Tópicos | Dependência

Debatida antes mesmo da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, a lista de revogações de medidas adotadas pelo governo Jair Bolsonaro abrange áreas como desarmamento, educação, saúde, ambiente e economia. São regras editadas ao longo dos últimos quatro anos que, a partir de 2023, podem ser anuladas ou substituídas com uma canetada do presidente eleito. A extensão do "revogaço", porém, dependerá de negociação com o novo Congresso.

Parlamentares de oposição querem ser chamados para tratativas. Em café da manhã na casa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na quarta-feira passada, integrantes da chamada "bancada da bala" disseram que estão atentos à pretendida mudança na política armamentista de Bolsonaro. Eles ameaçam resistir.

##RECOMENDA##

"Não será da maneira como Lula acha que vai (ser). Temos um Congresso conservador e não vai prosperar um revogaço", afirmou o deputado federal eleito Alberto Fraga (PL-DF), político próximo de Bolsonaro que volta à Câmara na próxima legislatura.

O encontro dos deputados com Lira ocorreu horas antes de o presidente da Câmara se reunir com Lula. O petista passou a semana passada em Brasília em articulações para construir a base do governo.

Lula conversa com líderes do MDB, PSD e União Brasil para tentar atraí-los e anunciou apoio à reeleição de Lira, o que abre diálogo também com o PP.

Base

A dimensão da base será determinante para diminuir a resistência a um revogaço. A bancada da bala, por exemplo, será composta por 44 deputados em 2023 - dos quais sete deles são do União Brasil. Segundo Fraga, os parlamentares estão abertos a negociar, mas, para isso, Lula não deve "atropelar" o Congresso. "Muita coisa pode ser conversada e certamente o governo vai entender", disse.

Coordenador do grupo, Capitão Augusto (PL-SP) afirmou que a bancada tem tamanho para paralisar os trabalhos na Câmara. "Se não tivermos a maioria, temos número suficiente para pegar o 'kit obstrução' e não deixar tramitar nada, nem nas comissões nem no plenário", disse ele, que passará o comando da bancada para Fraga no próximo ano.

De acordo com o advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do grupo de Justiça e segurança Pública da transição, Lula não fará nenhum revogaço sem ouvir quem milita na área.

"A revogação será gradual, escalonada no tempo. Há decretos que vão ser revogados de imediato e outros nos cem primeiros dias do governo", afirmou ele, sobre as propostas relacionadas à política de desarmamento.

A intenção é reverter, em pouco tempo, ao menos os decretos 9.845, 9.846 e 9.847, que flexibilizam a compra e o porte de armas. "Aqueles que têm armas para se defender em propriedades rurais e os CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) de verdade não têm motivo para temer", disse Carvalho.

Precedente

Revogaço em início de gestão tem um precedente internacional que inspira o futuro governo. Horas depois de tomar posse como presidente dos Estados Unidos, Joe Biden assinou 17 medidas que alteraram políticas adotadas no governo Donald Trump.

"O estrago que Trump fez na democracia americana é o mesmo que Bolsonaro fez (no Brasil)", afirmou Lula a jornalistas na sexta-feira.

É nesse contexto que o novo governo pretende revogar também 20 medidas de comércio exterior, como informou a Coluna do Estadão.

Estão na mira, ainda, atos que estabeleceram protocolos sanitários sem comprovação científica durante a pandemia da covid-19, além de cem decretos e atos normativos relacionados à proteção ambiental, como medidas que impedem a aplicação de multas.

Ambiente

Escolhido para comandar a bancada ruralista a partir do próximo ano, o deputado Pedro Lupion (União Brasil-PR), afirmou, no entanto, que o PT indicou que vai abrir espaço para o diálogo. Segundo ele, as revogações na área de fiscalização ambiental não serão feitas de forma brusca. "O novo governo tem enviado sinais de que não quer radicalizar", disse.

Ele, no entanto, se queixou que, ao mesmo tempo em que emite essas mensagens, petistas têm agido contra projetos de interesses dos ruralistas no Congresso.

O deputado citou a tentativa da Comissão de Agricultura do Senado de votar o projeto que flexibiliza o uso de agrotóxicos.

A análise foi adiada após os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Eliziane Gama (Cidadania-MA), ambos aliados de Lula, pedirem que o tema seja discutido com o governo eleito.

Sociedade civil

Lula também tem sido pressionado por entidades da sociedade civil. A iniciativa Uma Concertação pela Amazônia, por exemplo, propõe uma agenda de desenvolvimento sustentável elaborada por mais de 400 colaboradores e pensada para ser colocada em prática nos cem primeiros dias da gestão.

Apresentadas aos diversos grupos da equipe da transição, as sugestões estão traduzidas em projetos de lei, decretos e resoluções.

De acordo com o sociólogo Bruno Gomes, que coordenou o grupo de trabalho de mineração da iniciativa, as propostas são resultado de um vasto estudo que não apenas visa a revogação de regras em vigência, mas também alterações. "Não dá para simplesmente revogar, tem de substituir por algo e não deixar nenhum setor sem regras", disse Gomes.

Apesar da pressão de congressistas e da sociedade civil, o entorno de Lula quer deixar a negociação sobre mudanças normativas para o próximo ano. A avaliação é que a fase atual é de propor a revogação, por parte das equipes técnicas, mas caberá a Lula manejar a execução das sugestões de acordo com condições políticas.

"Todos os grupos de transição encaminharam aquilo que acham que é importante para a sociedade, para o setor produtivo, para as dinâmicas de governo", afirmou a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP), do grupo do Meio Ambiente na transição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A China informou nesta segunda-feira (30) que limitará o acesso de menores de 18 anos a videogames on-line a 3 horas por semana para combater a dependência entre os jovens.

O órgão regulador do setor audiovisual, de publicação e de radiodifusão anunciou hoje que os menores de 18 anos não poderão jogar pela Internet mais de uma hora por dia e apenas às sextas, sábados e domingos, no total de três horas.

##RECOMENDA##

As normas já proibiam os menores de jogar on-line entre 22h e as 8h (horário local). Agora, será permitido jogar apenas "entre 8 e 9 da noite", especifica o texto.

Durante as férias escolares, no entanto, poderão jogar uma hora todos os dias. Um documento de identidade também será exigido para que possam se conectar.

Em princípio, a medida se aplica apenas aos videogames on-line, e não àqueles que não precisam de acesso à Internet.

Em agosto, um influente jornal do governo afirmou que os videogames se transformaram em um "ópio mental". O artigo também citava a gigante do setor Tencent e seu popular jogo "Honor of Kings", um sucesso na China com mais de 100 milhões de usuários diários ativos.

Diante dessa pressão, a Tencent, que já impunha limitações no tempo de jogo por meio do reconhecimento facial para que menores de 18 anos não jogassem à noite, limitou o acesso aos games a uma hora por dia.

Na China, um país de 1,4 bilhão de habitantes, os videogames geraram cerca de US$ 20 bilhões em volume de negócios apenas no primeiro semestre de 2021.

Apesar das críticas abertas à China terem se tornado quase um mote da política externa brasileira durante os dois primeiros anos de governo do presidente Jair Bolsonaro, a dependência comercial do Brasil em relação ao país asiático bateu recorde no ano passado - e deve ficar ainda maior nos próximos anos.

A participação chinesa em tudo que o Brasil vende ao exterior vem crescendo, ano após ano, desde 2015. Mas essa escalada vinha acontecendo em ritmo mais lento: entre 2018 e 2019, por exemplo, essa fatia nas exportações aumentou pouco mais de 1 ponto porcentual. Com a pandemia do novo coronavírus, porém, a participação chinesa explodiu, avançando 4 pontos porcentuais: de pouco mais de um quarto para um terço das exportações, batendo em 32,3% em 2020.

##RECOMENDA##

Em um ano, as vendas aos chineses subiram de US$ 63,4 bilhões para US$ 67,8 bilhões (alta de 7%, em termos nominais), segundo dados do antigo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), hoje ligado ao Ministério da Economia. E isso se deu enquanto o total das exportações brasileiras caiu de US$ 225,4 bilhões, em 2019, para US$ 209,9 bilhões em 2020, por conta da crise internacional.

Recuperação desigual

Dois fenômenos ajudam a explicar o aumento da dependência em relação à China no ano passado, diz o estrategista do Banco Ourinvest e ex-secretário nacional de Comércio Exterior, Welber Barral. "O Brasil exportou mais carnes para a China, já que a peste suína lá fez crescer a demanda pelo produto, e também subiu a quantidade de outros produtos básicos demandados por eles no segundo semestre."

A expectativa do Banco Mundial é que o principal parceiro comercial do Brasil tenha crescido 2% no ano passado, enquanto a média mundial deve ser de uma queda de 4,4%.

Como efeito da retomada do país, os chineses voltaram a comprar do mundo, chegando a estocar alimentos, e as vendas de commodities brasileiras começaram a reagir, impulsionando o agronegócio, mesmo em um ano de recessão mundial.

"A China teve um desempenho muito bom no quarto trimestre de 2020. É um dos poucos países que devem ter crescido no ano, enquanto nos EUA, o número de mortos é assombroso e a pandemia segue descontrolada", avalia o coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Armando Castelar.

Ele lembra que o apetite chinês pelas commodities de que o Brasil depende para ter vantagem nas suas exportações - como a soja e o minério de ferro - deve crescer também este ano, dado que as projeções do Banco Mundial estimam uma alta de 7,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e alguns analistas já projetam crescimento de 9%.

Enquanto isso, a economia americana, o segundo principal destino das exportações brasileiras, pode crescer 6%, caso o presidente Joe Biden consiga colocar em prática seu pacote de estímulos de US$ 1,9 trilhão. "A maior parte do crescimento da demanda pelos produtos brasileiros, portanto, se dará pela China e a nossa dependência vai aumentar", reforça Castelar.

Relação conturbada

Parte dos atritos do próprio presidente Bolsonaro, do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e de aliados com os chineses se deve pelo alinhamento do governo brasileiro com o então presidente norte-americano Donald Trump, que não conseguiu conquistar um segundo mandato no ano passado.

Em algumas dessas demonstrações, Bolsonaro chamou de "vachina" a vacina fabricada pelo Instituto Butantan, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, e desacreditou diversas vezes o imunizante contra o coronavírus. As declarações dos bolsonaristas chegaram a gerar reações irritadas da diplomacia chinesa ao longo do ano.

Enquanto os chineses ganharam terreno nas vendas brasileiras ao exterior, no entanto, as exportações para os Estados Unidos caíram 27,6%, de US$ 29,7 bilhões em 2019 para US$ 21,5 bilhões em 2020, afetadas pelo tranco no comércio internacional durante a pandemia.

"Apesar dos atritos com o Brasil, a China é pragmática e se planeja para o longo prazo. Eles sabem que, da mesma forma que Trump passou, Bolsonaro também vai passar", diz Barral.

No fim de janeiro, temendo que as rusgas atrasassem o envio da matéria prima para vacinas, o presidente fez um giro em seu discurso e afagou o governo chinês em suas redes sociais, agradecendo a autorização para a vinda dos insumos.

"A revisão da postura do Brasil tem acontecido. É verdade que forçada pela necessidade de importar os insumos para a fabricação das vacinas contra a Covid-19, mas é bom que o governo reveja sua postura e ponha os interesses do País em primeiro lugar", completa Barral.

"De fato, a economia chinesa voltou ao patamar anterior à pandemia e é hoje a mais dinâmica. É a que entregou crescimento e, por isso, é natural que demande mais", diz a economista Fabiana D’atri, coordenadora de economia do Bradesco e que também é diretora econômica do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

A China, acrescenta Fabiana, abriu sua economia antes, conseguiu atender a sua própria demanda e depois a procura mundial por bens ligados à pandemia - máscaras, luvas etc. - e depois toda a parte de equipamentos usados para as atividades de home office, principalmente equipamentos eletrônicos, celular, cabos e fones.

Os analistas avaliam que a China se beneficiou no ano passado em duas pontas: primeiro, porque reconheceu e confirmou rapidamente a pandemia. Em seguida, por ter gerado os estímulos para responder à crise e ainda ganhar mercado. O Brasil, por sua vez, entrou na tendência global de demandar bens ligados à pandemia, seja eles na saúde ou tecnologia.

"Não é à toa que o valor do frete da China também explodiu. Mais uma vez, o que a gente pode perceber não é o Brasil ditando a sua exposição, mas a China ditando o ritmo não só do Brasil, mas do mundo inteiro", avalia Fabiana.

Ex-diplomatas defendem pragmatismo

Vai ser difícil para o governo do presidente Jair Bolsonaro manter o discurso ideológico fortemente 'antichina', que marcou a primeira metade do seu mandato, se quiser que o Brasil evite atritos ainda mais graves com seu principal parceiro comercial. Sob condição de anonimato, um diplomata do Itamaraty que já serviu ao País em Pequim revelou que o discurso de representantes e apoiadores do governo Bolsonaro contra a China virou motivo de piada entre membros de outras representações diplomáticas, sobretudo em um momento em que o País depende mais do comércio com os chineses.

"É como se o dono de uma loja cheia de dívidas resolvesse, sem motivo aparente, ofender seu principal freguês. Iria à falência em pouco tempo." E a opinião não é isolada: embaixador na China entre 1989 e 1992, Roberto Abdenur falou ao Estadão que a relação entre os dois países é mais de parceria do que de dependência, mas o governo brasileiro precisa reverter a "destruição" da política externa provocada desde 2019.

Já o representante do Brasil em Pequim de 2004 a 2008, Luiz Augusto de Castro Neves, aposta no pragmatismo chinês para contornar as tensões com Bolsonaro e diz que as negociações recentes de autoridades chinesas diretamente com governadores, em vez do Itamaraty, é parte da nova lógica internacional.

'Houve uma destruição da política externa brasileira'

O saldo dos dois primeiros anos de governo Bolsonaro nas relações exteriores é destrutivo, avalia o ex-embaixador na China Roberto Abdenur. Na entrevista a seguir, o ex-diplomata, que também já representou o Brasil em Washington, ressalta que a postura de "subserviência" do governo brasileiro em relação ao ex-presidente americano Donald Trump foi ruim para o País sob diferentes aspectos.

• É possível classificar a relação atual do Brasil com a China como uma dependência comercial?

A China despontou como parceiro comercial brasileiro, graças à imensa demanda por commodities, mas não creio que o Brasil seja dependente deles, no sentido de que eles não têm poder para ditar rumos ao governo brasileiro, assim como não éramos dependentes dos Estados Unidos, quando o peso deles era maior na balança brasileira.

• O que temos é uma parceria?

Temos uma parceria estratégica, que ajudei a lançar quando era embaixador em Pequim, até o início da década de 1990. De lá para cá, isso floresceu, graças ao extraordinário crescimento da China. Na época, já via o avanço chinês com otimismo, mas não imaginei que eles fossem sustentar esse crescimento por quase 30 anos, e que o país se transformaria em uma potência econômica, comercial, militar e tecnológica.

• Como definir a política externa brasileira no atual governo?

O que houve nos dois anos de Bolsonaro é que o Brasil não teve, a rigor, uma política externa. Houve uma destruição da diplomacia. As coisas de que falam o chanceler, Ernesto Araújo, e os assessores da ala ideológica são devaneios, uma nuvem de teorias da conspiração. Chegamos a considerar as próprias Nações Unidas algo indesejável. Nos tornamos o único país do mundo que ataca o multilateralismo.

• O saldo da relação muito próxima entre Bolsonaro e Trump é negativo para o Brasil, portanto?

No ano passado, houve um forte encolhimento do comércio com os EUA, muito por conta da pandemia, mas também por protecionismo. O ex-presidente Donald Trump impôs tarifas abusivas sobre aço, alumínio e etanol brasileiros. O comércio foi afetado, apesar de todas as concessões feitas por Bolsonaro, em uma postura inacreditável de subserviência.

• A afinidade entre os dois governos feriu o interesse nacional?

Na primeira metade de seu mandato, Bolsonaro se pendurou em Trump. Também já fui embaixador em Washington e as relações com os EUA eram conduzidas de outra forma. Ha- via diferença de tom, mas tam- bém uma linha de continuida- de que atravessou governos tão diferentes entre si, como o de Sarney, Collor, FHC e Lula.

'Papel do Itamaraty se tornou secundário'

Para o embaixador do Brasil em Pequim, de 2004 a 2008, e hoje presidente do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), Luiz Augusto de Castro Neves, o governo chinês optou pelo pragmatismo e não tem levado em consideração os ataques recebidos de alguns membros do governo brasileiro. "O governo brasileiro, nas suas manifestações públicas, tem apresentado algumas disfuncionalidades". A seguir, os principais trechos da entrevista ao Estadão.

• Apesar do discurso ‘antichina’ do governo, a exposição das exportações brasileiras à China saltou de 28%, em 2019, para 32%, em 2020. Teremos uma repetição deste aumento este ano?

Sim. A China, embora tenha crescido 2% no ano passado, sofreu uma desaceleração muito grande, o que gerou uma capacidade ociosa que deverá ser preenchida este ano. E o Brasil se mantém ainda em recessão e tem aumentado as exportações para o mercado chinês e reduzindo suas importações. O aumento das exportações para a China se dá por sua economia estar crescendo mais que a economia mundial.

• Mesmo com as compras de insumos para vacinas as importações de produtos chineses não devem ter destaque este ano?

A compra de produtos chineses, de modo geral, tende a se estabilizar ou até diminuir. As importações dos insumos necessários para a fabricação de vacinas contra a covid-19, quantitativamente, não serão decisivas, no agregado, para gerar um aumento nas importações. Nossas importações da China são basicamente de bens intermediários essenciais para a indústria.

• Os ataques feitos à China por membros do governo não causam ruídos nas negociações comerciais entre os dois países?

O governo brasileiro, nas suas manifestações públicas, tem apresentado algumas disfuncionalidades. São manifestações vinculadas ao governo e que exprimem posições pessoais. Mas o que tem prevalecido é o pragmatismo e, bem ou mal, a China ainda é o nosso maior parceiro comercial.

• Recentemente, os chineses andaram negociando com governadores e com o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia. É uma forma de reduzir o papel do Itamaraty, do Ministério das Relações Exteriores?

A China vai sempre negociar com interlocutores eficazes. O ex-presidente Michel Temer negociou com eles com a anuência do governo federal, mas é fato que o papel do Ministério de Relações Exteriores se tornou secundário. Mas esta tem sido uma tendência mundial. Se antes as negociações comerciais eram de exclusividade do Ministério de Relações Exteriores, hoje Estados e empresas privadas têm seus próprios canais de conexão com o mundo.

Falta de competitividade além das commodities ainda preocupa

Se a presença chinesa como principal comprador dos produtos brasileiros deve bater novos recordes, a falta de diversificação na pauta e no destino das exportações preocupa especialistas. Eles temem que a parceria, interesse de ambos os países, possa se transformar em uma armadilha para o Brasil.

Para Miguel Daoud, sócio-diretor da Global Financial Advisor e assessor econômico, ao mesmo tempo em que a relação comercial entre Brasil e China é alvissareira, é também preocupante na medida em que torna o Brasil dependente de um país.

"A gente sabe que a China vai continuar demandando. A nossa preocupação é com relação aos preços, porque estamos vivendo um momento de muita liquidez na economia mundial e esse dinheiro acaba indo para especulação em commodities."

Ele diz que o Brasil tem de aproveitar este momento. Mas precisa ficar atento para buscar alternativas à dependência da China porque ela não é boa. De acordo com ele, buscar outros mercados agora é muito difícil porque nenhum país no mundo tem a demanda da China.

"A estratégia seria agregar valores aos produtos internamente. Mas para isso, seria preciso fazer investimentos direcionados para adicionar valor à soja, ao milho e à carne, por exemplo. Precisaria ter toda uma estruturação de logística e investimento na industrialização dos produtos agrícolas", diz Daoud.

Só assim, segundo ele, o País terá mais segurança sem depender apenas dos pedidos da China. Mesmo porque os preços das commodities oscilam muito e, em algum momento, isso poderá prejudicar o Brasil.

A avaliação da economista Fabiana D’atri, coordenadora de economia do Bradesco e também diretora econômica do Conselho Empresarial BrasilChina (CEBC), é a de que a perspectiva da dependência brasileira da China tem que ser relativizada porque o contexto é de uma pandemia em que a China se posicionou bem.

Ao mesmo tempo em que as exportações para a China ganharam espaço, as importações de produtos chineses, sobretudo de componentes eletrônicos, também cresceram. Em 2020, 21,4% dos produtos importados pelo Brasil vieram de lá, ante 14,1% das compras feitas uma década antes, segundo estatísticas do Ministério da Economia.

"Vamos importar insumos e vacinas dos países autorizados e que os tiverem disponíveis. Parte importante virá da China, mas como porcentual da pauta, acredito que essa participação será pequena dado ao peso dos demais itens. Como falei, com a retomada da economia brasileira, vamos importar mais produtos manufaturados. Muitos vindos da China", conclui Fabiana.

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o Brasil ainda precisa melhorar a competitividade da sua indústria, para conseguir ganhar mercados com produtos de maior valor agregado. Um fator que prejudicou a indústria nacional foi a queda de 13% em 2020 na exportação para a Argentina, principal comprador de manufaturados brasileiros. "Sem ficar competitivo em produtos de maior valor agregado, o Brasil não conseguirá ganhar peso internacional."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma campanha foi lançada no Instagram para arrecadar fundos visando ajudar João Flávio Cordeiro da Silva, mais conhecido como Miró da Muribeca. O poeta das ruas do Recife foi internado na última semana, na clínica de reabilitação Raid, após uma recaída na dependência do álcool. De acordo com o boletim médico, ele está com a saúde debilitada e precisando da ajuda de um cuidador para a condução das necessidades básicas diárias. Por isso, amigos do artista, juntaram-se para arrecadar doações e pagar a contratação do profissional. 

Chamada de "Viva Miró", a campanha pode ser acessada através do perfil oficial dele - o @mirodamuribeca. Além do cuidador, segundo o pedido feito em uma publicação, a verba arrecadada também deverá ser usada para a "compra de medicamentos suplementares e objetos de primeira necessidade". 

##RECOMENDA##

Uma publicação feita neste domingo (5) conta como está o poeta: "Conversamos com a psicóloga de plantão e, segundo ela, ele se encontra melhor do que quando deu entrada, mas ainda inspira cuidados, não sendo capaz de alimentar-se sozinho ou de realizar necessidades sem apoio. Por isso, será necessário contratar um cuidador pelo menos por uns sete dias. Precisamos angariar fundos para pagar esse cuidador. Aqueles que queiram colaborar, mandem mensagem direta".

[@#video#@]

O ator Fábio Assunção enfrenta uma batalha na luta contra a dependência química. Vivendo sozinho durante a quarentena do coronavírus, Fábio tem dedicado o tempo para cuidar de si. Em uma entrevista à revista Veja, ele contou como tem levado sua recuperação na batalha contra o álcool e as drogas.

Sem o consumo de bebidas desde o início do ano, Fábio comentou durante sua entrevista que considera seu vício em drogas sob controle e a compulsão “bem acolhida - só fumo cigarro”.

##RECOMENDA##

Fábio perdeu quase 30 quilos e ganhou músculos, mudando radicalmente a aparência. Estuda o Ifá, sistema religioso de origem nigeriana e está aprendendo o dialeto iorubá, entre outros idiomas. Além de estudar a teoria dos direitos humanos em um grupo de estudos.

“Pela primeira vez estou tendo tempo para me dedicar mais ao conhecimento, em encontros virtuais com meu grupo de teoria crítica de direitos humanos, e também para estudar línguas. Tenho aulas de italiano, inglês e iorubá. Além disso, treino pelo menos cinco vezes por semana”, disse o artista.

Durante a entrevista, Fábio revelou que considerou “muito ruim” encarar toda a exposição pública de seus vícios. Ao ser questionado se teve medo de ter uma recaída na quarentena, o ator comentou que essa questão é a pauta da vida de qualquer pessoa que tem um vício. “O medo me acompanha. Não posso dar brechas”, comentou ele.

Pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos afirmou que a esquerda não pode depender exclusivamente do que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) projeta para o país. 

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Boulos ponderou respeitar Lula, mas também fez questão de salientar que o projeto dele é o "fortalecimento do PT". "Muita gente fica apenas esperando o que Lula vai dizer ou fazer, e a esquerda brasileira não pode depender disso", argumentou. 

##RECOMENDA##

No mesmo sentido, Boulos observa que sua pré-candidatura ao comando da cidade de São Paulo não dependia da desistência do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) - que já confirmou estar fora da disputa. 

"Minha pré-candidatura nunca dependeu da posição de Haddad, do PT ou de qualquer outro partido, O PSOL tem condições de ter um projeto próprio em São Paulo, que compatibilize a defesa da unidade da oposição a Bolsonaro, mas com renovação, com um projeto de direito à cidade, uma cidade radicalmente democrática”, considerou Guilherme Boulos.

Ainda na ótica do líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a participação do PSOL nas eleições de São Paulo não está atrelada ao apoio do PT à candidatura de Marcelo Freixo (PSOL) no Rio de Janeiro. 

“Sou um dos maiores defensores da unidade de esquerda. Mas unidade não se faz com imposição, nem com troca olhando um mapa. O apoio [do PT] ao Freixo no Rio se construiu nos últimos anos. Cada cidade tem uma realidade e São Paulo não está dando condições para uma unidade no primeiro turno. O PSOL vai ter candidatura própria e não aceitaria qualquer tipo de imposição”, salientou. 

Boulos cita também, durante a entrevista, que logo após Lula deixar a cadeia houve "certa histeria dizendo que ele polarizou a esquerda e o bolsonarismo". Contudo, para o psolista, essa é uma tese “falsa”. 

“Querer equiparar um discurso que defende enfrentamento a Bolsonaro e que o povo vá às ruas com a desagregação institucional que Bolsonaro está promovendo. O que as pessoas esperam? Que tenha um governo selvagem de um lado e uma oposição dócil e bem comportada do outro? O mínimo que a oposição pode fazer diante de Bolsonaro é elevar o tom e levar o enfrentamento para as ruas do país”, disse, concluindo que “já passou da hora de ter articulações mais fortes contra o fascismo”. 

Quando decidiu restringir o acesso do filho ao computador, Mariana (nome fictício) observou um comportamento diferente daquele que o adolescente costumava demonstrar. O garoto, então com 12 anos, se revoltava contra os pais quando era obrigado a ficar algumas horas sem usar a internet. Xingava, gritava e arremessava objetos. Parecia outra pessoa, segundo relato da própria mãe. "Ele tinha um ódio no olhar, ficava totalmente transtornado. Não era mais aquele menino doce e carinhoso", conta ela.

Mariana decidiu procurar ajuda. Passou a participar de um grupo de apoio a pais e parentes de jovens que fazem uso abusivo de tecnologias. Ao frequentar as sessões, coordenadas por profissionais do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (IPq-HC/USP), percebeu que o que o filho tinha era um vício e conheceu outras famílias com o mesmo drama.

##RECOMENDA##

O fenômeno, já notado por alguns pais, está sendo quantificado por uma pesquisa pioneira no Brasil. Levantamento da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) com mais de 2 mil adolescentes mostra que 25,3% são dependentes moderados ou graves de internet.

"Como a amostra pesquisada é grande, é um estudo representativo da realidade dos centros urbanizados brasileiros", ressalta Hermano Tavares, coordenador do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do IPq, que conta com um grupo de tratamento para dependência tecnológica.

O estudo foi feito com jovens de 15 a 19 anos de escolas públicas e privadas da região metropolitana de Vitória. Eles responderam a um questionário internacionalmente utilizado para verificar o vício digital, o Teste de Dependência de Internet (ou Internet Addiction Test, em sua versão original, em inglês).

Mais do que medir o tempo de uso das redes, a avaliação tem como objetivo verificar como acesso à internet impacta na rotina, emoções e relacionamentos dos usuários.

É esse impacto, segundo especialistas e pais de jovens, o principal indicador de quando o uso da internet torna-se problemático. No caso do filho de Mariana, hoje com 16 anos, o vício em jogos online trouxe, além de comportamento agressivo, queda de rendimento na escola, ansiedade e atitudes antissociais. "É triste abrir a porta do quarto do filho, saber que ele tem a oportunidade de frequentar tantos lugares e vê-lo só enfurnado em casa", diz.

Mais problemas

Outro reflexo da dependência tecnológica é a presença de transtornos mentais associados. Segundo George Nunes Bueno, pesquisador da Ufes e um dos responsáveis pelo estudo, a proporção de jovens com sintomas de ansiedade no grupo de dependentes tecnológicos é o dobro da verificada entre não dependentes (34%, ante 17%).

"O número de dependentes é maior entre os que dizem usar a internet para se divertir, passar tempo livre ou que considera a internet uma companhia", explica o especialista.

Razões

A solidão e a baixa autoestima são algumas das razões para o uso problemático da internet, principalmente entre os mais jovens. "A autoimagem é muito importante na adolescência e muitos encontram nas redes sociais a aprovação e a popularidade que não encontram fora da internet", diz Sheila Niskier, médica do adolescente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Para o psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do grupo de dependências tecnológicas do IPq-HC, outra razão para o uso excessivo de internet entre jovens brasileiros é a enorme desigualdade sociocultural do País. "Perante a web, todos são iguais e têm oportunidades de cultura similares", afirma.

Ele afirma ainda que a violência urbana registrada nas cidades brasileiras faz com que os próprios pais prefiram que os filhos permaneçam em casa, no computador, a que façam atividades externas.

Para os especialistas, é importante que os pais saibam identificar o problema, impor limites e mudar hábitos dentro de casa. "O adolescente tem o pé no acelerador das emoções, é impulsivo. O controle tem de ser externo. Muitas vezes o uso da internet está preenchendo um vazio na família", afirma Sheila.

Depoimento:'Meu filho ficou irreconhecível. Até espumava'

Até os 14 anos, o Lucas (nome fictício) era bem tranquilo. Aos 15, começou a apresentar sinais de que não estava bem. Nós tínhamos mudado de bairro e ele ficava mais tempo em casa, quase sempre no computador. Nessa época, comecei a notar que ele se tornou mais agressivo e explosivo. Passava umas dez horas por dia na internet. Quando ele tinha 16 anos, tiramos o computador de casa para usar em um comércio que tínhamos aberto.

Ele passou a jogar escondido, mas, quando não conseguia, demonstrava raiva, até mudava a feição. Em uma dessas crises, pegou uma faca para tentar agredir o irmão. Tivemos de chamar a polícia. Em outra, arrancou os fios do computador da parede, quebrou dois celulares, ficou irreconhecível, até espumava, de tanta raiva. Chegamos no limite quando ele se trancou no quarto e ficou segurando uma faca contra o peito, dizendo que ia se matar. Conseguimos entrar e tirar a faca dele.

Fomos ao hospital com ele, passamos em psiquiatra e começamos a procurar ajuda para dependência em tecnologia. Foi então que toda a família passou a frequentar o grupo de apoio a familiares de dependentes em internet do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. Todos tiveram de mudar hábitos e aprender a pôr limites.

Avaliando a criação do Lucas, percebo que sempre fomos permissivos, não colocávamos limites, fazíamos de tudo para evitar frustrações. Desde que começamos o acompanhamento, há quatro meses, estamos tentando mudar.

Em primeiro lugar, o pai, que era caminhoneiro, mudou de emprego para ficar mais presente. Passamos a equilibrar os deveres do Lucas com privilégios. Agora, ele tem limite de horas no computador, tem de frequentar cursos. Estamos mais presentes e isso está fazendo a diferença.

Terapia com pais

A cada 15 dias, um grupo de pais e parentes de jovens se reúne em um sobrado em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, para aprender a lidar com o inusitado vício dos filhos. A maioria está na faixa dos 40 ou 50 anos e tem filhos adolescentes.

Quando tornaram-se pais e mães, relatam, um dos principais medos era de que os filhos se tornassem dependentes de drogas ou álcool, ou que fossem vítimas de violência.

Também temiam (e queriam evitar) ter com os filhos uma relação autoritária como a que vivenciaram com os pais, sem diálogo e com muitas regras.

Mas o que hoje tem se manifestado como principal preocupação da paternidade foi algo inesperado: a apatia que os filhos demonstram com qualquer atividade que não esteja relacionada ao uso da internet. "Se ele não pode estar no computador, fica deitado na cama e dorme o dia todo", conta o pai de um jovem de 23 anos. "Parece que não tem uma motivação na vida, não consegue tomar decisões", relata outro.

A psicóloga Sylvia Van Enck, do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, conduz as sessões de terapia.

Em uma delas, acompanhada pelo Estado, ela convida os presentes a revisitarem sua adolescência, lembrando que, quando jovens, eles também desafiavam os pais e queriam quebrar regras, mas que a resposta dos responsáveis era diferente.

"Antigamente os pais se impunham gerando medo, e não queremos reproduzir isso hoje. Mas também precisamos perceber o tanto de privilégios que temos concedido antes mesmo que os filhos cumpram com suas obrigações", diz ela.

A ideia não é trazer culpa aos pais, mas ensiná-los a balancear diálogo com limites. "Muitas vezes os pais temem as reações dos filhos e evitam o conflito, mas isso leva a um distanciamento maior. Definir tarefas e obrigações para eles é uma forma de integrá-los à família e fazer com que eles se sintam úteis. Nos jogos online ou nas redes sociais, muitas vezes eles se sentem valorizados e por isso querem ficar só naquele mundo", destaca Sylvia.

Foi essa a principal mudança adotada por Mariana no trato com o filho de 16 anos após frequentar o grupo do IPq. "Mais importante do que superprotegê-lo é analisar as reações dele e ir negociando. Não precisamos ser autoritários, mas é preciso mostrar, mesmo que de forma sutil, liderança", diz.

Detox digital

Com o crescente número de jovens que manifestam uso abusivo de internet, especialistas resolveram se unir ao governo federal para criar um programa que conscientize pais e filhos sobre o uso adequado de tecnologias.

Capitaneado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o programa Reconecte oferecerá cartilhas e vídeos informativos sobre como a tecnologia pode ser usada de forma proveitosa, mas sem criar prejuízos em aspectos como saúde mental e segurança.

"A tecnologia traz inúmeros benefícios, mas pode ser problemática. Queremos promover o fortalecimento do vínculo familiar como forma de evitar esse uso abusivo. Vemos que, muitas vezes, o uso problemático está relacionado a uma fragmentação do diálogo, a uma piora da escuta em casa", diz Angela Vidal Gandra da Silva Martins, secretária Nacional da Família da pasta.

Entre as ações está o Detox Digital Brasil, data em que o governo promoverá atividades culturais convidando as famílias a ficar um dia longe da internet. A ação será realizada no dia 8 de dezembro.

Segundo Daniel Celestino de Freitas Pereira, coordenador geral de enfrentamento a vícios e impactos negativos do uso imoderado de novas tecnologias do ministério, além de ações em cinco eixos (cultura, responsabilidade, dignidade humana, saúde e segurança), o programa Reconecte deverá fazer um levantamento sobre o assunto. "Queremos fazer uma grande pesquisa nacional sobre a saúde mental relacionada ao uso de tecnologias." Pereira afirma que uma das possibilidades avaliadas é de que esse estudo seja feito em parceria com o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.

O grupo de dependência tecnológica do instituto, coordenado pelo psicólogo Cristiano Nabuco, já vem atuando em conjunto com o ministério com consultoria técnica sobre o tema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Brasil chegou ao título da Copa América, neste domingo (7), ao bater o Peru, com um importante legado para o trabalho da equipe. A campanha invicta, as boas partidas e as atuações convincentes deixam o importante recado de que é possível, sim, jogar um bom futebol sem contar com o principal jogador, o atacante Neymar, e ainda criar um forte espírito coletivo no time.

A grave lesão no tornozelo direito do jogador a pouco mais de uma semana para o início do torneio representou um duro golpe. O Brasil viu se repetir o drama da Copa de 2014, quando também ficou sem o camisa 10, na época com um problema grave nas costas. Desta vez, as diferenças principais eram a chance de ter um tempo para se preparar para a perda e ajeitar o time até a estreia, fora uma estrutura coletiva mais sólida.

##RECOMENDA##

"Eu lembro que o Pelé se machucou na Copa de 1962, o Amarildo entrou e arrebentou. Não é desmerecimento. O Neymar é diferenciado, faz as coisas com uma criatividade e velocidade impressionantes, mas o conjunto está forte e isso é o mais importante", disse Tite.

O técnico Tite foi em busca de opções e não teve medo de repensar as escolhas. Primeiramente, apostou em David Neres na ponta esquerda, para depois mudar de ideia e optar por Everton, a principal descoberta desta Copa América. Como substituto para o corte, resolveu trazer o experiente Willian, atacante com mais de uma década de seleção brasileira e figura importante em momentos decisivos, como no pênalti convertido contra o Paraguai.

O impacto da ausência da Neymar não mexeu tanto com os adversários. Alguns até mesmo disseram ter ficado até mais difícil enfrentar o Brasil agora, como foi o caso do técnico boliviano Eduardo Villegas. "Defensivamente ele (Neymar) é um jogador que não volta a marcar com frequência. Para mim eu até fico mais preocupado, porque o Brasil se torna um adversário mais compacto e organizado no setor defensivo", disse.

Com uma defesa forte e uma base entrosada após os últimos três anos, o Brasil tinha bons alicerces para disputar a competição sem Neymar. Faltava ajeitar o ataque. O setor passou por algumas mudanças ao longo do torneio e os testes serviram principalmente para alguns jogadores aceitarem assumir um protagonismo a mais na seleção já que sem Neymar, esse papel teria de ser dividido.

Philippe Coutinho ajudou a comandar o time em alguns momentos, como nos dois gols marcados sobre a Bolívia, na abertura. "Ele está chamando a responsabilidade. Sem o Neymar, nossa grande estrela, o Couto é a nossa referência", disse o zagueiro Thiago Silva. Logo depois, outros jogadores também cresceram em importância. Gabriel Jesus, Firmino e Everton, por exemplo, viraram peças fundamentais na campanha e formaram o novo trio ofensivo.

O Brasil se redescobriu sem Neymar. Virou um time mais coletivo com o otimismo de saber que com a futura volta do camisa 10, terá ainda mais a ganhar. A Copa América revelou que a equipe não precisa mais temer quando ficar novamente sem o jogador em alguma outra ocasião.

Hunter, filho do ex-vice-presidente dos Estados Unidos e pré-candidato democrata Joe Biden, falou sobre seus problemas com as drogas e o álcool em entrevista publicada nesta segunda-feira (1°) pela revista New Yorker.

"Estava em um túnel, um túnel sem fim", disse Hunter Biden, 49 anos, sobre sua dependência. "Você não consegue escapar, só aprende a viver com isto".

Um dos parentes revela que em certo momento Hunter se viu com "uma arma na testa" quando tentava comprar crack com um morador de rua em Los Angeles, em 2016.

"Ele voltou a comprar mais crack algumas vezes esta semana", diz um trecho do artigo sobre um período tumultuado da vida de Hunter.

Joe Biden, 76, vice-presidente de Barack Obama entre 2009 e 2017, lidera as pesquisas sobre a indicação democrata para enfrentar o presidente republicano Donald Trump nas eleições de 2020.

Biden é conhecido por enfrentar repetidas tragédias familiares. Pouco depois de ser eleito para o Senado, em 1972, o político perdeu sua mulher e sua filha em um acidente automobilístico, no qual Hunter e seu irmão Beau Biden ficaram gravemente feridos.

Beau se converteu em uma estrela em ascensão do partido democrata, mas morreu de câncer em 2015, um evento que descarrilou a esperada candidatura de Biden à indicação democrata em 2016.

Dependência tecnológica se caracteriza pela perda de controle na utilização das ferramentas. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

##RECOMENDA##

A rotina já estava insustentável quando a jornalista Tallita Marques precisou ser socorrida e encaminhada às pressas para o hospital. Ela foi vítima de uma forte crise asmática, desencadeada por três meses de ansiedade e estresse. “Trabalhava em uma TV e dava aulas em uma instituição de ensino. Deixei as duas ocupações para abrir um café com meu marido e acabei ficando com a parte de comunicação da empresa. Criamos um grupo no WhatsApp com outros cafés para organizar um grande evento coletivo, comecei a passar o dia no WhatsApp”, lembra.

Celular sempre em mãos, irritação constante e dificuldade de dormir. Em contato contínuo com a imprensa, possíveis patrocinadores e outros empresários, Tallita desenvolveu o que psiquiatras e cientistas definem como nomofobia, a dependência em celular. O uso compulsivo dos aparelhos móveis é um dos tipos de dependência tecnológica, guarda-chuva que inclui ainda o vício em jogos digitais e em internet. Geralmente associadas a um transtorno primário, tais doenças podem ter origem na ansiedade. 

“Identifiquei que tinha ansiedade em 2003, aos 22 anos, quando estava na faculdade, estagiando em uma rádio e no Cremepe (Conselho Regional de Medicina de Pernambuco), onde um médico me deu um diagnóstico de princípio de anorexia nervosa. Eu corria de um canto para outro, sentia fome, mas quando dava vontade de comer, começava a vomitar”, lembra Tallita. Após perder seis quilos, ela seguiu as recomendações médicas e passou a tomar o remédio receitado. “Comecei a diminuir meu ritmo de vida e aquilo se controlou. Em 2017, veio o primeiro evento das cafeterias e eu senti que estava caminhando novamente para esse tipo de problema”, lamenta. Para Tallita, foi o uso excessivo do Whatsapp que desencadeou a crise respiratória responsável por seu internamento. “Antes, com o telefone, você não conseguia falar com muitas pessoas ao mesmo tempo. No WhatsApp, você fala com muitas simultaneamente e todas querendo uma resposta urgente, o que gera uma grande pressão psicológica para responder rápido”, coloca.

Tallita foi encaminhada ao hospital com uma crise respiratória, decorrente da ansiedade. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

De acordo com relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em 2015, o Brasil chegou a ter 120 milhões de pessoas conectadas à internet, o quarto maior volume do mundo. Um levantamento do Mobile Ecosystem Forum (MEF) aponta que a nação é o segundo país que mais usa o WhatsApp. Diante de tais informações, não chega ser impressionante a conclusão do estudo promovido pela Statista Digital Market no ano de 2016, cujo resultado aponta que os brasileiros constituem o povo a gastar a maior média de tempo do mundo nos smartphones: 4 horas e 48 minutos por dia.

“O problema não é a tecnologia, mas como as pessoas se relacionam com ela. O que a gente chama de uso consciente, basicamente, é aquele que não atrapalha a vida do usuário. Existe também o uso abusivo, em que o virtual atrapalha o real, mas não há perda de controle, diferente do acontece com quem uso abusivo dependente da tecnologia”, explica Eduardo Guedes, pesquisador do Laboratório de Pânico e Respiração do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - LABPR/IPUB - e membro do Instituto Delete, primeira empresa do Brasil especializada em “detox digital”. 

Segundo Eduardo, pelo menos cinco indícios apontam a perda de controle do usuário com a ferramenta tecnológica, configurando a dependência. Ele destaca a constante sensação de segurança e prazer (o usuário confere constantemente quantas ‘curtidas’ recebeu), a relevância da tecnologia na vida do indivíduo (usuário leva o celular para o banheiro ou dorme ao seu lado) e a tolerância à ausência da ferramenta, inclusive afirmando serem comuns os relatos de pessoas que se recusam a frequentarem lugares sem internet disponível, por exemplo. “Há ainda a abstinência, caso se, sem a ferramenta, o usuário se sinta triste, angustiado ou irritado, além da existência de conflitos diretos e indiretos como, por exemplo, perda de rendimento no trabalho ou brigas constantes com cônjuge”, acrescenta o pesquisador.

Tallita estabeleceu um horário para conferir as mensagens no celular. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Com o celular invariavelmente ao lado da cama, Tallita sentia dificuldade para dormir, acordando várias vezes na mesma noite. “Nessa época, eu identifiquei que estava tendo problemas com meu marido, porque eu ficava estressada e irritada, além de ter colocado o evento que estava produzindo como prioridade. Como eu recebia e-mails e notificações durante a madrugada, desabilitei algumas funções, respirei e disse: ‘não quero isso pra mim’”, lembra. Àquela altura, Tallita já havia compreendido que o cansaço constante havia evoluído para um quadro de dispneia suspirosa, responsável pela sensação de fôlego curto que a levou ao hospital. “Foi quando fiz uma postagem nas redes sociais, estabelecendo um horário para responder as mensagens: entre nove da manhã e nove da noite, o que ainda era muito, mas fez grande diferença”, coloca.  

Depois de precisar ficar afastada do trabalho devido ao período de internação, Tallita acredita que os profissionais da área de comunicação são extremamente suscetíveis à dependência tecnológica. “O smartphone nos dá a possibilidade de ter uma boa câmera, gravar áudio e produzir vídeos, além de fazer uma publicação imediatamente”, comenta. Segundo aponta a pesquisa “Prevalência dos transtornos de ansiedade como causa de afastamento de trabalhadores”, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), contudo, a maior parte dos trabalhadores afastados por ansiedade ganha entre um e dois salários mínimos, sendo principalmente composta por mulheres residentes em áreas urbanas, com idade entre 22 e 45 anos. O estudo conclui que a associação entre baixa renda e ansiedade se dá em decorrência da carência de recursos financeiros para as condições gerais de saúde “e, essencialmente, na saúde mental". "Desse modo, a baixa renda relaciona-se ao elevado índice de transtornos mentais que surgem em decorrência da redução do poder, insegurança e cumprimento de papéis sociais, dentre outros fatores”, acrescenta a análise.

 

“Nossa sociedade não tem como abolir o uso do celular, mas saí de muitos grupos e passei a usar menos, quando delimitei o tempo de trabalho. O WhatsApp faz você viver numa sociedade que está ali num campo que não é físico, você conversa com várias pessoas, mas está sozinho numa sala. Melhor viver a vida real, o que é tangível”, argumenta Tallita.

A psicóloga doutora em saúde mental e professora da pós-graduação do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, Anna Lucia King, esclarece o porquê de a ansiedade ser definida como, ao invés de causa, possível transtorno primário da dependência tecnológica. “As tecnologias são um canal de representação do que já existe na pessoa. Não é a dependência que tratamos, mas o transtorno de origem: ansiedade, depressão e compulsão, por exemplo”, explica. A pesquisadora destaca ainda os prejuízos à postura que podem ser causados pelo uso abusivo do celular. “As pessoas baixam o pescoço, em média, cem vezes por dia, então o pescoço se projeta para frente, o que acaba causando problemas na coluna cervical. Também são comuns problemas na visão e nas articulações”, alerta.

Tallita Marques fala sobre seu processo de dependência com o celular:

[@#video#@]

Para Hermano Tavares, afiliado à Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), doutor em psiquiatria pela Universidade de São Paulo (USP) e fundador do ambulatório integrado que trata pelo menos dez condições diferentes de perda de controle, é preciso esclarecer que a dependência tecnológica é um campo que inclui diversas síndromes. “A gente pode estar falando de internet, celular ou videogame, por exemplo. Quem é viciado em tabaco, não necessariamente é em fumo. É importante frisar que a diferença é que, se você vai tratar alguém para tabaco, em geral, a meta é não fumar nunca mais. No caso, do uso da tecnologia, fica cada vez mais difícil, se não impossível”, coloca.

Assim, o Dr. Hermano Tavares defende que o tratamento consista em identificar os contextos em que o uso da tecnologia é desejável, para que a relação do indivíduo com as ferramentas seja transformada e regrada. Primeiro, o paciente passa por uma avaliação psiquiátrica e psicológica, em que o diagnóstico é confirmado. “Depois, é feita outra avaliação mais ampla, para verificação da associação de outros transtornos que podem estar acontecendo conjuntamente e isso ocorre numa proporção variável”, explica o pesquisador. Posteriormente, são tratadas as condições psiquiátricas associadas e a questão da tecnologia, esta última, a partir de grupos psicoterápicos de orientação cognitiva comportamental, uma abordagem focada nos sistemas de significados criados pelos pacientes, que influenciam suas emoções e comportamentos. “É preciso identificar os contextos em que o uso da tecnologia é desejável e pode acontecer dentro de um melhor controle. A proposta não é acabar com a relação da pessoa com a ferramenta, mas fazer com que ele pare de se apoiar nela como uma forma de promover regulação de humor”, destaca.

1- Bom senso para que o uso não se torne abuso no cotidiano; 

2- Fique atento às consequências físicas (como privação de sono, dores na coluna, problemas de visão) e psicológicas (como depressão, angústia, ansiedade) devido ao uso abusivo;

3- Dose a prática de uso de tecnologias no cotidiano. Verifique se seu desempenho acadêmico ou no trabalho estão sendo prejudicados;

4- Reflita sobre seus hábitos cotidianos e faça diferente;

5- Não troque atividades ao ar livre para ficar conectado; 

6- Prefira uma vida social real à virtual, escolhendo relacionamentos/amizades reais ao invés de virtuais;

7- Pratique exercícios físicos regularmente/Faça intervalos regulares durante o uso das tecnologias;

8- Não abale o seu humor com publicações virtuais/não acredite em tudo o que é postado;

9- Valorize suas relações familiares;

10- Pense no meio ambiente, recicle os aparelhos e evite a troca frequente sem necessidade.

Fonte: Instituto Delete

Reportagem integra o especial “Ansiedade”. Produzido pelo LeiaJá, o trabalho jornalístico detalha como a doença afeta pessoas de todo o mundo, bem como mostra as formas de tratamento. Confira as demais matérias:

1 - 'Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis'

2 - Os brasileiros são os mais ansiosos do mundo

4 - Depressão e ansiedade podem andar juntas

5 - Muito além do divã: tratamento clínico pode ser integrado

A deputada estadual eleita Gleide Ângelo (PSB) entrou para a história do estado ao se tornar a mais votada na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Com mais de 400 mil votos recebidos, a expectativa da grande maioria dos pernambucanos é que a delegada exerça um mandato com um olhar especial em prol das mulheres, em especial às que sofreram algum tipo de violência. 

Antes mesmo do início do mandato, um projeto de Gleide já chama atenção: ela pretende criar um tipo de auxílio financeiro para as mulheres de Pernambucano, que pode ser denominado "Fundo Mulher". De acordo com o que explicou, em entrevista à Rádio Folha, o objetivo é ajudar as que depende do parceiro financeiramente e, por isso, continuam na relação.  

##RECOMENDA##

Gleide contou que outros estados já possuem o fundo. "A gente sabe que estado está em dificuldade financeira, a gente sabe disso, mas quando você cria um fundo onde quem pode participar são organismos internacionais, empresas privadas, muita gente por meio de convênios, por meio de cooperação, que pode depositar dinheiro nesse fundo. Toda verba que entre nesse fundo vai ser o que, vai ser para política de prevenção de violência contra mulher. 

Ela ainda falou que está preparada para a cobrança. "Podem esperar uma deputada combativa em constante luta em favor das mulheres. De antemão, já asseguro que vou buscar ser presidente da comissão da mulher na Alepe”. 

Recentemente, Gleide afirmou que violência não é “mimimi”. Ela chegou a convidar as pessoas a passarem um dia na Delegacia da Mulher de Santo Amaro para presenciar quantas mulheres chegam espancadas, lesionadas e até mesmo com dentes e braços quebrados. “Você faz de conta que não vê, você prefere fazer de conta que o problema é do vizinho, que não chegou na sua casa, mas se você não fizer nada vai chegar na tua filha, na tua irmã, na tua neta”, avisou.

Uma pesquisa realizada pela Motorola com 20 mil pessoas revelou que 41,52% dos brasileiros são teledependentes, uma daquelas pessoas que nunca deixam de usar telefone, ficam no celular de manhã, antes de dormir, sempre que podem no tempo livre e se pegam olhando para o aparelho só pelo fato de ele estar lá.

Em contrapartida, 32% dos pesquisados se enquadraram no perfil teleconsciente, ou seja, alcançaram um estado de equilíbrio no uso do smartphone. O estudo também mostra que apenas 5,56% dos entrevistados usam o aparelho para funções básicas como ver a hora e fazer ligações e não gostam nem de enviar mensagens de texto.

##RECOMENDA##

Outro dado interessante é que 1,5% dos entrevistados nunca deixam o telefone de lado e sentem-se vulneráveis e estressados sem ele. Nesse ponto, o estudo descobriu que 65% admitem sentir pânico ao pensar que perderam o smartphone, e que 29% concordam que, quando não estão usando, estão pensando em usar o celular na próxima vez em que estiverem com ele.

Do total dos participantes, 63% eram do sexo masculino e 70% da faixa etária de 10 a 29 anos. O estudo, publicado pela empresa independente Ipsos, foi feito por meio do site da Motorola e das redes sociais, de forma orgânica.

LeiaJá também

--> Bistrô troca dados pessoais de clientes por café grátis

O "transtorno do jogo" (gaming disorder) será reconhecido em breve como uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), anunciou nesta sexta-feira em Genebra um porta-voz da agência da ONU.

Os riscos de vício relacionados com esse "transtorno" serão adicionados à 11ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID), que será publicada em junho, indicou o porta-voz Tarik Jasarevic em um encontro com a imprensa. Este manual, editado pela OMS, é baseado em conclusões de especialistas em saúde do mundo inteiro.

A definição do "gaming disorder" é "um comportamento relacionado com os jogos eletrônicos pela internet e fora da rede que se caracteriza por uma perda de controle do jogo, uma prioridade cada vez maior dada ao jogo em relação a outras atividades, até o ponto em que ele predomina sobre outros centros de interesse", indicou Jasarevic.

Entre os sintomas figura "a continuação e o aumento da atividade apesar do aparecimento de consequências negativas". Segundo os especialistas da OMS, um indivíduo deve mostrar um vício anormal ao jogo durante meses antes de ser diagnosticado como afetado pelo transtorno, que será classificado como "comportamento viciante", acrescentou o porta-voz.

Mas ressaltou que é prematuro especular sobre a amplitude do problema, e acrescentou que "há pessoas que pedem ajuda", de modo que o reconhecimento formal de sua condição ajudará a desencadear novas pesquisas e novos recursos para combater o problema.

Quem passou pelo centro da capital paraense na manhã de sábado (10) se espantou ao ver três atores, um fantasiado de demônio e outros dois caracterizados com uma camisa da seleção brasileira suja, interligados com uma corrente e fazendo gestos que simulavam o uso de drogas. A apresentação cênica fez parte de uma marcha contra as drogas, ato promovido pela Frente Pará contras as Drogas, presidida por Walmir Gomes, em parceria com escolas, centros de recuperação, catadores de lixo, ONGs de promoção social e escolas públicas da cidade. Segundo a organização, o ato envolveu 2.500 pessoas, na maioria jovens e adolescentes.

Na encenação, o Teatro Águia, grupo formando por Marcia Sarah e seus dois filhos, Lucas e Quéren Sarah, apresentou o maleficio que as drogas trazem junto com o prazer momentâneo. “As correntes simbolizam a dependência que a droga causa no usuário, a figura do demônio simboliza o mal que ela é para o dependente e a camisa verde e amarela suja representa o quanto a nação está sendo manchada pela violência, muitas vezes gerada pelos entorpecentes e o tráfico delas”, afirma Lucas Sarah, fundador do grupo que há quase oitos anos encena peças nas praças da cidades para moradores de rua e quem transita pelos locais.

##RECOMENDA##

Durante o percurso da marcha que começou ao lado do Teatro da Paz e se encerrou em frente ao mercado de São Brás, o grupo também falou de violência, quando os personagens brigavam entre si pelas drogas e mostravam réplicas de facões e armas de fogo, um para o outro. Próximo ao fim da manifestação a atriz Quéren Sarah encenou como o dependente químico entra em overdose. A atriz se contorceu no meio da avenida Magalhães Barata e enquanto se batia no chão quem estava na parada de ônibus e caminhava pela calçada se espantava com o que via. “A intenção é essa, viemos para chocar a opinião de quem passa por aqui. A ideia de se maquiar como zumbis acorrentados é para demonstrar pelo menos um pouco o inferno que é para a família dos usuários de drogas.

Márcia Sarah, evangélica, conta que a ideia de fazer a peça teatral na frente da marcha foi do jornalista Walmir Gomes, organizador da marcha e líder da Frente Pará. “Walmir conhece o nosso trabalho há muitos anos, acredito que as encenações nos semáforos de Belém contribuíram para estarmos aqui. Quando o sinal fecha e os pedestres atravessam a via, nós invadimos o asfalto mostrando cenas de overdoses e outras consequências que os entorpecentes causam”, conta a evangélica. Os vídeos das apresentações do grupo na marcha e de seus outros trabalhos com moradores de rua e nos semáforos da cidade estão disponíveis no youtube, http://www.youtube.com/MinistérioÁguiaTeatroCristão, e no blog http://www.teatroaguia.blogspot.com/

Por Lucas Sarah.

[@#galeria#@]

 

Um estudo publicado pela revista Trends Neuroscience comprovou a eficácia no uso da maconha para auxiliar no tratamento de dependentes químicos de heroína. A pesquisa-piloto foi feita com humanos e animais. 

De acordo com informações de O Estado de S.Paulo, a neurocientista Yasmin Hurd, da Escola de Medicina Mount Sinai, explica que os canabinois - substância presenta na marijuana - atuam de forma a amenizar os efeitos devastadores dos opioides (substância da heroína).

##RECOMENDA##

Ambas substâncias interferem na percepção de dor das pessoas, mas os canabinoides "têm uma margem maior de benefícios terapêuticos sem causar uma overdose", assegurou Hurd. 

Pesquisadores brasileiros acreditam que os elementos existentes na maconha possam ser utilizados, medicinalmente, para tratar a dependência de usuários de crack. 

Com informações de O Estado de S.Paulo

 

[@#galeria#@]

Alunos do curso de Técnico em Reabilitação de Dependente Químico, oferecido pela Universidade da Amazônia (Unama), realizaram, na terça-feira (8), um evento com o intuito de promover ações de prevenção ao consumo de drogas e propiciar a interatividade com jovens. O curso forma profissionais voltados ao atendimento de pessoas com transtornos decorrentes do uso ou abuso de substâncias psicoativas. A ação ocorreu no campus Alcindo Cacela da instituição.

##RECOMENDA##

A proposta dos alunos é apresentar “um novo conceito de vida” para o dependente químico e familiares. Mostrar a importância de não desistir da vida e como transformar a realidade na qual se encontram. “Neste trabalho o público-alvo são as comunidades em geral, pessoas que em algum momento utilizaram drogas, tentam fugir do vício ou do uso de drogas de forma ilícita”, disse o professor Sandro Gaia, que estava apoiando o evento. 

O projeto faz com que os alunos do curso reproduzam em comunidades o que foi aprendido em sala de aula, promovendo a integração e  e a participação do jovem em um novo ambiente. Para isso, os estudantes desenvolveram várias dinâmicas de interação, como competição de artigo de cerâmica, fotografia, questionários verificando qual a situação de algumas casas com dependentes, dentre outros.

A estudante Tamia Carvalho, de 23 anos, participou do projeto expondo fotografias com o intuito de estimular a autoestima dos dependentes químicos. “Para a realização do trabalho usamos a arte-terapia. É uma satisfação profissional, eles precisam ser olhados, tratados e não julgados. A humanização é um fator primordial para tratar o outro, sendo necessária em toda equipe multiprofissional", afirmou.

Rosiwagne Pereira, de 42 anos, também aluna do curso, estava no grupo de cerâmica. “É importante trabalhar tanto com o corpo quanto com a mente, pois a partir do momento em que uma pessoa se torna viciada em algum tipo de droga ela acaba perdendo um pouco da coordenação motora”, relatou. Rosiwagne também convidou seu próprio pai, Rosemiro Pereira, que é artesão e trabalha com cerâmica há quase 60 anos. “Eu sou filho de uma família que já vem mexendo com a artesanato há mais de 150 anos. Hoje eu estou transmitindo o meu conhecimento artesanal para uma geração e ainda não conhecia o trabalho, e aqui eles estão aprendendo, botando a mão na massa”, contou o ceramista Rosemiro, de 79 anos.

O evento desenvolvido pelos alunos do curso propõe mostrar a importância de novas aprendizagens, principalmente da arte, no trabalho de reintegração dos dependentes químicos à sociedade. O curso integra a grade do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, criado em 2011 pelo governo federal), que tem como objetivo expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica no país, além de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino médio público. O Pronatec busca ampliar as oportunidades educacionais e de formação profissional qualificada aos jovens, trabalhadores e beneficiários de programas de transferência de renda. A Unama oferece, além do Técnico em Reabilitação de Dependente Químico, os cursos técnicos de Orientação Comunitária e Logística.

Mais informações no site www.unama.br

Com informações de Biatriz Mendes.

Pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo há dois anos e meio uma vacina que pretende eliminar a dependência de cocaína, revelaram na segunda-feira os participantes do projeto, que está em fase de testes com animais.

"Desenvolvemos uma molécula que estimula a produção de anticorpos contra a cocaína no sistema imunológico", afirmou à AFP o professor Angelo de Fátima, do departamento de Química Orgânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um dos responsáveis pela pesquisa.

"Esses anticorpos capturam a cocaína, impedindo-a de chegar ao cérebro, e reduzem os efeitos euforizantes da droga, o que leva o usuário a perder interesse" no seu consumo, explicou o acadêmico.

De Fátima lembrou que nos Estados Unidos há pesquisas nesse mesmo sentido, mas com moléculas diferentes.

"Nossa molécula é distinta da americana. A nossa carece da parte proteica", declarou, sem revelar o nome da molécula utilizada, pois esta "ainda não foi patenteada".

Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o consumo de cocaína no Brasil é quatro vezes maior que a média mundial.

Perante esta situação, a vacina é uma estratégia promissora para o tratamento do vício.

A princípio, a vacina só será usada por pacientes altamente motivados a parar de tomar drogas, para a prevenção do abuso de cocaína por crianças e adolescentes, ou na luta contra o crack, diz Fátima.

Enquanto estiver em campo diante do River Plate-URU nesta quinta-feira (14), no Allianz Parque, o Palmeiras estará de olho também na outra partida do Grupo 2 da Libertadores, entre Nacional e Rosario Central, no Uruguai. Isso porque o time paulista não depende apenas de si para se classificar. Precisa vencer seu compromisso e torcer por uma vitória do Nacional. Só que a equipe uruguaia entrará em campo bem desfalcada contra o Rosario.

O técnico Gustavo Munúa já revelou que o Nacional terá ao menos oito ausências para encarar o Rosario Central. O lateral Fucile, suspenso, Gonzalo Porras, Sebastián Fernández, Matías Cabrera e Mathías Olivera, com caxumba, não têm condições de jogo. Já Esteban Conde, Santiago Romero e Nicolás López, grande destaque da equipe, estão pendurados com dois amarelos e também ficarão de fora.

##RECOMENDA##

"A princípio, a ideia é que eles (os pendurados) não joguem porque temos a oportunidades de preservá-los, já que estamos classificados e se eles levarem outro amarelo será um grande problema para o que vier nas oitavas", explicou o treinador.

Só que os desfalques não devem parar por aí. Preocupado com o desgaste físico de alguns jogadores, Munúa indicou que deverá fazer mais alterações. O zagueiro Victorino, que já passou pelo Palmeiras, é um dos que deverão ser poupados por questões físicas.

"Alguns levaram pancadas, e tivemos uma quantidade importante de partidas nas últimas semanas. Então, o plantel está encolhendo e temos problemas até para confirmar a lista de 18 relacionados. Mas vamos ver como chegamos para quinta-feira", comentou o treinador.

Com nove pontos e na ponta da chave, o Nacional está classificado às oitavas da Libertadores. Já o Palmeiras, terceiro colocado, com cinco, precisa vencer o River, torcer por uma derrota do Rosario, segundo lugar, com oito pontos, e ainda tirar uma diferença de três gols no saldo.

A economia brasileira está mais dependente dos capitais estrangeiros especulativos. No momento em que o BC voltou a elevar a taxa básica de juros, a Selic, a dependência do País desses juros altos também aumentou. Com um déficit em transações correntes na faixa de US$ 90 bilhões, mas com uma entrada de investimento estrangeiro direto que deve ser muito inferior - próxima de US$ 60 bilhões, segundo o Banco Central -, a diferença precisa ser fechada pela entrada dos capitais estrangeiros especulativos.

Eternamente combatidas pelo PT e pela própria presidente Dilma Rousseff desde quando comandava a Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva, as entradas de capitais estrangeiros de curto prazo, que chegam no Brasil para aproveitar as elevadas taxas de juros, vão agora ajudar a financiar o buraco.

##RECOMENDA##

As transações correntes apresentam o saldo entre todo o dinheiro que entra em um País e todo o dinheiro que sai. Entre 2004 e 2007, o Brasil registrou superávits na chamada conta corrente. A partir de 2008, com a crise internacional e a perda de dinamismo da balança comercial - onde os maiores fluxos de dólares estão concentrados -, a situação mudou.

Novo rumo

Até 2012, o déficit nas transações correntes do País era totalmente financiado pela entrada de investimento estrangeiro direto. Desde então, o rombo foi aumentando e a dependência dos capitais especulativos, que aproveitam as taxas de juros, também.

"A situação é delicada e o patamar do déficit é extremamente desconfortável. Mas o buraco de quase US$ 30 bilhões deve mesmo ser fechado com o ingresso de capital para a renda fixa, para aproveitar as nossas taxas de juros", avalia Rafael Bistafa, da Rosenberg Associados.

Neste mês de março, com a entrada em vigor do programa de expansão monetária da União Europeia, aumentará muito a liquidez no mundo. Isto é, com a maior impressão de euros, na Europa, como forma de estimular o crescimento na região, a quantidade de dinheiro aumentará.

Nesse cenário, atrativos como a taxa básica de juros, a Selic, hoje em 12,75% ao ano, reluzem ainda mais. O mundo ainda convive com juros reais negativos nos países desenvolvidos e a China, o maior entre os emergentes, tem cortado juros. "Esses juros mais altos no Brasil aumentam a rentabilidade das aplicações em títulos públicos. Temos um patamar de juros mais alto que nos países avançados, então operações de ‘carry trade’ que ajudam a financiar o déficit em transações correntes", afirma a economista Julia Gottlieb, do Itaú Unibanco.

Ela fez referência à operação de "carry trade", quando os investidores tomam empréstimos em países de juros baixos, como o Japão, onde a taxa real é negativa, e aplicam em títulos de países com juros mais elevados, como é o caso do Brasil.

A especialista do Itaú Unibanco, no entanto, aponta para um fato que pode ser um complicador nessa engenharia: a taxa de câmbio. Nas últimas semanas, o dólar aumentou no Brasil, ultrapassando R$ 3 pela primeira vez em quase 11 anos. "A rentabilidade dessas operações de ‘carry trade’ dependem do câmbio. Se o investidor achar que o câmbio vai se depreciar mais, diminui um pouco o apetite. Esses fluxos de capitais estrangeiros para títulos públicos são mais voláteis que o investimento direto." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

[@#video#@]

Na terceira edição da série sobre saúde, o Opinião Brasil debate os riscos e consequências do fumo em excesso. Para falar sobre o assunto, o jornalista Alvaro Duarte recebe a psicóloga Erica Corrêa, da Secretaria de Saúde do Recife, e também o médico especialista em dependência química.

##RECOMENDA##

Assim como o álcool, o cigarro está cada vez mais sendo usado pelos mais jovens. Uma pesquisa feita com 6 mil alunos entre 12 e 17 anos de escolas particulares em todo país constatou que 18% dos entrevistados afirmaram fazer uso do cigarro diariamente, índice preocupante segundo a psicóloga. “Muitos adolescentes e até crianças fazem uso do cigarro para fazer parte de determinado grupo, é uma auto-aceitação falsa e perigosa”, explica.

Os fumantes  têm mais riscos de desenvolver uma doença em comparação aos não fumantes. Segundo dados do Ministério da Saúde, pacientes que fumam mais de um maço de cigarro por dia, há pelo menos dez anos, tem um risco 60% maior de desenvolver doenças em comparação com aquelas que são não fumantes. “Em geral, o câncer para aqueles que fumam é diagnosticado em uma idade avançada, quando é mais difícil o tratamento. O câncer de pulmão é considerado o mais letal no mundo”, finaliza o médico.

O Opinião Brasil é apresentado por Alvaro Duarte e exibido toda segunda-feira no Portal LeiaJá.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando