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Jojo Todynho está de volta ao Brasil após fazer uma viagem à Paris para curtir um pouco da Temporada de Alta-Costura. Enquanto estava fora, a cantora foi alvo de comentários pelo fato de seu marido, Lucas Souza, não ter ido junto, e começaram a surgir comentários relacionados a uma possível crise entre os dois.

Mas segundo o Metrópoles, a cantora não deixou barato e tirou as dúvidas de todos em seus stories: "O Lucas tem a vida e o trabalho dele. Quando for lazer, a gente fica junto e viaja junto, mas trabalho é outra coisa. Somos casados, porém, ele tem a vida dele e eu a minha".

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Ela ainda criticou aqueles que ficam criando histórias desnecessárias: "A mulher preta não tem um dia de paz. A mulher preta não pode comemorar seu sucesso em paz porque as pessoas querem arrumar história e polêmica o tempo doto. As pessoas, ao invés de desejar a felicidade dos outros, estão a todo o tempo querendo criar uma coisa que não existe. Elas ficam negativando a vida dos outros, e isso me deixa estressada. Muito estressada."

Apesar dos comentários, Jojo tem assuntos mais importantes para se preocupar. Segundo o Sessão Extra, a cantora está com um EP pronto. "Tenho um EP pronto para lançar, assinado pelo Wilson Prateado, um dos maiores nomes em produção musical do pagode e do samba. Eu sempre tive esse desejo de investir no pagode, então esse projeto é um sonho antigo. Eu sou da música! Funk e pagode fizeram parte da minha vida desde sempre. Posso dizer que essa foi a trilha musical da minha vida, da minha história", revelou.

Ela também falou sobre sua participação na série de humor Encantado's, ainda sem data es estreia. "É maravilhoso, estou vivendo um momento único e quero dar o meu melhor. Estou estudando muito e quero surpreender, superar as expectativas", disse Todynho.

Com tantas coisas rolando em sua vida e mesmo antes dos rumores de separação surgirem, Jojo fez questão de dizer que Lucas sempre está acima de seus planos. "Meu casamento hoje em dia é prioridade na minha vida. Tudo que faço é de forma organizada a sempre ter um tempo para eu ser a esposa que eu quero ser", explicou Jodo Todynho.

Passado o susto da internação, Wesley Safadão usou as redes sociais, nesta sexta-feira (1º), para atualizar os fãs sobre o estado de saúde. Na última semana, o cantor cancelou alguns shows após passar por um procedimento para tratar hérnia de disco, no entanto, as coisas parecem ter melhorados, já que o artista recebeu alta hospitalar e apareceu todo sorridente na web.

"Recebendo agora a alta do hospital! Dores controladas e agora é continuar o repouso em casa! Obrigado por todas as mensagens de carinho", disse nos Stories.

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No clique, Safadão aparece ainda no hospital fazendo o símbolo de paz enquanto os médico estão ao fundo cuidando das papeladas.

Na esteira de lockdowns na China que ampliaram as dificuldades de abastecimento na indústria, fábricas das três maiores montadoras do País - Fiat, Volkswagen e General Motors (GM) - estão parando novamente por falta de componentes eletrônicos. O problema também atinge, de forma ainda mais disseminada, a indústria de aparelhos eletrônicos, onde o total de fábricas com atrasos ou até mesmo paralisação de parte da produção é o maior desde o início da crise dos semicondutores.

Da guerra entre Rússia e Ucrânia, de onde saem insumos essenciais ao processo de produção dos chips, à morosidade na liberação de cargas em alfândegas por conta da operação-padrão de fiscais da Receita Federal, as duas indústrias vêm enfrentando uma sucessão de obstáculos para manter as linhas funcionando sem interrupções.

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Com o empenho da China em zerar os casos de covid, a situação tornou-se mais desafiadora, já que o congestionamento de navios provocado pelo fechamento de portos no país asiático reduziu a disponibilidade de contêineres e embarcações para o transporte de mercadorias.

A Fiat, marca do grupo Stellantis, não vai fabricar carros nos próximos dez dias em Betim (MG) porque a fábrica mineira não tem peças em volume suficiente para manter a produção. Na primeira parada deste ano, o pessoal das linhas de automóveis entra em férias coletivas amanhã. Nas linhas de motores e transmissões, as férias da Fiat já começaram na segunda, 20.

Assim como fez no mês passado, a Volkswagen voltará a parar a produção em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a partir de segunda-feira - desta vez por dez dias, e não 20 como em maio. Os trabalhadores retornam em 7 de julho com jornada reduzida em 24% (um dia a menos por semana) e corte de 12% nos salários, segundo informou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Também está prevista uma parada de três semanas em julho - entre os dias 4 e 23 - na fábrica da Volks no Paraná, onde é produzido o utilitário esportivo T-Cross.

Conforme informações de sindicatos, a GM, que já não produziu na terça, 21, o Onix em Gravataí (RS), também vai interromper entre esta quarta, 22, e sexta-feira as atividades na linha da fábrica de São José dos Campos (SP) onde são montados o utilitário esportivo TrailBlazer e a picape S10.

Perdas na produção

Desde o início da pandemia, a indústria brasileira deixou de produzir cerca de 1,6 milhão de veículos. Só no primeiro ano da crise sanitária, foram 1,14 milhão de unidades, segundo cálculos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Naquele ano, todas as montadoras do País paralisaram as atividades por várias semanas, mas o motivo era evitar o contágio da covid. Em 2021, quando as empresas já operavam normalmente, o que paralisou as fábricas foi a falta de componentes e cerca de 370 mil veículos não foram produzidos. Só uma montadora, a General Motors ficou com a fábrica de Gravataí (SP) fechada por quase cinco meses.

Neste ano, até maio, ocorreram 16 paradas de fábricas, o equivalente a 331 dias inativos (média de 20 dias por fábrica), de acordo com a Anfavea. Nesse período, 150 mil veículos deixaram de ser produzidos. Em março de 2020, quando a pandemia se alastrou, o setor empregava 107 mil funcionários. Hoje são 101,8 mil, 5,2 mil a menos.

O consultor Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, avalia que, se o mercado brasileiro tivesse mantido o ritmo de crescimento registrado entre 2016 e 2019, na casa de 9% a 10% ao ano, hoje as vendas internas estariam próximas de 3,3 milhões de unidades. A previsão da Anfavea, contudo, é de atingir, no máximo, 2,3 milhões de unidades, número que ainda pode ser revisto.

"É difícil separar a participação de cada situação na perda de produção e vendas, pois tem a crise da pandemia, a falta de suprimentos, problemas de logística, guerra na Ucrânia, alta dos preços das commodities, alta dos preços dos automóveis e instabilidade política", pondera Pagliarini.

Reação ameaçada?

As novas paralisações acontecem após a recuperação mostrada pela indústria automotiva nos últimos dois meses, especialmente em maio, quando as montadoras apresentaram a melhor produção do ano. Com o desempenho, e o relaxamento das restrições em Xangai, onde funciona o maior porto do mundo, a direção da Anfavea, entidade que representa a indústria de veículos, avaliou no início do mês que a oferta de componentes eletrônicos, responsável pelo principal gargalo do setor, tem aos poucos se tornado menos crítica.

De lá para cá, no entanto, a falta de peças continuou forçando paradas de linhas, o que também reforça a percepção na indústria de que o problema segue longe de terminar.

No setor de eletroeletrônicos, tirando uma minoria ainda confiante, quase todos os empresários já jogaram a toalha em relação a uma normalização do abastecimento até o fim do ano. Sondagem feita pela Abinee, entidade que representa essa indústria, mostra que 57% das fábricas de produtos como celular, notebook e tevês tiveram a produção de alguma forma prejudicada no mês passado pela falta de componentes eletrônicos.

Entre empresas que relataram atrasos ou paralisações parciais da produção, o porcentual foi o maior desde que a pesquisa começou a acompanhar, em fevereiro do ano passado, os estragos da escassez global de chips na indústria de aparelhos eletroeletrônicos.

Três em cada quatro fábricas que fabricam produtos que dependem dos semicondutores seguem enfrentando dificuldade em encontrar o insumo no mercado. Muitas delas têm buscado fornecedores alternativos, mesmo pagando preços mais altos, e renegociado prazos de entrega com os clientes, entre outras medidas para contornar a situação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O maior orgulho de Tereza Borba em sua vida foi ter conseguido, com uma luta obstinada, desfazer a injustiça sobre seu pai, o goleiro Barbosa, titular da seleção brasileira na Copa de 1950. Seus olhos ganham luz especial e o tom de sua voz se avoluma ao falar dos feitos dele, que a adotou após encerrar a carreira. O gol de Ghiggia, na vitória do Uruguai, se tornou um detalhe sem tanta importância.

Durante décadas, no entanto, não foi assim. Barbosa foi por muito tempo visto como culpado pelo fracasso do Brasil e mudou de cidade diante dos olhares acusatórios. Até a luta de Tereza, que iniciou uma campanha, com entrevistas, exposições e debates sobre o tema, surtir efeito.

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Foi ela a melhor gestora da crise do pai, em um momento no qual Barbosa se viu abandonado. Mas, além de sua carreira vitoriosa, com títulos pelo Vasco e pela seleção, o goleiro teve a função de trazer à tona o lado ingrato e antiético do futebol, resultante também da precária gestão de crise que ainda assola o futebol no País. Quando o assunto não é jogado para debaixo do tapete, ele é abandonado pelos clubes, como aconteceu com Barbosa.

Mesmo com todo o seu esforço, Tereza considera que seu trabalho está incompleto quando ela vê novos 'Barbosas’ sendo considerados bodes expiatórios no futebol. "Fico aliviada porque consegui reverter as injustiças contra o meu pai e mostrar tudo de bom que ele fez. Essa luta, porém, é para todas as gerações. Meu objetivo é contribuir para que esse tipo de situação não se repita’’, diz. "Que a opinião pública, torcedores e imprensa olhem os jogadores como seres humanos. Como alguém que batalha, treina, dá o sangue no dia a dia. Isso não pode ser derrubado por um ou outro resultado de jogo. Essa busca por um bode expiatório tem de acabar."

FUTEBOL NO DIVÃ

A conhecida frase "ética é coisa para filósofos" parece ganhar cada vez mais espaço no ambiente futebolístico. O Estadão entrevistou um filósofo, uma psicanalista e um sociólogo, em busca de explicações sobre o porquê da gestão humana, desde aqueles tempos de Barbosa, não ser prioritária. Atualmente, de nove dos dez clubes de maior torcida no País (Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Grêmio, Atlético-MG, Santos e Inter) apenas três têm uma psicóloga, segundo informações dos sites oficiais. E, mesmo assim, elas são apresentadas (com exceção do São Paulo) nos últimos lugares dentro da comissão técnica.

Para o filósofo Sidney Molina, bacharel em Filosofia pela USP e doutor em Semiótica pela PUC-SP, tudo começa com a falta de uma compreensão mais profunda sobre a importância cultural e artística do futebol para o Brasil. "A competição esportiva tem de ser entendida dentro de um arcabouço ético, de regras aceitas por todos e que não podem ser negadas se o resultado do time no jogo não for o esperado. Além disso, jogadores e dirigentes nem sempre se dão conta do elemento estético do futebol, da arte do jogo, e de como isso é importante culturalmente para o Brasil", diz. "A arte do futebol está próxima, no imaginário brasileiro, da música, do teatro, da dança. Jogadores também são artistas", afirma, citando os exemplos de Sócrates e Tostão e elogiando a postura do palmeirense Gustavo Scarpa, adepto dos clássicos da literatura universal.

Os tempos atuais são outros em relação aos anos 50, quando os gastos com futebol eram menores. Só em despesas, o Flamengo deverá desembolsar R$ 611 milhões neste ano. A do Atlético-MG está projetada em R$ 447 milhões. O Corinthians prevê gastos de R$ 440 milhões. Os clubes se profissionalizaram, contratam jogadores com altos salários e foram buscar técnicos estrangeiros a peso de ouro. Os CTs com infraestrutura se proliferam. Há nutricionistas, podólogos, hospedagens em hotéis de luxo. Mas o ser humano, o jogador como pessoa, esse ainda está no fim da fila.

Diante da dificuldade em priorizar o lado humano, todo esse aparato desmorona em qualquer desavença, discussão ou problema que necessite de diálogo e compreensão. O clube não consegue lidar com vaidades. E não evita que o ambiente futebolístico se assemelhe à "Alegoria da Caverna", proposta pelo filósofo Platão no livro 7 da obra A República, conforme relata Molina. Nesta passagem, os homens que vivem em cavernas observam apenas as sombras locais, projetadas por uma fogueira atrás deles, e acreditam que aquela é a realidade do mundo.

"Para o futebol, essa história é o lembrete de que pode haver uma visão mais abrangente da realidade, além das aparências. O jogo não se reduz apenas ao resultado, e o próprio futebol integra uma realidade maior, mais ampla, real e concreta. Vencer a irracionalidade das aparências implica coragem, insistência e uma busca sempre maior pela compreensão. Implica renunciar a preconceitos e lutar pela verdade", observa Molina.

"Desconstruir as estruturas do futebol significa deslocar um pouco os seus sentidos para além do maniqueísmo da mera posição do clube na tabela’’, prossegue o filósofo. "É preciso pensar na formação humanística dos jogadores e dirigentes, na defesa de valores humanos universais pelos clubes, numa mensagem clara que possa contaminar e desconstruir igualmente o estereótipo do torcedor como alguém que apenas reage grosseiramente - e às vezes com agressividade - aos resultados mais imediatos."

A imprensa, diz, tem importante função no trabalho de informação, mas ao mesmo tempo de conscientização. "Cabe a ela tanto comentar com propriedade a arte do jogo como ajudar o meio do futebol a pensar sobre si mesmo, discutir seus desafios e, enfim, ajudá-lo a se reinventar."

CRISES

No futebol brasileiro, o que se tem visto com frequência são crises se multiplicando diariamente. Pequenas, médias e grandes. Principalmente quando os resultados esperados não chegam. No primeiro problema, uma fala que desagrada, apupos da torcida, uma sequência ruim ou crítica da imprensa, toda a infraestrutura milionária perde a força.

Problemas relacionados com o lado humano não são resolvidos. Jogadores são afastados, técnicos demitidos com pouco tempo de trabalho, torcedores se sentem no direito e têm facilidade em invadir CTs. Há poucos gestores capazes de dar soluções.

Exemplos não faltam. O meia Luan, do Corinthians, se tornou um incômodo ao clube por não ter conseguido render como era esperado. O Flamengo gastou R$ 22 milhões em menos de dois anos, pagando pela rescisão dos seus quatro últimos técnicos. O treinador Fábio Carille ficou apenas 21 dias no Athletico-PR. Gabriel Menino, do Palmeiras, cujo início foi promissor, busca recuperar o terreno após perder espaço com dificuldades que, aparentemente, foram mal resolvidas. Assim como a polêmica entre o goleiro Diego Alves e o treinador Paulo Sousa, antes de o técnico ser demitido da Gávea.

Diante de uma pressão desumana, técnicos são contratados e demitidos, alguns deles mesmo com mais de 70% de aproveitamento, como no caso de Renato Gaúcho no Flamengo.

Como uma das soluções, a psicanalista Ana Paula Soares Motta defende que a psicologia no futebol seja direcionada para o lado individual de atletas e dirigentes e não somente aos aspectos motivacionais. "O atendimento individualizado ajudaria o atleta a desenvolver a capacidade da observação de si por meio de sessões de terapia. Uma importante solução seria investir em acompanhamento psicanalítico semanal e individual para atletas e famílias. A exposição para eles é gigantesca e pode causar pressões desnecessárias", diz.

Para a psicanalista, no atual modelo, pode-se dizer que o futebol brasileiro tem sofrido de uma neurose crônica. "Vemos técnicos e jogadores chegando com grandes poderes e quando apresentam maus resultados são abandonados e expostos. Boa parte do futebol está neurótica, considerando que as neuroses são fenômenos gerados por um conflito psíquico, que envolve a frustração de um impulso instintivo. Além disso, a neurose pode ser também o resultado de nossas experiências traumáticas", diz.

Ela acredita que a situação do futebol brasileiro se encaixa às teorias de Sigmund Freud da obra O Mal-estar da Civilização. Motta conta que, neste livro, Freud investiga as origens da infelicidade, o conflito entre indivíduo e sociedade e suas diferentes configurações na vida civilizada, inclusive entre aqueles que fazem sucesso e detêm certo poder financeiro. "Podemos ver dentro do futebol de forma forte o domínio do dinheiro e do poder. É extremamente importante que quem faz parte desse mundo esteja emocional e psicologicamente apto para lidar com tais situações ou então será dominado e fadado a viver somente para isso, passando por cima de questões tão importantes como a saúde mental e colocando em risco também a saúde física, tanto do indivíduo quanto da sua rede de convívio", ressalta.

LADO SOCIAL

Opinião semelhante tem o sociólogo Rafael Mantovani, doutor pela USP e professor na UFSC, de Santa Catarina. Para ele, aqueles que estão inseridos no meio futebolístico dão a impressão de pensarem que estão em uma sociedade à parte. "O futebol aparece como se fosse um campo autônomo da sociedade, provavelmente pelo dinheiro que movimenta, como se não precisasse compartilhar dos valores de boa parte dela. É como se a capacidade financeira que o futebol possui dispensasse dirigentes, técnicos e jogadores das condutas éticas e, por isso, pudessem ter a sua própria. Ou - o que resulta no mesmo - podem escolher pelas práticas mais selvagens do mercado sem nenhum constrangimento", diz. "Atletas e dirigentes poderiam se beneficiar de uma formação complementar em filosofia e estética", indica Molina.

O ambiente de crise econômica no Brasil - com inflação e juros altos - está começando a esgarçar a lei dos distratos, criada há três anos e meio para definir regras claras para o cancelamento dos contratos de compra e venda de imóveis na planta.

Advogados do ramo relatam que há decisões judiciais reduzindo as multas firmadas nos contratos dentro dos parâmetros legais no intuito de dar uma forcinha a consumidores em dificuldades financeiras. A situação preocupa incorporadoras, que veem o risco de se estimular as rescisões, gerar prejuízos e criar um clima de insegurança para investimentos em novos projetos.

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A lei dos distratos surgiu depois que os cancelamentos de vendas explodiram a partir de 2014, quando o País entrou em recessão. Na época, não havia regras para essa situação, e as decisões judiciais obrigavam as empresas a devolverem 75% do valor pago pelos consumidores. As incorporadoras perderam dinheiro, deixaram prédios inacabados e amargaram anos com resultados negativos.

Com a lei, ficou estabelecida a retenção de 50% do valor pago pelo consumidor até o momento da rescisão. Também foi definido que não haverá devolução da taxa de corretagem, de cerca de 5% do valor do imóvel. Outro ponto importante: as incorporadoras ficaram autorizadas a devolver o dinheiro só depois de entregarem o imóvel e receberem o habite-se, de modo a evitar que ficassem sem dinheiro para terminar a obra.

Agora, o cenário é diferente. O mercado imobiliário está entrando numa fase de intensificação do término de obras após dois anos de recordes de vendas. E quem fechou a compra de um apartamento na planta tempos atrás está com mais dificuldades para obter o crédito imobiliário porque os juros dos financiamentos subiram. Ou seja, o caldeirão reuniu os ingredientes para os distratos voltarem a subir. "Acho que vai ter mais pedidos de distrato nos próximos meses", alerta o sócio do escritório VBD Advogados e consultor jurídico de Secovi e Sinduscon, Olivar Vitale.

Os sócios Pedro Serpa e Daniel Gomes, do escritório SIDC Advogados, especializado em direito imobiliário, relatam que estão notando um aumento nas demandas por processos relacionados a distratos e que já esbarraram com decisões judiciais baixando as multas previstas em contrato. Segundo eles, a Lei 13.786 deixou brecha para que os valores sejam alvos de contestação nos tribunais. "O juiz tem a discricionalidade para reduzir a multa. Isso tira o caráter de segurança e previsibilidade que era esperado na construção da lei", diz Gomes.

Os sócios acrescentam que esse tipo de brecha pode até criar situações em que o consumidor que esteja em dificuldades financeiras veja o distrato como uma boa solução, já que oferece a chance de recuperar mais de 50% do valor pago acrescido da correção monetária por INCC ou IGP-M. "Com a inflação e os juros em alta, optar pelo distrato pode ser até um negócio atrativo", observa Serpa.

Na visão do advogado Marcelo Tapai, sócio do escritório Tapai Advogados, voltado a consumidores, é natural que haja flexibilização dos termos contratuais, pois é sabido que o juiz pode interferir quando vê desequilíbrio em alguma das partes.

AUMENTO. O volume de distratos teve aumento considerável em termos nominais, mas segue estável como porcentual do total de unidades comercializadas. É preciso lembrar que o mercado teve recorde de vendas nos últimos dois anos.

Foram registrados 9.701 casos de distratos em 2019, 12.556 em 2020 (alta de 29,5%) e 13.104 em 2021 (alta de 4,5%). Os dados são de pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

Os distratos responderam por 11,8% das vendas em 2019, 11,1% em 2020 e 11,6% em 2021. Ou seja, apesar do aumento nominal, não se trata de uma crise. Os números ainda estão longe do pico de 2015, quando foram distratadas 19.050 unidades, ou 35,1% das vendas.

A Abrainc foi procurada, mas não concedeu entrevista.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por unanimidade, o Senado aprovou nesta terça-feira (14) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 15/2022, que estimula a competitividade dos biocombustíveis em relação aos concorrentes fósseis. O texto mantém benefícios para fontes limpas de energia por pelo menos 20 anos. 

Foram 68 votos favoráveis e nenhum contrário na votação em primeiro turno. No segundo turno, foram registrados 72 votos favoráveis e nenhum contrário. A matéria segue para a Câmara dos Deputados.

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A PEC faz parte do pacote de projetos com objetivo de conter a alta no preço dos combustíveis. Nesta segunda-feira (13), o Senado aprovou o projeto que fixa teto de 17% do ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e serviços de telecomunicações e de transporte público (PLP 18/2022).

De iniciativa do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), a PEC 15/2022 prevê a criação de um regime fiscal favorecido para os biocombustíveis, o que será definido em uma lei complementar a ser aprovada pelo Congresso Nacional. De acordo com a PEC, as alíquotas sobre fontes renováveis devem ser menores do que as previstas para os combustíveis fósseis. 

O senador destacou que o texto "não inova, apenas mantém os benefícios existentes" para os combustíveis limpos.

“Nós precisamos manter a atratividade para o etanol. Hoje, nós temos uma diferenciação tributária entre a gasolina e o etanol. A PEC é meramente um comando constitucional de manter a atual estrutura tributária”, declarou Bezerra.

A regra deve valer por pelo menos 20 anos e será aplicável aos seguintes tributos: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) paga pela empresa sobre receita ou faturamento e pelo importador de bens ou serviços do exterior; Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Enquanto não entrar em vigor a lei complementar, o diferencial competitivo dos biocombustíveis em relação aos combustíveis fósseis será garantido pela manutenção, em termos percentuais, da diferença entre as alíquotas aplicáveis a cada combustível fóssil e aos biocombustíveis que lhe sejam substitutos, em patamar igual ou superior ao vigente em 15 de maio de 2022.

Quando o diferencial competitivo não for determinado pelas alíquotas, este será garantido pela manutenção do diferencial da carga tributária efetiva entre os combustíveis.

“A emenda ora apresentada, assim, busca consagrar na Constituição a estrutura competitiva dos biocombustíveis que concorrem diretamente com combustíveis fósseis no país, mantendo um diferencial tributário vigente e justo entre esses produtos. Ainda fortalece a posição estratégica do Brasil para aproveitar as oportunidades delineadas pela economia de baixo carbono", justificou Bezerra ao apresentar a PEC.

Consumo final

Além dos benefícios para o meio ambiente, o relator, senador Fabio Garcia (União-MT), reforçou que a PEC assume maior relevância no cenário atual, marcado pela alta dos preços dos combustíveis. Ele apontou que o projeto garante a manutenção de incentivos a combustíveis renováveis.

“O que se busca aqui é pelo menos a manutenção do diferencial tributário existente hoje. O setor não pede nada mais do que a manutenção. Se o governo tem a intenção de ampliar os incentivos fiscais, o texto também não impede”, apontou.

Garcia recomendou a aprovação do texto, com ajustes de redação para explicitar que os biocombustíveis são aqueles destinados ao consumo final, ou seja, aqueles que chegam aos postos.

“Essa emenda à Constituição vem aqui para trazer uma garantia ao nosso país de competitividade aos biocombustíveis, combustíveis renováveis, e essa garantia se faz necessária, tanto para que a gente possa garantir ao cidadão brasileiro que ele tenha alternativa de abastecer e consumir um combustível mais barato e 100% renovável, mas também garante que a gente possa trazer competitividade e, mais além, sobrevivência a uma indústria 100% nacional que gera emprego e oportunidade por este país afora”, acrescentou.

"Seletividade"

Durante a votação da proposta, o líder do governo, Carlos Portinho (PL-RJ), afirmou que o Planalto é favorável à proposta, mas pediu mais tempo para sugerir ajustes como a substituição do termo “diferencial competitivo” por “seletividade”. Também manifestou preocupação com possíveis benefícios para o biodiesel, que segundo ele, poderiam representar perdas para o diesel. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, negou o pedido. Ele apontou que havia ampla aceitação da matéria entre as lideranças partidárias.

Portinho insistiu em mudanças que ele classificou como “ajustes” pontuais, mas o relator, Fabio Garcia, e o autor, Fernando Bezerra, apontaram que as sugestões do governo poderiam afetar o mérito da proposta.

Fernando Bezerra se disse surpreso com as sugestões do governo no momento da votação da PEC e ressaltou que nenhuma emenda de mérito foi apresentada no prazo regimental.

“Está na hora de o governo sinalizar que quer ajudar um setor que é tão importante para a economia brasileira”, disse o senador ao afirmar que a PEC 15 é essencial para a manutenção do setor sucroalcooleiro.

O senador Jean Paul Prates (PT-RN) argumentou que a mudança pretendida pelo governo, além de intempestiva, apresentada no momento da votação, representava mudança quanto ao mérito da proposta, e não seria bem compreendida nem mesmo pelos senadores da base.

Por fim, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que a PEC está alinhada com a redução de carga tributária defendida pelo governo, mas também defendeu mudanças sugeridas pelo Ministério da Economia. Flávio Bolsonaro afirmou que os “ajustes finos” poderão ser feitos na Câmara dos Deputados.

Da Agência Senado

A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, afirmou neste domingo, 12, que espera que a instituição chegue a um acordo para lutar contra os impactos da pandemia. "Nunca vi tantos conflitos ao mesmo tempo. Estamos enfrentando uma crise de segurança internacional", destacou, durante coletiva de imprensa na abertura da 12ª Conferência Ministerial da OMC.

Ngozi também comentou que, atualmente, "estamos enfrentando uma crise de alimentos e de energia", com os países menos desenvolvidos sendo os mais afetados. "Estou vendo o que pode ser feito com relação à crise de alimentos", completou.

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Segundo ela, são necessárias soluções políticas para fazer com que os grãos da Ucrânia consigam ser escoados do país, como a criação de corredores.

Sobre a conferência, que está programada para durar até a próxima quarta-feira, 15, a diretora afirmou que os ministros terão oportunidades de falar sobre questões geopolíticas, a crise de energia e alimentos. "Teremos muitos dossiês", disse.

Em meio a tantos protestos, notícias de corrupção e surpresas políticas, o que mais chama atenção são os sintomas atuais da crise no Brasil:  inflação, queda no volume de vendas no comércio, alta do dólar americano e o desemprego. O mercado define recessão econômica somente a partir da  queda consecutiva do PIB de um país em dois trimestres, o que já ocorre no Brasil, que já prevê mais quedas para os proximos meses também 

 O PIB é o indicador que mede o crescimento total da economia de um país em determinado período de tempo. Quando o PIB cai, isso traduz alguns dos sinais de uma crise, pois representa diminuição do consumo das famílias, redução dos níveis de produção nas empresas e no comércio, aumento de desemprego, entre outros.

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“No Brasil, a elevação da inflação, a piora da situação fiscal com aumento de gastos públicos, taxa de desemprego alta são desafios para o crescimento econômico. Acrescente-se a estas questões a corrida eleitoral em 2022 que traz mais incertezas ao cenário econômico e afeta decisões de investimentos, que são fundamentais para impulsionar o crescimento do país”, afirma a economista e professora da FATEC, Nilza Siqueira.  De acordo com dados mais recentes do IBGE, o nível médio de desemprego no Brasil aumentou para 7,6% da população ativa.

Para constatar outros aspectos da crise em um país, basta verificar também o aumento no número de pedidos de falência e recuperação judicial que prosseguem nos tribunais de justiça estaduais, bem como nas juntas comerciais estaduais. Algumas empresas encerram suas operações, enquanto outras buscam se estruturar para continuar suas atividades. 

Sobre a redução das taxas de juros, o governo federal recolhe imposto de renda de grande parte das pessoas jurídicas no país e uma das formas de tributação é por meio do lucro real obtido por essas empresas. Quando há diminuição desse recolhimento de tributos, é um outro sinal de crise, pois representa queda no lucro real das empresas.  

Por Camily Maciel

A Procuradoria-Geral da República (PGR) rejeitou nesta quinta-feira, 26, o pedido de investigação apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por suposto abuso de autoridade.

O parecer, assinado pelo procurador-geral da República Augusto Aras, diz que a representação aborda os mesmos pontos da notícia-crime enviada pelo presidente ao STF, que ainda está sob análise no tribunal.

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"Tendo em vista o aspecto formal descrito e para evitar duplicidade de procedimentos, determino o arquivamento desta notícia-crime", escreveu o PGR ao arquivar o pedido.

Esta é a segunda investida de Bolsonaro contra o ministro frustrada em uma semana. Primeiro, o presidente recorreu ao próprio STF, cobrando uma investigação da conduta de Moraes em investigações que atingem ele próprio e seus aliados. Em menos de 24 horas, o ministro Dias Toffoli, definido relator, rejeitou o pedido e disse que um juiz não pode de tornar réu "pelo simples fato de ser juiz". Com o freio do tribunal, Bolsonaro decidiu acionar a PGR antes mesmo do desfecho do caso na Corte.

No início da semana, o presidente entrou com um recurso para tentar reverter a decisão individual de Toffoli. Ele sugere que o ministro reveja o próprio posicionamento ou mande o pedido para análise no plenário. O principal argumento é que a notícia-crime não poderia ter sido arquivada sem consulta à PGR.

Ao arquivar o pedido de Bolsonaro, Aras não comentou o mérito das acusações a Moraes, o que só deve ocorrer se houver um pedido de manifestação formal por parte do Supremo.

Um dos principais questionamentos apresentados pelo presidente nas investidas contra o ministro envolve o chamado inquérito das fake news, que também desagrada a PGR. O descontentamento do órgão com a investigação é antigo. Ao assumir o cargo, Aras contrariou sua antecessora, Raquel Dodge, e defendeu a continuidade das apurações. Quando o inquérito começou a fechar o cerco contra apoiadores e aliados do governo, porém, o procurador-geral pediu a suspensão do caso. Na ocasião, ele disse que não havia sido consultado sobre uma operação da Polícia Federal (PF) que apreendeu celulares e computadores de bolsonaristas. Também criticou o avanço da investigação "sem a participação, supervisão ou anuência prévia" da PGR.

O inquérito das fake news foi aberto de ofício pelo ministro Dias Toffoli, então presidente do STF, em março de 2019, em uma reação a notícias falsas, ataques e ameaças aos membros da Corte. A situação é pouco comum: normalmente a iniciativa parte da PGR, órgão que tem a prerrogativa de investigação e acusação. Toffoli usou um artigo do regimento interno do tribunal para determinar a apuração e, ao invés de sortear o relator, escolheu Moraes para conduzir o caso.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou com recurso nesta terça-feira, 24, contra a decisão do ministro Dias Toffoli que rejeitou a notícia-crime apresentada por ele contra o também ministro Alexandre de Moraes por abuso de autoridade.

Bolsonaro sugere duas alterativas: que Toffoli reconsidere a própria decisão monocrática ou envie o recurso para análise no plenário do STF.

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O advogado Eduardo Magalhães, que representa o presidente no caso, diz que a notícia-crime não poderia ter sido arquivada sem consulta à Procuradoria-Geral da República (PGR).

"Não cabe ao Ministro Relator de tal expediente a tomada de qualquer providência, mas a ele incube tão somente a obrigação de enviar tal material para análise da Procuradoria-Geral da República", diz um trecho de recurso.

Antes mesmo de aguardar o desfecho da notícia-crime no STF, o presidente também acionou diretamente a PGR pedindo uma investigação contra Moraes. Ainda não há um posicionamento do órgão sobre a representação.

Em sua decisão, tomada na semana passada, Toffoli disse que um juiz não pode de tornar réu "pelo simples fato de ser juiz". Ele afirmou não ver indícios mínimos para abrir uma investigação contra Moraes.

Ao entrar com o recurso, a defesa de Bolsonaro afirmou que não é necessário apresentar "prova cabal do dolo" para dar início às apurações.

A notícia-crime apresentada pelo presidente contesta a demora na conclusão do inquérito das fake news, aberto de ofício em março de 2019 pelo próprio Dias Toffoli, que na época era presidente do STF, com base no regimento interno do tribunal e sem solicitação do Ministério Público Federal (MPF). Bolsonaro diz que a investigação é "injustificada", "não respeita o contraditório" e que até hoje as defesas dos investigados "estão no escuro, sem sequer ter conhecimento" do processo. Moraes é o relator das apurações. O plenário do Supremo já decidiu que a abertura do inquérito foi regular.

Outro ponto questionado é a inclusão do presidente como investigado, o que segundo a ação foi feito "sem justa causa fundamentada e sem qualquer indício de materialidade delitiva". Bolsonaro se tornou alvo do inquérito das fake news por organizar uma transmissão ao vivo para contestar a segurança das urnas eletrônicas usando informações infundadas e distorcendo uma apuração sigilosa da Polícia Federal (PF) sobre um ataque hacker aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Moraes será o presidente do TSE durante as eleições.

Bolsonaro também coloca em dúvida a investigação das milícias digitais. O inquérito nasceu de uma queda de braço entre Moraes e o procurador-geral da República Augusto Aras. Na época, Aras exigiu o arquivamento de outra apuração contra aliados e apoiadores do presidente: o inquérito dos atos antidemocráticos. Antes de encerrá-lo, porém, o ministro autorizou o intercâmbio de provas e mandou rastrear o que chamou de "organização criminosa". O presidente diz que Moraes "objetivou, em verdade, contornar o pedido de arquivamento".

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), minimizou nesta sexta-feira, 20, a crise recente entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a Corte. Ele disse que Executivo e Judiciário tem "maturidade para, à luz dos conflitos, buscar o melhor caminho".

"Todo debate político traz tensões. É natural que isso aconteça. O que é importante, e eu tenho certeza que há, é de todos os lados maturidade para, à luz dos conflitos, buscarmos o melhor caminho. Eu tenho certeza que é nesse direção que nós vamos caminhar", afirmou.

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A declaração vem após um novo capítulo da tensão entre Planalto e STF, aberto com as investidas de Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes. Primeiro, o presidente entrou com uma notícia-crime cobrando uma investigação de Moraes por suposto abuso de autoridade em investigações que atingem ele próprio e seus aliados, como os inquéritos das fake news e das milícias digitais. Em menos de 24 horas, o ministro Dias Toffoli, definido relator, rejeitou o pedido e disse que um juiz não pode de tornar réu "pelo simples fato de ser juiz". Com o freio do STF, Bolsonaro decidiu acionar a Procuradoria-Geral da República (PGR). Ainda não houve manifestação do órgão sobre a representação do presidente.

Questionado sobre o papel das Forças Armadas no processo eleitoral, bandeira que tem sido levantada pelo presidente ao questionar sem provas a segurança das urnas eletrônicas e defender uma contagem paralela de votos pelos militares, Mendonça afirmou que o trabalho deve ser em nome do "bom andamento das eleições".

"As Forças Armadas tem, historicamente, ajudado nas eleições. Eu me recordo, como Ministro da Justiça e Segurança Pública, da própria participação do Exército, das Forças Armadas em geral, na garantia da segurança das urnas para o bom andamento das eleições. Eu tenho certeza que é nesse sentido que nós vamos caminhar, de construção e de pacificação", disse.

Mendonça também defendeu a atuação do Judiciário como "agente pacificador das relações sociais".

"A prioridade [em ano de eleição] é ter uma Justiça consolidada, cada vez mais segura, e que tenha consciência do seu papel de aplicação do Direito e da Constituição, de respeito às garantias e direitos individuais, e numa segunda perspectiva de compreendermos do papel da Justiça na consolidação da democracia e ser um agente pacificador das relações sociais como um todo", afirmou.

Mendonça esteve em São Paulo para ministrar uma aula magna sobre governança pública e Estado de Direito na sede da Associação Paulista de Magistrados (Apagamagis). na região central na capital paulista.

O ministro ainda defendeu a "autocontenção" do Poder Judiciário. Ele disse que os magistrados devem "evitar ficar buscando tanto holofote, tanta entrevista".

"Eu até outro dia fiz um tweet, mas foi alvo bem excepcional", disse ao comentar o dia em que foi ao Twitter explicar o voto para condenar o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ) por ataques antidemocráticos. O posicionamento do ministro foi duramente criticado por apoiadores do governo, que o acusaram de deslealdade.

"As críticas vão ocorrer, queiramos ou não. Podemos estar certo, elas vão ocorrer, como podermos estar errados e elas vão haver. Eu acho que o grande diferencial que podemos ter é, à luz das críticas, justas ou injustas, fazermos a nossa autocrítica", disse ao comentar as reações a decisões do Supremo Tribunal Federal.

O ministro ainda classificou como um "problema" o volume de decisões individuais no STF, no lugar dos julgamentos colegiados, e disse acreditar que o tribunal caminha para uma revisão do regimento interno.

"A realidade acaba impondo a análise monocrática e essa análise monocrática se alonga no tempo. Nós precisamos dar uma resposta a isso", analisou. "Tem havido um decréscimo no número de processos. O passivo judicial tem se reduzido. Eu acho que, quando chegarmos em um número possível para o exercício colegiado em um tempo razoável, isso vai demandar até uma análise de revisão do próprio regimento", acrescentou.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o Judiciário e a lançar dúvidas sobre o sistema eleitoral em discurso na manhã desta quinta-feira, 19, no Rio. Bolsonaro afirmou que passa "mais da metade" de seu tempo "se defendendo" de "interferências indevidas" do Supremo Tribunal Federal (STF) e repetiu, sem citar provas ou comprovação de irregularidades em pleitos passados, que os votos nas eleições gerais de outubro deveriam ser "contados publicamente" e "auditados", pois não se pode "enfrentar" um sistema eleitoral sobre o qual "paire dúvidas".

Bolsonaro afirmou que, no Brasil, "quem diria?", o chefe do Executivo federal seria quem está "brigando pela democracia", enquanto, segundo o presidente, "naturalmente, o que acontece é o chefe do Executivo conspirar para se perpetuar no poder". "Aqui é diferente", afirmou em rápido discurso durante o Congresso Mercado Global de Carbono, organizado pela Petrobras e pelo Banco do Brasil, no Jardim Botânico do Rio.

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O presidente ainda insistiu na defesa do "voto auditado". "O voto é a alma da democracia, ele tem que ser contado publicamente e auditado. Não serão duas ou três pessoas que vão bater no peito e dizer ‘eu mando, vai ser assim, e quem agir diferente, vou cassar registro e vou prender’. Isso não é democracia", afirmou.

Bolsonaro citou também a participação das Forças Armadas nas discussões sobre segurança técnica das eleições de outubro, a convite do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "As Forças Armadas, da qual sou chefe supremo, foram convidadas a participar do processo eleitoral. E não vão ser jogadas no lixo as observações, as sugestões das Forças Armadas", afirmou o presidente.

No último dia 9, o TSE tornou públicos sete questionamentos em que as Forças Armadas levantaram suspeitas e os classificou como "opinião". A equipe técnica da Corte reiterou a segurança das urnas eletrônicas e disse que não há "sala escura" de apuração dos votos.

Embora tenha lançado as dúvidas nesta quinta-feira, Bolsonaro disse que quer que sejam respeitados tanto o voto de "quem, porventura, votar no outro lado" quanto o de "quem votar do lado de cá". "Não podemos enfrentar um sistema eleitoral onde paire a sombra da suspeição. Há uma democracia, é o voto contado", afirmou o presidente.

Pandemia

No discurso, Bolsonaro começou os ataques ao Judiciário pela repetição de que decisões do STF teriam impedido o governo federal de agir no combate à pandemia de covid-19. "Vivemos um problema no mundo, e no Brasil não está diferente. Apesar de eu ser o único chefe de Estado do mundo a ter uma visão diferente sobre como deveríamos tratar a pandemia. Lamentavelmente, o STF tirou de mim esse que seria o meu direito. E a economia (sic) do fica em casa, a economia a gente vê depois, as consequências estão aí", afirmou.

Diferentemente do que diz o presidente, no entanto, a decisão do Supremo em 2020 assegurou aos Estados e municípios autonomia para tomar medidas que tinham como objetivo tentar conter a propagação da doença, mas não eximia a União de realizar ações e de buscar acordos com os gestores locais.

O presidente ainda citou "interferências do Judiciário" ao dizer que escolheu seus ministros sem indicações políticas, embora partidos do chamado Centrão, como o PP e o PL, ao qual Bolsonaro se filiou já durante o mandato, façam parte do governo. No discurso, Bolsonaro disse que seus ministros poderiam estar ganhando "dez vezes mais" em outros locais, mas preferiram trabalhar no governo, e, por isso, "estão sofrendo muito", com "interferências explícitas do Poder Judiciário, o que é muito lamentável".

"Mais da metade do meu tempo eu passo me defendendo de interferências indevidas do STF, mas estamos fazendo a nossa parte e jogando dentro das quatro linhas. E o Brasil está rodando", afirmou Bolsonaro.

Comitiva

Bolsonaro chegou ao Jardim Botânico, na zona sul do Rio, às 10h47. Após o discurso a uma plateia apenas de convidados, ao qual a imprensa não teve acesso, o presidente plantou uma muda de árvore no jardim, fundado no início do século 19 e administrado pelo governo federal. Pouco depois das 12 horas, Bolsonaro atravessou a Rua Jardim Botânico a pé, para um almoço fechado, para convidados, no restaurante Rubayatt, onde voltou a discursar. O presidente não parou para falar com a imprensa no caminho.

A comitiva de Bolsonaro incluía um de seus filhos, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), e os ex-ministros e generais da reserva Eduardo Pazuello e Walter Braga Netto. No evento, o presidente esteve acompanhado dos ministros do Meio Ambiente, Joaquim Leite, de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), além do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil "não perdeu o rumo" durante a pandemia e continuou fazendo reformas mesmo durante os períodos mais difíceis. "Estamos começando a colher os resultados", afirmou.

Durante o seminário "Perspectivas econômicas do Brasil", promovido pela Arko Advice e o Traders Club, Guedes brincou com o fato de a plataforma de investimento ter feito uma estátua em homenagem ao ministro em sua sede na Avenida Faria Lima, em São Paulo. "Recebo tanta pedrada, que a turma fazer estátua equilibra".

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Guedes voltou a criticar governos anteriores e disse que, em sua época de banqueiro, chegou a sentir culpa por pegar dinheiro a 2% no exterior e emprestar a 70% ao ano "a um governo bêbado".

Combate à inflação

O ministro da Economia disse que os bancos centrais de outros países "dormiram no volante" em relação ao combate ao aumento de preços. "Lá fora todo mundo está dormindo até hoje", afirmou.

Durante o seminário, Guedes citou o exemplo da Inglaterra, que está caminhando para a inflação de dois dígitos. "A Inglaterra está indo para o inferno, nós já saímos. Nós sabemos sair rápido do fundo do poço", completou.

Para o ministro o Brasil "fez o dever de casa" e o fiscal "está forte".

'Ruptura'

O ministro da Economia disse também que está acontecendo um fenômeno político interessante no Brasil e que o atual presidente Jair Bolsonaro ganhou eleições de 2018 sozinho. "Foi uma ruptura, um chega", comentou.

Guedes salientou que a vitória de Bolsonaro foi uma ruptura a um ciclo de política que, segundo ele, causou moratória, juro de dois dígitos, criou impostos excessivos e tornou a economia fechada, entre outros pontos. "É natural que quem ficou 30 anos no poder reclame", salientou.

O ministro comentou que, em sua viagem internacional já no posto, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, teve que enfatizar que acreditava nas instituições brasileiras, na democracia. "Fui a Davos e disse : vou surpreender vocês. Cadê o golpe? Quem deu golpe em quem?", relatou.

Guedes também comentou que, mesmo antes da pandemia de covid, já havia um descredenciamento do Brasil no exterior. "Tive de dizer que acreditava na democracia. Somos democracia resiliente. Se a moça que era terrorista, assaltava banco, pode ser presidente, então um capitão que não fazia nada disso podia ser presidente também", comentou citando indiretamente a ex-presidente da República Dilma Rousseff.

Crítica a sistema de reeleição

Mesmo reforçando sua posição contrária à reeleição, o ministro da Economia se mostrou favorável a um novo mandato do presidente Jair Bolsonaro. "A reeleição é tragédia brasileira. Era melhor ter mandato de cinco anos. Sempre fui a favor de acabar com a reeleição", afirmou.

Guedes disse que continua contra a reeleição, mas depois de dois governos de Fernando Henrique Cardoso, dois de Luiz Inácio Lula da Silva e dois de Dilma Rousseff, "dá pra ter dois de Bolsonaro". "Tomara que ele (Bolsonaro) faça reforma política", considerou, na hipótese de ele continuar no poder por mais quatro anos.

Emprego

Antes disso, sobre economia, o ministro disse que o atual governo preservou 11 milhões de empregos com a vacinação contra o coronavírus. "São números grandes para qualquer lugar do mundo. Estamos com o desempenho mais baixo desde 2015." Ele também comentou que "analistas e economistas que estão no esporte predileto de criticar o governo" previram que a relação da dívida com o Produto Interno Bruto (PIB) iria disparar.

"Fomos a quase 90% e estamos em 78,5% do PIB. Nenhum país conseguiu fazer isso. O Brasil fez em 15 meses o que nossos críticos demoraram a fazer, com superávit", argumentou Guedes, citando que apenas o Brasil e Cingapura conseguiram esse feito.

Impostos, arrecadação e contas no azul

Guedes também defendeu que o Brasil tem um plano e que estava seguindo em todas as dimensões com avanço. "Pela primeira vez em 40 anos, baixamos em 35% o IPI, que desindustrializou o País. Ninguém fez isso antes. O Brasil não conseguiu vencer o estatismo. O estatismo destruiu o Brasil", afirmou.

Agora, de acordo com o ministro, o governo está transformando o excesso de arrecadação em queda de impostos. "Esquece que a inflação que ajudou. Se isso desse certo, a Dilma tinha zerado (a dívida). Fizemos mais do que isso e mandamos recursos para Estados e municípios."

Guedes comentou ainda sobre o fato de Estados e municípios estarem com suas contas no azul. "Descentralizamos. Os brasileiros vivem nos Estados que nos criticam. Foram eles que fizeram isso? Por que não fizeram antes? Conseguiram porque não deixamos aumentar salários. Somos a geração que pagou pela guerra. Nunca perdemos a bússola, mesmo no meio da crise."

Investimentos

O ministro da Economia previu que o Brasil pode ser a nova fronteira de investimentos nos próximos 10 anos já que as cadeias globais não serão construídas nos mesmos eixos após a guerra na Ucrânia. Segundo ele, esta avaliação foi feita após vários encontros com autoridades internacionais nos últimos meses e que declararam a importância do País para a segurança energética e alimentar do mundo. "O momento é decisivo; a bola está lá sem goleiro, o Brasil só precisa chutar", disse.

Para Guedes, o Brasil tem como se integrar às cadeias globais limpas, de forma aberta. "Somos uma democracia liberal, testada e o Brasil virou a maior fronteira de investimentos em um momento que (outros países) querem preservar", afirmou, acrescentando que o País tem um povo "resiliente, legal, bacana".

O ministro voltou a falar sobre o nearshoring, que é a intenção de reaproximar fornecedores das matrizes. "Na hora que o pau come, falta tudo. Temos que estar com tudo perto. O Brasil está perto dos Estados Unidos e da Europa, tem proximidade logística e eficácia", defendeu. A segunda questão, conforme Guedes, é que precisa ser amigo desses países importadores. "Amigo? Democracia? Opa. Olha nós aqui", comentou.

Para o ministro, as instituições também seguem forte no País, ajudando nesse contexto. "O pau come entre os Poderes, mas ninguém atravessa linha. Tem pessoas que atravessam a linha, não instituições."

'Digitax com a OCDE'

Guedes disse também que sua equipe está trabalhando na construção de um imposto digital junto com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). "Nosso time está trabalhando em digitax com a OCDE", afirmou.

Ele falou sobre o assunto depois de ser questionado sobre a compra de vestidos do exterior que custam US$ 10,00, enquanto produtos nacionais não são encontrados por menos de R$ 300,00. "A China é capitalismo selvagem. Está praticando Adam Smith: passa por baixa da aduana, isso é século XVIII, não tem salário mínimo lá. Enquanto isso, nossa turma aqui está brincando... Deixa essa turma pra depois", desconversou.

Segundo Guedes, o "camelódromo virtual" existe mesmo e é "maciço". "Tem todo tipo de fraude lá, mas queremos que a regra do jogo seja igual para todo mundo. É uma fraude porque falsifica o valor do bem. Tem algo acontecendo e que temos que olhar. Acho que estamos entrando no mundo digital cada vez mais."

A saída, de acordo com o ministro, é o surgimento do digitax para equalizar o jogo. "Não sei como será feito. Tem países querendo jogar imposto muito alto. Vamos ter que entrar nisso", disse.

Segundo ele, os governos precisam atuar de forma nivelada. "É o massacre da serra elétrica que estamos assistindo hoje."

De acordo com Guedes, se o IPI desindustrializou o País e é "da época do dinossauro", os impostos ligados ao trabalho afetam negativamente o mercado. "O problema é de fácil solução, a questão é como trata isso politicamente", conjecturou. "O imposto que causa destruição em massa de emprego se chama encargos trabalhistas e eu fui voto vencido. Estamos numa democracia, então, tente outra vez", disse.

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou nesta quarta-feira, 18, a notícia-crime apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o ministro Alexandre de Moraes por suposto abuso de autoridade. O relator entendeu 'não haver justa causa' para prosseguir com o pedido enviado pelo chefe do Executivo à corte máxima nesta terça-feira, 17.

"Os fatos descritos na "notícia-crime" não trazem indícios, ainda que mínimos, de materialidade delitiva, não havendo nenhuma possibilidade de enquadrar as condutas imputadas em qualquer das figuras típicas apontadas", escreveu. "Ante o exposto, considerando-se que os fatos narrados na inicial evidentemente não constituem crime e que não há justa causa para o prosseguimento do feito, nego seguimento à inicial", completou o ministro em seu despacho.

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Na decisão, o magistrado argumentou que Bolsonaro não apresentou fatos concretos de que Moraes teria tido a finalidade específica de prejudicar investigados ou se beneficiar da relatoria do inquérito das fake news. Segundo Toffoli, o simples fato de o ministro ser o relator das investigações que miram o presidente e seus aliados "não é motivo para se concluir que teria algum interesse específico".

"O Estado Democrático de Direito impõe a todos deveres e obrigações, não se mostrando consentâneo com o referido enunciado a tentativa de inversão de papéis, transformando-se o juiz em réu pelo simples fato de ser juiz", escreveu Toffoli.

O ministro até citou um precedente do STF, de uma ação relatada pelo ministro Luís Roberto Barroso, no sentido de que ‘não há crime de abuso de autoridade se o agente público não atua com a finalidade específica de prejudicar outrem ou de beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal’.

Além disso, Toffoli registrou que as alegações apresentadas por Bolsonaro na notícia-crime contra Alexandre dizem respeito à ‘matéria de defesa’, devendo ser apresentadas nos inquéritos nos quais o chefe do Executivo figura como investigado.

Toffoli explicou que recursos contra decisões de ministros do STF são analisados pelo colegiado da corte máxima, que já apreciou alguns dos argumentos suscitados por Bolsonaro. Assim, o ministro ponderou que ‘não se pode admitir que a "notícia-crime" seja utilizada de se ressuscitar questões já apreciadas e sedimentadas’ pela Corte máxima.

Ao apresentar a ação contra Moraes no Supremo, Bolsonaro disse que a condução do inquérito das fake news pelo ministro não respeita o contraditório e trata-se de uma investigação injustificada, pois, segundo ele, não haveria fato ilícito que sustentasse a sua instauração. O presidente ainda disse que a apuração está em curso por prazo exagerado e não permite que a defesa tenha acesso aos autos.

Segundo comunicado emitido pela equipe de Bolsonaro para anunciar a ação, Moraes comete "sucessivos ataques à Democracia, desrespeito à Constituição e desprezo aos direitos e garantias fundamentais". O presidente acusou o ministro de aplicar contra investigados nos inquéritos sob sua alçada medidas não previstas no Código de Processo Penal, além de contrariar as regras do Marco Civil da Internet.

Na manhã desta quarta, os presidentes do Supremo, Luiz Fux, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, se uniram na defesa de Moraes. Os magistrados também foram firmes ao defender o inquérito das fake news conduzido por ele. Fachin, que tem o Moraes como seu vice-presidente no TSE, disse que o ministro conduz as investigações com destemor frente a "qualquer ataque".

O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) decidiu não participar de um encontro com a cúpula tucana, que estava marcado para esta quarta-feira, 18, em Brasília, e tinha como objetivo fazer com que ele desistisse de ser candidato à Presidência.

O convite havia sido feito durante reunião da Executiva Nacional do PSDB, na noite desta terça, 17, mas a recusa de Doria já era esperada. "O momento é de diálogo. O projeto de construção política deve priorizar o Brasil e o povo brasileiro", disse o ex-governador em mensagem publicada nesta quarta no Twitter.

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A maioria dos presentes à reunião da Executiva tucana manifestou descontentamento com a possibilidade de Doria ser candidato à cadeira do presidente Jair Bolsonaro. Até parlamentares que antes atuavam como aliados dele, como o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF), e o secretário-geral da sigla, deputado Beto Pereira (MS), passaram a destacar a inviabilidade eleitoral do tucano.

Depois que saiu do cargo de governador de São Paulo, Doria também perdeu o apoio de parlamentares do Estado. O presidente nacional do partido, Bruno Araújo, chegou a dizer a aliados que uma candidatura presidencial de Doria "mata" a tentativa de reeleição do governador paulista Rodrigo Garcia (PSDB). O argumento usado pela cúpula do PSDB é o de que Doria, além de não crescer nas pesquisas de intenção de voto, tem alto índice de rejeição.

Sentindo-se abandonado pelo PSDB, Doria preparou uma carta na qual acusa o comando do partido de "golpe" e de tentar agir no "tapetão". Durante a reunião desta terça-feira, o deputado Carlos Sampaio (SP) chegou a dizer que o ex-governador cometeu um "erro jurídico e político" ao fazer a carta. A avaliação geral, até de aliados do paulista, é a de que a carta só serviu para ampliar a indisposição com Doria.

Os principais defensores de Doria no encontro foram o tesoureiro do partido, Cesar Gontijo; o ex-ministro Antonio Imbassahy e o presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi, que também é o coordenador da pré-campanha.

A deputada Bruna Furlan, vice-presidente do PSDB, divulgou um vídeo horas antes da reunião na qual elogiou o ex-governador, mas não compareceu à reunião da Executiva tucana. "Nós devemos ouvir a voz dos filiados que elegeram, que decidiram e escolheram o nosso candidato à Presidência da República, João Doria", disse.

O comando do PSDB queria anunciar nesta semana uma aliança com o MDB, que tem a senadora Simone Tebet (MS) como pré-candidata a presidente. Os dois partidos contrataram pesquisas qualitativa e quantitativa para definir uma candidatura de consenso. Tanto o grupo de Doria quanto o de seu rival, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), avaliaram, porém, que as pesquisas foram feitas sob medida para fazer com que Tebet seja a candidata, sob o argumento de que ela é menos rejeitada.

Aécio não quer que Doria seja candidato, mas também não quer adiantar uma aliança com o MDB. Para ele, o melhor caminho é convencer o paulista a abrir mão da candidatura para que o PSDB apresente outro nome, que poderia ser o do senador Tasso Jereissati (CE) ou o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite.

Sem consenso sobre uma chapa única, as duas legendas vão apresentar somente o resultado das pesquisas nesta quarta-feira. Até agora não há qualquer acordo na terceira via sobre a disputa presidencial. A tendência é que uma definição ocorra somente perto do período das convenções dos partidos, entre o fim de julho e o início de agosto.

Precursora das plataformas de streaming e detentora de milhões de assinaturas ao redor do mundo, a Netflix não tem passado por um bom momento comercial. Com bastante críticas a respeito da qualidade de suas novas produções e usuários insatisfeitos com o aumento do custo mensal para acompanhar o site, a empresa perdeu cerca de 200 mil assinantes entre janeiro e março de 2022, e segundo o jornal americano Deadline, demitiu cerca de 150 funcionários neste mês de maio.

Em nota ao site, um porta-voz da Netflix explicou que as demissões foram uma alternativa encontrada para enfrentar a diminuição da receita. "Como explicamos no relatório, a desaceleração da receita significa que temos que reduzir os gastos de crescimento como uma companhia. (...) Essas mudanças são direcionadas primeiramente por necessidades comerciais e não desempenho individual, o que torna isso especialmente duro já que nenhum de nós gostaria de dizer adeus a tantos bons colegas. Estamos trabalhando firme para apoiá-los nessa transição difícil", disse.

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Os profissionais dispensados faziam parte do projeto “Tudum”, iniciativa que começou como um festival internacional e em seguida foi materializado com um site de notícias e editoriais de conteúdo para a plataforma. Segundo as informações, a maioria dos demitidos faz parte do setor de criação de conteúdos tanto para cinema quanto para televisão, além de profissionais em cargos executivos de séries originais, a nível de direção.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou com uma ação contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por abuso de autoridade. Moraes é relator das investigações mais sensíveis contra o Planalto, como os inquéritos das fake news e das milícias digitais.

O pedido foi enviado por meio de um advogado privado e não através da Advocacia-Geral da União (AGU). Bolsonaro cobra a abertura de uma investigação para apurar a conduta do ministro do STF.

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A notícia-crime contesta a demora na conclusão do inquérito das fake news, aberto de ofício em março de 2019 pelo então presidente do STF, Dias Toffoli, com base no regimento interno do tribunal e sem solicitação do Ministério Público Federal (MPF). Bolsonaro diz que a investigação é "injustificada" e "não respeita o contraditório". O plenário do Supremo já decidiu que a abertura do inquérito foi regular.

Bolsonaro também coloca em dúvida a investigação das milícias digitais. O inquérito nasceu de uma queda de braço entre Moraes e o procurador-geral da República Augusto Aras. Na época, Aras exigiu o arquivamento de outra apuração contra aliados e apoiadores do presidente: o inquérito dos atos antidemocráticos. Antes de encerrá-lo, porém, o ministro autorizou o intercâmbio de provas e mandou rastrear o que chamou de "organização criminosa". O presidente diz que Moraes "objetivou, em verdade, contornar o pedido de arquivamento".

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, voltou a ameaçar romper unilateralmente o Protocolo da Irlanda do Norte - mecanismo que possibilitou um acordo comercial com a União Europeia após o Brexit. Em viagem a Belfast, ele culpou o protocolo pela crise que impede a formação de um novo governo norte-irlandês.

Johnson manteve conversas com líderes políticos da Irlanda do Norte, incluindo os nacionalistas do Sinn Fein e os conservadores do Partido Unionista Democrático (DUP). Após pedir a retomada das atividades legislativas, ele defendeu a aprovação de uma lei que permita violar o protocolo caso a UE não concorde em reabrir negociações.

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O Protocolo da Irlanda do Norte foi acertado para permitir que os britânicos deixassem o mercado único sem precisar montar novamente postos de fronteira entre a Irlanda, membro da UE, e a Irlanda do Norte, território britânico. A ausência de fronteira é parte fundamental do Acordo de Paz da Sexta-Feira Santa, firmado em 1998, que encerrou três décadas de violência sectária na ilha.

FRONTEIRA

O problema é que o protocolo, na prática, deixa a Irlanda do Norte vivendo sob regras diferentes do restante do Reino Unido - o que os unionistas consideram o equivalente à reunificação da Irlanda.

Após mais de 30 anos de integração entre Reino Unido e UE, as economias das duas Irlandas se tornaram interdependentes e a imposição de qualquer controle alfandegário cria um atrito comercial que, além de impopular, teria impacto nos preços dos produtos.

Além disso, neste período em que Irlanda e Irlanda do Norte estiveram sob o guarda-chuva da UE, uma nova geração de católicos e protestantes cresceu desabituada à violência religiosa. Pesquisas apontam que a maioria dos norte-irlandeses ainda prefere ser parte do Reino Unido, mas a diferença é bem menor hoje do que era dez anos atrás.

ELEIÇÕES

Em 2016, no Brexit, a maioria da Irlanda do Norte votou pela permanência na UE. O DUP fez campanha pela saída e, durante as negociações com a Europa, ficou cada vez mais isolado. O resultado foi a perda da maioria que tinha na Assembleia local - eleição vencida pela primeira vez pelo partido nacionalista Sinn Fein, que apoia a reunificação.

Em resposta, o DUP rejeitou formar um governo e travou o funcionamento da Assembleia. O partido exige que Londres abandone o protocolo, o que deixou o premiê na situação difícil de ter de denunciar um tratado assinado por ele mesmo.

A UE rejeita reabrir as negociações do Brexit e uma decisão unilateral do premiê significa a violação de um tratado internacional, que afetaria a credibilidade do Reino Unido e permitiria que a UE revidasse com tarifas e restrições comerciais. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro comparou nesta segunda-feira a atualidade a 1964, ano do golpe militar, para dizer que a liberdade está ameaçada no País. "O que tentaram nos roubar em 64, tentam nos roubar agora. Lá atrás pelas armas, hoje pelas canetas", afirmou o presidente em um evento com empresários em São Paulo. "A liberdade é mais importante que a nossa própria vida", voltou a dizer.

A suposta proteção às liberdades individuais e democráticas foi a justificativa utilizada pelos militares para derrubar o então presidente João Goulart e instalar o regime de exceção no País, que durou 21 anos.

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No mesmo discurso, Bolsonaro voltou a minimizar a defesa de golpe militar - o que é inconstitucional - em manifestações pró-governo. "Entendo tudo isso como liberdade de expressão", declarou, chamando em seguida de "psicopata" e "imbecil" quem classifica os atos bolsonaristas como antidemocráticos por suas bandeiras.

O chefe do Executivo ainda disse se sentir um "prisioneiro sem tornozeleira eletrônica" no comando do País e descartou que um dia possa ser preso. "Por Deus que está no céu, eu nunca serei preso. Não estou dando recado para ninguém", afirmou no evento.

Mantendo o clima de tensão institucional, o presidente voltou a pedir que o Supremo Tribunal Federal não aprove o marco temporal e a ameaçar descumprir uma eventual decisão da Corte nesse sentido.

"O que sobra pra mim se o Supremo aprovar isso? Eu tenho que pegar a chave na presidência e entregar no Supremo, ou falar 'não vou cumprir'", repetiu. "Não se pensa no Brasil de jeito nenhum, o Brasil que se exploda, essa é a máxima", disse ainda Bolsonaro sobre as forças políticas no País.

Após doar R$ 10 mil para a campanha em prol dos funcionários do Santa Cruz, o presidente do Retrô, Laércio Guerra, disse ao LeiaJá que entrou em contato com Antônio Luiz Neto, presidente do Tricolor, e fez um pedido de desculpas. Lançada por um torcedor para amenizar a crise econômica do clube, a campanha Pix Coral já arrecadou mais de R$ 100 mil.  

Laércio revelou que foi surpreendido pela proporção que sua contribuição tomou. Apesar da repercussão, ele garantiu que não teve a intenção de atrair publicidade, e sim, de ajudar os funcionários do clube que estão com cerca de seis meses de salário atrasado.

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"Foi mais uma medida para ajudar. Eu nem queria aparecer, como não tinha como, porque ele próprio faz a divulgação dos Pix até para que as pessoas vejam o que é que tá entrando e ele distribua, teve essa comoção toda", explicou, ao pontuar que se comoveu com a realidade financeira que o rival atravessa.

Áudio para o Presidente do Santa Cruz

Para evitar qualquer desentendimento com a direção do Santa Cruz, o dirigente da Fênix de Camaragibe revela ter mandado um áudio ao presidente Antônio Luiz Neto (ALN) após a doação.

“Eu mandei até um áudio para ele me desculpando de não ter falado com ele antes de fazer a doação, por que as pessoas podem interpretar isso de uma forma que não era o objetivo. Achando que isso pode ter um cunho mais marqueteiro ou para querer 'chacotar' um pouco com o Santa Cruz, mas de forma alguma essa foi a intenção”, esclareceu.

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