordo com o Código de Defesa do Consumidor de 1990.

“Há toda uma legislação que não permite que o conteúdo mercadológico seja direcionado para criança e adolescente. Mas investigamos alguns fenômenos ou forma como os conteúdos são postados na internet e vimos que a criança tem o conteúdo mercadológico, mas ela não necessariamente consegue identificar que aquela era uma mensagem sobre algum produto ou marca”, completou a coordenadora da pesquisa.

Ainda de acordo com o estudo, apenas 28% dos pais utilizam algum filtro ou configuração especial para restringir o contato das crianças com propagandas na internet.

Uma outra questão analisada pelos pesquisadores foi o acesso das crianças e adolescentes a conteúdos sexuais. Pelo menos 9% do total de usuários entre 9 e 17 anos já viram imagens ou vídeos de conteúdo sexual na internet nos últimos 12 meses. Na maior parte das vezes (34% do total), essas imagens aparecem sem querer, seguida pelas redes sociais (26%). Cerca de 16% das crianças e adolescentes também relatam ter recebido mensagens de conteúdo sexual pela internet.

“Temos essa perspectiva sobre o risco mas também temos que considerar que o contato com esse tipo de conteúdo pode ter sido uma busca de informação, pode ter sido uma comunicação entre pais, então não necessariamente isso foi um acesso indesejado ou algo problemático. Mas temos que olhar para esse dado sabendo que existe um potencial dano ou incômodo e, a partir daí, qualificar quem enviou essa mensagem e onde a criança teve esse contato. Por isso reforçamos a importância da participação dos responsáveis no acompanhamento das atividades que a criança e o adolescente realizam”, disse.

Em entrevista à Agência Brasil, a coordenadora do estudo destacou que a internet não traz apenas riscos, mas diversos benefícios destinados, por exemplo, ao lazer, ao conhecimento e ao entretenimento. “Reforço que os benefícios estão associados às condições de acesso”, ressaltou.

“Os riscos têm naturezas diversas e podem ser de violências sexuais ou comerciais, por exemplo. Há muitas possibilidades de contato ou situações de risco na internet, mas eu sempre destaco que proibir, inibir ou restringir a participação não necessariamente vai protegê-la do risco. Podemos restringir o risco, mas também restringimos a oportunidade. Por isso indico o diálogo e o acompanhamento dos responsáveis para saber que tipo de conteúdo ela está acessando e com quem ela conversa.”

Para a pesquisa, foram ouvidas 2.704 crianças e adolescentes de todo o país, com idades entre 9 e 17 anos e 2.704 pais ou responsáveis. O estudo foi realizado entre março e julho deste ano. O TIC Kids Online Brasil é uma pesquisa feita anualmente desde 2012 e só não foi realizada em 2020 por causa da pandemia de Covid-19.

Das 28 pessoas que ainda aguardam a abertura da fronteira com o Egito para serem resgatadas na Faixa de Gaza, 14 são crianças, de acordo com nota divulgada neste domingo, 15, pelo Palácio do Planalto. O grupo espera aval do governo egípcio para cruzar a fronteira e se deslocar até o aeroporto de Cairo, capital do país. De lá, eles retornarão ao Brasil em uma aeronave enviada pelo governo brasileiro.

De acordo com o documento divulgado à imprensa, das 28 pessoas - sendo 22 brasileiros e 6 palestinos com residência no Brasil - que aguardam resgate, seis são homens e oito mulheres, além das 14 crianças. Um grupo de 18 pessoas foi deslocado da Cidade de Gaza para Rafah, cidade que faz fronteira com o Egito, onde passou a noite em um imóvel alugado pelo Itamaraty. Já as outras 10 pessoas são moradoras de Khan Yunis, cidade palestina próxima à Rafah, e aguardam a liberação em suas casas.

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O avião da Presidência da República que resgatará o grupo está em Roma, na Itália, desde a última sexta-feira, 13. A aeronave aguarda a liberação do governo egípcio. No sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone com o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sissi, para solicitar apoio à retirada dos brasileiros que aguardam autorização para deixarem a Faixa de Gaza pela fronteira com aquele país.

O Dia das Crianças é comemorado nesta quinta-feira (12). Para festejar a data, o LeiaJá relembra cinco personagens infantis que brilharam e deram o que falar no cinema.

Kevin McCallister

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Sucesso em 1990, Esqueceram de Mim marcou uma geração. Mas o que chamou a atenção de muitas pessoas no filme, na época, foi a atuação de Macaulay Culkin. O personagem Kevin McCallister divertiu os espectadores por meio de aventuras cheias de criatividade.

Maluquinho

O ator Samuel Costa encantou as crianças brasileiras em Menino Maluquinho - O Filme. A produção de 1995, dirigida por Helvécio Ratton, permitiu que o público infantil se identificasse com Maluquinho. O personagem inspirado na obra do cartunista Ziraldo continua no imaginário de muita gente.

Olive

Pequena Miss Sunshine é daqueles filmes que muita gente não enjoa de assistir. Lançado em 2006, o longa-metragem tocou crianças, jovens e adultos ao narrar a história de doce Olive. A menina tinha o sonho de disputar um concurso de beleza. Para que o desejo dela se realizasse, a família se mobilizou para ver a garota feliz. A interpretação de Abigail Breslin foi tão intensa que ela conquistou uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.

Elliot

Escrito por Melissa Mathison, com produção e direção de Steven Spielberg, E.T. O Extraterrestre fez a alegria de crianças e adultos em 1982. Com Drew Barrymore no elenco, o filme chamou a atenção do público com a entrega do ator Henry Thomas. O personagem Elliot gerou comoção nos espectadores com sua relação de amizade com um alienígena. O encontro do menino e o ser de outro planeta arrancou bons ensinamentos.

Matilda

Se tem uma criança que esbanjou esperteza e fofura na década de 1990 foi Matilda. O filme homônimo à personagem fez com que a criançada ficasse vidrada nas telas do cinema. Interpretada pela atriz Mara Wilson, a garotinha de seis anos colocava para fora - de forma brilhante - todo o seu dom de magia.

Desde o fim do mês passado, a nova sede da Central Única das Favelas (Cufa) no Complexo da Penha – região que reúne 13 favelas na zona norte do Rio de Janeiro – é uma alternativa para atividades de lazer para a população, incluindo as crianças, que encontram lá um espaço para brincadeiras.

No entanto, no começo desta semana, frequentar o local não era mais uma coisa trivial. O motivo é que, na segunda-feira (9), começou uma megaoperação da polícia à procura de criminosos, o que desencoraja pais e responsáveis de sair de casa com os filhos. Assim, o dia da brincadeira ficou para outra ocasião. 

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Em outra parte da cidade, também na zona norte, o motorista Anderson Vargas encontra dificuldades para levar os filhos, de 2 e 7 anos, para brincar. Ele conta que em uma das pracinhas perto de casa, “os brinquedos são precários, muita das vezes quebrados”. Em outra, “cachorros estão sempre na praça, roubando espaço de brincadeira das crianças”.

Declaração  

Os dois exemplos, mais do que uma falta de oportunidade, são uma violação de um direito garantido a todas as crianças, o de brincar. O Artigo 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, diz que a criança e o adolescente têm direito de "brincar, praticar esportes e divertir-se".  

Indo além, a Constituição de 1988, em seu Artigo 227, impõe que “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer”.  

A garantia do direito de a criança brincar está expressa também na Declaração Universal dos Direitos da Criança, da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1959. O Princípio 7º determina que “a criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se”. 

Saúde e desenvolvimento

Não é à toa que esse direito está cravado na legislação. Neste Dia das Crianças (12), a médica Evelyn Eisenstein, coordenadora do grupo de trabalho em Saúde Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que "brincadeira é um direito de saúde".  

“A criança desenvolve as suas habilidades, não só de coordenação e autonomia, mas as habilidades do desenvolvimento neuropsicomotor. Ela vai se tornando independente à medida que aprende a correr, pular, saltar, brincar de roda, brincar em uma equipe, com os amigos, aprende a ganhar a perder, explicou à Agência Brasil.  

“Ela ativa os mecanismos hormonais. A brincadeira é um elemento saudável, inclusive da saúde mental das crianças e adolescentes.”   

A Aliança pela infância foi criada para fazer esse direito se espalhar por várias partes do país e classes sociais.

Uma das iniciativas é a difusão da Semana da Infância e Cultura de Paz, iniciada na segunda-feira (9) e que vai até o domingo (15). 

Barreiras do brincar

Apesar de tanto incentivar o livre brincar, Leticia conhece bem as barreiras que as crianças brasileiras enfrentam para fazer valer essa necessidade. O primeiro obstáculo a ser citado é o vivenciado pelos moradores do Complexo da Penha, grandes cidades e áreas de periferia: a violência urbana. “Muitas vezes os espaços não são seguros para que a criança vá brincar.” 

Leticia acrescenta outros fatores à lista, como a zeladoria e conservação de equipamentos públicos. Ela dá o exemplo de praças com mato alto, brinquedos quebrados e calçamentos irregulares que expõem ao risco de acidentes. Ou simplesmente a inexistência de pracinhas em algumas regiões. 

A coordenadora da ONG destaca problemas como acessibilidade, tanto ao tornar o local inadequado para crianças com deficiência, quanto o deslocamento dos pais ao local em si. “Muitas vezes você tem jornadas de transporte que demoram muito tempo e custam dinheiro para chegar em um espaço onde a criança pode brincar.” 

Uma pesquisa divulgada terça-feira (10) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) aponta que 60% das crianças e adolescentes brasileiros tinham alguma privação de direitos, como moradia, saneamento, educação e renda. Isso representa quase 32 milhões de pessoas.  

Consequências

“Criança que não brinca é uma criança doente”, compara Evelyn Eisenstein, da Sociedade de Pediatria. “Ela fica deprimida, isolada, vai ficando sedentária.” Prova de que a necessidade de brincar é tão essencial é que nos hospitais há espaço para brinquedotecas, cita a médica. O mesmo vale para as escolas. Ao mesmo tempo em que dão o ensino obrigatório, oferecem o tempo que, para muitas crianças, é a melhor coisa do dia de aula: a hora do recreio. 

“Quando a criança tem o acesso ao brincar prejudicado ou negado, ela deixa de se desenvolver”, acrescenta Leticia Zero. 

Anderson percebe claramente as mudanças no comportamento dos filhos quando não brincam como deveriam. Ele nota que os filhos estranham a interação com outras crianças, ficam agitadas e dormem mal.  

“Seria ótimo se tivesse um lugar onde eles pudessem gastar energia e fazer atividades com outras crianças. Quando eles fazem isso, eles dormem melhor, ficam realizados, com as carinhas de muito felizes”, afirma o pai. 

Busca de soluções

Para a coordenadora Letícia, a  forma de fazer com que as brincadeiras sejam cada vez mais acessíveis às crianças passam por iniciativas do poder público, da sociedade e dos próprios pais ou responsáveis. 

Um exemplo que a gestora da ONG cita é a regulamentação de leis, como a da existência de brinquedotecas em hospitais. Ela considera que algumas são decadentes e não cumprem o propósito.  

Aa garantia de brincar, segundo a coordenadora, não deve ser tratada como política específica, direcionada para crianças apenas. Um exemplo que ela sugere seria “uma política pública que favoreça o transporte urbano em grandes cidades, de forma que os pais não fiquem duas horas para ir e voltar do emprego e possam ter um tempo de qualidade com a criança em casa”.  

Além de mais zeladoria para equipamentos públicos e integração desses locais com a natureza, ela propõe a visão de que, mesmo lugares que não são específicos exclusivamente para crianças precisam ter um espaço para brincadeiras, por exemplo, em salas de espera de unidades básicas de saúde e serviços públicos de atendimento à população. 

Pequenas e simples atividades cotidianas também devem ser vistas pelos pais e responsáveis como oportunidades de brincadeiras para as crianças, segundo a representante da ONG. “Entender que brincar não é uma atividade que só que vai acontecer em um período curto, específico”, ressalta.  

“Qualquer atividade que a gente faça, seja levando a criança para caminhar, para ir na padaria, ela vai querer subir e descer das rampinhas, pular degraus”, exemplifica. É preciso, de acordo com Leticia, entender que criança não se comporta como adulto. “A criança precisa poder se expressar livremente o tempo todo”, diz. “Os adultos precisam entender essa importância do brincar. É preciso reencantar o olhar do adulto para a criança.”   

Recomendações

Apesar da importância do ato de brincar, pais e responsáveis precisam saber impor limites quando se trata de entretenimento por meio de telas, adverte a pediatra Evelyn Eisenstein. 

“Uso excessivo precoce e prolongado dos videogames, televisão e qualquer tipo de tela é prejudicial à saúde das crianças e adolescentes. Ela fica fazendo uma distração passiva”, alerta. 

Na terça-feira (10), o governo federal lançou uma consulta pública para a elaboração de um guia com orientações para o uso de telas e dispositivos digitais por crianças e adolescentes. A consulta é aberta a toda a sociedade e ficará disponível por 45 dias na plataforma Participa + Brasil. 

Outro cuidado que a médica da SBP orienta é em relação a classificação etária e indicativa de brinquedos e fontes de entretenimento como filmes e vídeos. “As brincadeiras devem ser de acordo com a maturidade de cada criança”, orienta. 

A adequação dos brinquedos em pracinhas públicas é mais um ponto que deve ser mais adequado, de acordo com Leticia Zero. “Parques estão acessíveis para crianças a partir de três, quatro anos. Onde ficam os bebês, onde brincam as crianças com menos de três anos?”, pergunta. “Qualificar os espaços para as crianças pequenas e para os bebês também é muito importante”.  

Leticia defende que o tempo da infância seja respeitado. “A criança vai ser criança por 12 anos. É um tempo muito curto e ele é fundamental. Os processos de desenvolvimento que acontecem durante esse período são fundamentais para dignidade dessa pessoa.” 

Para ela, uma lição deve ser aprendida com as comunidades indígenas. “Um indígena nunca pergunta o que a criança vai ser quando crescer, porque ele sabe que a criança já é tudo que ela precisa ser agora. Então a gente precisa garantir os direitos da criança. Ela precisa poder exercer a sua infância agora.” 

O feriadão de Dia das Crianças é uma boa oportunidade para levar os seus filhos para passar o dia inteiro na XIV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. São diversas atrações, lançamentos de livros, stands com promoções e atividades desenvolvidas especialmente para os pequenos começando nesta quinta-feira (12) até o próximo domingo (15) quando é comemorado o Dia do Professor. E os pais ainda podem aproveitar para garimpar alguns dos melhores livros do evento.

São diversas atrações recreativas para celebrar o Dia das Crianças na Bienal. Tem de Maracatu Infantil, contação de história com temas afro-indígenas, bate-papo com autores da nova geração, como Clara Alves e Pedro Rhuas, Atividade formativa: Autismo, Azul e todas as cores, série de curtas e muitas outras atividades para a alegria da criançada. Além do melhor da literatura infantil para presentear os menores.

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A Bienalzinha, ambiente exclusivo do evento para o público infantil, conta com uma programação extensa e especial com oficinas, contação de histórias, lançamento de livros infantis, conversas com autores e espetáculos voltados para os pequenos leitores no seu dia.

Para esta edição de 2023, a Bienalzinha conta com uma grande novidade: é o Espaço Capivara de Cuidado com as Crianças, que traz um serviço de cuidar dos pequenos enquanto os pais, as mães ou os responsáveis circulam pelos livros ou participam de alguma outra atividade.

Além disso, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) estreou também nesta edição da Bienal Internacional do Livro, lançando o “Alepinha Literária”, selo de produções infantis com o intuito de explicar alguns temas do Poder Legislativo para crianças. A primeira edição da marca é o livro Quem Mora no Palácio Azul?, voltado para crianças de 0 a 6 anos de idade, de autoria da jornalista e doutora em Comunicação pela UFPE Carly Falcão e que foi lançado nesta terça-feira (10).

Da sexta (13) até o domingo (15), a alegria das crianças continua a reinar na Bienal. Na sexta a Bienalzinha estará recheada de contações de histórias com Daniela Fossaluza além de, bate-papo com a escritora Lenice Gomes e atividade formativa. No Sábado, bate-papo com roteiristas das revistas infantis da Turma da Mônica agita os pequenos leitores e a apresentação das “Doutoras das Histórias” promete encantar pais e filhos. Para o Dia do Professor, estão programadas diversas atividades formativas: conversa com Giba Pedrosa do Quintal da Cultura, oficina sobre as figuras mitológicas da cultura mexicana e muitas outras atrações.

A Petrobras é patrocinadora premium da XIV Bienal, que também conta com patrocínio do Itaú Unibanco e apoio da Prefeitura do Recife, Sebrae, Sesc Pernambuco. Também há apoio institucional da Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL), Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU), Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e União Brasileira de Escritores de Pernambuco (UBE PE). A realização é da Cia de Eventos, Ideação, VOX, Ministério do Turismo, Ministério da Cultura e Governo Federal.

SERVIÇO: XIV BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE PERNAMBUCO

Quando: 6 a 15 de Outubro de 2023, das 10h às 21h.

Onde: Centro de Convenções de Pernambuco. Endereço: Av. Prof. Andrade Bezerra, s/n, Complexo de Salgadinho. Olinda – PE.

Ingressos: www.sympla.com.br/produtor/bienalpe  (Meia-entrada: R$ 10 | Ingresso social: R$ 15 | Inteira: R$ 20)

A gratuidade será concedida a professores da rede pública e privada, estudantes da rede pública de ensino uniformizados, estudantes da rede privada com agendamento prévio, caravanas escolares agendadas, escritores filiados à UBE, policiais civis, militares e bombeiros, crianças até 10 anos e pessoas com deficiência.

Saiba mais: https://bienalpernambuco.com/  @bienalpe

*Da assessoria de imprensa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, nesta quarta-feira (11), um apelo ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à comunidade internacional para que atuem em prol da proteção de crianças palestinas e israelenses.

"É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra", diz uma mensagem publicada por Lula nas redes sociais.

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Essa é a primeira vez desde o início do atual conflito que o mandatário brasileiro cita nominalmente o grupo fundamentalista Hamas, que controla Gaza.

"É urgente uma intervenção humanitária internacional. É urgente um cessar-fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas. O Brasil, na presidência provisória do Conselho de Segurança da ONU, se juntará aos esforços para que cesse de imediato e em definitivo o conflito. E continuará trabalhando pela promoção da paz e em defesa dos direitos humanos no mundo", ressaltou o presidente.

Segundo Lula, é preciso "pôr fim à mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio". "Crianças jamais poderiam ser feitas de reféns, não importa em que lugar", disse. 

Veja o apelo na íntegra:

Apelo do Presidente Lula em defesa das crianças palestinas e israelenses

Quero fazer um apelo ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à comunidade internacional para que, juntos e com urgência, lancemos mão de todos os recursos para pôr fim à mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio.

Crianças jamais poderiam ser feitas de reféns, não importa em que lugar do mundo.

É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra. É urgente uma intervenção humanitária internacional.

É urgente um cessar fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas.

O Brasil, na presidência provisória do Conselho de Segurança da ONU, se juntará aos esforços para que cesse de imediato e em definitivo o conflito. E continuará trabalhando pela promoção da paz e em defesa dos direitos humanos no mundo.

Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente do Brasil

*Da Ansa

O governo federal lança nesta terça-feira (10) consulta pública para a elaboração de guia com orientações para o uso de telas e dispositivos digitais por crianças e adolescentes. A consulta é aberta a toda a sociedade e ficará disponível por 45 dias na plataforma Participa + Brasil.

De acordo com o governo, a elaboração do guia se dará a partir das informações coletadas na consulta, com o auxílio de um grupo de trabalho de especialistas no assunto, e deve ocorrer ao longo de 2024.

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Até o momento, não há orientação governamental específica para essa temática no Brasil. A intenção é que o material que será elaborado forneça recursos e aponte estratégias para promover o uso consciente de dispositivos digitais, como celulares, tablets e jogos eletrônicos, por crianças e adolescentes, e apresente formas de os pais e responsáveis supervisioná-los, ao mesmo tempo preservando sua autonomia de decisão.

O Brasil é um dos países em que se passa o maior tempo utilizando smartphones, telas e dispositivos eletrônicos. Em média, são nove horas diárias de uso da internet, segundo levantamento recente EletronicsHub. O brasileiro hoje se comunica, consome, informa-se e se relaciona com familiares, amigos e conhecidos, em grande medida, por meio de dispositivos digitais. De acordo com a pesquisa, o país só perde para as Filipinas em tempo de uso de tela.

No caso de crianças e adolescentes, não é diferente. A última pesquisa TIC Kids Online, do Comitê Gestor da Internet no Brasil, mostra que em 2022, 92% da população com idade entre 9 e 17 anos eram usuários de internet, sendo o celular o dispositivo mais usado por crianças e adolescentes.

O governo federal ressalta que como as novas gerações são as primeiras a terem crescido integralmente num mundo digital, ainda não se sabe precisamente quais os efeitos de longo prazo de uma infância ou adolescência intensamente mediadas por plataformas digitais, games e aplicativos. Há diversas evidências, porém, de que o cenário seja preocupante.

A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças menores de 2 anos de idade não devem ser expostas a telas, enquanto crianças entre 2 e 5 anos devem ter o tempo de tela limitado a, no máximo, uma hora por dia. Já crianças entre 6 e 10 anos devem utilizar telas por uma a duas horas diárias, e crianças maiores e adolescentes, entre 11 e 18 anos, não devem ultrapassar o tempo limite de três horas de tela por dia, incluindo o uso de videogames.

Na consulta pública, o governo espera receber contribuições de especialistas de diversas áreas relacionadas com o tema, órgãos públicos, iniciativa privada e organizações da sociedade civil, além de pais, mães, familiares, responsáveis e profissionais da educação, saúde e assistência que lidam em seu cotidiano com os desafios relacionados ao uso de telas por crianças e adolescentes.

A iniciativa é conjunta da Secretaria de Políticas Digitais da Secom/PR e dos ministérios da Saúde, da Educação, da Justiça e Segurança Pública, dos Direitos Humanos e da Cidadania e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, em parceria com representantes da academia e de organizações da sociedade civil envolvidas com o tema. 

Em uma escola na região de Santa Ana, no norte da Jamaica, 60 alunos foram hospitalizados após comerem bombons contendo 100mg de THC, princípio ativo presente na maconha. A ministra da Educação do país, Fayval Williams, falou do ocorrido, na última segunda-feira (2), nas redes sociais, alertando dos perigos do fácil acesso aos alucinógenos. 

“Os médicos e enfermeiros estão a fazer tudo o que podem para garantir que os estudantes se recuperem. Vários estavam com medicação intravenosa. Mamães e papais estão presentes. Um menino disse que só tinha [comido] um docinho. Este produto é potente. PERIGO!”, alertou a ministra, em sua publicação.  

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“Pais, professores e adultos, por favor, tenham cuidado e falem com as crianças sobre este produto sério e perigoso”, ainda disse Williams.

Uma das imagens compartilhada pela ministra, mostra o pacote do bombom, que informa que o produto “não deve ser consumido por pessoas com menos de 21 anos de idade”. Ainda nas informações no pacote do doce, é explicitado que deve “ser mantido longe do alcance de crianças e animais”. 

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Na manhã desta terça-feira (3), a ministra e outras autoridades se reuniram com pais e responsáveis em outra escola na região para conversar e “reforçar o regime de proteção e segurança para combater a venda inconcebível de produtos infundidos de marijuana a crianças”. 

Desde 2015, a Jamaica aprovou uma medida que permite o porte de até 56 gramas de maconha por pessoa, para fins religiosos, medicinais e científicos. Uma agência de licenciamento para a produção e comercialização de produtos derivados da erva atua no país para regularizar o uso e porte.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou, nesta segunda-feira (2), o uso em crianças de uma segunda vacina contra a malária, doença que mata milhares de pessoas todos os anos.

"Como pesquisador da malária, sonhava com o dia em que teríamos uma vacina segura e eficaz contra a malária. Agora temos duas", declarou em uma coletiva de imprensa o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

"Tenho o grande prazer de anunciar que a OMS recomenda uma segunda vacina, chamada R21/Matrix-M, para prevenir a malária em crianças com risco de contrair a doença", indicou.

A OMS também apresentou novas recomendações sobre as vacinas contra a dengue e meningite, além de uma simplificação das recomendações para a vacina da covid-19.

A vacina contra a malária R21/Matrix-M, desenvolvida pela Universidade de Oxford, é fabricada pelo Serum Institute of India. Seu uso já foi autorizado em Gana, Nigéria e Burkina Faso.

Em 2021, outra vacina, a "RTS,S", produzida pela gigante farmacêutica britânica GSK, se tornou a primeira recomendada pela OMS para prevenir a malária em crianças nas zonas onde a transmissão é moderada ou elevada.

Tedros garantiu que "a demanda para a vacina RTS,S excede de longe a oferta".

A R21/Matrix-M é, de acordo com ele, "uma ferramenta extra essencial para proteger mais crianças, mais rápido", para "nos aproximarmos da nossa visão de um futuro sem malária".

As duas vacinas apresentam taxas de eficácia semelhantes, em torno de 75% quando administradas nas mesmas condições.

Uma dose da nova vacina aprovada custa entre US$2 e US$4 (R$10 e R$20), especificou Tedros.

- Transmitido por mosquitos -

Os programas piloto para introdução da "RTS,S" em três países africanos - Gana, Quênia e Malawi - permitiram que mais de 1,7 milhão de crianças recebessem pelo menos uma dose da vacina desde 2019.

A implementação da vacinação contra a malária nesses três países provocou uma queda substancial nas formas graves e mortais da doença, além de uma diminuição da mortalidade infantil.

Segundo a agência de saúde, quando administrado em larga escala, poderá salvar milhares de vidas por ano.

Em julho passado, a OMS, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi) anunciaram conjuntamente a atribuição de 18 milhões de doses da vacina contra a malária para 12 países africanos, entre 2023 e 2025.

A malária ainda é uma ameaça especialmente para crianças africanas, em parte devido à crescente resistência aos tratamentos.

A doença causou a morte de 619 mil pessoas no mundo em 2021, segundo dados recentes da OMS.

A doença é causada por um parasita minúsculo do gênero Plasmodium, transmitido por picadas de mosquitos, e pode acarretar febre, dor de cabeça e calafrios. O quadro pode se agravar e se tornar fatal, quando não tem tratamento.

Cerca de metade da população mundial vive em áreas de risco e pode contrair malária. A maioria dos casos e mortes ocorrem na África.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) publicou, nesta terça-feira (26), uma nota de repúdio contra os atos de violência praticados às crianças do Território Indígena (TI) Yanomami, e a permanência de grupos de garimpeiros em áreas protegidas e demarcadas. O órgão exige que medidas sejam tomadas pelo Estado para garantir a proteção dos povos e a retirada completa do garimpo ilegal na região. 

O Cimi se refere a vídeos que foram divulgados nas últimas semanas, que contêm cenas de crianças e adolescentes Yanomami, da macrorregião de Surucucu, sendo amarradas em estacas de madeira por garimpeiros que se negam a sair do território e continuam com a prática do garimpo ilegal. A imagens foram denunciadas, a princícpio, Hutukara Associação Yanomami (HAY). 

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O conselho afirma ainda que as inciativas de proteção que vêm sendo implementadas e acompanhadas pela gestão atual do governo federal “estão aquém do esperado”. São mencionados o Decreto de Crise Sanitária e Humanitária e a instalação da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin), mas “contrastam com a realidade evidenciada pelo relatório publicado em julho pelas Associações Hutukara, Wanasseduume Ye’kwana e Urihi”, afirma o Cimi. 

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O que diz o relatório: 

“Embora as ações de Proteção Territorial iniciadas em fevereiro de 2023, baseadas sobretudo na estratégia de ‘estrangulamento logístico’, tenham produzido importantes avanços no combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, alguns pontos como a flexibilização do controle aéreo por dois meses, a limitação dos esforços de controle territorial a somente duas bases de proteção e a participação limitada das forças armadas não possibilitaram o real controle da atividade, que ainda persiste em alguns núcleos de resistência na TIY”. 

Diante disso, o Cimi exige: 

– A retirada, em regime de urgência, de todos os garimpeiros do território Yanomami, para evitar uma tragédia maior com crianças, adolescentes e toda população Yanomami nas regiões ainda com presença do garimpo; 

– Que haja uma melhor coordenação das operações que têm a participação da Polícia Federal, Ibama, Exército, Funai e Força Nacional; 

– Que, onde for necessário para garantir a segurança dos indígenas e das equipes dedicadas à assistência da população, seja garantida também a presença das forças de segurança; 

– Que, além da definitiva desintrusão dos garimpeiros, seja efetivada a devida e contínua proteção do território Yanomami, para garantir que as operações de combate ao garimpo tenham efeito duradouro e que o atual cenário de invasões e dilapidação do território não mais se repita. 

Cerca de vinte profissionais de saúde de uma brigada móvel que visita crianças das zonas rurais da Ucrânia foram mobilizados em uma escola de ensino fundamental de Myrne, a 40 km de Kiev.

Em uma coregrafia bem ensaiada, conduzida pela enfermeira Olga Medvedeva, instalam seus equipamentos no centro escolar enquanto a cantora Sofia Yegorova entretém os jovens pacientes.

O atendimento médico especializado se tornou um desafio na Ucrânia, cujo sistema de saúde foi seriamente afetado pela invasão rusa.

As crianças sofrem. A angústia permanente tem consequências desastrosas para sua saúde mental e física, agravadas pela falta de atenção médica, explica a equipe do hospital pediátrico de Ojmatdit, em Kiev.

Ao percorrer a região, "percebemos que víamos o mesmo em todas as partes", comentou à AFP Medvedeva, de 63 anos.

"A maioria dos casos são transtornos alimentares e psicoemocionais, que juntos provocam uma série de outras doenças", explica.

Sua brigada começou a operar em maio de 2022, pouco depois que as forças ucranianas expulsaram as tropas russas da região.

Desde então, já cumpriu mais de 60 missões, tanto em zonas ocupadas quanto em outras relativamente a salvo, como Myrne.

- "Ansiosas" –

Com a guerra, faltam médicos e sobram pacientes devido ao fluxo de refugiados de de zonas mais expostas aos combates.

Durante a visita da equipe a Myrne, Liudmila Lokha, de 46 anos, chegou com seu filho Timofei, de 7 anos. O menino deixou de comer quando a família partiu para Portugal no início da invasão.

"Quando está preocupado custa a comer", explica Lokha.

Timofei não é um caso isolado. A enfermeira Inna Tachevska afirma que as crianças estão "ansiosas". Sofrem "dores de estômago, de cabeça ou crises de pânico", lamenta.

- "Tudo ficará bem" -

Olga Sudak, uma psicóloga de 29 anos, explica que os médicos e enfermeiros trabalham também com as famílias.

"Quando a família está tranquila, as crianças se sentem muito melhor e se recuperam mais rapidamente", indica.

Também recomenda que os pais respondam às perguntas dos filhos sobre a guerra.

Porém, ao ouvir seu avô Serguii Vida falar sobre a invasão, Milana, de 8 anos, se encolhe.

"A guerra é morte, mutilação, destruição", declarou o homem que combateu no primeiro ano do conflito e foi desmobilizado.

Milana, afirma que sente "uma mistura de raiva e alegria".

Apesar dos traumas, Olga Medvedeva acredita que as crianças vão superar o "intenso estresse" da guerra. "Mas temos que mostrar que tudo vai ficar bem", adverte.

Ante a perspectiva de uma guerra prolongada, os médicos ucranianos têm uma grande tarefa pela frente.

"Enquanto houver guerra enfrentaremos todos estes problemas", afirma Medvedeva.

"Até que as sirenes deixem de tocar, o transporte funcione normalmente e as pessoas estejam tranquilas", conclui.

Martín, uma criança de 10 anos que não sabe ler, escava com rapidez, ao lado de seus primos de 9 e 11 anos, uma mina a céu aberto em El Callao, uma cidade venezuelana ensurdecida pelo som dos moinhos que esmagam pedras em busca de ouro.

Extrair este metal precioso dos assentamentos no estado de Bolívar (sul) começou como um jogo para estas crianças, mas acabou se tornando uma questão de sobrevivência, denunciam ativistas dos direitos humanos.

Em meio à lama, dezenas de crianças utilizam bandejas de madeira entre pedras, vidro e até lixo em busca de pepitas de ouro que se aderem ao mercúrio, substância tóxica para a saúde.

Por seu tamanho, estes meninos entram nos buracos, sem camisa, para buscar o "material", como chamam o metal precioso.

"Quando a terra está como um chiclete, vem o 'material'. Tudo que aparece, colocamos em um saco e lavamos na água. O que for ouro, fica grudado no mercúrio", explica Martín, cuja identidade foi alterada por segurança.

Sob o sol forte e com as costas curvadas pela sacola que carrega, o menino caminha o melhor que pode até outro poço próximo e continua seu "trabalho".

- "As piores condições" -

Martín, que vive em El Perú, uma aldeia em El Callao, nunca foi à escola. Apenas seu primo de 9 nos tem acesso a educação, "porque sua mãe obriga".

"Prefiro tirar ouro a ter que ir à escola. Meu pai disse que o dinheiro está no trabalho", afirma ele, contando que, com o que recebe na mina, consegue comprar sapatos e roupas.

A maioria das crianças afirma que seu "sonho" é se tornar um mineiro.

Carlos Trapani, coordenador-geral da Cecodap, ONG que defende os direitos de crianças e adolescentes, afirma que o trabalho infantil nas minas ocorre sob "as piores condições".

"Eles normalizaram condições em que as crianças estão evidentemente em risco, não só de acidentes, doenças endêmicas, mas também vulneráveis a outros tipos de violência, como a exploração e a agressão sexual", afirmou o autor do relatório que denuncia as vulnerabilidades a que estas crianças e adolescentes estão expostos.

Segundo o núcleo da Universidade Católica privada Andrés Bello (UCAB) nesta região, 1.000 crianças trabalham nas minas.

"É uma questão de sobrevivência (...). O ambiente familiar se concentra não em incentivar os estudos, a profissionalização dos filhos, mas em sobreviver", disse à AFP a coordenadora do Centro de Direitos Humanos da UCAB Guayana, Eumelis Moya.

Ativistas e ambientalistas denunciam um "ecocídio" pela exploração mineira no sul da Venezuela, além da presença de traficantes de drogas, guerrilheiros e paramilitares.

"Fiquei assustado, quando começaram os tiroteios, e houve mortes. Estou trabalhando, e coisas assim acontecem", diz Gustavo, um "trabalhador" de 11 anos.

As autoridades relataram a destruição de uma série de acampamentos ilegais, sobretudo, no Parque Nacional Yapacana, no estado do Amazonas, onde duas pessoas morreram na semana passada em um confronto entre garimpeiros ilegais e o Exército.

- "Migrar para a mina" -

Gustavo varre o chão de uma loja de bebidas em El Perú. Enche três baldes e vai para o rio com os três irmãos, de 8, 11 e 13 anos, para tentar achar ouro.

Como tudo na cidade é pago neste metal precioso, ele espera que os dias de festa tenham deixado resíduos no chão.

"No outro dia, peguei um grama (equivalente a US$ 50, ou R$ 243, na cotação atual), conta ele, que trabalha na mina desde os seis anos e que também não vai à escola.

"Dou esse dinheiro à minha mãe para que compre comida, e algumas vezes ela compra alguma coisa para nós", completa.

Trapani lamenta que "alunos e professores" tenham "migrado para a mina" diante da aguda crise econômica no país.

A pandemia agravou ainda mais este cenário.

A mãe de Gustavo, que tem 28 anos e é mineira desde os 12, explica que foi neste contexto de crise que seus filhos abandonaram a escola.

"Quando começaram as aulas, eles estavam rebeldes, não queriam ir e não foram mais", contou, torcendo para que eles retomem seus estudos.

O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação civil pública para que a União e a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e atual senadora da República Damares Alves indenizem a população do Arquipélago do Marajó (PA). O caso refere-se a uma fala da ex-ministra num culto evangélico, durante as eleições de 2022, contendo falsas informações sensacionalistas envolvendo abuso sexual e torturas às crianças do Marajó.

Na ação, o MPF pede que a União e a ex-ministra sejam condenados ao pagamento de R$ 5 milhões (metade do valor para cada réu) por danos sociais e morais coletivos, a serem revertidos em favor de projetos sociais destinados à região do arquipélago.

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O MPF pede ainda que a União seja condenada a elaborar, divulgar e executar imediatamente um plano de ações, com políticas públicas reais para a região para a concretização das metas pretendidas no Programa Cidadania Marajó. As medidas devem ser implementadas sem prejuízo das ações já programadas.

O que aconteceu?

Segundo a ação, no dia 8 de outubro de 2022, durante culto evangélico em Goiânia (GO), a recém-eleita senadora da República pelo Distrito Federal narrou detalhes de práticas sexuais violentas e torturas com crianças do Arquipélago do Marajó, das quais teria tomado conhecimento enquanto ministra de Estado.

O MPF aponta que os crimes foram narrados no contexto de campanha eleitoral para o ex-presidente da República Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, e usados para justificar a existência do “maior programa de desenvolvimento regional na Ilha do Marajó”. No caso, a ex-ministra referia-se ao Programa Abrace o Marajó, criado pelo governo federal durante a sua gestão como ministra, com o objetivo de melhorar o IDH dos municípios da região.

Para os procuradores da República que assinam a ação, as graves violações na região do Marajó não justificam “a utilização sensacionalista da vulnerabilidade social daquela população, associada à divulgação de fatos falsos, como palanque político e eleitoral em benefício do então presidente da República e da própria ministra”.

Dano moral coletivo e dano social

Segundo a ação, além de não contribuírem em nada, as reiteradas desinformações discriminatórias divulgadas por uma alta autoridade da Administração Pública federal reforçam estereótipos e estigmas históricos. De acordo com os procuradores, esse tipo de informação falsa confunde a sociedade e prejudica a execução de políticas públicas sérias e comprometidas com a melhoria das condições sociais da população do Marajó, causando danos sociais e extrapatrimoniais aos moradores da região.

Nesse contexto, os procuradores salientam que as declarações de uma ex-alta autoridade da Administração Pública federal e recém-eleita senadora da República geraram grande repercussão em diversos setores da sociedade e na mídia.

Segundo eles, as consequências (danos sociais e morais coletivos) foram graves e potencializados pelo trânsito rápido e instantâneo com que as informações são veiculadas em razão das tecnologias atualmente disponíveis. Além disso, ocasionaram grande movimentação de força de trabalho e gastos públicos para analisar as denúncias e apurações relacionadas aos fatos narrados por Damares Alves, embora nada tenha sido confirmado.

Apuração

Na ação, o MPF cita atuação da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), que solicitou informações ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) acerca dos supostos crimes envolvendo tráfico transnacional de crianças e estupro de vulneráveis na região do Marajó, no período de 2016 a 2022.

Em resposta, o Ministério informou que entre 2016 e 2022, o quantitativo de registros somava 251 denúncias, encaminhadas às autoridades competentes. Segundo a ação, as informações revelaram registros desorganizados e, por muitas vezes, genéricos, sem indicação exata do que havia sido requisitado pela PFDC. Dessa forma, o MPF aponta que o MMFDH “não comprovou os registros dos crimes de altíssima gravidade narrados por sua própria ex-ministra”.

Em outra frente de atuação, os procuradores da República que atuam no Pará também solicitaram ao ministério informações sobre os supostos crimes contra crianças da região e quais providências o órgão tomou ao descobrir os casos, e se houve denúncia ao Ministério Público ou à Polícia. O MPF também solicitou informações ao estado do Pará, que respondeu dizendo não haver registros de supostos atos de tráfico internacional de menores na Ilha do Marajó.

Os procuradores da República daquela região também ressaltaram que, em 30 anos, nenhuma denúncia foi recebida pelo MPF sobre tráfico de crianças. Segundo a nota do órgão, o MPF atuou, de 2006 a 2015, em três inquéritos civis e um inquérito policial instaurados a partir de denúncias sobre supostos casos de tráfico internacional de crianças que teriam ocorrido desde 1992 no arquipélago do Marajó, no Pará. “Nenhuma das denúncias mencionou nada semelhante às torturas citadas pela ex-ministra Damares Alves”, diz um dos trechos da nota.

Além do MPF, o Ministério Público do Pará (MPPA) também divulgou nota informando que não havia recebido denúncia formal ou prova do que a ex-ministra relatou. A Polícia Federal também informou que nenhuma das investigações da corporação coincide com os fatos narrados por Damares Alves.

Ao menos nove pessoas, incluindo crianças, foram encontradas carbonizadas em duas casas vizinhas no povoado de Núcleo Colonial JK, zona rural do município de Mata de São João, a cerca de 63 quilômetros de Salvador. Segundo a Polícia Civil da Bahia, uma criança foi resgatada com vida e encaminhada a um hospital com queimaduras graves.

Ao Estadão, a Delegacia Territorial de Mata de São João, que opera o resgate e a perícia no local, informou que a região não tem sinal de telefone. Por isso, segundo o órgão, não é possível confirmar o total de mortos, as idades das vítimas e mais informações sobre a ocorrência.

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A Polícia Civil da Bahia diz que será ampliada a equipe de perícia e remoção das vítimas. O Corpo de Bombeiros da Bahia afirma que não foi acionado para a ocorrência.

O município de Mata de São João é conhecido pela violência. No Mapa da Violência de 2016, a cidade liderou o ranking de cidades com maior número de mortes por armas de fogo no País.

Além disso, no Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgado este ano, com dados de 2022, a Bahia ficou em segundo lugar entre os Estados com maior taxa de homicídio.

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