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O quadro econômico traçado pelos representantes do G-20 na reunião de ontem, na Cidade do México, é de que houve uma melhora do cenário global, mas ainda há riscos de curto prazo. Apesar de observar progressos na Europa, o G-20 avalia que ainda há risco com a implantação das medidas complexas já anunciadas para enfrentar a crise, informou à Agência Estado um fonte que participa das negociações.

No comunicado final da reunião de ministro de finanças e presidentes de bancos centrais do G-20, a ser divulgado nesta segunda-feira, serão feitos alertas também para o risco da situação fiscal nos Estados Unidos e na Japão. A avaliação do G-20 é de que o crescimento mundial permanece lento. E a Europa continua em recessão.

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" Nada fora do previsto, ou seja: reconhecimento das medidas tomadas pela Europa e o pedido para que avancem na sua implementação, além da preocupação com riscos da situação fiscal nos EUA e Japão", comentou a fonte. Segundo ela, a linguagem do comunicado trará pouca novidade sobre a ação dos países com espaço fiscal e o cambio. O comunicado também não mostrará avanços sobre fórmula a ser usada na reforma do sistema de cotas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Segundo outra fonte ouvida pela Agência Estado, houve, porém, avanços para a implementação do Mecanismo de Estabilidade Europeu (ESM, na sigla em inglês) e na possibilidade de compra de bônus de dívida pelo Banco Central Europeu (BCE). O entendimento é de que é preciso continuar nas reformas estruturais para aumentar a competitividade e reduzir as desigualdades entre os países europeus.

Os países emergentes, como Brasil, China, Índia e Rússia, terão de se adaptar para continuar crescendo, porque a crise na Europa não terá solução em curto prazo. A avaliação foi feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta terça-feira (18), em Paris, onde se encontrou com uma plateia de dirigentes de 14 grandes multinacionais do país. Para o brasileiro, os países europeus estão "estagnados", as medidas para socorrer sua economia são "postergados para a eternidade" e não haverá solução em menos de dois ou três anos.

O diagnóstico foi feito no fim da manhã, em conversa com jornalistas após a palestra a portas fechadas que realizou na embaixada do Brasil a diretores e presidentes de companhias como Carrefour, Casino, Dassault, Peugeot, BNP Paribas e Alstom. "Mostrei a eles por que o Brasil tem condições de continuar em sua trajetória de crescimento, apesar da situação econômica internacional", disse Mantega. "A crise vai continuar, principalmente na Europa, onde não há uma solução de curto prazo."

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Segundo o ministro, as medidas adotadas pela União Europeia para combater os efeitos da turbulência, como a criação do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), a nova supervisão do sistema financeiro ou ainda a compra de títulos das dívidas soberanas pelo Banco Central Europeu (BCE), "têm dificuldades de sair do papel. "São medidas positivas", avaliou. "Mas quando você vê as regras, as condicionalidades, elas não saem do papel."

Para Mantega, a crise na Europa não terá solução antes de dois ou três anos porque "tudo fica postergado para a eternidade". "Isso significa que países emergentes têm de se organizar para poder fazer face a essa situação", pregou. "O Brasil tem a vantagem de ter um mercado dos mais dinâmicos, que continua crescendo independente da crise internacional. Nós trabalhamos com alto nível de emprego."

De acordo com o ministro, o Brasil já está crescendo a um ritmo mais acelerado e pode já ter superado a velocidade de aumento do PIB da economia dos Estados Unidos. "Nossa economia está acelerando no segundo semestre. Temos vários indicadores mostrando isso e vamos terminar o ano crescendo 4%, lembrou, citando os programas de estímulo, como a desoneração das folhas de pagamento, a redução do custo de energia e a queda contínua da taxa básica de juros. Além disso, afirmou, o País não enfrenta risco inflacionário.

Estados Unidos

Mesmo sem ser questionado a respeito, Mantega voltou a falar na nova "flexibilização monetária" - ou quantitative easing - do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA. Para o ministro, ao injetar US$ 40 bilhões na economia, Washington usa o único recurso de que dispõe, que são as medidas monetárias. "Os americanos tomam por falta de possibilidade de tomar medidas fiscais. Eles não têm outra alternativa a não ser tomar medidas monetárias", disse ele, ainda assim criticando: "Querem fazer mais do mesmo, porque a única estratégia que eles têm utilizado é fazer expansão monetária, que vai perdendo eficácia, do meu ponto de vista. É um pouco como chover no molhado."

Depois de Grécia, Portugal e Irlanda pedirem ajuda internacional, o foco de preocupação agora é a Espanha. Na última semana, investidores ficaram muito preocupados e receosos em comprar títulos da dívida da Espanha, o que elevou o custo do empréstimo aos níveis mais altos em quatro meses. Esse temor fez as bolsas de valores despencarem.

Na realidade, as preocupações com a economia da Espanha existem há tempos. A pressão no mercado de títulos espanhol começou a crescer em 2011 à medida que o déficit do país cresceu e o desemprego se expandiu de forma expressiva. Mas no final de 2011, dois fatores ajudaram a aliviar a pressão. Primeiro, o Partido Popular de Mariano Rajoy - de direita e pró-austeridade - ganhou as eleições em novembro. O segundo fator, foi a injeção de mais de US$ 1,3 trilhão no sistema financeiro da região feita pelo Banco Central da Europa no sistema financeiro da região através de empréstimos subsidiados aos bancos.

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A injeção de capital induziu os bancos a comprar dívida do governo, o que reduziu os custos de empréstimo da Espanha. Entretanto, os efeitos dos empréstimos baratos pela Europa se dissiparam e a Espanha está sentindo a ressaca da desconfiança do mercado.

A administração de Rajoy está enfrentando dois grandes desafios: ressuscitar uma economia com 23% de desempenho através da criação de empregos enquanto tenta reduzir seu déficit para satisfazer os investidores via medidas austeras. Para ajudá-los a atingir as metas, o governo já impôs cortes de gastos severos e introduziu reformas nos mercados de trabalho e no setor bancário.

Porém, os bancos espanhóis estão com grande volume de empréstimos imobiliários tóxicos e alguns dos governantes regionais do país já gastaram bem mais do que arrecadam. Rajoy já advertiu seus eleitores que a Espanha está em uma dura caminhada, e que as coisas vão ficar bem piores antes de melhorar. Com uma mão, o governo está retirando dinheiro da economia à medida que ele tenta reduzir seu déficit através de cortes austeros. Com a outra, o governo tenta criar uma economia mais eficiente através da reforma das rígidas leis trabalhistas e desta forma encorajar as companhias a recontratarem à medida que Espanha e Europa forem se recuperando.

A zona do euro recentemente aumentou o tamanho de seu colchão financeiro para ajudar seus membros, se eles não conseguirem levantar recursos no mercado. Mas a economia espanhola de US$ 1,45 trilhão é duas vezes o tamanho dos três outros pacotes de ajuda juntos. Analistas estão preocupados de que o "colchão" da UE de 800 bilhões de euros não seja grande o suficiente para lidar com a potencial ameaça vindo da Espanha e outros países endividados como a Itália. As informações são da Associated Press.

O líder político da Liga do Norte, partido de direita mais forte da Itália, Umberto Bossi, de 70 anos, renunciou nesta quinta-feira ao cargo de secretário-geral em meio a um escândalo de corrupção. Bossi é investigado pelas promotorias de Milão e de Nápoles. Tanto ele quanto seu filho, Renzo Bossi, teriam usado fundos do partido Liga do Norte em benefício próprio. Em Roma, a promotoria realizou buscas em uma sede da Liga do Norte e apreendeu talões de cheques no nome de Bossi. O líder direitista, que defendeu durante anos a separação de uma parte do norte da Itália do resto do país, nega ter feito qualquer coisa errada, mas a promotoria anticorrupção da Itália agora também investiga seu filho e suposto sucessor político, Renzo, uma estrela em ascensão no partido xenófobo. O tesoureiro do partido, Francesco Belsito, também é investigado em outro caso de corrupção pela promotoria de Milão. Bossi renunciou ao cargo na sede da Liga em Milão.

Até que um novo secretário seja escolhido, a Liga do Norte será comandada por um triunvirato, que inclui Roberto Maroni, que foi ministro do Interior da Itália durante o último governo de Silvio Berlusconi, ao qual a Liga do Norte deu apoio. Um funcionário da Liga, Matteo Salvini, disse à Radio Padania que Bossi lhe afirmou que o responsável por qualquer escândalo envolvendo fundos do partido precisa "pagar" pelos erros, não importa "o sobrenome".

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O apoio de Bossi a Berlusconi durou décadas e começou em 1994, quando o então magnata da televisão italiana foi eleito primeiro-ministro pela primeira vez com o apoio do partido Lega Lombarda, chefiado por Bossi e que foi o núcleo da futura Liga do Norte. Mas quando Bossi repentinamente retirou o apoio da Lega, o primeiro governo de Berlusconi caiu após alguns meses no final de 1994.

Berlusconi renunciou ao seu terceiro mandato no final de novembro de 2011, em meio a uma das piores crises financeiras e políticas da Itália em décadas, e foi substituído pelo economista Mario Monti, que aceitou a missão de tentar salvar a Itália da crise da dívida soberana do euro.

O escândalo no qual Bossi é acusado de usar os fundos do próprio partido que criou contrasta totalmente com o discurso adotado pelo político e pela Liga, que sempre acusaram de corrupção seus adversários "comunistas" ou do centro e do sul da Itália. Desde os anos 1990 a Liga acusa os políticos do sul e da "Roma ladra" de roubarem os impostos do rico e industrializado norte. Em 2004, Bossi sofreu um ataque cardíaco e desde então reduziu sua atividade política.

A polícia financeira da Itália apreendeu na quarta-feira, no cofre do tesoureiro da Liga do Norte, Francesco Belsito, documentos contábeis em um envelope intitulado The family. A hipótese, disseram promotores à agência Ansa, é que os documentos sejam relativos ao agora defenestrado líder da Liga e seu filho Renzo, que um dia antes da incursão da polícia financeira, esteve no prédio em Milão com a noiva, Silvia Baldo. O casal foi visto carregando algumas pastas ao sair. Belsito, por sua vez, já é investigado pela promotoria de Milão por ter ajudado um empresário a "se apropriar indevidamente de fundos do Estado".

As informações são da Associated Press e da Ansa.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciou nesta quarta-feira um pacote de  £ 430 milhões (US$ 550 milhões) para reduzir o desemprego no país, uma medida criticada como oportunismo eleitoral pela oposição, uma vez que foi tomada apenas três meses antes das eleições presidenciais.

Com a taxa de desemprego alcançando 10% da força de trabalho e o recente rebaixamento da nota de crédito da França pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, o candidato socialista François Hollande desfere duras críticas a Sarkozy, ao dizer que a crise financeira reflete a estratégia econômica fracassada do mandatário. Nesta quarta-feira, os marítimos franceses fizeram uma paralisação de advertência, suspendendo a linha de barcos entre Marselha e a Córsega. Segundo informações da imprensa francesa, também ocorreram manifestações em Paris e outras cidades contra uma reunião de Sarkozy, os empresários e os sindicalistas. As manifestações tiveram na mira justamente os planos de Sarkozy.

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Segundo informações do jornal Le Monde, um protesto organizado pela central sindical Confederação Geral do Trabalho (CGT) reuniu sete mil pessoas na praça Saint-Augustin. A polícia disse que o número de manifestantes foi menor, de 1,7 mil pessoas. Também ocorreram protestos de vulto em Lyon e Bordeaux, segundo o Le Monde.

Sarkozy, que está em segundo lugar e atrás de Hollande nas pesquisas de intenção de voto, rebate as críticas ao dizer que a crise é europeia e não apenas francesa. Mas ao anunciar hoje o pacote contra o desemprego, disse que os franceses que sofrem com o problema precisam de socorro imediato. Para essa finalidade, ele se reuniu mais cedo com empresários e sindicalistas para montar o pacote. Ainda não está claro se ele conseguirá lançar o plano antes das eleições, que terá primeiro turno em abril e segundo turno em maio.

As informações são da Associated Press.

A presidente Dilma Rousseff disse hoje que o Brasil, assim como outros países do mundo, passa por um período delicado por conta da crise econômica europeia, mas que o momento é de oportunidades para a construção de uma nação livre da pobreza, majoritariamente de classe média e com serviços públicos de qualidade. "É certo que a Europa ficará ao menos um ou dois anos em crise e que os Estados Unidos também não estão em situação muito favorável", disse. "Ao mesmo tempo temos de ter consciência de que crise também é uma oportunidade, e o Brasil está diante de várias oportunidades."

De acordo com a presidente, o Brasil não deve se atemorizar por conta do cenário econômico internacional. "Não podemos nos atemorizar e parar de consumir e produzir, ao contrário. Temos de garantir que o setor privado continue investindo e a população brasileira siga consumindo e precisamos avançar na melhora da qualidade do serviço público", afirmou. "O posto de quinta potência econômica mundial está cada vez mais claro."

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As declarações foram feitas durante visita ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), no Rio de Janeiro, hospital que, segundo Dilma, é referência no tratamento de doenças e traumas ortopédicos de média e alta complexidades. A presidente disse que a ascensão de 40 milhões de brasileiros à classe média nos últimos anos deu origem à exigência de serviços públicos de qualidade.

"O Brasil mudou e as exigências de qualidade no serviço público passaram a ser muito fortes e decisivas", afirmou. "Nosso país é respeitado internacionalmente porque incorporou cidadania, consumo e trabalho na vida de milhões de brasileiros. Isso cria necessidade de processo de prestação de serviços universal que seja também de qualidade."

Milhares de manifestantes estão convergindo de vários países europeus para a Riviera Francesa, para protestar e pedir aos líderes das vinte economias mais desenvolvidas do mundo (o G-20) que tenham o foco na distribuição de renda e riqueza no planeta, ao invés do salvamento dos bancos e do mercado financeiro.

Dezenas de grupos de ativistas, com uma série de reivindicações que vão do fim dos paraísos fiscais à destinação de mais dinheiro para o desenvolvimento, organizaram protestos para esta semana. Uma grande passeata deverá ocorrer mais tarde nesta terça-feira na cidade francesa de Nice, com o slogan "As pessoas primeiro, não as finanças".

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O governo francês enviou mais de 12 mil policiais e agentes de segurança para manter a ordem na Riviera. A reunião do G-20 começa na quinta-feira em Cannes e deverá ter o foco nos esforços europeus para superar a crise da dívida, que está ameaçando a recuperação da economia mundial.

As informações são da Associated Press.

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