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Lady Gaga fez um desabafo durante um show em Londres. Segundo informações do jornal The Sun, a cantora aproveitou o momento de intimidade com os fãs para falar sobre seu diagnostico de fibromialgia, uma doença crônica que causa dor e fraqueza muscular generalizada.

Em 2018, Gaga precisou interromper sua turnê no Reino Unido devido ao desconforto. Ela cancelou dez shows. No Twitter, naquela época, ela chegou a pedir desculpa pela decisão: "Estou tão devastada que não sei nem como descrever. Tudo que sei é que, se não fizer isso, não defenderei as palavras ou o significado da minha música. Minha equipe médica apoia a decisão de me recuperar em casa".

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De volta para 2022, durante o show, Lady agradeceu o apoio que recebeu da irmã nesse momento difícil e desabafou.

"Alguns anos antes disso eu tive que cancelar um show aqui porque eu não conseguia mais. E eu sinto muito. Lamento ter perdido esses shows. Mas foi por causa de alguém muito especial e muitas pessoas na minha vida que eu tenho que agradecer. [...] Naquele dia em que deixei Londres, não sabia mais se poderia estar no palco com todos vocês. Eu não sabia se conseguiria", disse.

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A jornada para concluir a graduação superior não é nada fácil. Sue Anne Calixto, 22 anos, Trayce Melo, 22, e Yasmim Bitar, 21, concluintes do curso de Jornalismo da UNAMA – Universidade da Amazônia, decidiram encarar um desafio ainda maior: apresentar um projeto experimental como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) - veja vídeo abaixo. A iniciativa serviu como aprendizado e amadurecimento das novas jornalistas, no início de suas carreiras profissionais.

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Sue Anne decidiu escrever crônicas jornalísticas. Autora do projeto “Crônicas da cidade”, ela falou de Belém em uma série de textos, sob diversos pontos de vista. “Sempre gostei muito de crônicas desde que entrei no curso de Jornalismo, sempre foi algo que eu gostei de estudar. Resolvi falar sobre Belém para poder vivenciar todas as crônicas que escrevi, falando sobre as características da cidade e o clima, de acordo com o que eu observava”, declarou. Os textos de Sue Anne estão sendo publicados no site Expedição Pará.

“Um processo de trabalho de redação de jornal, com roteiro de entrevista, colocando de fato o que era importante perguntar, correndo atrás de entrevistados para escrever. Revisei várias vezes a reportagem até chegar no resultado final”, disse Yasmim Bitar, que produziu uma reportagem sobre “A crise do jornal impresso depois da criação da internet”.

Para escrever uma série de reportagens sobre as pessoas em situações de rua em Belém, Trayce Melo destacou o quanto teve que se aprofundar no tema. “Eu vivenciei de perto, saindo da minha zona de conforto, conheci pessoas incríveis e o trabalho voluntário. Foi uma coisa nova. Cheguei a trabalhar oito horas de um sábado à noite fazendo entrega de donativos. Foi muito importante para o projeto e para o meu crescimento pessoal”, disse. “É muito gratificante passar pelo TCC, aquilo acaba tomando conta da gente e ainda mais de receber o convite para publicação. Dá para ver que o nosso trabalho foi importante, principalmente para a nossa universidade, que nos deu todo o auxilio”, finalizou Trayce Melo.

Outros dois projetos experimentais ganharam destaque no final do semestre. A concluinte Maria Rita Kapazi escreveu uma reportagem sobre transtorno de ansiedade e Carol Boralli publicou um livro-reportagem sobre o autismo, a partir da experiência de uma família. Os textos foram publicados no LeiaJá.

LeiaJá também:

A cidade dos invisíveis: a vida e dor de quem mora na rua

(Por Trayce Melo)

O futuro do jornal impresso: reinvenção ou morte

(Por Yasmim Bitar)

Transtorno de ansiedade: o mal do século XXI

(Por Maria Rita Kapazi)

Crônicas da cidade

(Por Sue Anne Calixto)

Concluinte de Jornalismo escreve livro sobre o autismo

(Reportagem sobre o trabalho de Carol Boralli)

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O tweet de Alexandre Frota mencionando negativamente o povo de Pernambuco, na última terça (25), vem gerando reações. Após o deputado federal eleito Túlio Gadêlha interpelar uma ação judicial contra o ex-ator e também futuro deputado, o escritor Fabrício Carpinejar usou suas redes sociais para rebater Frota.

Na mensagem que originou tamanha repercussão, Alexandre respondeu a uma crítica de um seguidor dizendo que ele "só podia ser de Pernambuco". Túlio Gadêlha interpretou o caso como xenofobia e acionou o seu colega deputado federal judicialmente. Já Fabrício carpinejar, usou do seu ofício de escritor para repercutir o fato. Em suas redes sociais, ele exaltou o estado pernambucano com uma crônica.

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O texto do escritor menciona escritores, a arquitetura, artistas e a cultura popular pernambucana. "Só podia ser de Pernambuco a literatura de cordel, o raciocínio rápido do repente, a magia dos violeiros. Só podia ser de Pernambuco Luiz Gonzaga, o rei do Baião. Tem razão. Só podia ser mesmo de Pernambuco".

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Os seguidores do escritor aplaudiram a atitude. "Obrigada, posicionar-se em tempos sombrios é essencial"; "Parabéns! amo meu Pernambuco, falou tudo"; "Fosse ele (nosso nobre deputado) de Pernambuco e sua biografia na Wikipedia seria mais interessante"; "Amo meu estado, aliás, quem é Alexandre Frota pra falar de Pernambuco?".

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Era domingo, o relógio marcava quase 16 horas, as ruas estavam engarrafadas, a gritaria só aumentava. O cheiro do churrasquinho, a reunião com os amigos, a preocupação em pegar o melhor lugar. O clássico Re x Pa proporciona toda essa atmosfera. Mais de 28 mil bicolores e remistas apropriaram-se, no domingo (8), das arquibancadas do estádio Olímpico Mangueirão. Clube do Remo e Paysandu estavam disputando o título do Campeonato Paraense 2018. No final, o rugido do Leão ecoou mais alto.

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No gramado, o retrospecto azul-marinho, de três vitórias em três partidas, estava sendo explicado. O time de Antonio Baena jogava o verdadeiro clássico, com raça, vontade e espírito de vencedor. Às vezes, não precisa jogar bonito, dar aula de tática e padrão de jogo. O gol não precisa ser uma “obra de arte”, como já diria a frase de Dada Maravilha: “Não existe gol feio, feio é não fazer gol”. E dessa forma a vitória remista foi construída.

Precisando apenas de um empate, os Guerreiros Azulinos administraram a vantagem. Quando necessário, criavam jogadas de perigo. Aos 26 minutos do primeiro tempo, a Nação Azul foi à loucura. Isac, de pênalti, aumentou a vantagem: 1 a 0.

Do outro lado, os jogadores bicolores pareciam extenuados, sem vontade, conformados, apesar de criarem algumas jogadas de perigo. De nada adiantou ter um elenco mais qualificado, salários em dia e uma estrutura melhor. A postura era de um time afobado, longe do ideal. A Fiel Bicolor se perguntava: “É por esse time que torço? Foi esse time que participou da Libertadores e venceu o Boca Juniors em pleno La Bombonera? Essa equipe é bicampeã do Campeonato Brasileiro da Série B?”. Para todas as perguntas, a resposta era quase unânime: não!

As atitudes mantiveram-se inalteradas, o placar também. Leão venceu! Foi o 45° título paraense conquistado pelo Clube do Remo, dois a menos que o maior rival. A festa de campeão entrou pela noite, pelas ruas, principalmente, de Belém. A festança pode durar, quem sabe, até próximo desafio da equipe em competições oficiais, que será daqui a uma semana, diante do Atlético Acreano, pelo Campeonato Brasileiro da Série C.

“Já podemos brincar com o nosso adversário, quatro vitórias seguidas. O time do Remo acertou-se, com destaque para o meio-campista Dudu, que é jogador da ‘terra’. Somos campeões!”, alegrou-se o torcedor do Remo Eduardo Barbier, que mora na França e acompanhou o jogo pela Internet.

Aos asseclas do azul-celeste restou enrolar a bandeira, descer a rampa do Colosso do Bengui e ir para casa. Como alento servem as participações do time na Copa Verde, competição pela qual volta a campo na próxima quarta-feira (11), e no Campeonato Brasileiro da Série B, para enfrentar a equipe da Ponte Preta (SP), no sábado (14).

“Depois de tantos anos assistindo o Re x Pa é dificil para um bicolor ver um time vestindo Paysandu jogar sem vontade, desprezando uma rivalidade centenária. Se não consegue vencer um time limitado como o Remo, melhor desfazer os contratos milionários atuais e ir logo garimpando jogadores locais que com certeza baterão à porta da Curuzu pra pedir uma vaga. Trazer paulistas, gaúchos, catarinenses, paranaenses pra jogar futebol em Belém é pedir pra perder quatro vezes seguidas pro maior rival”, extravasou o torcedor Pedro Carlos Pinto.

Por Luiz Antonio Pinto.

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A Universidade da Amazônia (Unama) realizou, na noite da última terça-feira (7), na unidade Ananindeua, uma palestra com a temática “Das crônicas esportivas ao dinamismo digital”, com a jornalista Syanne Neno. Na oportunidade, compareceram acadêmicos da Unama e de outras instituições de ensino superior.

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Com muita descontração e interação, Syanne mostrou todas as etapas do começo da carreira dentro do meio do jornalismo esportivo paraense. Preconceito, limitação de trabalho e novas vertentes de atuação foram os principais aspectos debatidos. Os alunos que compareceram estavam atentos a cada explicação. “É muito importante ver que a juventude está curiosa. Ela quer saber como o jornalista começou. Foi muito prazeroso perceber todo esse interesse. Outra coisa que chamou atenção foi o nível das perguntas. Mostra que todos estão bem antenados”, disse Syanne Neno.

Com vasta experiência, a jornalista tem passagem por emissoras de TV, jornal impresso, material digital e comunicação institucional. Hoje, além de trabalhar em assessoria, tem o próprio canal no Youtube, chamado “Gente é Pra Brilhar”. Amante do gênero crônica, para ela é de suma importância a realização da interação entre academia e mercado de trabalho. “É superválida essa oportunidade. Acho que a Unama tem que continuar proporcionando esses momentos, porque não só os alunos ganham; nós, profissionais, também absorvemos muitas coisas boas”, destacou.

Com o início do semestre letivo, a ação serviu também para proporcionar a interação entre calouros e veteranos. Para o acadêmico do primeiro semestre de Jornalismo Josean Souza, essa troca de experiência agrega muito ao aluno que está começando no meio universitário. “A ação é um momento ímpar na minha vida. No primeiro dia dentro da universidade, como calouro, e já presenciar de perto um profissional do meio jornalístico paraense, é algo que agrega uma boa perspectiva, um leque de oportunidade. Sinto-me prestigiado por ter esse momento”, salientou.

Josean também destacou a estrutura que a Universidade da Amazônia disponibiliza aos alunos, em especial do curso de Comunicação Social. “A Unama, para mim, na área da comunicação, é a melhor universidade do Pará. A instituição, através dos seus projetos de extensão (rádio, portal e TV), consegue capacitar os alunos que passam por ela.”

A palestra “Das crônicas esportivas ao dinamismo digital” foi a primeira de uma série de ações que ocorrerão durante a semana. Nesta quarta-feira (7), a partir das 19 horas, na Unama Ananindeua, o tema debatido será “Criatividade em plataformas multimidiáticas”, com o publicitário Sidney Barra, diretor de criação da empresa Inova Brasil. O evento será realizado na sala 211. A ação e é direcionado para alunos da Unama e de outras universidades. Entrada franca.

Por Luiz Antonio Pinto.

Zeca Camargo foi condenado a pagar uma indenização no valor de R$ 60 mil ao pai e a empresa que cuida da imagem de Cristiano Araújo, sendo R$ 30 mil para cada. A decisão tomada pela juíza Rozana Fernandes Camapum, da 17ª Vara Civil de Goiânia se deu por conta de uma crônica polemica feita pelo apresentador sobre a morte do cantor sertanejo, que foi vítima de um acidente de carro em 2015.

Em entrevista a Folha de São Paulo, Zeca negou que tenha ofendido o cantor ou alguém da sua família, e afirmou que seu texto que “comentava não sobre a qualidade de uma manifestação artística, mas sobre a repercussão do acontecido na mídia”, foi mal interpretado. “Apesar de ter pedido desculpas publicamente à época, tomei conhecimento hoje do teor da sentença e vou recorrer”, disse o jornalista.

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Na época, em texto que foi narrado por uma reportagem do próprio Zeca Camargo para a Globo News, o apresentador fez uma crítica a atenção dada ao caso: “Muita gente estranhou a repercussão da morte trágica e repentina do cantor Cristiano Araújo. A surpresa maior, porém, vem do fato de ser tão famoso e tão desconhecido”.

E continuou, em trecho seguinte: “É só lembrar as despedidas de Cazuza, Ayrton Senna, Kurt Cobain, Lady Diana, Michael Jackson, Mamonas Assassinas. Mas Cristiano Araújo? Sim. Eles sim eram, guardadas as proporções, ídolos de grande alcance. Como fomos, então, capazes de nos seduzir emocionalmente por uma figura relativamente desconhecida?”. Ao longo da crônica, ele traçou um paralelo com a moda da época, que eram os livros de colorir, e citou a “pobreza da atual alma cultural brasileira”, bem como “a ausência de fortes referências culturais que experimentamos no momento”. 

Naquele ano, a crônica gerou uma certa revolta entre outros cantores sertanejos, que vocalizaram seu descontentamento através das redes sociais, postando textos que criticavam a postura de Zeca Camargo e afirmavam que ele estaria impondo sua opinião e gostos musicais naquela questão.

As mulheres na menopausa que sofrem infecção crônica na gengiva têm 14% mais chances de desenvolver câncer, especialmente do esôfago, que é mais de três vezes mais frequente neste grupo, mostra um estudo publicado nesta terça-feira.

Os pesquisadores, cujo trabalho foi publicado na revista médica "Cancer Epidemiology, Biomarkers and Prevention", também constataram que essas mulheres tinham um risco significativamente maior de câncer de pulmão, mama, vesícula biliar e melanoma, um tumor de pele agressivo.

O estudo foi realizado entre 1999 e 2013, com mais de 65.000 mulheres com entre 54 e 86 anos que responderam a um questionário sobre a sua saúde durante um período de acompanhamento de oito anos, em média.

Estudos anteriores já haviam sugerido que as pessoas com doença periodontal eram mais propensas a desenvolver certos tipos de câncer.

Mas este estudo é o primeiro a se concentrar especificamente sobre esta infecção crônica das gengiva para todos os tipos de câncer em uma população de mulheres mais velhas, ressalta o Dr. Jean Wactawski-Wende, decano da faculdade de saúde pública da Universidade do Estado de Nova York em Buffalo, principal autor do estudo.

No entanto, mais estudos são necessários para determinar exatamente como a doença periodontal pode provocar câncer, estima.

De acordo com uma hipótese, as bactérias da placa bacteriana ou saliva poderia acabar na corrente sanguínea.

O maior risco de câncer de esôfago pode ser explicado pela sua proximidade com a boca, observa Dr. Wactawski-Wende.

A doença periodontal afeta o dente e destrói os tecidos de apoio, gengiva e osso. Esta patologia é bastante lenta e evolui ao longo de várias décadas.

“O que é essa música que se dilui e se distancia? Só a despedida é verdadeira, só agora inicia o longo desaprendimento de si. Antes que a vagarosa criança volte a experimentar, um a um, os seus rubores; uma a uma, imperiosamente, as suas hesitações”.

 Giorgio Agamben, em Profanações

Lá nos meados de 2009, à procura de fitas para uma Olivetti Lettera que daria de presente ao ator Marcos Macena, topei com outro admirado amigo, o escritor Gilvan Lemos, que brincou: “Quando vejo você naquele programa de televisão, penso como seria bom ter sua idade, sua memória e metade do seu jeito desenrolado”! Ao que devolvi sincero, quase sem pensar, como se trato redigido há tempos: “Troco na hora por um terço do seu talento, da sua saúde e do seu sossego”. Esse negócio nunca foi concretizado, e Gilvan partiu em agosto último, deixando-me com a lembrança constante de outra frase sua:

– A pessoa fica martelando coisas bestas, porque tem outras que nem dá pra martelar... Que a gente só engole, antes que nos engulam.

Eis que, nesta crônica pensada em convento e madrugada baianos, compartilho mais sobre minha vida pessoal do que jamais permitira! São coisas que não pude engolir, que cansei de martelar, que talvez devam mesmo é me mastigar e depois cuspir fora – seja lá onde, quando e de que jeito.

Durante passagem pela Flica (Festa Literária Internacional de Cachoeira), ouvi de gentilíssima produtora que os pernambucanos são muito bons em vestir e trabalhar suas máscaras. Não se tratava de crítica, até porque ela defende que todas as pessoas são – e precisam ser – um tanto mascaradas. Sua tese é que meus conterrâneos desenvolvem tão bem suas personagens que, ao tentarem se distinguir ou se desfazer das mesmas, ninguém acredita que seja possível ou saudável.

Como adverte Agamben, essa tentativa de retirar a máscara pode ser revelação de caráter (e não necessariamente bom caráter), a smorfia impressa no rosto do Eu quando tentamos nos esquivar daquilo “que em nós não nos pertence”. É plausível que, como versou Dante Milano, só a terra e suas derradeiras garras nos rasguem as máscaras. Ainda assim, é o que tentarei fazer, enquanto me lanço no ventre invisível da baleia que me seguiu até o Recife, borrifando-me serenos antigos e bastante adiados.

Quando menino, fui um tímido quase doentio, esquisito além das esquisitices que as pessoas estão dispostas a relevar em crianças, além de profundamente desinteressado por quase tudo que me vendiam como importante. Boa parte da família suspeitava (e não escondia) que esse temperamento daria em fracassos (para mim) e sofrimento (para meus pais); então, quando passei a concordar com eles, investi as forças guardadas, caçadas e roubadas para criar personagem mais viável, uma garatuja que parecesse menos incompatível com as páginas do mundo que eu necessitasse rascunhar e virar.

25 anos depois, cumpri muito além do planejado, e paguei preço assustadoramente mais alto do que estimara! Tornei-me atleta, aluno popular, estudante de jornalismo, apresentador de rádio e TV, mediador e anfitrião de eventos os mais diversos, coadjuvante ou mesmo protagonista em polêmicas e lutas bem mais nobres do que eu. No Recife e redondezas, transformei-me em figura pública razoavelmente conhecida (digamos assim: fui famoso por mais que os 15 minutos prometidos pelo vampiro da Pensilvânia, embora muito menos do que qualquer prefeito ou dançarina de banda brega consegue).

Até tragédia familiar e consequente busca de justiça findaram por requisitar essa nesguinha de popularidade. Provavelmente, não fosse pelos espaços e contatos conquistados sob a máscara de desenvolto jornalista e crítico literário, meu irmão sumiria nas cruéis estatísticas que trazem mais de cinco brasileiros assassinados diariamente pelas forças de “segurança” do País.

Ao mesmo tempo, lá pela metade desse caminho, algo começou a crescer e me doer. Porque disfarce estava vencido, a cola se desmanchava, convertia-se em toxinas cada dia mais ofensivas. A máscara mantinha quase todo esmalte exterior, enquanto seu avesso provocava reações ora discretas, ora já constrangedoras: passava mal e praticamente me dopava antes de ir à emissora de TV; sentia cólicas terríveis ao fingir contentamento em certos compromissos sociais; redobrei piadas e tagarelice, na esperança de que não notassem meu desconcerto; aproveitei doenças menores para justificar faltas causadas pelas enfermidades verdadeiramente sentidas etc.

Nem era preciso martelar muito, diagnóstico dos mais simples: ainda que eu não tivesse fracassado, ainda que meus pais carregassem certo orgulho pelo exitoso personagem, sentir-se bem era negócio que só dava ar da graça entre livros, pessoas amadas ou alunos (isto quando a politicagem ficava da porta da sala de aula para fora).

Os sintomas ganhavam força no mesmo ritmo em que me convencia do único tratamento possível: praticamente abandonar vida pública e deixar que somente os escritos saiam da caverna, assumir quase nada além da literatura e da docência, viver para família e uns doze amigos queridos, dedicar-me a casa e aos limites geográficos em que resto confortável – ou seja, não mais que meia dúzia de quarteirões em qualquer direção, a partir da mulher que amo e das duas felinas que mandam em nós dois!

Contudo, é preciso dar crédito às contingências: vivi monasticamente esse infindável 2015, morei praticamente anônimo e invisível em quarto/claustro de Campinas (ou melhor, no verde e silencioso quintal da Unicamp). Esse exílio calhou de ser exame final antes da terapia! O bicho do mato experimentou toca alheia e, enfim, não sobrou dúvida de que melhor era retornar ao próprio ninho; não àquele recente – largo, esmaltado e até vistoso –, mas ao anterior, de barro antigo e muito silêncio.

Torcida é para que as pessoas, gatas, livros e sustentos não me rejeitem pelos cômodos modestos (e personalíssimos) que tentarei manter sobre os alicerces da quietude, com a argamassa pouca que colher da timidez, e com os ossos que sobreviveram aos contorcionismos e à máscara vencida.

Máscara a quem serei sempre grato! Mesmo que, ao fim deste parágrafo, vocês me flagrem a abandonando sem maiores cerimônias, sem lágrima ou culpa; nada me preocupando se, longe de mim, ela amanhecerá em pétalas ou restará em cinzas (dispersas ou reunidas) que nenhuma palma ou página reconheça – afinal, sejam quais forem os disfarces, paredes ou fontes, algum dia partilharemos (vocês e eu) a incomensurável fortuna de uma dessas duas coisas bestas; flor e poeira.

Imaginem se um estudante negro e/ou oriundo de escola pública fosse obrigado a exibir tarja no braço e ocupar cadeira separada na sala de aula – indicando que se trata de cotista! Não, esta discriminação não foi imposta aos alunos. Mas, no terreno da literatura pernambucana, ser rotulado e isolado é considerado um privilégio, garantido por leis municipal e estadual.

Há duas semanas, fui à livraria para cumprir demanda das mais aborrecidas: comprar de novo alguns livros que emprestei e que nunca devolveram. Depois de muito procurar pelo Osman Lins da lista, funcionário me advertiu que, devido às legislações, os pernambucanos não estão ali, entre os demais escritores do País. Com três ou quatro gestos, ele me indicou rota para chegar ao puxadinho dos autores do Estado. Eram duas estantes atrás do balcão de canetas, chaveiros e outros brebotes.

Foi esquecimento, porque eu acompanhara essa maluquice normativa desde o começo, há quase uma década, quando ativistas em “defesa do livro pernambucano” pintaram com a ideia sem pé, cabeça ou salvação. Ideia que se tornou “privilégio” conquistado, que virou lei municipal e, não muito depois, estadual: as lojas devem exibir quantidades mínimas de títulos nordestinos e, mais especificamente, de pernambucanos. Mais que isso, é preciso também que eles estejam rotulados, com plaquinha e tudo – o que, naturalmente, implica existência de estantes específicas, separadas.

Na mesma livraria, Osman Lins, Hermilo Borba Filho, Gilvan Lemos e outros respeitados nomes estão não só afastados, mas também misturados a manuais técnicos e livros sobre Suape, por exemplo. Pois a estapafúrdia legislação não previu que, para chegar a 2,5% de obras produzidas por pernambucanos (além de outros 2,5% para os demais nordestinos), os estabelecimentos seriam obrigados a fazer mágica, a juntar todo tipo de impresso, de relatório a guia de magia com cartas.

Para se ter ideia, uma franquia de grande porte tem que disponibilizar entre dois e seis mil títulos de “literatura pernambucana” – o que, como todos minimamente familiarizados com cenário literário local sabem, é tarefa inviável. Assim, amontoa-se o que aparecer, de alhos a bugalhos, na esperança de que a realidade não seja tão ridicularmente distante da cota estabelecida.

Vários desses “defensores do livro pernambucano” são meus amigos, porque tenho sim amigos com todo tipo de convicção e com as mais variadas densidades ósseas cranianas. Eles são das cabeças mais duras, com certeza. Alguns tópicos, nem adiantava discutir. Era perda de tempo, entre outras coisas, fazê-los refletir sobre quão abstrato e inócuo é esse negócio de literatura pernambucana, ou baiana, ou mineira, ou carioca... As próprias divisões já consagradas vivem sendo postas em xeque, imagina esses quadradinhos mais restritos? Como tão bem sintetizou Octavio Paz,

“Nada distingue a literatura argentina da uruguaia, nem a mexicana da guatemalteca. A literatura é mais ampla do que as fronteiras. (...) Os grupos, os estilos e as tendências literárias não coincidem com as divisões políticas, étnicas ou geográficas. Não há escolas nem estilos nacionais; em compensação, há famílias, estirpes, tradições espirituais ou estéticas”.

Mas, quando da discussão da lei, cheguei a apelar para questões que pareciam menos sofisticadas e absurdamente óbvias, tais qual: se os livros ficarem separados, na maioria dos casos eles serão vistos somente por quem procurá-los especificamente, por quem adentrar no recinto em busca de um escritor determinado ou à procura dessa tal literatura pernambucana (seja lá o que ela for). Existe também a irônica hipótese de serem encontrados por quem estiver curioso para visitar estantes exóticas. Porque a rotulação e a segregação tornam essa chamada literatura pernambucana algo exótico, de fato – literal e tristemente.

Por qual razão a hipótese é irônica? Porque umas das justificativas para as leis foi a necessidade de inserir a literatura local no cenário nacional, fazê-la menos marginal. Para tanto, que pensaram eles? Tiveram a brilhante sacada de tirar os autores de Pernambuco da convivência física com os compatriotas, colocando-lhes uma plaquinha própria e segregando as estantes.

Um dos pareceres apresentados na Assembleia Legislativa (para a Lei 53/2011) é que “toda e qualquer proposta que dê visibilidade à cultura nordestina é sempre muito bem vinda, devendo ser louvada e estimulada”. Contudo, o que pode dar ainda mais visibilidade a Raimundo Carrero, por exemplo? Estar nesses puxadinhos reservados aos romancistas locais, ou ser um natural vizinho de estante de Adolfo Caminha, Euclides da Cunha, Antônio Callado, Carlos Heitor Cony e até de um Paulo Coelho?

Os arautos dessas leis replicam que são poucos os escritores pernambucanos (ou mesmo do Nordeste) que chegam às prateleiras e vitrines desse mercado. Ainda que desconsideremos o fato de que isso não se deve somente a marketing, preconceito ou injustiças editoriais; ainda que ignoremos que muitos desses autores são mesmo horríveis e que jamais seriam comercializados sem essa benesse normativa, seria caso de perguntar: com as leis, foi garantido que eles passem a fazer parte do universo editorial da literatura brasileira, como tanto ambicionavam, ou agora é que foram institucionalmente exilados?

A quem realmente interessam essas leis? Qual romancista, contista ou poeta sonha em parar nas estantes segregadas e impostas legalmente? Quais escritores restam tão desesperados por mínima visibilidade que aceitam ser espremidos entre manuais técnicos e livros sobre Suape?

Será que os legisladores pernambucanos não deveriam ter se preocupado mais em fomentar os diversos setores da cadeia do livro, em ampliar e diversificar os eventos literários, em planejar e reforçar políticas editoriais, em criar mecanismos convencionais e mais eficientes de divulgação dos escritores da terra? Em resumo: será que não deveriam tornar a literatura feita por gente do Estado (e radicados) mais forte e universal, ao invés de vesti-la de exotismo e provincianismo.

A situação é tão absurda que, para tentar reduzir os danos causados pela legislação, alguns donos, gerentes ou sensatos funcionários de livrarias optam por manter como antes os autores pernambucanos renomados. Ou seja, decidem preservá-los na área de literatura brasileira, salvos do ostracismo e da humilhação de serem amontoados nesses puxadinhos. O que, na prática, torna ainda mais sensível à distância entre os escritores desconhecidos e os já consagrados, mesmo se considerarmos somente o tal quadradinho da “literatura pernambucana”.

Confesso que, hoje, meu receio não é lançar um livro e não ser lido. Esse risco faz parte, seja por motivos de mérito ou de desigualdades inerentes ao mercado editorial – algo que deve sim ser discutido, mas de maneira equilibrada e por quem entenda do assunto. Meu temor mesmo é me tornar um desses autores cotistas, rotulado e jogado no puxadinho dos escritores pernambucanos. Meu medo é que, diferente daquilo que a literatura poderia me proporcionar – transcendência – ela seja embarcação que me imponha tarja, discriminação, limitação.

Indo além, meu pavor é que minha literatura (que ainda resta paciente nas gavetas) seja vítima dos burocratas que pensam agir em prol da cultura local, embora estejam mais para gestores de uma cultura provincial. Vítima dessa gente que, sob as melhores intenções (ou não), pensa ser possível sair da marginalidade mergulhando em localismo e exotismo. Eles são como convidados atrasados para uma festa, e que, para economizar o tempo da caminhada, resolvem pegar um ônibus, mas sobem no veículo errado, que parte justamente na direção contrária.

Subir nesse coletivo, que terrível privilégio! O horror, o horror.

Estão abertas, até o dia 3 de março, as inscrições para o 2º Prêmio Brasília de Literatura. O concurso integra a programação da II Bienal Brasil do Livro, marcada para 12 a 21 de abril.

Essa edição apresentará os gêneros literários biografia, conto, crônica, infantil, juvenil, poesia, romance e reportagem. Poderão concorrer obras escritas originalmente em língua portuguesa e com a primeira edição publicada no Brasil entre 1º de janeiro de 2012 e 31 de dezembro de 2013. A ficha de inscrição e o edital estão disponíveis no site do evento.

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Um júri de cinco especialistas em cada uma das categorias, escolhidos pela Secretaria de Cultura do Distrito Federal, irá analisar as obras inscritas. Os vencedores de cada grupo serão anunciados em 20 de abril. O primeiro lugar receberá R$ 30 mil e troféu, e o segundo, R$10 mil e troféu.

Mais informações através dos telefones (61) 3223.8138 e (61) 3226.9194 e pelo e-mail bienalbrasildolivro2014@gmail.com.

 

A 11º edição do Festival Recifense de Literatura – A letra e a Voz acaba de abrir inscrições para suas oficinas gratuitas. O evento, que acontece de 17 agosto a 1º de setembro no Museu Murilo La Greca, oferece workshop sobre crônica, formação e design. Os interessados podem se inscrever pelo telefone (81) 3355 1761, email festivalaletraeavoz2013@gmail.com ou presencialmente no Museu Murilo La Greca, no Bairro de Parnamirim, em horário comercial. 

A Oficina de Crônica será ministrada pelo jornalista e escritor curitibano Luiz Henrique Pellanda, nos dias 26 e 27 de agosto, das 15h às 18h. Já a Oficina de Formação, que acontece no dia 19 de agosto, das 14h às 18h, aborda o tema O desenho e o design no livro de imagens para a infância destinada a professores, artistas, editores e ilustradores será ministrada pela gaúcha Anelise Zimmermann e a terceira e última Oficina Literatura na hora/Publique-se vai ser realizada pelo grupo coletivo Livrinho de Papel Finíssimo (grupo editorial que atua na produção de livros, livretos, revistas e fanzines) nos dias 28, 29 e 30 de agosto, sempre às 15h com apenas 20 vagas.

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Com a chegada do sostício de inverno, o clima consequentemente fica mais frio e seco dando espaço para a ploriferação de doenças respiratórias, como a asma. Nesta sexta-feira (21), além de ser comemorado o primeiro dia oficial do inverno, é também celebrado o Nacional de Controle à Asma. 

Essa doença crônica que atinge cerca de 300 milhões de pessoas no mundo, é responsável por deixar o ser humano com falta de ar, tosse seca e pressão torácica, dando uma sensação de sufoco permanente. O número de pessoas que apresentam essa doença vem crescendo inclusive as crianças. 

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Vários fatores podem despertar as crises de asma, como a predisposição genética, mudanças climáticas, infecções virais, fumaça de cigarro, poeira doméstica, ácaros, fungos, pelos de animais, pólens, produtos químicos e estresse emocional.

O tratamento é divido em três tipos de abordagens, como:

• Ação Educativa: entendimento sobre a doença, seus tratamentos, efeitos colaterais e uso correto de dispositivos inalatórios.

• Cuidados Ambientais: evitar baixa umidade ou exposição em dias com muita poluição e evitar o contato com cigarro.

• Tratamento farmacológico: as medicações para asma podem ser classificadas em duas categorias – medicações de controle/ prevenção e para alívio das crises. Podem ser usadas por via oral, inalatória ou injetáveis.

Outra forma de conter as crises é utilizando a “bombinha”. O uso do aerossol proporciona ao paciente uma uma dose precisa devido à melhor concentração no pulmão, podendo ser usados por todas as pessoas de idades diferentes.  

Vantagens do aerossol:

• Efeitos quase imediatos, devido à rapidez com que os medicamentos chegam ao local de ação (interessante no tratamento da crise);

• Efeitos conseguidos com pequenas doses;

• Segurança no tratamento.

 

Fonte: Boehringer Ingelheim

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