Tópicos | CT Ninho do Urubu

A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou nesta sexta-feira que aplicou uma multa de R$ 2.967,00 ao Flamengo por ter vetado no dia anterior a entrada de funcionários da Vigilância Sanitária no CT Ninho do Urubu, na zona oeste da cidade. Fiscais tinham o objetivo de conferir denúncia de descumprimento ao Decreto RIO 47.282/20, referente a normas de restrição de aglomeração, medida essencial ao enfrentamento da pandemia da covid-19, mas não puderam entrar.

Para justificar a proibição da entrada dos fiscais, o Flamengo alegou que não havia um funcionário do setor administrativo para acompanhar a inspeção, de acordo com a prefeitura.

##RECOMENDA##

"Fiscais da Subsecretaria de Vigilância Sanitária, pasta vinculada à Secretaria Municipal de Saúde, e da Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização da Secretaria Municipal de Fazenda estiveram na tarde desta quinta-feira, 21/05, no Centro de Treinamento do Clube de Regatas do Flamengo para conferir denúncia de descumprimento ao Decreto RIO 47.282/20, referente a normas de restrição de aglomeração, medida essencial ao enfrentamento da pandemia da Covid-19. Na chegada, a equipe foi impedida de entrar sob alegação de não haver funcionário do setor administrativo para acompanhar a inspeção, infringindo o Código Sanitário do Município do Rio de Janeiro (inciso X, Art. 30 do Decreto 45.585/18)", informou a nota oficial do órgão municipal, que determinou a multa.

"Diante disso, o estabelecimento foi autuado e o responsável notificado a comparecer na sede da Vigilância nesta sexta, 22, para prestar esclarecimentos quanto à denúncia e também ao fato ocorrido", completou a prefeitura, revelando que o valor da autuação é de R$ 2.967,00.

O clube, no entanto, desconhece a punição e garante ter argumentos para justificar a infração. "O Flamengo informa que não foi multado. Apenas foi procurado pela Prefeitura para prestar esclarecimentos sobre o episódio de quinta-feira, envolvendo um representante da vigilância sanitária", informou uma nota oficial do clube rubro-negro.

Nesta sexta-feira, os jogadores treinaram mais uma vez e alguns deles mostraram apoio à decisão do clube de realizar atividades no gramado desde a última segunda. De forma individual em suas redes sociais, os atacantes Gabriel e Bruno Henrique revelaram suas posições.

"Feliz em voltar fazer o que amo.. Obrigado @Flamengo por todos cuidados e responsabilidade nesse momento difícil. Mas, tenho certeza que vamos superar isso juntos", escreveu Gabriel em sua conta oficial no Twitter, acompanhado de uma foto durante treinamento no CT Ninho do Urubu.

O mesmo fez Bruno Henrique, com duas imagens suas em uma atividade física no gramado. "Que alegria em poder voltar a fazer o que mais amo. Obs: Protegido e com muita responsabilidade, e o mais importante disso tudo, é saber que eu e minha família estamos sendo acompanhado todos os dias pelo o clube de regatas do @Flamengo juntamente com o departamento {...}", afirmou o atacante.

A tragédia no Ninho do Urubu, que vitimou 10 jovens das categorias de base do Flamengo há um ano e deixou outros três feridos, ainda não teve seu inquérito policial concluído e está longe de ter um desfecho na Justiça, seja na esfera cível ou criminal.

Em nota enviada ao Estado, o Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GAEDEST/MPRJ) informou que o inquérito deve ser concluído neste mês de fevereiro. O MP do Rio também lembrou que, logo após o incêndio, em uma câmara de conciliação, tentou, junto com a Defensoria do Rio e o Ministério Público do Trabalho, um acordo com o Flamengo, mas o clube recusou a proposta extrajudicial.

##RECOMENDA##

"O GAEDEST/MPRJ e a Defensoria Pública, desde o início, com o apoio do Ministério Público do Trabalho, propuseram ao clube o modelo de um Programa de Indenização (PI), nos moldes do PI 447 utilizado com sucesso no acidente com o avião da Air France. Tal PI possibilitaria ao Clube cumprir com todas as suas obrigações, conforme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de maneira rápida, eficiente e definitiva. O clube preferiu não aderir ao modelo do PI e tentar as negociações diretas com as famílias", disse um trecho do comunicado.

A investigação para apontar as causas e os culpados pelo incêndio começou logo após a tragédia e chegou a ter seu inquérito apresentado pelo delegado Márcio Petra, da 42.ª Delegacia de Polícia (Recreio dos Bandeirantes), em maio do ano passado. Ele indiciava oito pessoas, mas foi devolvido pelo MPRJ, que solicitou novas diligências. E, um ano depois do incêndio, ainda não foi concluído.

"Após primeira análise do conjunto de provas reunidas e audiências solicitadas pelas defesas dos indiciados, o Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (Gaedest/MPRJ) determinou a realização de mais diligências investigatórias, tais como oitivas de representantes de órgãos técnicos de licenciamento e de engenharia", informou o MPRJ.

Em dezembro, o Ministério Público do Rio devolveu o inquérito pela segunda vez à Polícia Civil, pedindo, desta vez, que a CBF seja intimada para fornecimento de cópia e informações sobre o certificado de clube formador de atletas de base do futebol. O MP também solicitou que a Polícia Civil ouça Marco Polo Del Nero, presidente da CBF à época, e a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), que é signatária do certificado.

Segundo o órgão, devido "à complexidade da investigação, número de indiciados e variáveis jurídicas", ainda não é possível indicar ainda quantas pessoas serão indiciadas, tampouco sobre quais crimes deverão responder.

No Flamengo, o assunto sempre foi tratado de maneira muito reservada. No último sábado, o presidente Rodolfo Landim, o vice geral e jurídico, Rodrigo Dunshee, e o CEO Reinaldo Belotti responderam a questões previamente escolhidas pela assessoria rubro-negra e falaram sobre a tragédia à Fla TV, canal oficial do clube. "É uma situação que está sendo vista pela Polícia, pelas autoridades, pela Justiça. No dia que concluírem essa questão, tirarem as conclusões e apontarem as causas e eventuais culpados, aí o Flamengo vai se manifestar internamente", disse Rodrigo Dunshee.

INDENIZAÇÕES - Na esfera cível, apenas três famílias, além do pai de um dos garotos - que é separado da mãe - fecharam acordos de indenização com o Flamengo. Uma cláusula de confidencialidade impede que os valores sejam revelados.

É muito provável que, com o inquérito concluído, outras famílias devem buscar a Justiça contra o Flamengo. "Como a posição do Flamengo tem sido de intransigência para continuar as negociações e querer resolver de uma maneira amigável essa situação, tanto em nível coletivo quanto em nível individual, a única saída parece ser a judicialização do caso", disse ao Estado o defensor público do Estado do Rio de Janeiro, Eduardo Chow. Além de estar envolvido coletivamente no caso, a Defensoria também atua individualmente, representando a família de Samuel Rosa.

A primeira a acionar o clube carioca judicialmente foi Rosana Souza, mãe de Rykelmo Viana. Ela pede R$ 6,9 milhões na Justiça - R$ 3 milhões por danos morais e R$ 3,9 milhões de pensão. Além disso, quer que seja anulado o acordo do clube com o pai de Rykelmo, José Lopes Viana, de quem é divorciada. O próximo a processar o Flamengo será Cristiano Esmério, pai do ex-goleiro Christian. O advogado de Cristiano, Márcio Costa, confirmou ao Estado que irá ingressar nos próximos dias com a ação judicial. O valor pedido gira em torno de R$ 9 milhões, incluindo indenização e pensão, e foi calculado com base na carreira dos últimos goleiros revelados pelo time rubro-negro - Júlio César, Marcelo Lomba, Paulo Victor e César.

Em dezembro, o MPRJ e a Defensoria Pública do Rio conseguiram liminar junto à 1.ª Vara Cível da Barra da Tijuca determinando que o Flamengo pague R$ 10 mil mensais a cada uma das famílias dos mortos e dos feridos. Desde que houve o incêndio, o clube vinha fazendo depósitos "espontâneos" de R$ 5 mil a cada mês. "Era para que essas famílias pudessem ter tranquilidade de negociar um acordo com o Flamengo sem ter necessidade emergencial de caixa", justificou Dunshee nas explicações dadas via TV oficial do clube.

Um valor definitivo sobre a indenização a ser paga ainda será definido pela Justiça. Certo é que MPRJ, Defensoria Pública e Flamengo divergem frontalmente dos valores - que não são informados diretamente em números. Para o Flamengo, os valores sugeridos extrapolam o que o clube considera o adequado. "Chegamos a um valor com as famílias que nós consideramos que era muito alto e muito acima dos precedentes da Justiça brasileira", apontou Rodrigo Dunshee. "É a nossa oferta. A gente tem um limite".

Os outros 16 atletas que estavam no CT no dia do incêndio foram indenizados, inclusive os três feridos, Francisco Dyogo e Cauan Emanuel e Jhonata Ventura, este último que ainda se recupera das graves queimaduras sofridas pelo corpo e, por isso, não voltou aos treinos. Em janeiro, cinco dos 16 garotos feridos foram dispensados pelo Flamengo: Felipe Cardoso, João Victor Gasparín, Naydjel Calleb, Wendel Alves e Caike Duarte. O clube alega que a decisão foi tomada embasada em uma avaliação técnica.

O vice-presidente geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee, disse que o clube vai recorrer da decisão da 1ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que obriga o rubro-negro a pagar R$ 10 mil mensais para cada família vítima na tragédia do CT Ninho do Urubu. De acordo com o dirigente, o Ministério Público não tem "direito de entrar com ação".

"Se quiserem fazer um acordo para receber mais, nós faremos acordo. Mas não reconhecemos no Ministério Público direito de entrar com ação. Proposta excepcional, muito boa, mas às vezes tem gente que quer tirar mais. Chegamos em um patamar que não temos como chegar para uma (família) e falar: 'você que fechou vai ganhar menos'", explicou o dirigente, durante a premiação para os melhores do Campeonato Brasileiro, no Rio de Janeiro.

##RECOMENDA##

Na semana passada, a 1ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou que o clube pagasse o valor para as famílias dos 13 garotos envolvidos na tragédia - 10 mortos e 3 feridos. A ação, que partiu da Defensoria Pública e do Ministério Público estaduais, pede também a interdição do Ninho do Urubu e o bloqueio de ativos do Flamengo. Tais pedidos já foram indeferidos.

Desde a tragédia, ocorrida em fevereiro, o clube já paga R$ 5 mil mensais para cada família até que as disputas judiciais cheguem ao fim. Para cumprir o que determina a Justiça, o Flamengo pagaria R$ 120 mil por ano para cada família. São 13 no total, o que daria um custo de R$ 1,5 milhão por ano. Só pelo título do Brasileirão, o Fla recebeu R$ 33 milhões em premiação.

Um dos sobreviventes da tragédia no CT do Ninho do Urubu começa a dar a volta por cima no Flamengo. Cauan Emanuel, que estava no incêndio que vitimou dez pessoas no dia 8 de fevereiro, participou do seu primeiro jogo pelo time carioca neste sábado. Integrante da equipe sub-15, ele atuou na partida diante do Bangu nesta manhã e foi um dos destaques do triunfo rubro-negro por 8 a 0.

Apelidado de "Fortaleza" pelos companheiros de time, Cauan Emanuel foi o primeiro dos três feridos com maior gravidade a ser liberado do hospital, 12 dias depois. Recuperado, ele entrou em campo e marcou dois gols, dando ainda uma assistência no confronto realizado na sede do clube.

##RECOMENDA##

Cauan não escondeu a emoção após o final da partida em que foi um dos grandes nomes do confronto, válido pela Taça Guanabara Sub-15. "Foi uma partida muito emocionante para mim, poder voltar a fazer o que eu gosto", afirmou o "Fortaleza".

Além de Cauan Emanuel, Francisco Dyogo e Jhonata Ventura, todos de 15 anos, foram os três feridos que sobreviveram ao incêndio no Ninho do Urubu. Outros 13 garotos conseguiram escapar das chamas com vida e sem maiores problemas. As famílias dos mortos ainda estão na Justiça pedindo a indenização junto ao Flamengo.

[@#video#@]

O mundo do futebol ainda se recupera da tragédia que aconteceu no CT do Flamengo na sexta feira, dia 8. Um incêndio iniciado no ar condicionado acabou deixando 10 mortos e três feridos e abalando o futebol brasileiro. A semifinal do carioca acabou sendo adiada em respeito às vítimas e será disputada pelo rubro-negro carioca nesta quinta-feira (14).

O volante da equipe Willian Arão, que estará em campo contra o Fluminense na primeira partida após tragédia, recebeu um pedido especial da mãe do atleta Jorge Eduardo, uma das vitimas fatais do incêndio. Posteriormente, o jogador recebeu um segundo pedido de outra mãe, dessa vez foi a de Rykelmo.

##RECOMENDA##

“Eu saí de casa dizendo que não iria chorar. Quando fiquei sabendo primeiro da mãe do Jorge, eu fiquei muito honrado e emocionado. Eu, junto com a minha família, agora fico sabendo que a mãe do Rykelmo pediu para que eu pudesse jogar com o nome do filho dela”, relata o jogador.

O pedido para que Arão jogue a semifinal com o nome das vitimas pegou o jogador de surpresa. A próxima partida ainda é um obstáculo e ser ultrapassado e Arão promete honrar o nome de cada jogador que tinha como sonho ser jogador profissional.

“Não temos fórmula mágica. Não tem algo que possamos fazer que possa fazer esquecer ou superar num piscar de dedos. Vamos superar a cada dia, honrando os meninos, o trabalhando, honrando os sonhos deles a cada dia. Não acredito que essa dor vai acabar ou diminuir, mas com o tempo vamos encontrar forças para seguir em frente”, comentou.

Arão ainda disse que se sentiu honrado em saber que fazia parte da vida desses garotos: “Eles se viam em mim e queriam parecer comigo. Isso para mim é muito emocionante, muito forte. Eu escrevi um texto ontem direcionado à mãe do Jorge, sobre o pedido e estendo ao Rykelmo. Não vou levar eles só nas minhas costas, vou levar para o resto da minha vida. Ficou marcado está marcado para sempre”, finalizou.

[@#video#@]

 

O Flamengo assumiu "todas as suas responsabilidades" diante da tragédia que resultou na morte de dez garotos no CT do clube e se comprometeu a indenizar "o mais rápido possível" os familiares das vítimas. O acordo será costurado junto à Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, o que não significa que dirigentes do clube não possam ser responsabilizados criminalmente pelo incêndio. Nesta terça-feira, o Ninho do Urubu passará por vistoria e poderá ser interditado.

A definição foi feita em reunião realizada na tarde desta segunda-feira na sede do Ministério Público do Estado. "Falamos da nossa vontade de indenizar essas famílias o mais rápido possível", disse o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, em pronunciamento logo após a reunião. Mais uma vez, ele se negou a responder perguntas dos repórteres.

##RECOMENDA##

O defensor público Geral do Estado do Rio de Janeiro, Rodrigo Pacheco, explicou que a indenização não será apenas financeira. "Haverá também acompanhamento psicológico, social e de saúde", explicou. "O Clube de Regatas do Flamengo se comprometeu a compor uma câmara de conciliação, junto com a Defensoria Pública, o MPE-RJ e o do Trabalho a fim de que não só os atletas sobreviventes, mas os familiares principalmente tenham uma justa e rápida indenização."

No encontro, o Flamengo assumiu sua responsabilidade sobre o incêndio. A afirmação é de Eduardo Gussem, procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Estado: "A presidência do Flamengo assumiu todas as suas responsabilidades em relação ao evento (incêndio do CT), se comprometeu a dar todo tipo de acolhimento às famílias e entregou à Defensoria Pública a condução dessa negociação com as famílias para um reparo imediato".

Na terça-feira, peritos do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Prefeitura do Rio, governo do Estado e dos Ministérios Públicos do Estado e do Trabalho visitarão o Ninho do Urubu. "Vamos realizar a partir de amanhã [terça] perícias amplas no Centro de Treinamento do Flamengo, com todas as estruturas governamentais, a fim de que possamos analisar em que condições se encontra o CT, e se há necessidade de uma interrupção plena ou parcial das atividades", explicou Gussem.

Uma reportagem veiculada na noite deste domingo (10) pelo programa Fantástico, da TV Globo, informou que um dos sobreviventes do incêndio que matou dez jogadores da base do Flamengo afirmou em seu depoimento aos investigadores da Polícia Civil que havia uma espécie de "gambiarra" em um dos aparelhos de ar-condicionado do alojamento em que viviam - seis contêineres transformados em dormitórios e que ficavam em uma parte do CT Ninho do Urubu que deveria ser um estacionamento.

Ainda na noite deste domingo, o jornal O Globo noticiou que uma análise preliminar constatou que as chamas tiveram início a partir de um curto-circuito no ar-condicionado do alojamento seis - ainda não há a certeza de que os aparelhos citados por Fantástico e pelo site são os mesmos.

##RECOMENDA##

De acordo com o sobrevivente da tragédia, o aparelho de ar-condicionado seria menor do que o buraco na parede. O espaço que sobrou teria sido preenchido com pedaços de madeira, plástico bolha e espuma. O programa procurou um especialista em segurança para comentar a reportagem.

Moacyr Duarte afirmou que isso pode ter contribuído para que o ar entrasse por frestas na parede e alimentasse as chamas. "Esse tipo de ar-condicionado tem a parte do condensador fora do ambiente, ele passa exatamente sobre o sanduíche do material isolante. Temos um acabamento padrão de alumínio, que tem característica de resistência de passagem de calor. Se não houvesse isso ou se tiver a possibilidade da chama gerada entrar em contato com o material que está dentro do sanduíche, o que vai acontecer é que vai estabelecer uma queima semelhante a um forno de carvão. Ou seja, uma queima com muito pouco ar", contou.

"À medida que vai tendo a evolução da linha de queima para cima, você vai puxando o ar pelas frestas. Isso vai alimentando aquela combustão lenta até que, quando chegar na extremidade da junção de placa, o próprio calor gerado começa a dilatar as frestas e o ar entra", prosseguiu o especialista.

Nos contêineres onde os atletas do Flamengo viviam, as paredes eram feitas com duas chapas de metal e o espaço entre elas é preenchido com espuma de poliuretano, que, em tese, deveria funcionar como isolante térmico e cáustico. Em nota oficial enviada ao Estado na tarde deste domingo, 10, o clube carioca afirma que "os contêineres que incendiaram na sexta-feira no CT do clube não continham material que favorecesse a propagação de chamas", já que o material usado entre as placas de metal das paredes do dormitório possuiriam "característica auto-extinguível".

Contudo, ao entrar em contato com o fogo, o poliuretano provoca fumaça e libera gás cianeto, substância extremamente tóxica, que provoca asfixia química e morte em quem o inala. Os sobreviventes afirmaram aos investigadores que tiveram muita dificuldade para acordar e para despertar os outros atletas e sentiam-se como se estivesse desmaiados.

MONITORES - Outro problema apontado pelo programa foi que havia apenas um monitor de plantão para tomar conta dos 24 jovens que dormiam no local. O Conselho Nacional da Criança e do Adolescente prevê que é necessário um tutor para cada dez menores. Além disso, a legislação exige a presença de uma equipe noturna acordada e atenta a eventuais problemas.

O Flamengo divulgou nota no fim da tarde deste domingo em que afirma que os contêineres, que pegaram fogo na madrugada de sexta-feira no CT do clube e causou a morte de dez jogadores da base, não continham material que favorecesse a propagação de chamas. O clube reiterou ainda que a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado - possível foco do início do incêndio - estavam com a manutenção em dia.

O comunicado informa que o clube carioca tem contrato de locação dos alojamentos com a empresa NHJ do Brasil, "que é reconhecida como pioneira e uma das líderes do mercado". Segundo o Flamengo, representantes da NHJ estiveram na Gávea, sede do clube, na manhã deste domingo e "esclareceram que o poliuretano utilizado entre as chapas metálicas não é propagador de incêndios, por ter característica auto-extinguível". O poliuretano é uma espécie de espuma que recheia as paredes dos contêineres.

##RECOMENDA##

Ainda segundo a nota, a empresa Colman Refrigeração LTDA realizou serviço de manutenção preventiva nos seis aparelhos de ar-condicionado instalados nos contêineres. O serviço, segundo o clube, foi realizado na terça-feira. No sábado, a informação era de que a manutenção teria ocorrido na quinta-feira, véspera do incêndio.

O clube carioca reiterou também que "independentemente de qualquer investigação, vem prestando todo o amparo às famílias dos atletas". O Flamengo informou que assumiu o compromisso de manter a remuneração paga aos atletas vítimas do incêndio, "sem qualquer prejuízo de outras ações adicionais."

"Estamos empenhados, prioritariamente, em amparar as famílias de forma material, moral e psicológica. Para além das questões legais está, obviamente, o bem-estar de todos. O Clube de Regatas do Flamengo não chegou a patamar de destaque no esporte mundial voltando as costas para seus atletas ou eximindo-se de responsabilidades. E a Nação Rubro-Negra reconhece isso", escreveu o clube, no comunicado.

O incêndio causou dez mortes e deixou três feridos, um em estado mais grave, na madrugada de sexta, no Centro de Treinamento George Helal, mais conhecido como Ninho do Urubu, em Vargem Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro.

O CT do Flamengo que foi atingido por um incêndio que matou dez pessoas e deixou três feridos não estava com a documentação regularizada junto ao Corpo de Bombeiros. Segundo a corporação, o local não possuía o Certificado de Aprovação (CA), documento que atesta que a instalação está de acordo com a legislação vigente no que diz respeito a dispositivos contra incêndio.

A informação foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros Militares do Rio de Janeiro (CBMERJ), que ressaltou, contudo, que isso não significa que o CT não fosse seguro. "Importante esclarecer que a não existência do CA não significa, por si só, que o local não possuía os dispositivos, e sim que não era aprovado pelo CBMERJ", ressaltou a corporação.

##RECOMENDA##

Os bombeiros informaram ainda que o CA "não se trata de alvará de funcionamento (documento exigido para estabelecimentos comerciais) ou habite-se (para imóveis residenciais). Estes documentos são emitidos pela Prefeitura [do Rio de Janeiro]", mas que o documento faz parte de um processo de legalização de edificações que envolve outros órgãos.

De acordo com suspeitas iniciais, cogitadas por jogadores e até pelo vice-governador Cláudio Bomfim de Castro e Silva, a explosão de um aparelho de ar-condicionado teria sido a causa do incêndio. Ele afirmou, no entanto, que ainda é cedo para dizer se houve um problema no aparelho ou na corrente elétrica. Técnicos da Light estavam esta manhã no local para assessorar a perícia.

Castro confirmou que quatro dos dez corpos já foram retirados do centro. Ele informou que uma força tarefa de funcionários do Instituto Médico Legal (IML) está a postos para receber os corpos e fazer o trabalho de identificação. O teste de DNA deverá ser usado já que os corpos estão muito carbonizados. O vice-governador informou que, em princípio, os mortos são atletas do time de base do Flamengo, mas que poderia haver funcionários entre as vítimas.

As primeiras informações a respeito da causa do incêndio que aconteceu no CT Ninho do Urubu na manhã desta sexta-feira (8) dão conta de que o início de tudo foi um aparelho de ar-condicionado. Esse foi um relato do jogador Samuel Barbosa, de 16 anos, que sobreviveu às chamas.

"A quantidade de fogo era muita. Um ar-condicionado pegou fogo e foi gerando um curto-circuito em todos que foi pegando tudo. E foi muito rápido, não consegui chamar quase ninguém", disse o jovem em um vídeo exibido pela TV Cidade Verde, do Piauí (assista no fim da matéria).

##RECOMENDA##

O vice-governador do Estado do Rio de Janeiro Cláudio Castro foi até o local do acidente, falou com a imprensa e foi cauteloso ao comentar a causa, mas tratou de cobrar respostas sobre o que motivou o incêndio: "É difícil dizer, mas a princípio teria sido um ar-condicionado e saber das causas para que o ar condicionado tenha pegado fogo são as perguntas a serem respondidas agora”.

Cláudio completou: "(A perícia) está estudando se foi a rede, se o aparelho, se a rede externa ou interna. Com muita calma. Tomar cuidado para não dar informação que tenha que ser corrigida depois”.

A coletiva do vice-governador teve a companhia do tenente-coronel do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Douglas Henaut. O Tenente-coronel relatou como foi a chegada ao local por vota das 5h da manhã.

“Conseguimos trabalhar e atender as vítimas do lado de fora. O local estava tomado por chamas. Só conseguimos entrar e encontrar os corpos. Todas as vítimas morreram queimadas”, comentou.  

O Governador do estado do Rio de Janeiro se pronunciou através das redes sociais e decretou luto oficial de três dias no estado: “Decretei luto oficial de três dias no estado pelas mortes das pessoas atingidas nas chuvas no Rio Janeiro e no incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo. Determinei que fosse feita uma investigação minuciosa e, o vice-governador Claudio Castro irá ao local para acompanhar”.

Quem também se pronunciou, mesmo que de forma breve, foi o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim. Rodolfo disse que essa foi “a pior tragédia da história do clube em 123 anos” e prometeu dar todo apoio aos familiares e amigos das vítimas. O pronunciamento não foi aberto para perguntas aos jornalistas.

[@#video#@]

LeiaJá também

--> Rodada do Carioca adiada; Defesa Civil diz não ter laudo

--> Feridos no CT do Flamengo são indentificados

 Na manhã desta sexta-feira (8) um incêndio tomou conta do CT Ninho do Urubu, do Flamengo. Ainda não foi confirmado a causa. A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), confirmou adiamento da rodada do Carioca. O comandante geral do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro e secretario da Defesa Civil, Roberto Robardey, comentou o acontecido e confirmou que o local do incêndio não tinha laudo.

"Não é exclusividade desse local. Mas as pessoas as vezes aprovam uma planta, aí quando vai ver resolve fazer puxadinho. Aumentar. A gente lamenta que as pessoas não possam fazer um planejamento adequado. É um ato final. Existe todo um procedimento. O fato de não ter a documentação implica até que não havia segurança. Muitas vezes até existe os dispositivos de segurança, mas ainda não teve uma regularização adotamos várias medidas para simplificar esse processo para agilizar", disse Roberto Robardey em entrevista a rádio Band News.

##RECOMENDA##

O incêndio afetou o alojamento em que dormiam jogadores da base do clube. Foram pelo menos 10 mortos e três feridos, um em estado grave. A FERJ convocou uma reunião de emergência para conversar com os clubes. A reunião finalizada a pouco confirmou o adiamento da rodada do Carioca. A nota divulgada pele FERJ dizia não vê clima para a realização da partida. Confira a nota:

A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro lamenta a tragédia ocorrida no CT do Flamengo e se solidariza com as famílias. A FERJ informa que não vê clima para a realização do Fla-Flu, neste sábado (09/02), no Maracanã, e está convocando, para reunião de emergência agora pela manhã, Fluminense, Flamengo e a TV detentora dos direitos do Campeonato Carioca para decidir sobre o caso.

Agência FERJ

LeiaJá também 

--> Feridos em incêndio no CT do Flamengo são indentificados

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando